ESTRELAS DO MAR
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Nunca pensei em ir à Ordem dos Arquitetos para ter uma aula de história, mas foi o que aconteceu na passada segunda-feira, aquando da apresentação do trabalho desenvolvido pelos vencedores da Bolsa de Viagem da 18.ª edição do Prémio Fernando Távora – e deixou-me mesmo a pensar.
Poeticamente, Pedro Abranches Vasconcelos e Carlos Machado e Moura, os arquitetos vencedores da Bolsa de Viagem, chamaram ao seu projeto “
Estrelas do Mar
”, o que compreendemos de imediato se considerarmos o formato das fortificações estudadas em fotografia aérea, mas o nome ter-se-á ficado também a dever à forma como as estrelas do mar resistem e se fixam entre mares. E identificaram todas: 87 fortificações costeiras, documentadas com múltiplas fotografias dos locais, plantas das edificações, mapas e outros documentos históricos. Tratou-se, na verdade, de um projeto de mapeamento das estruturas defensivas da nossa fronteira atlântica que serviu de base à reescrita da história da arquitetura costeira. Vale mesmo a pena visitar o site que construíram para o projeto.
O site do projeto não dá conta, contudo, da autêntica aula de história que Pedro Abranches Vasconcelos e Carlos Machado e Moura deram na Ordem dos Arquitetos. Entre muitos outros aspetos, apresentaram a Torre de Belém como o marco fundador da Modernidade, assinalando a forma como se distancia dos projetos de fortificações medievais; chamaram a atenção para o facto de, com a edificação do Forte do Bugio, se ter passado a assistir à convocação de arquitetos para o desenho das fortificações costeiras; contextualizaram a onda de construção de fortificações no período da Restauração para se impedir o desembarque de navios espanhóis, sublinhando a serialidade dos modelos arquitetónicos de então; salientaram a riqueza tipológica dos 38 fortins erguidos entre Peniche e Lisboa; e evidenciaram a ampliação de muitas das estruturas existentes no século XVIII e a forma como, na I e II Guerras Mundiais, se verificou a instalação de artilharia pesada.
Contornando os 87 edifícios registados por mar, os Arquitetos fizeram considerações relevantes sobre o seu estado de conservação. Por um lado, temos as construções que se encontram em estado impecável de preservação. Estas foram, na sua maioria, requalificadas, albergando ora um museu, ora um hospital, ora um laboratório ou uma casa particular; outras foram ocupadas pelo Ministério da Defesa, pela PSP ou pela GNR e encontram-se, por isso, fechadas à nossa visita. Mas por outro lado temos um grande número de fortificações em estado de abandono, o que denota a falta de um plano geral para a sua preservação ou conservação.
Foram, contudo, essencialmente dois, os temas em que fiquei a pensar. Em primeiro lugar, a importância do Prémio Fernando Távora, que valoriza um dos mais importantes legados do antigo Professor da Escola Superior de Belas Artes do Porto: a jornada de investigação, da viagem e do contacto direto com diferentes realidades como essenciais para a formação da cultura do arquiteto. Foi visitando as diferentes estruturas mapeadas que os Arquitetos perceberam como as estruturas reagiram aos avanços do mar, como algumas se deterioraram em virtude de erros crassos de projeto, como elas podem ser vistas como uma espécie de barómetro da paisagem costeira continental, e como algumas foram mesmo engolidas pelas cidades. E fiquei extremamente feliz pelo facto de a Fundação Marques da Silva / Centro de Documentação de Arquitetura da Universidade do Porto ser uma das instituições co-promotoras do Prémio.
Mas talvez mais importante seja o outro tema, sublinhado por Carlos Machado e Moura: o trabalho de investigação realizado pelos vencedores do Prémio Fernando Távora permitiu a identificação sistemática dos arquitetos portugueses, italianos, franceses e holandeses que, ao longo dos séculos, idealizaram as nossas fortificações costeiras. Estas edificações são normalmente conhecidas pelos reis que as mandaram edificar, mas a partir de agora teremos inscrito, no disco central de cada estrela, o nome do arquiteto que a concebeu.
Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Inteligência Artificial é a próxima aposta da Casa Comum
As
Realidades Abduzidas
de Mark Amerika são imagens e texto expandido... Pretexto para falar sobre IA, tema da próxima exposição que inaugura dia 17 de abril, às 18h00.
Podemos recorrer a Inteligência Artificial (IA) para fazer poesia? Qual seria o resultado? E se partirmos de um conceito de abdução, que cenários poderemos desenvolver? A
Casa Comum
apresenta as últimas obras do artista, escritor e investigador americano
Mark Amerika,
realizadas em colaboração com IA. Experimentar
Realidades Abduzidas
é entrar num ambiente "pós-humano". Como assim? Vamos por partes. A primeira é ler este texto. A seguinte é não faltar à exposição, aos
workshops
, à performance e à mesa-redonda. Tudo isto acontece de
17 de abril a 13 de maio e a entrada é livre.
Mark Amerika (Imagem: DR)
Simbioses entre o humano e a máquina
Quando entrar na Casa Comum, vai confrontar-se com uma "cabeça falante". É uma peça que se poderia chamar
PPP
porque é uma
performance
que é poesia e que é também uma palestra. Esta "cabeça falante" não é nem mais, nem menos do que um avatar de Mark Amerika. Admirador confesso da obra de Fernando Pessoa (de quem está, de momento, a ler
O Livro do Desassossego
), Mark Amerika cria várias personagens (ou será que lhe poderemos chamar heterónimos?) ... Vamos conhecer um desses "heterónimos" que nos questiona, e se questiona a si próprio, afinal, quem é esta "identidade? Sou eu, Mark America? Ou os milhões de utilizadores que contribuíram para a apresentação deste poema, criado por mim, em colaboração com IA?"
Explorando a forma como humanos e máquinas evoluem, o artista americano lança mão de ferramentas digitais como extensões criativas. Depois de um longo percurso de investigação, exploração e materialização de resultados, Amerika acede a um novo patamar através da criação de microficções. São textos gerados em colaboração com IA, ou "simbioses criativas entre humano e máquina".
Com curadoria de Ana Carvalho e Diogo Marques, a iniciativa é composta por narrativas microficcionais distintas e microvídeos em
loops
, com imagens vibrantes e surrealistas que nos situam entre o real e o imaginário, ou nos dividem entre o que consideramos ser o consciente e o que será do domínio do onírico. Neste recurso a ferramentas de IA, o artista deixa a pergunta: "Somos nós que estamos a usar a IA a nosso favor, ou será esta uma nova forma de inteligência, uma espécie de nova identidade, que se está a usar de nós para descobrir o seu próprio potencial criativo?"
Retirado de “Vortices”. (Foto: DR)
Centrifugação entre o natural e o artificial
Espelhando uma realidade tecnológica em constante mudança, Mark Amerika convida-nos a mergulhar num vórtice de novas dimensões. Uma espécie de centrifugação entre o natural e o artificial, criando uma sensação de desorientação e de incerteza. São microficções que se vão desdobrando e nos vão fazendo ultrapassar as barreiras entre o familiar e o desconhecido.
Nos écrans que vamos ter em exposição há um conceito fundamental que, de resto, Mark Amerika já explorou em trabalhos anteriores, como
The Kafka Chronicles
(1993),
Immobilité
(2007-2009), filme criado com um telemóvel, e
Grammatron
(2007), um dos primeiros exemplos de
net art
. E essa ideia base é: abdução.
As implicações da IA na sociedade
No dia
18 de abril,
pelas
16h00,
vamos ter uma
palestra
que será também uma
performance
,
conduzida pelo artista (ou um heterónimo de) e, no dia
2 de maio
, às
15h30
, apresentamos um
workshop
que promete ser uma real incursão pelo processo de criação do artista. Vamos perceber como fazer um poema recorrendo também ao resultado das instruções fornecidas à IA. Nesta, chamemos-lhe "experiência", o artista vai levantar o véu ao contexto cultural mais amplo em que a obra reside.
Do programa faz ainda parte uma
Mesa Redonda
, dia
4 de maio,
às
18h00,
que contará com a presença de especialistas de diferentes áreas que irão, precisamente, debater as implicações da IA na sociedade.
Mark Amerika
Docente na Universidade do Colorado em Boulder, Mark Amerika é diretor fundador do Programa Doutoral em Arte Intermédia, Escrita e Performance, na Faculdade de Média, Comunicação e Informação, e professor de Arte e História da Arte. Já expôs em locais como a Whitney Biennial of American Art, o Museu de Arte de Denver, o Instituto de Arte Contemporânea em Londres, o
Walker Art,
e o Museu Nacional de Arte Contemporânea de Atenas, entre outros. Em 2009, lançou
Immobilité,
considerada a primeira longa-metragem artística gravada com telemóvel.
Todos os eventos são de
entrada livre,
limitada pela lotação do espaço.
Fonte:
Notícias U.Porto
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Helder de Carvalho vai pôr-nos à sombra do que não queremos ver
O artista plástico vai desenvolver um conjunto de instalações para todos os polos da U.Porto. A primeira obra será inaugurada já no próximo dia 18 de abril, às 18h00, na FCNAUP.
Helder Carvalho (Imagem: DR)
Sombras que não quero ver
são cavalos de Troia. Trazem infiltrados para "desassossegar" os espíritos, fazer interferências nas linhas de raciocínio e "perturbar" o ritmo dos dias.
Helder de Carvalho
quer "semear" o trabalho em território que possa, realmente, gerar frutos. Junto dos "arqueólogos do pensamento". Dos que trabalham os problemas para encontrar soluções. Ora, nem mais: os estudantes. O artista vai ter obras espalhadas pelos diferentes polos da U.Porto e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) é a primeira unidade orgânica a ser "desinquietada".
Sombras que não quero ver
"As sombras vão aparecer", avisa Helder de Carvalho. E para que haja sombra "é necessário um objeto ou uma forma que a provoque". No caso em concreto, vai ser uma forma humana. "E se a forma marca pela negativa, talvez não a queiramos ver. Por comodismo posso não a querer ver, contudo, ela existe". Daí que esta "Odisseia pelo campus universitário" seja "uma provocação". Intencionalmente vai "obrigar as pessoas a verem o que não querem ver". E, neste exercício, incluiu-se a si próprio. "Estou a ver o que não gostaria de ver. Mas ao denunciá-lo gostaria que deixasse de acontecer".
O dia em que os pobres só terão os ricos para comer
Atento ao que o rodeia, Helder de Carvalho recria vivências, interpretando-as plasticamente. A guerra na Ucrânia, por exemplo, a que todos assistimos, é uma realidade da qual não se consegue alhear e que, sublinha, "nos mostra o homem na sua versão mais bestial e terrífica". Esta foi, de resto, a inspiração para um trabalho recentemente exposto na estação de São Bento, no Porto. Mas não é só em cenários de guerra que esta visão se manifesta, acrescenta. "Há muitos outros fatores que nos levam a interrogar até onde a maldade humana pode chegar. E a que preço". Foi a partir desta ideia que nasceu a vontade de se questionar a si próprio e aos outros sobre a bestialidade humana. E, claro, como artista, de a interpretar. O ponto de partida para a criação vai ser a escrita. Podem ser frases, poemas ou textos escritos. O primeiro a servir de inspiração tem como título:
Haverá um dia em que os pobres só terão os ricos para comer
, de Gonçalo M. Tavares.
Porquê a FCNAUP? A obra vai explorar conceitos em torno da alimentação, da "importância da aprendizagem e do equilíbrio na alimentação. Questões à volta da obesidade, mas também da miséria. E da fome".
A obra é um diálogo em construção
A obra resulta da conjugação de vários fatores, entre dois essenciais: os materiais que escolhe e o processo de experimentação ao qual, com eles, o artista se entrega. Escolhe-os por, a montante, já transmitirem uma determinada linguagem. Textura. Sensação. Sabe que vão emitir a frequência que lhe interessa. Pelo caminho, importa que o resultado conduza à visão que quer introduzir. À medida que os trabalhos vão avançando, o diálogo que se vai estabelecendo entre o artista e os materiais é crucial. "O instalar, construir, recriar, refazer, deitar fora e voltar a assumir. Esse percurso é muito interessante. Por vezes dou conta de que parei, num determinado momento, e já perdi a oportunidade de 'o' ter feito... e não chego a recuperá-lo. Essa experimentação é-me bastante natural". Acontece, inclusivamente, obter o resultado que é, acima de tudo, determinado pelos materiais que escolhe. "Eu não consigo modelar o aço. Vou saber usá-lo em função das suas características. O domínio da técnica vai-se adquirindo o que, só por si, é uma construção".
Helder de Carvalho
Formou-se em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde foi aluno, entre outros, dos escultores Alberto Carneiro e Zulmiro de Carvalho, dos pintores Álvaro Lapa e Jorge Pinheiro, do crítico de arte Fernando Pernes (1936-2010) e do historiador Flávio Gonçalves (1929-1987). Em 2005 fez o Mestrado em
Art Craft and Design
pela Universidade de Roehampton, em Londres, em parceria com a Universidade do Minho. Foi professor e hoje dedica-se, em exclusividade, à prática das artes plásticas, preferencialmente à escultura.
Já expôs na Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha (1987 e 1989), na Cooperativa Árvore (Porto, 1995), na Fundação Engenheiro António de Almeida (Porto,1997), na Galeria “Porto Oriental" (Porto, 2021 e 2022), no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta (Gouveia), na Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes (Macedo de Cavaleiros, 2022) e, mais recentemente, apresentou
Espessa Escuridão
, na Estação de Metro de São Bento, no Porto, em 2022. É autor de um vasta obra pública dispersa pelo país, da qual se destacam bustos como o de António de Almeida (Fundação Eng. António de Almeida, Porto); Corino de Andrade (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto); a Estátua de Abel Salazar (Jardim Carrilho Videira, Porto); o Busto de Edgar Cardoso (Vila Nova de Gaia) e a Estátua de Rocha Peixoto (Póvoa de Varzim).
Fonte: Notícias U.Porto
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Abril na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a
Agenda Casa Comum
ou clique nas imagens abaixo.
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Édipo/Antígona - Desenhos de Siza Vieira com textos de Valter Hugo Mãe
Entrada Livre. Mais informações
a
qui
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1+1=1
| Dulce e João Barata Feyo
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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Abducted Realities, de
Mark Amerika
Entrada Livre. Mais informações
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Qhapaq Ñan: o grande caminho Inca
Exposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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RETRATO
, de Carlos Ruiz
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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"Io che amo solo te": as vozes de Génova | Concerto de Serena Spedicato
Entrada Livre. Mais informações e reservas
aqui
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Sombras que não quero ver,
de Helder de Carvalho
Entrada Livre. Mais informações
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qui
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Porto Femme
na Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações
a
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Ibertrio
| Música: Arma de Liberdade
Entrada Livre. Mais informações
a
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Paulo Barros Trio |
Colagens… e mais!
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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O Museu à Minha Procura
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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TARDES DE MATEMÁTICA
25 MAR, 17 JUN e 14 OUT'23 | 16h00
Conversa, Ciência | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações
aqui
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Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto
Exposição | Fundação Marques da Silva
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz
Exposição | Fundação Marques da Silva
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa
aqui
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A Casa Comum apresenta um "Retrato" de formas de vida
Documentário do realizador Carlos Ruiz Carmona será exibido na noite de 14 de abril, às 21h30, na Casa Comum da U.Porto. Entrada livre.
Decidimos a forma como vivemos? Ou foi um hábito que ganhou vinco com o tempo? Uma adaptação ao que julgamos ser a norma social. Gostamos da forma como vivemos? Tivemos escolha? Haverá sempre não um, mas vários porquês.
Retrato
, o premiado documentário de
Carlos Ruiz Carmona
que vai passar na “sala” da
Casa Comum
(à Reitoria) da Universidade do Porto, no próximo
dia 14 de abril
, abençoa-nos com uma intimidade rara. Sabemos que pontos de interrogação desenham o sobrolho que acompanha o olhar. O que está aquém e além dele. Nem sempre se tem a real noção do material com que se constrói as paredes que erguemos, no dia após dia.
De um lado: “Levantas-te, abres as janelas, fazes a cama, tens de limpar a casa, fazer a comida, lavar… ‘Não se pode fazer tudo’… Eu sei. Gostava de fazer como o teu pai… Levanta-se e vai dar uma volta para apanhar sol… Vai buscar o pão e depois, pés ao alto para ver os concursos de televisão. E eu? A criada. O que sou sempre! A comida pronta, a mesa posta…’ Já podes vir comer’. Depois tenho de lavar tudo, quando chego à sala, à tarde. Já estou cansada!”
Do outro lado: “A obsessão dela com a casa é o seu maior defeito. Tudo bem ter as coisas limpas, mas ela exagera. E quando faço alguma coisa, é a pensar nela. Mais do que a pensar em mim. E é isso”.
O silêncio onde cabe tudo
Sabemos… Há quem saiba que o silêncio amplia. É onde cabe tudo, nomeadamente o que nem sempre se diz. Como o contexto em que se nasceu e que moldou pensamentos e atitudes. Ditou uma ética e uma moral da qual não se consegue escapar. À palavra “casamento”, esta geração associa a frase: “até que a morte nos separe”. É também, descobrimos, uma geração que teve gerir a miséria e a opressão, heranças da Guerra Civil Espanhola.
Retrato
expõe um homem e uma mulher. São o pai e a mãe do próprio realizador. Daí este ser um dos seus trabalhos mais íntimos. As preocupações, esperanças, sonhos, vivências e sentimentos. É também o retrato de uma identidade. De uma origem. Às vezes confuso ou desfocado, traz recordações que fazem questionar o passado, o presente e o futuro, num debate sobre a vida que é sempre um contínuo em perpétua mudança.
Como fazer, com consciência, isto de viver? Afinal, quem somos? E por que somos assim?
Vencedor do prémio de melhor documentário espanhol no Festival Documental Madrid 2006,
Retrato
tem exibição marcada para as
21h30
de
14 de abril,
no
Auditório da Casa Comum
. A
entrada é livre
, ainda que limitada à lotação do espaço.
Carlos Ruiz Carmona
Nascido em Barcelona e com formação em Cinema no Reino Unido, Carlos Ruiz Carmona é realizador, investigador e professor. Doutor em Ciência e Tecnologia das Artes, com especialização em Cinema e Audiovisual (documentário), produziu várias curtas metragens e documentários, tendo já recebido vários prémios.
Atualmente a viver no Porto, é docente na Universidade Católica Portuguesa, Escola das Artes do Porto e Investigador integrado no CITAR. Coordena o grupo Cinema, Música, Som e Linguagem da AIM (Associação de Investigadores da Imagem em Movimento).
Fonte:
Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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52. C
apela
, Ana Paula Jardim
Capela,
de Ana Paula Jardim
, in Enfermaria, Guerra e Paz Editores,
maio de 2022.
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4. Arquitetura, com André Tavares: à procura da arquitetura do bacalhau
André Tavares, professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) e coordenador do projeto Fishing Architecture, explica-nos que ainda que seja óbvio que um peixe não constrói edifícios, as suas características biológicas geram arquitetura. As paisagens construídas pela comida, pelas pescas e pelo seu mais icónico alimento – o bacalhau — foram os principais temas de uma conversa que começou e que não nos apetecia deixar acabar.
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10. João Veloso e Tiago Veloso
Esta semana no
U.Porto Generation GAP
temos connosco João Veloso,
alumnus
da licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses e Franceses, que frequentou entre 1986 e 1990 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), e o seu filho Tiago Veloso, ainda estudante do terceiro ano da licenciatura em Filosofia na FLUP, onde ingressou em 2020. Tiago Veloso sente-se principalmente cativado pelas áreas de epistemologia e de estética e pretende prosseguir o seu estudo trabalhando nesses domínios. Ocupa um cargo na direção do núcleo de alunos do seu curso desde 2021 e gosta de passar os seus tempos livres com música, literatura e, sobretudo, com cinema. João Veloso é professor catedrático de Linguística da FLUP, estando atualmente na Universidade de Macau a dirigir o Departamento de Português. Enquanto estudante de licenciatura, foi presidente da Associação de Estudantes. Também na FLUP, doutorou-se em Linguística em 2004. Publicou mais de uma centena de trabalhos, sobretudo na área da fonologia do português. É membro integrado do Centro de Linguística da Universidade do Porto, de que foi coordenador científico durante 14 anos. O seu trabalho levou-o a colaborar com diversas instituições da Europa, Brasil, Estados Unidos, África, China e Timor-Leste; aliás, parte da sua formação inicial em fonética experimental foi realizada na Universidade de Estocolmo e, anos depois, foi professor visitante de Linguística Portuguesa na Universidade de Porto Rico. Entre 2018 e 2022, foi pró-reitor da Universidade do Porto, com a tutela da Inovação Pedagógica, Promoção da Língua Portuguesa e Instituto Confúcio. João Veloso gosta de ensinar, de ler, de ouvir música, de caminhar, de praia e de viagens, de livros, de árvores e de gatos.
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Figuras Eminentes da U.Porto
Paulo Cunha e Silva
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Em
2019
a Figura Eminente da Universidade do Porto fo
i Paulo Cunha e Silv
a (1962-2015), antigo professor universitário e ex-vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto.
O programa comemorativo, declaradamente multidisciplinar, foi comissariado por Manuel Janeira e Teresa Lacerda e dividiu-se em 16 momentos (Dobras), que decorreram em diversos locais da Universidade e da Cidade. Um dos seus pontos altos foi a exposição
À Volta da Ato Médico
, patente na Casa Comum, no edifício histórico da Universidade do Porto, que reuniu objetos do Museu de História da Medicina Professor Maximiano Lemos (FMUP), do Museu de Anatomia Professor Nuno Grande (ICBAS), do Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, do INEGI, do INEGI, do LABIOMEP e do Museu do Centro Hospitalar do Porto; procurando estabelecer ligações entre o diagnóstico e a intervenção médica no corpo humano e o diagnóstico e a intervenção cultural, social e política. A exposição recuperou, assim, um projeto de Paulo Cunha e Silva apresentado à Universidade, tendo sido concretizada com base no guião original de 2012.
Paulo Alexandre Gomes da Cunha e Silva nasceu na freguesia de Santiago Maior, concelho de Beja, a 9 de junho de 1962.
A sua primeira infância decorreu entre as cidades de Aveiro e de Portalegre. Quando tinha 6 anos de idade, a família fixou-se em Braga e o jovem Cunha e Silva começaria em breve a dar os primeiros passos nas artes e letras.
Aos 14 anos já escrevia crítica e comentário no periódico regional
Correio do Minho
, e era estudante de liceu na cidade dos Arcebispos.
Veio depois estudar para o Porto. Licenciou-se em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), com 17 valores, em 1986. Aqui ficou conhecido como o "Paulinho dos Vintes", e alguns colegas recordam provas brilhantes no anfiteatro da Faculdade. Frequentou o café Piolho e do seu círculo de amigos faziam parte outros estudantes universitários – das faculdades de Letras, Belas Artes e Arquitetura.
Foi Mestre em Medicina Desportiva pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (dissertação intitulada
Exercício físico e lesão oxidativa: Relação com a capacidade aeróbica: Avaliação da lipoperoxidação da membrana eritrocitária
, de 1992, aprovada com Muito Bom) e Doutor em Ciência do Desporto pela Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, atual Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (tese intitulada
O Lugar do Corpo: Elementos para uma Cartografia Fracta
l, de 1995).
No Instituto de Educação Física da Universidade do Porto (1975), depois renomeado Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (1989), foi monitor (1987-1988) e Assistente Estagiário (1988-1992) de Anátomo-Fisiologia, Assistente de Anatomia Funcional (de 1992-1996), Professor Auxiliar (a partir de 1996 com nomeação definitiva em 2004) e Professor Associado (de 2006 a 2015).
Nesta Faculdade criou a disciplina de Introdução ao Pensamento Contemporâneo, com a qual se notabilizou, e lecionou ainda a unidade curricular optativa Corpo e Desporto no Mundo Contemporâneo.
Foi também professor de Anatomia do ICBAS.
Paulo Cunha e Silva foi um dos principais programadores da
Porto 2001 Capital Europeia da Cultura,
responsável pelas áreas do Pensamento, Ciência, Literatura e Projetos Transversais.
Foi diretor do Instituto das Artes do Ministério da Cultura (2003-2005), conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Roma (2009-2012), comissário do projeto
O castelo em 3 actos
da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, coordenador científico dos Estudos Contemporâneos da Fundação de Serralves (a partir de 2000), presidente da Comissão de Cultura do Comité Olímpico Português e colaborador da Fundação Calouste Gulbenkian.
Por convite do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, assumiu a direção do pelouro da Cultura. No desempenho das suas funções (2013-2015) demonstrou ser o maior mentor do renascimento cultural da cidade. Os projetos que mais apreciou conceber durante o curto mandato foram
Um Objeto e seus Discursos por Semana
e
Cultura em Expansão.
Foi colunista do
Diário de Notícias
(2002-2007), comentador do programa C
hoque Ideológico
da RTPN (2007-2008) e autor dos livros
Portugal no Hospital: identidades, instabilidades e outras crises (
2007) e
Joana Vasconcelos
(2008).
Foi considerado Personalidade do Ano do Jornal Público e um dos 200 portugueses mais influentes pela revista Visão e distinguido, em 2015, pelo papel desenvolvido na área da Cultura com as insígnias de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras, uma das principais condecorações honoríficas da República Francesa.
O seu último ato público consistiu na participação no
Fórum do Futuro
, evento que promoveu no Porto entre 4 e 8 de novembro de 2015.
Paulo Cunha e Silva morreu no início da madrugada do dia 11 de novembro de 2015, com 53 anos de idade, vítima de um enfarte do miocárdio. O seu corpo esteve em câmara ardente no palco do Auditório Manoel de Oliveira do Teatro Municipal Rivoli, de onde saiu em cortejo fúnebre para a Igreja da Lapa pelas 14h00 do dia 12.
Postumamente, em 2016, foi-lhe atribuída a Medalha Municipal de Honra da Cidade e foi relembrado em diversas iniciativas da edilidade portuense, nomeadamente na exposição
P.-Uma homenagem a Paulo Cunha e Silva,
por extenso, com curadoria de Miguel von Hafe Peréz, patente na Galeria Municipal do Porto, e na exposição
751 - os dias de Paulo Cunha e Silva
, organizada pelos Paços do Concelho, e que recordaram a sua breve passagem pelo Pelouro da Cultura do Porto.
Sobre Paulo Cunha e Silva (up.pt)
Celebrar o pensamento de Paulo Cunha e Silva [vídeo] (up.pt)
Desvendando o pensamento de Paulo Cunha E Silva (up.pt)
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