O QUE APRENDEMOS COM ÉDIPO E ANTÍGONA?
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“Voltar aos mitos não é apenas voltar ao passado”, afirmava Marta Várzeas, docente da Faculdade de Letras e especialista em literatura e cultura clássicas, enquanto o Arquiteto António Choupina e o escritor Valter Hugo Mãe anuíam enfaticamente com a cabeça. Estávamos na Casa Comum, na sessão de abertura da exposição Édipo/Antígona, com desenhos de Álvaro Siza e textos de Valter Hugo Mãe. E Marta Várzeas concluía: “Os mitos ajudam-nos a compreender também o presente”. “O Édipo enerva-me”, disse de seguida Valter Hugo Mãe. Referia-se ao Édipo de Freud, não ao de Sófocles. “É que o Édipo de Sófocles nunca quis casar com a mãe. Casou com ela sem saber que era sua mãe. E matou o pai sem saber que cometia parricídio. Foi Freud quem fez com que a imagem de Édipo ficasse para a história marcada pela culpa. Na verdade, a leitura de Freud diz muito sobre o próprio Freud” – disse Valter Hugo Mãe, esboçando um sorriso. Desta vez vimos os outros dois intervenientes na mesa de abertura a concordar com a cabeça. Marta Várzeas acrescentou: “O que verdadeiramente interessava a Sófocles, enquanto dramaturgo, era: como se pode desvelar a verdade? Essa é a verdadeira tragédia. Édipo descobre que matou o pai biológico e casou com a mãe biológica – e esta última fica de tal forma perturbada que comete suicídio”.
“A história que Álvaro Siza nos conta neste livro em formato de harmónica de acordeão foi contada e recontada ao longo de séculos” – atalhou António Choupina. “Não é apenas a Sófocles que Álvaro Siza vai buscar inspiração. Em termos visuais, vai beber a Gustave Moreau e a Francis Bacon, entre outros”. “Mas não podemos deixar de ver” – comentou Marta Várzeas – na representação de Édipo, que é desenhado quase sempre nu, a leitura psicanalítica de Freud.” As cabeças concordantes moveram-se de novo, como se tivessem ensaiado um bailado.
“Na verdade, o que Álvaro Siza faz de extraordinário é ampliar a nossa imaginação sobre o universo edipiano” – não me lembro de quem fez esta afirmação, mas vim para casa a pensar nela. No dia seguinte, revisitando a exposição, saltaram-me à vista, evidentes, as palavras de Valter Hugo Mãe inscritas na parede, comentando os desenhos de Álvaro Siza: “São apenas o esqueleto da imagem, a estrutura. As linhas fundamentais para erguerem gente e objectos, definirem lugares, mostrarem a quietude ou o movimento. O espectro. A redução à mais subtil forma de olhar, de ver.” E dei por mim a entrar também no bailado, concordando com a cabeça.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Para lá do visível, as cidades dos Barata Feyo
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A exposição 1+1=1 propõe uma vista sobre o Porto a partir do olhar dos artistas João e Dulce Barata Feyo. Para visitar de 6 de março a 6 de maio, na Casa Comum da U.Porto. Uma oportunidade única para ver a cidade do Porto ao pormenor e em movimento. A partir do próximo dia 6 de março, passa por aí a proposta de 1+1=1, título da exposição que vai “pintar” as galerias da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto com trabalhos dos artistas João e Dulce Barata Feyo. Retomamos um tema de Almada Negreiros: 1+1=1. Sendo que, neste caso, a alteridade confirma a autonomia do trabalho artístico de cada elemento do casal Barata Feyo.
À espera dos visitantes da exposição estará assim uma paisagem urbana que se situa “entre a quietude patrimonial e as investidas pulsáteis de quem a habita”. A essência, a ação e o conhecimento “per se” é o que nos transmitem estas paisagens urbanas de João, e os “mapas pintados de Dulce”, afirma a curadora, Maria de Fátima Lambert. Assim se complementam.
Vivências fronteiriças
Nada acontece sem a firmeza dos alicerces. É assim para ambos. A liberdade do traço é refém da força dos pilares que o seguram. Para João Barata Feyo, a aventura começa com fotografias de pormenores de fachadas de casas da cidade do Porto, e o recurso a um compasso para medir as escalas das portas, das janelas e dos telhados, num trabalho que obedece à filigrana do olhar. É assim que, camada após camada, à lupa, se constroem as suas as cidades. Para Dulce Barata Feyo, por sua vez, o rigor das linhas mestras é o ponto de partida. Cria uma matriz da qual brotam, quase de forma escultórica, formas e cores.
O jogo das proporções prossegue até as formas geométricas se encontrarem em equilíbrio. Como refere a curadora da exposição, as paisagens convertem-se “em mapas dinâmicos, propulsores de ideias”.
Se um identifica a forma como uma aldeia ou uma cidade se organiza, o outro dá-lhe cor e movimento. Confere-lhe vida. Fátima Lambert recorre à ideia de “vivências fronteiriças”. São trabalhos “que multiplicam a cidade” (…) paisagens urbanas que ecoam vozes”, revelam-se “ativas e constantes”. Assim se complementam os trabalhos de João e Dulce Barata Feyo.
A felicidade, paredes meias com o conflito
João começou por desenhar o que considerava identitário dos lugares que ia visitando. A formação em arquitetura desperta-lhe o olhar para a malha urbana que denuncia a forma, mais ou menos caótica, como cada sociedade se organiza. Começou por desenhar o que via da sua janela, em Florença. Continuou a desenhar outras cidades, nomeadamente no Alentejo, onde os telhados são substituídos por pátios e os moradores se demoram, em dias de mais luz. É este mesmo carácter identitário, de pertença a uma determinada comunidade, que encontrou nos ornamentos das mulheres de algumas tribos que também desenhou.
“O casario é visto na sua pele-superfície de fachadas sobrepostas, revestimentos que albergam paredes, janelas e portas; seguram a memória nessa visão panorâmica que contém o gregário”, afirma a curadora. Casas que “resguardam as idades da história do mundo e das pessoas cujas vidas são deixadas a seu cuidado”. Locais onde as “pequenas felicidades” se escondem, as angústias se desenvolvem e os conflitos se acentuam.
“Os hábitos entranham‐se mais; os objetos adquirem afetos sublimados; as paixões e/ou os amores comedidos usam todas as salas ou esgotam‐se à janela do sótão, olhando para cima, o céu”, acrescenta Fátima Lambert.
João Barata Feyo no seu atelier. (Foto: DR)
O mergulho da Alice
A bússola de Dulce Barata Feyo privilegia, grosso modo, o eixo vertical e horizontal, mas depois o comprometimento é com a cor. Podem ser esboços de cidades, territórios, paisagens ou atmosferas. O movimento lança-nos convites. Convida ao mergulho, qual Alice (no País das Maravilhas). Sobre alguns quadros de Dulce que trazia na memória, o pintor, e antigo estudante da Escola Superior de Belas-Artes do Porto (precursora da FBAUP) Júlio Resende, escreveu que “o verosímil acidental em forma (…) balança com a harmoniosa cópia de cor e põe ao nosso alcance um outro universo, agora, e assim, também já nosso”. Serão “espaços de uma cidade escondida entre brumas, guardando o mistério da sua poesia? (…) Firmamentos que anunciam uma harmonia reconfortante? Essa é a função da arte, e temos conversado!”.
Dulce Barata Feyo no seu atelier. (Foto: DR)
1+1=1
A “densidade da relação eu-tu”, revela-se “no par: mulher-homem”, diz Maria de Fátima Lambert. A curadora sublinha que, nesta exposição, “os casos de alteridade confirmam autonomia”. As “figuras e casarios nos desenhos virtuosísticos de João Barata-Feyo” e os “vislumbres de paisagens-mapas imaginados – em sublimidade cromática sobre a realidade – nas obras de Dulce Barata-Feyo” levam-nos numa viagem pelos “reinos da imaginação”. Gerando, em simultâneo, “ruturas construtivas de identidades diferenciadas”. Desta forma, os dois artistas (ou seja, 1+1) “dialogam em alteridade focada num prisma aglutinante que reverbera”.
A ideia de 1+1=1 foi defendida por Almada Negreiros em “Direção Única”, uma conferência que proferiu no Teatro Nacional de Almeida Garrett em 1932, a propósito da colaboração entre dois artistas. No caso da parceria nesta exposição, contudo, os casos de alteridade confirmam autonomia, ao mesmo tempo que se completam.
A exposição 1+1=1 vai estar patente ao público até 6 de maio de 2023. A entrada é livre.
Sobre João e Dulce Barata Feyo
Escultor, Arquiteto e Professor Jubilado da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), João Barata Feyo concluiu o mestrado em Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP). Tem obra plástica na área da escultura, desenho, medalhística e pintura, exibida em exposições individuais e coletivas. Colaborou com o pai e Mestre Barata Feyo em obras como: o Monumento ao Infante D. Henrique, de Sagres, a Estátua de Bartolomeu Dias, da Cidade do Cabo; estátuas para a Ponte da Arrábida, Palácio de Justiça, a de D. João VI e de Vímara Peres, no Porto.
Entre as inúmeras distinções que somou ao longo da carreira incluem-se o prémio da Comissão da Imprensa e Crítica de Arte, na Primeira Bienal de Paris, o Prémio Mestre Manuel Pereira do Secretariado Nacional de Informação, ou o primeiro prémio no Concurso da Medalha Comemorativa da União de Bancos Portugueses.
Natural de Fafe, Dulce Barata Feyo licenciou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes (futura Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) em 1983. Foi aluna de Dórdio Gomes, Augusto Gomes, Júlio Resende e Luis Demée, entre outros.
Individual ou coletivamente, participa regularmente em exposições desde 1983. Está representada em coleções particulares, assim como em instituições públicas e privadas.
Fonte: Notícias U.Porto
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Património Cultural e Direitos Humanos em exposição na Casa Comum
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Exposição fotográfica inaugura a 11 de março e ficará disponível online na plataforma da Google Arts & Culture. Entrada livre. Monumentos vandalizados, tapados, ou até mesmo derrubados... Tudo isto são imagens que temos bem recentes na nossa memória. Mas pensar o património leva-nos muito mais além: a luta de galos ou a realização de touradas são também exemplos em que estas duas áreas entram em diálogo, ou, neste caso, em confronto. Património Cultural & Direitos Humanos é o nome da exposição que resulta de um projeto de doutoramento em Estudos Patrimoniais da Faculdade de Letras da Universidade Porto (FLUP). Inaugura dia 11 de março, pelas 17h00, na Casa Comum (à Reitoria)
da U.Porto e terá ainda uma versão online, a disponibilizar na plataforma da Google Arts & Culture PT. Combater o dogma
Se na década de 1970 o conceito de património era entendido de uma forma restrita, mais dirigido a monumentos e obras de arte, hoje inclui práticas e tradições. Abraça o imaterial e abrange questões sensíveis. Há monumentos que "glorificam o passado colonial e a expansão ultramarina", diz-nos Inês Costa, sem fornecerem "uma narrativa completa em que demonstram não só o que foi benéfico para o país colonizador, mas também o que foi nocivo para as populações colonizadas". É necessário "olhar o património como um conceito aberto, amplo, que deve ter em consideração os direitos humanos e as obrigações éticas do presente". A doutoranda em Estudos Patrimoniais da FLUP acrescenta que "um bem que seja contestado, que levante perspetivas diferentes (em relação a história, usos ou permanência ou possível destruição) deve ter uma abordagem holística que explore diversas perspetivas e não ser tratado como um dogma".
Outros exemplos de práticas problemáticas são as touradas e a luta de galos (proibidas no Brasil na década de 1960). Levantando "perspetivas diferentes, são questões a debater para tentar minimizar os danos causados tanto a pessoas como a animais".
O potencial pacificador e sustentável do património
A pacificação de problemas como a desigualdade social e a discriminação com base na raça, etnia ou cultura também são também fenómenos que o património permite. Um dos casos de estudo da tese de Inês Costa é o Heritage for Peace. Trata-se de uma Organização Não Governamental (ONG) sediada em Barcelona, formada por pessoas de diversos países, nomeadamente da Síria, antigos refugiados, que organizam visitas guiadas em museus da Catalunha para pessoas que estão a chegar ao país e que falam maioritariamente árabe. Para além de contextualizarem o património local, estas visitas permitem incluir e empoderar estas comunidades, combatendo a xenofobia e o discurso de ódio. Foi esta a forma que a organização encontrou para garantir o exercício de alguns direitos como o da participação na vida cultural do país de acolhimento, o acesso a serviços públicos e a possibilidade de partilha da própria cultura.
A exposição reúne 14 fotografias captadas em diferentes países ao longo dos anos 2000. (Foto: DR)
A exposição
Explorando a complexidade das relações entre Património Cultural e Direitos Humanos, a mostra reúne 14 fotografias captadas em diferentes países (Portugal, Alemanha, Brasil, Timor, Roménia, Marrocos), ao longo dos anos 2000, que revelam modos de vida, práticas, tradições e saberes. Um dos casos em que o património valoriza materiais e técnicas tradicionais que ajudam a preservar os habitats e a combater as alterações climáticas é o exemplo dos Campos Gali, na Alemanha, onde se está a construir um mosteiro seguindo práticas do século IX.
Em suma, explorando pontos de contacto e de tensão entre o Património e Direitos Humanos, a exposição convida a questionar direitos, liberdades e deveres associados ao usufruto do Património Cultural. É uma relação que "tem impacto no nosso dia-a-dia", diz-nos Inês Costa. Sendo que, cabe a cada um perceber "como contribuir para a defesa do património e dos direitos humanos e que instrumentos pode usar para defender direitos e liberdades fundamentais".
A exposição pode ser visitada até 6 de abril de 2023, na Casa Comum.
Património Cultural & Direitos Humanos terá ainda uma versão online, a disponibilizar na plataforma da Google Arts & Culture PT.
A mesa-redonda
A inauguração será acompanhada de uma mesa-redonda, durante a qual se irão debater problemáticas relacionadas com sustentabilidade, desenvolvimento e legislação internacional. Vão estar presentes Elena-Maria Cautis (Doutoranda em Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar na Universidade de Ferrara), Carlos Burgos Tartera (Mestre em Turismo Cultural pela Universidade de Girona), William Long (Mestre em Direito pela Universiadde de Oxford) e Miruna Gãman (Doutoranda no curso de Espaço, Imagem, Texto e Território na Universidade de Bucareste). Património Cultural & Direitos Humanos resulta de uma colaboração entre a FLUP (através do projeto de Doutoramento em Estudos Patrimoniais de Inês de Carvalho Costa, intitulado Património Cultural e Direitos Humanos: Experiências Ibero-Americanas [anos 2000], orientado por Maria Leonor Botelho [CITCEM-FLUP] e Rodrigo Christofoletti [UFJF, Brasil], o Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória, e a rede internacional HeritaGeeks.
Fonte: Notícias U.Porto
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O dia em que a U.Porto deu voz(es) ao "Mestre" Nuno Grande
Evento de encerramento da homenagem à Figura Eminente da U.Porto 2022 juntou dezenas de amigos e familiares do médico e fundador do ICBAS. O Salão Nobre da Reitoria recebeu, no passado dia 23 de fevereiro, o evento de encerramento da homenagem a Nuno Grande, a Figura Eminente da Universidade do Porto 2022. Sob o mote Vamos Verbalizar Nuno Grande?, dezenas de amigos e familiares do médico e fundador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) passaram pelo púlpito para recordar, na primeira pessoa, as histórias, memórias e principais momentos da vida de Nuno Grande (1932-2012), no dia em que cumpriria 91 anos de vida.
No discurso de abertura da sessão, o Reitor da U.Porto referiu-se ao homenageado como “um mestre” e “um dos nomes maiores da cidade e da Universidade do Porto”. A título mais pessoal, António de Sousa Pereira lembrou também o seu “mentor” como “um absoluto exemplo de prática clínica, ensinando uma lição maior da generosidade e da força do seu caráter”.
Referindo-se ao homenageado como “um mestre” e “um dos nomes maiores da cidade e da Universidade do Porto”, o Reitor, António de Sousa Pereira, lembrou o seu “mentor” como “um absoluto exemplo de prática clínica, ensinando uma lição maior da generosidade e da força do seu caráter”.
Já a família enalteceu o momento como corolário de “um ano cheio de emoções”, deixando ainda um “agradecimento à Universidade por se ter lembrado de quem foi Nuno Grande”
Para outros vídeos, visite o canal oficial da Universidade do Porto no Youtube.
Fonte: Notícias U.Porto
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Março na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Édipo/Antígona - Desenhos de Siza Vieira com textos de Valter Hugo Mãe Entrada Livre. Mais informações aqui
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1+1=1 | Dulce e João Barata FeyoEntrada Livre. Mais informações aqui
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Património Cultural & Direitos Humanos | ExposiçãoEntrada Livre. Mais informações aqui
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Guerra Junqueiro e os Couros Artísticos: As Cadeiras Lavradas e os Guadamecis da Fundação e da Casa-Museu, de Franklin PereiraApresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Oficina de Canto e Danças Tradicionais Portuguesas | NEFUP01, 08 e 15 MAR'23 | 19h00 Dança, Workshop | Sede do NEFUP Participação gratuita. Mais informações e inscrições aqui
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O Museu à Minha ProcuraExposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - LuzExposição | Fundação Marques da Silva Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Maiores universidades portuguesas mostram "tesouros" em roteiro digital
Para além da U.Porto, também as universidades de Lisboa e Coimbra disponibilizam visitas virtuais aos respetivos Laboratórios Históricos e Jardins Botânicos. Jardim Botânico do Porto (Foto DR)
Já é possível fazer um percurso virtual, conhecer laboratórios e jardins, país fora, sem sair de casa. O projeto chama-se Coleções Científicas em Portugal: Acessibilidade A Três Dimensões e teve como principal objetivo a publicação conjunta de conteúdos digitais sobre os Jardins Botânicos e os Laboratórios Históricos das três principais universidades portuguesas: Porto, Coimbra e Lisboa. A ideia partiu de uma convicção partilhada: a presença em ambiente digital é fundamental na comunicação com diferentes públicos dos museus, jardins e outras plataformas culturais e científicas. E contribui, claro está, para a divulgação das instituições que tutelam os espaços.
O que há para visitar?
Um roteiro patrimonial único, à escala nacional, que permite explorar alguns dos mais relevantes espaços históricos das três maiores e mais antigas universidades portuguesas, através de visitas virtuais imersivas em 360°. Para orientar a navegação em modo “Google Street View”, os visitantes podem ainda encontrar vários blocos informativos com factos históricos e vídeos relativos ao espaço em que se encontram. Entre os espaços que agora se abrem ao mundo virtual incluem-se então os cinco jardins botânicos tutelados pelas Universidades de Lisboa, Coimbra e Porto. Ao Jardim Botânico da U.Porto juntam-se então o Jardim Botânico de Lisboa, o Jardim Botânico Tropical, o Jardim Botânico da Ajuda e o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
Mas não só. Há ainda visitas imersivas em 360° a dois laboratórios históricos de química do país – da Universidade de Lisboa e da Universidade de Coimbra –, seguindo o exemplo da visita virtual desenvolvida para o Laboratório Ferreira da Silva, integrado no Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).
Note-se que os laboratórios históricos representam um recurso nacional único com relevância a nível europeu, sendo que, a maioria dos jardins botânicos estão já classificados como monumentos nacionais. Em Coimbra, estes espaços estão classificados como património UNESCO.
Um património de e para todos
Estas visitas virtuais surgem no âmbito da nova abordagem de abertura dos museus de história natural e ciência, incluindo jardins botânicos, aos diferentes públicos, através da mobilização remota e com recurso a soluções digitais. Destacam de forma tridimensional pontos de visita aos diferentes espaços e objeto, acrescentam informação essencial. Dando continuidade ao trabalho desenvolvido pela Infraestrutura Portuguesa de Coleções Científicas para a Investigação (PRISC) fica, assim, concluído o projeto Coleções Científicas em Portugal: Acessibilidade A Três Dimensões, financiado pelo programa PROMUSEUS – ÁREA 10.
O lançamento conjunto das visitas virtuais decorrerá no próximo dia 7 de março, através dos canais digitais de todas as instituições envolvidas.
Uma Universidade a 360º
O projeto que agora junta as três maiores universidades portuguesas dá seguimento ao inovador projeto de mapeamento virtual que a U.Porto vem implementando no sentido de tornar os seus espaços mais acessíveis à comunidade. Iniciado em finais de 2020, e progressivamente reforçado com novas visitas, este projeto ambicioso permite hoje que qualquer pessoa possa aceder a alguns dos mais emblemáticos edifícios da U.Porto, mas também a recantos que, para muitos, são desconhecidos.
À distancia de um clique e ao ritmo da curiosidade de cada um, é hoje possível explorar as 14 faculdades da Universidade do Porto sem sair de casa. Basta seguir o roteiro de visitas virtuais 3D proposto pela Universidade.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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47. Aonde me levavam meus pais, João Habitualmente Aonde me levavam meus pais, de João Habitualmente, in Estátuas na Praça, Edições Apuro, setembro de 2022
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7. Nuno Corte-Real e Afonso Leão Neste episódio do “U.Porto Generation GAP”, temos Nuno Corte-Real e Afonso Leão, pai e filho, duas gerações ligadas à FADEUP. Nuno Corte-Real licenciou-se em Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física do Porto (ISEF), fez o mestrado em Promoção da Saúde na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e o doutoramento em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Nuno foi professor de Educação Física durante 19 anos e é professor na FADEUP desde 2006. Amante do desporto, é também ex-atleta federado de ginástica desportiva, andebol e futebol e foi diretor e delegado de diferentes equipas de voleibol na Associação Académica de São Mamede (AASM) durante 17 anos, uma experiência que marcou tanto o pai quanto o filho. Afonso Leão foi jogador federado de voleibol na AASM (com uma passagem pelo CVOeiras), treinador de voleibol na mesma associação e, atualmente, é treinador e coordenador de voleibol na Associação Desportiva de Penafiel. Afonso licenciou-se em Educação Física e tirou o mestrado em Ensino na FADEUP. Uma história para conhecer, entre muitas outras, neste podcast!
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Figuras Eminentes da U.Porto
Fernando Távora
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A Figura Eminente da Universidade do Porto de 2013 foi o arquiteto, professor e ensaísta Fernando Távora (1923-2005), que mudou a forma de ensinar e pensar A Arquitetura, e influenciou grandes nomes da “Escola do Porto” e da arquitetura mundial como os “Prémios Pritzker” Álvaro Siza e Souto Moura (1952-). Fernando Luís Cardoso de Menezes de Tavares e Távora nasceu no Porto em 1923, no seio de uma família conservadora, descendente da nobre linhagem dos Távoras.
Passou os primeiros anos da sua vida nas propriedades da família, no Minho, na Bairrada e nas praias da Foz do Douro, revelando desde cedo a sua aptidão para o desenho e o seu interesse por casas antigas.
Concluído o curso liceal do Segundo Ciclo no Liceu Alexandre Herculano, fez o exame de admissão à Escola de Belas Artes do Porto (1941), para frequentar o Curso Especial de Arquitetura, contrariando, deste modo, a vontade da família que o queria ver licenciado em Engenharia Civil.
As clássicas educação familiar e formação inicial foram complementadas pela cultura moderna da educação universitária. Durante quatro anos frequentou o Curso Especial de Arquitetura, inscrevendo-se de seguida no Curso Superior de Arquitetura, em 1945, no decurso do qual estagiou com o Arquiteto Francisco Oldemiro Carneiro e realizou vários projetos nos anos de 1946 e 1947 (sobre grande composição, construção geral, composição decorativa, arqueologia e urbanização).
Em 1947 publicou o ensaio O problema da casa portuguesa. Falsa arquitectura. Para uma arquitectura de hoje, onde sintetizou a noção de uma arquitetura moderna, mas enraizada na cultura, e onde chamou a atenção para a necessidade de um estudo científico da arquitetura popular portuguesa.
No final do estágio profissional (1950), o seu orientador declarou que ele tinha sido seu colaborador, desde 1947, e se encontrava apto para desempenhar a profissão escolhida. Em 1952, no Concurso para a Obtenção do Diploma de Arquiteto (CODA), apresentou o projeto Uma Casa sobre o Mar, com o qual obteve a brilhante classificação de dezanove valores, mas que nunca foi concretizado.
Entretanto, em 1955, integrou a equipa responsável pelo Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, um trabalho pioneiro no estudo da arquitetura nacional, promovido pelo Sindicato Nacional dos Arquitetos e publicado em 1961.
A sua longa e marcante carreira de docente universitário ligou-se, essencialmente, a três instituições: à Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde começou a lecionar, à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), que ajudou a instalar (foi Presidente da sua Comissão Instaladora) e à Universidade de Coimbra, mais concretamente ao Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia, constituído com a sua colaboração nos anos oitenta do século XX.
Entre 1957 e 1958 prestou assistência graciosa na ESBAP, passando em 14 desse ano a 2.º assistente do 1.º grupo. Em 1962 foi nomeado Professor Agregado do 1.º Grupo de Disciplinas e em 1963 tomou posse das funções de 1.º Assistente do 1.º Grupo da ESBAP. Em 1970, foi contratado, por conveniência urgente de serviço, para professor do 1.º Grupo, mantendo-se no cargo até 1986. Na FAUP foi professor associado, entre 1986 e 1989, e professor catedrático de 1989 a 1993. Pediu a aposentação em 1993.
Nas aulas vivas e cativantes deste professor competente e interessado, os tradicionais diapositivos eram, por vezes, substituídos por desenhos da sua autoria e os alunos instigados a viajar, tal como ele fez durante toda a sua vida, por prazer e para estudar arquitetura e trabalhar.
Como poucos, participou, entre 1951 e 1959, nos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna, da Conferência Internacional de Artistas da UNESCO de Veneza, Hoddesdon, Aix-en-Provence, Dubrovnik e Otterlo, onde conheceu, entre outros, a figura mítica do arquiteto Le Corbusier. Foi Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto para a Cultura nos Estados Unidos e Japão (1960).
Em 1954 contraiu matrimónio no Mosteiro de Nossa Senhora do Pilar, em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, com Dr.ª Maria Luísa Rebelo de Carvalho Menéres, licenciada em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, de quem teve três filhos: José Bernardo Menéres de Tavares e Távora, Maria José Menéres de Tavares e Távora e Luísa Teresa Menéres Tavares e Távora.
Os seus projetos arquitetónicos construídos, tais como o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59), o Pavilhão de Ténis da Quinta da Conceição, em Matosinhos (1956-1960), a Casa de Férias no Pinhal de Ofir, em Fão (1957-1958), a Ampliação das instalações da Assembleia da República, em Lisboa (1994-1999) ou a Casa da Câmara/Casa dos 24, no Porto (1995-2002), refletem um forte sentido de responsabilidade social na forma como associa a criatividade à criteriosa abordagem ao sítio, aos pormenores técnicos e à funcionalidade da obra.
Na área da conservação do património deixou trabalhos inigualáveis, como a recuperação do Convento de Santa Marinha da Costa e sua transformação em Pousada (1975-1984) e a redescoberta e reabilitação do Centro Histórico de Guimarães (1985-1992), classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2001; o projeto de remodelação e expansão do Museu Nacional de Soares dos Reis (1988-2001) e o restauro exemplar do Palácio do Freixo e áreas envolventes, no Porto (1996-2003).
Foi também arquiteto da Câmara Municipal do Porto e Consultor da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, do CRUARB (Comissariado para a Recuperação Urbana da Área da Ribeira - Barredo), da Comissão de Coordenação da Região Norte e do Gabinete Técnico da Câmara Municipal de Guimarães. Foi Membro Conselheiro do Comité de Cursos de Campo de Arquitetura da Comunidade Económica Europeia.
Morreu vítima de cancro, no dia 3 de setembro de 2005, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. Ficou a obra de um dos maiores vultos da Arquitetura Contemporânea Portuguesa, fundador e mestre da "escola do Porto", que precocemente reconheceu talento no aluno Álvaro Siza e soube, como ninguém, fazer a síntese entre a arquitetura tradicional nacional, marcante na sua obra dos anos 50 e 60, e a arquitetura moderna internacional, bem presente nos seus projetos dos anos 80 e 90 do século XX. É um autor da continuidade, avesso a ruturas, para quem uma obra arquitetónica tem de ser entendida no contexto do ambiente envolvente.
Como o próprio dizia, "eu sou a arquitectura portuguesa".
Sobre Fernando Távora (up.pt)
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