UMA ESTRANHA FORMA DE NARRAR UMA VIDA
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Estávamos na Sala de Atos da Reitoria da Universidade de Lisboa. Naquele primeiro dia de Provas de Agregação, a tarefa de discussão do CV do candidato coube a Manuel Portela, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra. Como lembrou o Arguente, na lógica atual, tratava-se, sobretudo, de avaliar o contributo do candidato para o “crescimento do PIB académico”, em permanente contabilização em todos os sistemas científicos nacionais e internacionais. Achei o que disse tão acertado que pedi que partilhasse comigo as notas da sua intervenção.
A “crescente normalização e estandardização dos percursos dos docentes universitários por via dos sistemas de avaliação interna e externa das instituições e dos indivíduos”, defendeu Manuel Portela, tem o perverso efeito colateral “de instaurar em toda a parte uma lógica produtivista segundo a qual o que mais importa é produzir mais – mais aulas, mais teses, mais orientações (vertente docência); mais artigos, mais livros, mais projetos (vertente investigação); mais cargos, mais órgãos, mais coordenações (vertente gestão); mais intervenções públicas, mais impacto na comunidade, mais valor na economia (vertente transferência).” O pior, contudo, é que essa é uma lógica que nós próprios vamos interiorizando, e que se torna visível quando construímos o nosso
curriculum
para nos apresentarmos a provas ou concursos académicos.
No nosso CV, argumentou Manuel Portela, “delimitamos, separamos, agregamos e quantificamos um conjunto geralmente muito diverso de ações de índole científica, pedagógica, administrativa, de disseminação e afins”, mas fazemo-lo de forma retrospetiva, criando uma narrativa capaz de dar sentido ao nosso percurso. Na “cronologia invertida” dos nossos CVs, vão-se, pois, acumulando peças académicas distintas, que vão dando densidade a uma história que se pretende justificativa do momento presente, mas que tem, também, uma “componente prospetiva”, já que a narrativa deve prolongar-se igualmente em relação ao que planeamos fazer, no futuro.
Ouvindo Manuel Portela, confesso que não pude deixar de pensar na história que eu própria criei para justificar a minha existência académica. Mas o Professor Catedrático deixou também o Candidato a cogitar: “É realmente uma forma estranha de narrar uma vida”, comentou ele – e fez uma longa pausa antes de começar a responder às questões que o Arguente acabara de lhe colocar.
Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Coral de Letras da U.Porto oferece concerto de Páscoa
Espetáculo agendado para 7 de abril, na Igreja do Mosteiro de São Bento da Vitória, contará com a participação da Orquestra Barroca do Douro.
O Coral de Letras da U.Porto sobe ao "palco" do Mosteiro de São Bento da Vitória menos de um mês após ter atuado na Sessão Solene do Dia da Universidade 2023. Foto: Egidio Santos/U.Porto
O “ponto de encontro” está marcado para dia
7 de abril
, às
19h00
, no
Mosteiro de São Bento da Vitória
. Os “convidados de honra” deste final de tarde serão Charles Avison, Francisco Martins, Antonio Vivaldi e Bach. Quem vai agarrar o legado que deixaram e reinterpretá-lo ou, por outras palavras, os artesãos que vão trabalhar este património coletivo, serão os elementos do
Coral de Letras da Universidade do Porto
, acompanhados pela Orquestra Barroca do Douro.
Começamos com um estilo de transição entre o período barroco e o clássico.
Charles Avison
nasceu em Newcastle, no Reino Unido. Era um autor controverso, sem receio de expressar as suas ideias, através de uma forma elaborada e com sentido de humor. As composições mais conhecidas de Avison são os seus “concerti grossi”. Alguns foram baseados em obras existentes do compositor italiano Domenico Scarlatti. O que vamos ouvir? Precisamente o
Concerto grosso n.º5
, segundo Domenico Scarla.
Francisco Martins
, nascido em Évora, foi um compositor português do período do Renascimento. Mestre de Capela da Catedral de Elvas, escreveu música sacra “a cappella”, onde se destacam um
Livro de Vésperas
e um
Livro de Quaresma
. Vamos ouvir:
Resp I – Omnes Amici Mei; Resp II – Velum Templi e Resp. III – Vinea Mea
. Os
Responsórios
serão cantados “a cappella” pelo Coral e as peças que os intercalam serão interpretadas pela Orquestra.
Voltamos ao barroco e, desta vez, damos um saltinho até Itália. Nascido em Veneza, compôs mais de 700 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É principalmente conhecido pelos seus quatro concertos para violino e orquestra denominados
Le quattro stagioni
(“As Quatro Estações”). Falamos de
Antonio Lucio Vivald
i, claro está. Vamos ouvir a sinfonia
Al Santo Sepolcro RV 169.
De
Francisco Martins
vamos ouvir ainda
Resp IV – Tanquam ad latronem; Resp V – Tenebrae factae sunt; Resp VI – Animam mea; Resp VII – Tradiderunt me; Resp VIII – Jesum tradidit e Resp IX – Caligaverunt.
Altura para voltar a afinar a voz e reorientar a bússola para norte. Agora até terras da Alemanha. Foi um compositor, cravista, regente, organista, professor, violinista e violista. Produziu uma das bases do atual repertório de concertos e, para muitos críticos, é um dos maiores compositor de sempre. Vamos ficar com a sinfonia da cantata
Ich steh’ mit einem Fuß im Grabe BWV 15
de
Johann Sebastian Bach.
Muitas das cantatas sobreviventes de Bach são sobre a morte. Tendo perdido 10 dos seus 20 filhos, Bach teve de aprender a lidar com o carácter efémero da vida. A cantata de seis partes
Ich steh mit einem Fuss im Grabe
abre com um melancólico solo que Bach viria a reutilizar mais tarde no seu concerto para cravo
BWV 1056
. Terminamos com a
Cantata Wer nur den lieben Go
que, depois de escrita, foi frequentemente usada por compositores barrocos. A
Cantata BWV 93
para Coro, Orquestra e Solistas fechará o concerto.
Com
entrada livre
, o espetáculo contará com a direção musical de César Nogueira (Orquestra Barroca do Douro) e de Pedro Guedes Marques (Coral de Letras da U.Porto).
Sobre o Coral de Letras
O
Coral de Letras da Universidade do Porto
é um coro amador, dirigido, desde a sua fundação, em 1966, por José Luís Borges Coelho. A sua atividade alimenta-se do repertório
a cappella
de todas as épocas e também de géneros como a cantata, o oratório e a música coral sinfónica, num leque de estilos variado.
Ao longo da sua história, o CLUP participou em inúmeros festivais, realizou centenas de concertos em Portugal e efetuou digressões por diversos países como Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Alemanha.
Em outubro de 1992, o Coral de Letras recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura.
Fonte:
Notícias U.Porto
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Abril na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a
Agenda Casa Comum
ou clique nas imagens abaixo.
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Édipo/Antígona - Desenhos de Siza Vieira com textos de Valter Hugo Mãe
Entrada Livre. Mais informações
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qui
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1+1=1
| Dulce e João Barata Feyo
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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Património Cultural & Direitos Humanos
Entrada Livre. Mais informações
a
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Qhapaq Ñan: o grande caminho Inca
Exposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações
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RETRATO
, de Carlos Ruiz
Entrada Livre. Mais informações
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TARDES DE MATEMÁTICA
25 MAR, 17 JUN e 14 OUT'23 | 16h00
Conversa, Ciência | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto
Exposição | Fundação Marques da Silva
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz
Exposição | Fundação Marques da Silva
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O Museu à Minha Procura
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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Férias com o Museu - Páscoa no Museu
Atividades deServiço Educativo | Galeria da Biodiversidade
Mais informações e inscrições
a
qui
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Crime no Botânico
02 e 16 ABR'23 | 15h00-17h00
Atividade de Serviço Educativo | Jardim Botânico do Porto
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa
aqui
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Tesouros do Museu de História Natural e da Ciência à mostra na Reitoria
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Todos os meses, até setembro de 2024, o "Breviário" dará a conhecer um objeto diferente das valiosas coleções do MHNC-UP.
E se, de repente, um objeto nos contasse a sua história? Que pode ser, também, a história da cidade onde vivemos. Ou do país de onde é proveniente… A partir de
3 abril
e
até setembro do próximo ano,
todos os meses, o
Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto
(MHNC-UP) vai partilhar a beleza, as particularidades e as origens de animais e objetos, abrindo assim uma janela para o vasto património das suas
reservas.
Todos os meses, quem passar pelo
átrio de entrada da Reitoria da U.Porto
(Praça Gomes Teixeira), vai encontrar um “tesouro” proveniente do MHNC-UP. Quando estiver junto da(s) peça(s) em exposição, bastará apontar o telemóvel para o QR Code e ficar a conhecer o/a respetivo/a curador/a e as histórias que tem para contar.
Quem inaugura este
Breviário
? O tema é
Páscoa:
Re
nascimento
. E o objeto não poderia ser mais simbólico. Ricardo Jorge Lopes é curador da coleção de ornitologia (aves) do MHNC-UP e escolheu os ovos. O que o seduziu? A diversidade de formas, padrões, tamanhos e cores, mas não só. Esta diversidade prende-se, claro está, com a diversidade de espécies de animais aqui representados: “pardais, melros (de pequeno porte), como as andorinhas do mar ou aves de rapina”, entre outros.
Então… Porquê esta primeira escolha? “Os ovos representam uma das estruturas mais complexas e mais perfeitas da natureza”, explica o curador. “O ovo “protege, durante uma fase que é crucial na vida do animal, permite-lhe respirar, fornece-lhe nutrientes, mas também é delicado o suficiente para poder ser quebrado pela própria ave no final dessa fase”.
Por tudo isto, resume Ricardo Jorge Lopes, “é uma estrutura incrível… Para mim uma das mais perfeitas da natureza”.
Como é que os ovos vieram cá parar
A coleção de ovos do MHNC-UP remete-nos para quem fez a doação ao museu e que é, também, uma personalidade ligada à história da cidade e da ornitologia. Henry Waldo Coverley foi Vice-Cônsul Britânico no Porto e considerado, por alguns, como “o pai da ornitologia portuguesa”. Lançou, na primeira metade do século XX
B
ird Notes – Portugal.
Terá coletado ovos para o Natural Museum of South Kensington e para a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). Este livro surge, aproximadamente, duas décadas depois de
Birds of Portugal
, de William C. Tait.
A coleção de ovos de Henry Waldo Coverley foi posteriormente doada ao MHNC-UP. Como “não havia binóculos nem telescópios”, a existência deste tipo de coleções era “uma prática comum desde a época vitoriana, até aos anos 1930”, já que permitia uma observação e um contacto direto com a natureza.
O curador da coleção de Ornitologia do MHNC-UP com um dos exemplares de ovos que vão estar em exposição na estreia do
Breviário.
(Foto: DR)
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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51.
Salas de Cirurgia
, Ana Paula Jardim
Salas de Cirurgia,
de Ana Paula Jardim,
in Enfermar
ia,
Guerra e Paz Editores, maio de 2022
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3. Sociologia, com João Arriscado Nunes: “Quem define as prioridades da investigação?”
João Arriscado Nunes, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, um dos mais importantes sociólogos portugueses, discute que caminho faz a ciência desde a sua idealização até à sua operacionalização, tendo a investigação na alimentação como eixo central da conversa.
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9. Adriano Bordalo e Sá e Joana Bordalo e Sá
Temos connosco neste episódio do
U.Porto Generation Gap
Adriano A. Bordalo e Sá e Joana Savva Bordalo e Sá, pai e filha, ambos
alumni
do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Adriano Bordalo e Sá doutorou-se no ICBAS em 1992 (Ciências Biomédicas), fez a agregação em 2003 e ascendeu a professor catedrático em 2023 (Biologia e Ambiente). Publicou mais de 130 artigos científicos, livros e capítulos de livros, e desenvolve investigação nas áreas de ecologia microbiana, ecologia aquática e saúde tropical. Parte importante da sua investigação é realizada na África Ocidental e Oriental com o objetivo de encontrar soluções para problemas no âmbito da saúde humana e recursos hídricos. Joana Bordalo e Sá licenciou-se em Medicina no ICBAS em 2004. É oncologista médica no Instituto Português de Oncologia do Porto, onde coordena o internato médico. Fez o mestrado em Medicina e Oncologia Molecular na Faculdade de Medicina da U.Porto e é docente externa do ICBAS. Tem experiência em investigação clínica, ensaios clínicos e estudos da vida real. Conta com várias publicações de artigos científicos, capítulos de livros e trabalhos em congressos internacionais e nacionais. Pertence ainda ao Colégio de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos. Adicionalmente, tem experiência de voluntariado médico, tendo integrado equipas de trabalho no Líbano com refugiados, mas também na Índia e Guiné-Bissau. Atualmente é a presidente do Sindicato dos Médicos do Norte e da Federação Nacional dos Médicos.
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Figuras Eminentes da U.Porto
Óscar Lopes
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Óscar Lopes
(1917-2013), ensaísta, linguista, crítico literário e 1.º diretor da Faculdade de Letras (FLUP) no pós-25 de abril (1974-1976), foi a
Figura Eminente da Universidade do Porto no ano de 2018.
Esta iniciativa que celebrou a vida e obra desta notável personalidade da Universidade do Porto e da Cultura Portuguesa Contemporânea foi promovida pela Reitoria e pela FLUP. Dela fizeram parte uma exposição evocativa na casa mãe da Universidade do Porto, intitulada
Óscar Lopes, o Saber de Muitos Saberes
; um concerto pela Orquestra Sinfónica da Faculdade de Engenharia; uma conferência proferida pela Professora Inês Duarte, sobre
Óscar Lopes e a linguagem: O Olhar de um Cientista
; uma jornada de debate na FLUP dedicada ao tema
Óscar Lopes: o Poder Seminal da Palavra
e uma conferência sobre
Óscar Lopes: Música e Literatura
, proferida pelo musicólogo Mário Vieira de Carvalho e pelo maestro José Luís Borges Coelho.
Óscar Luso de Freitas Lopes nasceu em Leça da Palmeira, Matosinhos, a 2 de outubro de 1917. Era filho de Armando Lopes (1891-1977), compositor e etnomusicólogo, conhecido pelo pseudónimo Armando Leça, e de Irene Freitas, violoncelista, e irmão de Rui, Martim, Fernão e Mécia.
Fez o ensino básico em Leça, o 1.º e 2.ºciclos do Ensino Secundário no Colégio da Boa Nova, em Matosinhos, e concluiu o 3.º ciclo do Ensino Secundário no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto.
Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1941) e em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Obteve diplomas superiores no Instituto Britânico do Porto e no Conservatório de Música do Porto e foi bolseiro do Instituto de Estudos Pedagógicos da Fundação Calouste Gulbenkian, equiparado a bolseiro pelo Instituto de Alta Cultura (1967 a 1971).
Entre 1941 e 1947 foi professor do ensino secundário em escolas como o Liceu Nacional de Vila Real e os liceus Alexandre Herculano e Rodrigues de Freitas, na cidade do Porto.
Óscar Lopes é autor de uma vasta obra nas áreas da crítica, do ensaio e da história literárias e da Linguística. Como crítico e ensaísta literário teve um papel fulcral no estudo e na problematização do neorrealismo em Portugal. Em colaboração com o historiador António José Saraiva (1917-1993) escreveu a
História da Literatura Portuguesa
, obra didática e de consulta, editada em 1955, objeto de inúmeras reedições, corrigidas e atualizadas, ao longo dos anos.
Colaborou em revistas literárias como
Seara Nova, Vértice, Mundo Literário, Colóquio/Letras
e no suplemento literário do jornal
O Comércio do Porto.
Em 1980 dirigiu dois números da revista
Camões
, nas comemorações do IV centenário da morte do poeta. Prefaciou obras de escritores de língua portuguesa como Jorge Amado, Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio de Andrade e Manuel Tiago (pseudónimo literário de Álvaro Cunhal, 1913-2005).
Foi, também, ativista político, muito participativo nas ações da oposição democrática antifascista (Movimento de Unidade Nacional Antifascista, Movimento de Unidade Democrática, Movimento Nacional Democrático, Comissão Democrática Eleitoral e Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos). Militante (1944) e dirigente do Partido Comunista Português, passou pela prisão (1955-1956) e após o 25 de abril de 1974 colaborou na direção da organização regional e no Comité do PCP. Foi candidato à Assembleia da República e membro eleito da Assembleia Municipal do Porto.
A instauração do regime democrático no país permitiu-lhe lecionar na Faculdade de Letras da U.Porto, onde foi nomeado professor catedrático. Jubilou-se em 1987. Em 1990 foi distinguido com o título de Doutor
Honoris Causa
pela Universidade Clássica de Lisboa.
Foi diretor da FLUP e responsável pela criação do Centro de Linguística da Universidade do Porto. Desempenhou funções como vice-reitor (1974-75) durante o mandato de Ruy Luís Gomes (12.º reitor da Universidade do Porto, entre 1974 e 1975).
Óscar Lopes recebeu diversas distinções. Os trabalhos de ensaio e crítica mereceram-lhe o Prémio Rodrigues Sampaio, da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (1968), bem como o Prémio Jacinto do Prado Coelho, da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários (1985), e o Prémio P.E.N. Club Português de Ensaio com A
Busca de Sentido: Questões da Literatura Portuguesa
. Em 2002, pelo conjunto da sua obra alcançou o Prémio Virgílio Ferreira.
Pela sua carreira foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (1989) e pela sua intervenção democrática com a Ordem da Liberdade (2006).
Morreu no dia 22 de março de 2013, aos 95 anos de idade.
Em 2017 foi homenageado pela FLUP através da mostra
Óscar Lopes. Centenário do seu nascimento. Exposição Bibliográfica e Documental.
Biblioteca da FLUP,
17 de abril a 30 de junho de 2017.
Sobre Óscar Lopes (up.pt)
U.Porto inicia comemorações da Figura Eminente 2018 (YouTube)
O poder da Palavra em Óscar Lopes recordado na U.Porto (YouTube)
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