A PALAVRA IMPERFEITA
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Estávamos na Fundação Eng.º António de Almeida, na sessão comemorativa do centenário do nascimento do Dr. Fernando Aguiar Branco. Entre as várias intervenções e testemunhos que foram feitos sobre o homenageado, recordando as cinco décadas em que assumiu a presidência da Fundação, um dos oradores lembrou a forma como o Dr. Aguiar Branco sempre cultivara a língua portuguesa, preocupando-se em utilizar as palavras e conceitos mais adequados. Por vezes, ao conversar – lembrou o orador – o Dr. Aguiar Branco voltava atrás no assunto por considerar que a palavra que utilizara era imperfeita e a poderia substituir por uma outra que melhor representasse a ideia que pretendia transmitir. Fiquei a pensar nas palavras imperfeitas e em como elas haviam sido um tema dominante numa outra sessão a que assistira poucos dias antes. Estávamos na Casa Comum, no 1.º Encontro “Perspetivas sobre a longevidade: contextos, políticas e qualificações”, uma iniciativa da Comissão Conhecimento e Sociedade do Conselho Geral da U.Porto organizada com o objetivo de discutir a situação sem precedentes que hoje enfrentamos em Portugal, com a segunda população mais envelhecida da Europa. Foram apresentadas estatísticas alarmantes (o peso social das pessoas com mais de 65 anos, em Portugal, é de 37,2% sobre os trabalhadores ativos, assumindo proporções assustadoras em algumas regiões do país, como Melgaço, onde para cada 100 ativos há 87,8 não ativos, ou Vinhais, onde há 92% de idosos para cada 100 ativos); discutiu-se a questão das qualificações e da empregabilidade dos mais velhos, salientando-se os efeitos do idadismo nas organizações; salientou-se o facto de os estereótipos negativos sobre a população mais velha não serem normalmente acompanhados por estereótipos positivos, no contexto de trabalho, como o conhecimento acumulado ou a capacidade de controle emocional, essenciais para o bom funcionamento das organizações; sublinhou-se a necessidade de criação de políticas públicas capazes de combater a exclusão social dos mais velhos; e foram apresentadas iniciativas originais e integradoras, essenciais para sociedades inclusivas, como programas de capacitação financeira, de exercício físico para idosos ou ainda o novo projeto ERASMUS +60.
A estrela do debate, contudo, foi uma “palavra imperfeita” em que todos os intervenientes tropeçaram: a palavra “idoso”. Quando se começa a ser idoso? Em Portugal, aos 65 anos. Não será necessário redefinir este conceito que, para além do mais, não existe juridicamente? E o que é um idoso? Os diferentes oradores procuraram alternativas: “pessoa adulta mais velha”? “pessoa de idade maior”? A verdade é que “idoso” parece ser um conceito que não funciona já, mas será relevante percebermos que ele surgiu para substituir um outro, considerado mais aviltante, o de “velho”, funcionalmente dependente e associado à ideia de inutilidade.
A questão é mesmo a da “(in)utilidade” da população de idade mais avançada. As perspetivas atuais sobre o envelhecimento são herdeiras das mudanças sociais e económicas que se verificaram, nas sociedades ocidentais, no século XVIII, e que determinaram que a inserção e a valorização dos indivíduos passassem a ser feitas em função da sua produtividade. Mais recentemente, contudo, tem-se verificado o reconhecimento de alguma utilidade dos idosos em função da sua capacidade de, gastando o dinheiro acumulado, ou o das suas reformas, contribuírem para a economia do país. Assim nasceu o conceito de “idoso ativo”, o que tem poder aquisitivo, que continua a exercer atividades na comunidade, que possui autonomia e que cultiva o seu bem-estar, sendo consumidor de atividades de entretenimento e exercício físico. Por vezes, “sénior” sobrepõe-se a “idoso ativo”, por ser considerado um termo mais positivo; e assim nasceram os conceitos de “universidade sénior”, “desporto sénior” e “cartão de desconto sénior”, entre outros, associados a uma nova etapa da vida, votada à descoberta de novos prazeres, como estudar, viajar, ou até dançar. “Idadismo”, “velhicismo” e “etarismo” afirmaram-se, entretanto, como conceitos que representam atitudes preconceituosas em relação aos idosos (ou à “gerontolescência”, como agora se diz) e que limitam o que as pessoas de idade mais avançada podem ou não podem fazer.
Nos últimos dias, tenho andado, também eu, a tropeçar na palavra “idoso”. Concordo que é uma palavra imperfeita, mas nunca gostei tão-pouco dos eufemismos com que procuram adoçar-nos a vida. A solução não está, pois, na palavra, mas nossa relação com o envelhecimento. Nesse sentido, temos muito a aprender com as sociedades não-ocidentais, cujas representações dos idosos, dissociadas da ideia de utilidade económica, são bem mais positivas. E, entretanto, não podemos perder a noção do verdadeiro privilégio que é envelhecermos – uma oportunidade que, infelizmente, não é dada a todos.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Artistas do Porto debatem os direitos da arte urbana na Casa Comum
O tema vai estar em debate a 31 de maio, a propósito da apresentação do livro A arte saiu à rua: a tutela jurídica dos graffiti. O auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto vai receber, no próximo dia 31 de maio, a partir das 18h00, a sessão de lançamento de A arte saiu à rua: a tutela jurídica dos graffiti, uma obra coordenada por Maria Regina Redinha e Maria Raquel Guimarães, com a chancela da Editora d’Ideias. O evento contará com a participação dos artistas Rafi die Erst, Godmess e Miguel Januário, bem como do diretor do Museu da Cidade e das bibliotecas municipais, Jorge Sobrado, e da Vice-Reitora para a Cultura da U.Porto, Fátima Vieira. Que direitos tem a arte urbana?
Da Economia ao Direito e da Sociologia ao Marketing, da propriedade intelectual à criminologia e da publicidade à inclusão social, a prática do graffiti movimenta-se numa zona de contágios entre diferentes disciplinas e não se descobre numa única leitura ou uma só vista. O que a sinopse deste livro nos diz é que, embora possa ser interpretado "como um crime/acto ilícito", o graffiti também já é "um enorme e plural movimento artístico a nível global". Assistimos a um crescimento "exponencial desta forma de expressão nas últimas décadas" que nos colocou perante uma realidade: "depois de invadir as ruas das cidades por todo o mundo, entrou nas galerias de arte e os graffiters atingiram o estatuto de artistas".
Nesta realidade, sempre em constante mudança, A arte saiu à rua: a tutela jurídica dos graffiti pretende, assim, "dar resposta a algumas indagações da street art em diversos campos do direito, não descurando a sua abordagem sociológica, cultural, criminológica e económica. Há direitos na arte urbana? Arte? Que arte? Quem tem direitos? A quem cabe a sua defesa?...
Quem vai debater o tema?
A apresentação da obra ficará a cargo da Vice-Reitora para a Cultura da Universidade do Porto, Fátima Vieira, da co-coordenadora da obra, Maria Regina Redinha e da Diretora Editorial da Editora D’Ideias, Paula Valente. Segue-se uma mesa redonda sobre o tema, que conta com a participação de Jorge Sobrado, Diretor do Museu da Cidade do Porto e das bibliotecas, dos artistas Rafi die Erst, Godmess e Miguel Januário, António Monteiro de Oliveira, do ISCAP/CEI, e Maria Raquel Guimarães, co-coordenadora da obra.
A sessão tem entrada livre, ainda que limitada à lotação do espaço.
Fonte: Notícias U.Porto
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Exposição Insectário - Considerações Artísticas A exposição Insectário - Considerações Artísticas está patente até 8 de julho na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva e é enquadrada no âmbito da 5.ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2023 | Bienal de Causas. Horário: de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (último acesso: 17h30)
Entrada livre
+info: https://mhnc.up.pt/insectario/
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Maio na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Luzes ou Sombras do que foi e Continua a Ser | Bienal Fotografia do Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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ECO: Ecoar o Eu Comunitário
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Insectário - Considerações ArtísticasExposição | Galeria da Biodiversidade Entrada Livre. Mais informações aqui
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Escombreiras
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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O Museu à Minha ProcuraExposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Qhapaq Ñan: o grande caminho IncaExposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras que não quero ver, de Helder de CarvalhoDE 18 ABR'23 até 2024 | 18h00 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - LuzExposição | Fundação Marques da Silva
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TARDES DE MATEMÁTICA17 JUN e 14 OUT'23 | 16h00 Conversa, Ciência | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Lançamento de Porto: A Epidemina de Peste de 1899. Circunstâncias e Consequências marcado para 23 de maio
Na próxima terça-feira, 23 de maio, pelas 18h00, o Auditório da Casa Comum, no edifício da Reitoria da Universidade do Porto (à Praça Gomes Teixeira), será o palco do lançamento do livro Porto: A Epidemia de Peste de 1899. Circunstâncias e Consequências, inserido na coleção Estudos e Ensino da U.Porto Press. A obra, da autoria de João Martins e Silva, licenciado em Medicina, antigo docente e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, aborda o surgimento, evolução e graves consequências decorrentes da epidemia de peste bubónica na cidade do Porto – a última da Europa a ser atingida pela doença – em finais do século XIX.
A apresentação do livro ficará a cargo de Amélia Ricon Ferraz, licenciada e doutorada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), delegada nacional para a Sociedade Internacional de História da Medicina, antiga docente da FMUP, e Henrique de Barros, licenciado e doutorado em Medicina pela FMUP, Presidente do Instituto de Saúde Pública da U.Porto e da Associação de Escolas Europeias de Saúde Pública, e Professor Catedrático da FMUP.
A entrada é livre.
A chegada da peste bubónica ao Porto e suas implicaçõesConforme explica o autor no prefácio desta obra, a peste bubónica “entrara discretamente na cidade do Porto para, célere, conduzir a uma difícil situação clínica e socioeconómica”. Esta doença contagiosa marcou o final do século XIX não só em Portugal, onde “as endemias e epidemias (…) não faziam pausa”, mas também em diversos outros pontos da Europa e do mundo. “A cidade do Porto foi a última cidade da Europa a ser atingida no final do século XIX por uma epidemia de peste bubónica, cerca de trezentos anos depois de abalada pela mesma doença”. João Martins e Silva descreve três fases de desenvolvimento da epidemia: a primeira, relativa à identificação dos primeiros casos da doença – ainda sem diagnóstico confirmado – e à aplicação de medidas sanitárias imediatas. A segunda iniciou-se aquando da confirmação bacteriológica da peste, em julho de 1889, e posterior instauração daquele que viria a ser “um polémico cordão sanitário de imposição governamental”, que, ainda assim, “conseguiu conter a epidemia num semestre com um relativo baixo número de infectados e mortes na cidade do Porto, e com contágio exterior irrelevante”. Esta medida provocou “um amplo período de controvérsias, contestações, danos económicos e sociais, e efeitos políticos nacionais e internacionais”. A terceira fase correspondeu ao “desfecho do flagelo” e “progressiva mitigação das constrições impostas”. A situação começou a normalizar no final daquele ano, embora tenham surgido novos focos da doença na cidade, mesmo após ter sido oficialmente declarada extinta.
Quer a imprensa local, quer o próprio autor, acabam por relacionar a crise socioeconómica e política decorrente da peste bubónica com as contradições e deficiente resposta governamental naquele contexto.
Este título está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.
Sobre o autorJoão Alcindo Pereira Martins e Silva, natural de Lisboa (1942), licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa (1967), tendo sido posteriormente convidado para assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lourenço Marques, onde desenvolveu trabalhos de investigação e se doutorou (1973). Após o serviço militar em Moçambique (1972-1975), prosseguiu a carreira académica (professor auxiliar, extraordinário e catedrático) na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Dirigiu o Instituto de Química Fisiológica, depois integrado no de Bioquímica, e prosseguiu projetos de investigação científica até se aposentar (2005). Foi subdiretor (1991-1994) e diretor da FMUL (1994-2005) e presidente de duas sociedades médicas nacionais (Educação Médica, 1991-2003; Hemorreologia e Microcirculação, 1987-1994). É autor de centenas de publicações e de mais de uma dezena de livros.
Fonte: U.Porto Press
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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58. Wallis, Yvette K. Centeno
Wallis, de Yvette K. Centeno, in Existir, Edição Eufeme, março de 2022 (ISBN não disponível), p. 66.
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58. La perdiç i l Abade Manuol Sardina “Antre uas queiruolas, yerba seca i bergontas de silba sanjoaneira reparou nun canheiro seguido adreitos a un coucon de perdiç…” Ua lhona cuntada a Alcides Meirinhos subre l Abade Manuol Juquin Sardina, purmeiro Persidente de la Junta Republicana de San Martino de Angueira an 1910, por sue nieta. Boç: Suzana Ruano.
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17. Morrer no hospital: olhares e vivências
Morre-se maioritariamente no hospital, ou seja, a morte institucionalizou-se. Morrer em casa é melhor do que morrer no hospital? Não necessariamente. A morte silenciada, varrida para debaixo do tapete, transvestida, não é apanágio dos cuidados de saúde, sendo antes um fenómeno cultural e social de países maioritariamente ocidentais. No mundo das não coisas (Byung Chul-han), passamos a viver na Nuvem, trocamos o toque pela informação digital, concentramo-nos na fugacidade, esquecendo a nossa real temporalidade. Como vivemos a morte em contexto hospitalar? Que competências é necessário ter para cuidar de quem está a morrer e dos seus familiares? Como cuidamos dos profissionais de saúde que convivem frequentemente com a perda, a fragilidade, o erro? Como preparamos os jovens estudantes e internos a (con)viver (com) a (sua/do outro) morte? Para conversar sobre estas e outras questões, assumindo que “devemos falar sobre a morte, porque a vida é certa” (parafraseando de forma inversa o adágio “vamos à vida, que a morte é certa”), estiveram presentes: Andreia Cerqueira Moura, enfermeira, António Carneiro, médico internista e intensivista, Magda Freitas, enfermeira, Margarida Branco, psicóloga clínica e psico-oncologista e Luís Marques Loureiro, médico, assistente hospitalar de medicina interna. Conversa online realizada a 2 de maio de 2023, com moderação de Susana Magalhães e Manuela Vidigal Bertão. Nota: as intervenções de Luís Marques Loureiro sofrem de alguns cortes provocados por deficiências da ligação de rede, que, contudo, não impedem a compreensão do sentido das suas palavras; as intervenções finais não incluem as de António Carneiro porque o médico teve de abandonar prematuramente o encontro.
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6. Expressão artística, com José Carlos Paiva: liberdade e lentidão no processo criativo e no pensamento crítico José Carlos Paiva, professor emérito da Universidade do Porto, analisa a importância da expressão criativa na produção do conhecimento. “Como convive a criação artística com as ciências da nutrição?” e “qual a importância do tempo lento no pensamento crítico?” são também questões que se levantam nesta conversa com o antigo diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
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Alumni da U.Porto
Acácio Lino
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No dia 25 de fevereiro de 1878 nasceu, na abastada Casa da Pedreira, em S. Salvador de Travanca, Amarante, o sétimo filho de Rodrigo Pereira da Costa Magalhães e de Maria do Carmo Pinto de Carvalho, Acácio Lino de Magalhães. Precocemente, com seis anos de idade, Acácio revelou o génio e firmou o nome artístico. Como conta na sua autobiografia, a professora primária Raquel Adília de Magalhães, ao inscrevê-lo no mapa escolar, perguntou-lhe o nome, ao que ele respondeu ser Acacinho, como carinhosamente era chamado pela mãe, mas como a professora achou o nome muito curto acrescentou-lhe Lino, o nome do seu namorado, e ainda o sobrenome do pai de Acácio, Magalhães. Desde então o jovem estudante e artista passou a usar o nome Acácio Lino de Magalhães.
Aos nove anos fazia desenhos em papel quadriculado e depois, como lhe ensinara o professor Luís Coelho, "a esfuminho", no verso do papel. Pintava flores e frutas.
Aos doze anos, depois de concluído o exame de instrução, fixou-se no Porto, na casa do seu irmão Albano, advogado com escritório na rua de Santa Catarina. No Colégio de Nossa Senhora da Lapa tomou o gosto pelos desenhos a crayon. Fazia então retratos influenciados pelo jornal Charivari. Depois, no Colégio de S. Carlos, dedicou-se mais seriamente ao desenho.
Para aprofundar a sua arte, Albano contratou o professor Marques de Guimarães para lhe dar aulas aos domingos. Deste modo, além de frequentar o liceu frequentava também o atelier de seu mestre, na rua Passos Manuel, e depois as aulas de Desenho Histórico e Escultura.
Nesta época conheceu vários artistas como Almeida e Silva, Manuel de Moura, Frade, Tomás de Moura, Cândido da Cunha, Silva Carvalho, Lago Pinto, Alberto Sousa Pinto e Marques de Oliveira, por quem nutria uma profunda amizade.
O seu pai, que sonhara vê-lo formado em medicina, viu as suas expectativas defraudadas ao descobrir que o filho queria seguir Belas-Artes, quando este frequentava o 5.º ano de Desenho Histórico. Esta contrariedade aborreceu-o profundamente e levou-o a cortar-lhe a mesada. Acácio Lino matriculara-se, entretanto, em Pintura e Escultura na Academia Portuense de Belas Artes.
Sem o apoio financeiro paterno, Acácio terá vendido retratos a crayon para pagar as despesas correntes, como a estadia na casa de hóspedes da Senhora Clara, na rua de Santa Catarina, contando também com ofertas de parentes e amigos que, sem saber, vinham da parte do pai.
Com um grupo de colegas instituiu um centro de estudo de modelo vivo - o "Centro do Julinho" - na rua do Dr. Alves da Veiga, onde lecionou gratuitamente a Marques de Oliveira.
Enquanto aluno do terceiro ano de Pintura Histórica, concorreu ao pensionato do Estado em Paris. Mas falhou. O escolhido foi Constantino Fernandes. No ano seguinte, concorreu sozinho e ganhou a bolsa, com a pintura Camões junto ao túmulo de Natércia. Para comemorar este acontecimento, os seus colegas fizeram-lhe um jantar no restaurante portuense "Vidal & Constantino", onde estiveram também presentes Marques de Oliveira, Teixeira Lopes, José de Brito e Oliveira Alvarenga. As colegas, ausentes deste convívio, decoraram-lhe o quarto com violetas.
Partiu para Paris em abril de 1904. Nesta cidade reencontrou o companheiro Constantino Fernandes, visitou museus e teve por mestres Jean-Paul Laurens e Fernand Cormon, que lhe legaram o gosto pela pintura histórica. Conviveu com artistas de várias nacionalidades e compatriotas como Marques de Oliveira e Malhoa e alcançou algum sucesso. O seu retrato do pintor brasileiro Moura Teles foi admitido no Salon.
Em 1906 regressou a Portugal, sendo recebido entusiasticamente pelos alunos de Belas-Artes. Voltou, em seguida, a Paris e, daqui, partiu para a Suíça e Itália. No regresso, lecionou, durante algum tempo, a cadeira de desenho no Liceu Alexandre Herculano, mas foi na Escola de Belas Artes do Porto que fez praticamente toda a sua carreira de docente. Em 1912 foi nomeado professor interino da disciplina de Desenho Histórico e, mais tarde, chegou a ocupar o cargo de subdiretor.
Paralelamente a esta atividade mantinha um atelier em Travanca, onde buscava inspiração no bucolismo do mundo rural da sua infância. Nas férias, normalmente trabalhava na Casa das Figueiras.
Amuda, pintura de Acácio Lino datada de 1947 do Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso.
Destacou-se como autor de pintura naturalista e histórica, mas também pintou retrato e temas religiosos. As suas telas podem ser encontradas em museus e entidades portuguesas, públicas e privadas, como o Palácio de S. Bento (Sala Acácio Lino) e o Museu Militar, em Lisboa; a Biblioteca Pública Municipal do Porto, a Câmara Municipal do Porto, o Museu Nacional de Soares dos Reis, a Igreja dos Congregados e o Teatro Nacional de S. João, no Porto; o Museu Malhoa nas Caldas da Rainha; o Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso e a Casa Museu Acácio Lino, em Amarante. Mas também fez escultura. Nela destacam-se os bustos de Soares dos Reis, de António do Lago Cerqueira, de Ciríaco Cardoso e da sua esposa Dina e o medalhão do Mestre José de Brito. Admirado tanto por colegas como por alunos, foi alvo de muitas homenagens em vida, como a publicação da obra O Livro de Ouro - Homenagem ao pintor Acácio Lino ou a comemoração do seu Jubileu, em fevereiro de 1948, depois de 36 anos de docência, durante a qual lhe foi concedido o Grau de Comendador da Ordem de Cristo. Recebeu também a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Belas-Artes (1927), a Comenda da Ordem de Sant'Iago da Espada e a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto (1940 e 1941).
Em 1950, escreveu no seu atelier uma obra autobiográfica Recordando ... dedicada aos seus sobrinhos, pois do seu casamento com Dina, que falecera em 1948, não resultou descendência.
Faleceu a 18 de abril de 1956, com setenta e oito anos, na sua casa no Largo Soares dos Reis. O funeral teve lugar no dia seguinte, com missa na Igreja do Bonfim.
Depois disso, o féretro seguiu para o cemitério de S. Salvador de Travanca. Sobre Acácio Lino (up.pt)
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