A TRISTIFICAÇÃO DA CIDADE

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Há cerca de cinco anos, regressada do trabalho, dei com o portão de minha casa, pintado de novo no dia anterior, com um graffiti. Não era nenhuma obra de arte, nem sequer uma tag em condições (o tagging é uma forma de arte, implica a escolha da tipografia certa, a consideração dos ângulos a explorar, do espaçamento entre as letras, da simetria, da espessura e das cores, e ainda capacidade para representar movimento e fluidez): não, era apenas uma rubrica. Alguém tinha decidido testar, no meu portão pintado de novo, a sua rubrica, como fazemos quando somos adolescentes e exploramos diferentes versões abreviadas da nossa assinatura numa folha de papel. Este episódio provocou em mim sentimentos contraditórios em relação ao graffiti, que sempre achei que deveria um dia enfrentar, já que a minha indignação pela apropriação (muito pouco) artística do meu portão colide com a grande admiração que tenho por autênticas obras de arte que encontro em muros da nossa cidade. Por isso fiquei tão contente quando a Raquel Guimarães e a Regina Redinha, docentes da Faculdade de Direito, me ofereceram um exemplar de A Arte Saiu à Rua: a tutela jurídica dos GRAFFITI, e mais ainda quando me convidaram para moderar a sessão de apresentação do livro.


Para além de denotar o olhar atento dos investigadores do CIJ / Centro de Investigação Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade do Porto a questões que marcam a nossa contemporaneidade, A Arte saiu à Rua oferece-nos, em quinze capítulos assinados por investigadores portugueses, espanhóis e brasileiros, um manancial de considerações críticas sobre o graffiti que me levaram a ver o tema de outra forma.


Foi, para mim, crucial, a defesa da necessidade de precisão terminológica que encontrei em vários artigos: por um lado, temos o graffiti, um movimento cultural de contestação e uma forma de arte que trabalha as letras e palavras escritas; por outro lado, temos a street art, ou arte urbana, que, para além de incluir a palavra escrita, apresenta outras formas de manifestação artística como o desenho e a pintura, a colagem, a escultura, a performance audiovisual, e ainda coreografias improvisadas e exposições efémeras. Esta distinção permitiu-me compreender que, embora reconheça o valor artístico do tagging, o que verdadeiramente aprecio é a street art. 


A Arte Saiu à Rua
levanta questões importantes, em relação à street art, como a publicidade encapotada que encontramos em alguns exemplos de arte urbana (bastará recordarmos o célebre caso da cerveja Coruja que, em 2018, invadiu as paredes de diversas cidades portuguesas, não obedecendo à regulamentação da publicidade exterior que implica licenciamento prévio). O anúncio publicitário não representa, contudo, a regra, já que a street art conserva, na sua maior parte, o ímpeto contestatário do graffiti, apostando, na maioria das vezes, no subvertising, ou “contra-publicidade”, afirmando-se, nesse sentido, como um instrumento importante para a educação do consumidor. Mas há outras questões relevantes que o livro coloca: será a street art um bem comum? Como pode um artista urbano comercializar a obra de arte que inscreveu num muro que pertence a outra pessoa, isto é, como poderá usufruir do “direito moral” (a paternidade intelectual) da obra, mas também do “direito patrimonial” (a fruição económica da obra)?


O livro promove ainda reflexão sobre possibilidades de conciliação entre o princípio “antidemocrático” que está na base do movimento do graffiti e da street art quando se apropriam de muros que são propriedade privada, sem a autorização dos proprietários, e o direito dos cidadãos à cidade. A concessão, aos artistas, de mais “muros livres”, poderá ser uma maneira de as autarquias ajudarem a resolver o problema.


Ao escrever este texto, vem-me à memória a imagem de uma pequena cidade espanhola, verdadeiramente imaculada e ordenada, que visitei no verão passado: no primeiro dia, deixei-me deslumbrar pela limpeza e organização: nada estava fora do sítio. No segundo dia, senti-me abafar por não encontrar, num só espaço, marcas da presença e irreverência dos cidadãos.


As cidades contemporâneas precisam de street art: esta é uma estratégia bem-sucedida, com provas já dadas, de ornamentação e embelezamento da cidade, em especial dos espaços abandonados, uma forma de valorização do património local capaz de promover a regeneração urbana e a revitalização social. Uma cidade com graffiti e street art é uma cidade viva.


Na sessão de apresentação do livro, José Mateus de Oliveira, docente do ISCAP e investigador no CEI / Centro de Estudos Interculturais, parceiro do CIJ no projeto street art, defendeu que estamos preocupados com o fenómeno de turistificação da nossa cidade quando devíamos era preocuparmo-nos com a sua tristificação. Com o pensamento na cidade triste que visitei em Espanha, subscrevo o seu ponto de vista: a street art contribui para o bem-estar dos cidadãos e para a sua qualidade de vida. O direito dos cidadãos à cidade inclui o direito a habitarem num espaço vivo e criativo, tolerante e integrador de diferentes perspetivas. É assim que quero a minha cidade... mesmo correndo o risco de encontrar o portão de minha casa tagado, no regresso do trabalho.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Ó môr: o novo projeto do Teatro Universitário do Porto

A mais recente peça do Teatro Universitário do Porto estará em cena no Auditório do Grupo Musical de Miragaia, de 8 a  17 de junho.

​​Bienal Fotografia

O Teatro Universitário do Porto (TUP) está volta ao palco! De 8 a 17 de junho, poderá ver Ó môr no Auditório do Grupo Musical de Miragaia.


"Como falar de amor em 2023?" é a pergunta que dá o mote à peça com texto e encenação de  Mariana Ferreira e interpretação de Gonçalo Albuquerque, Inês Pinheiro Torres, João Coimbra e Orlando Gilberto-Castro.


Trata-se de um projeto que pretende explorar a temática do amor, numa perspetiva diferente. "Quatro pessoas (do corpo associativo do TUP) procuram dar sentido, exorcizar  ou, simplesmente, partilhar as suas experiências e visões amorosas. Flutuamos entre a realidade e a ficção, entre a biografia e a  artificialidade, entre a memória e o desejo. Abrimos o coração, o  estômago, o cérebro, dançamos, mentimos, choramos e, sobretudo, cantamos  o amor, pelo amor, ao amor",  esclarece o TUP.


Sem se atrever a definir o amor, Ó môr sobe ao palco diariamente, de 8 a 16 de junho, sempre às 21h30. No dia 17, domingo, o início do espetáculo está marcado para as 19h00


As reservas de bilhetes podem ser efetuadas através do email reservas.tup@gmail.com.


O espetáculo conta com  apoio da Universidade do Porto e do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ).


Fonte: Notícias U.Porto

Luzes ou Sombras do que foi e Continua a Ser em exposição na Casa Comum

Pelo interior do país e pelo interior de si mesmos. Luzes ou Sombras do  que foi e Continua a Ser é o título de uma exposição de fotógrafos libaneses. Integrada na 3.ª Bienal de Fotografia do Porto, esta exposição, a não perder, pode ser visita até 2 de julho, na Casa Comum. 


Conheça aqui, clicando abaixo, no vídeo:

​​Bienal Fotografia

Junho na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Luzes ou Sombras do que foi e Continua a Ser | Bienal Fotografia do Porto

18 MAI a 02 JUL'23 
Exposição  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Quadras de São João. O Concurso do JN

De 02 JUN a 01 JUL'23 
Exposição  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

SCOPIO Magazine Architecture, Art and Image

05 JUN'23 | 18h00
Apresentação de Livro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Ciclo de Debates: Educação a distância

07 e 27 JUN'23 | 10h00-13h00
Debates | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui

Se Tens Fósforos de Pedro de Queirós Tavares || Lançamento e Apresentação

07 JUN'23 | 18h00
Apresentação de Livro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

São João Profano e o São João Religioso

09 JUN'23 | 18h00
Palestra | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Viagens cinematográficas de Abel Salazar | Ciclo de cinema

16 e 22 JUN'23 | 21h00
Cinema  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

TARDES DE MATEMÁTICA

17 JUN e 14 OUT'23 | 16h00
Conversa, Ciência  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Monozigóticos: a diferença na igualdade

De 2 JUN a 31 AGO'23
Exposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até SET'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Insectário - Considerações Artísticas

De 8 MAI a 8 JUL'23
Exposição  | Galeria da Biodiversidade
Entrada Livre. Mais informações aqui

Escombreiras

De 11 MAI'23 a 11 JUN'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sombras que não quero ver, de Helder de Carvalho

DE 18 ABR'23 até 2024 | 18h00
Exposição  | FCNAUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz

Até 29 JUL'23
Exposição | Fundação Marques da Silva
Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

Publicações da U.Porto Press estão na Feira do Livro de Lisboa

A U. Porto Press regressa à Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII, entre os dias 25 de maio e 13 de junho.

​​U.Porto press

Após três anos consecutivos a realizar-se setembro, em 2023 a Feira do Livro de Lisboa regressa ao seu calendário habitual, decorrendo no Parque Eduardo VII, entre os dias 25 de maio e 13 de junho.


E a U.Porto Press não poderia faltar! São três dezenas de publicações da Editora da Universidade do Porto, de áreas temáticas variadas, disponíveis no Espaço dos Pequenos Editores – pavilhão E01 – junto à entrada sul (próxima da rotunda do Marquês de Pombal). Ali é possível encontrar  quer as novidades editoriais, quer “clássicos” da U.Porto Press, todos  com preços promocionais.


A 93.ª edição da Feira do Livro de Lisboa reúne 139 expositores, com 981 chancelas representadas, num total de 340 pavilhões.


Depois da renovação da Feira em 2022, focada num modelo mais  sustentável e funcional, na ótica do visitante, em 2023 o espaço conta  com melhorias nos passadiços e nos pavilhões, como explicou Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, entidade  organizadora, na conferência de imprensa de apresentação do evento. O  objetivo foi tornar o espaço mais acessível e confortável para todos.


Nas palavras de Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de  Lisboa, a Feira do Livro é o grande acontecimento da cidade: “Ano após  ano, a Feira do Livro é um bom exemplo de uma grande marca da cidade:  fazendo sempre bem, consegue sempre melhorar”.


Também os horários de abertura ao público foram revistos. A 93.ª Feira do Livro de Lisboa poderá ser visitada de segunda a quinta-feira, entre as 12h30 e as  22h00; à sexta-feira e vésperas de feriado, entre as 12h30 e as 23h00;  ao sábado, entre as 11h00 e as 23h00, e ao domingo, entre as 11h00 e as  22h00.

 

Fonte: U.Porto Press

José da Silva Costa, antigo diretor da FEP, homenageado em livro

​​U.Porto press

“Para aqueles, como eu, que fizeram parte da instituição [FEP] ao longo das últimas décadas, a figura do Professor José Costa é indissociável da FEP-U.Porto, assim como a FEP-U.Porto é indissociável dele”,escreve Pedro Nuno Teixeira, Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) e Secretário de Estado do Ensino Superior, no início do prefácio de Estudos de Homenagem a José da Silva Costa, obra que foi apresentada publicamente na passada sexta-feira, 2 de junho, no arranque das comemorações do 70.º aniversário da FEP.

A obra, coeditada pela FEP e pela U.Porto Press, na sua Coleção Transversal, é um tributo ao economista, Professor Catedrático Jubilado e antigo diretor da FEP, também Professor Emérito da Universidade do Porto a partir de 2021. Este estatuto foi-lhe atribuído cerca de um ano antes do seu falecimento, em outubro de 2022, pelos serviços prestados à instituição.

José da Silva Costa
foi, também, um elemento ativo do Conselho Científico e Editorial da Editora da Universidade do Porto, desde dezembro de 2014.

Sobre a coletânea

Tal como explicam na sua Nota de Abertura Aurora Teixeira, Ana Paula Delgado, Luís Carvalho, Maria Isabel Mota e Maria Manuela Castro e Silva – docentes da FEP que organizaram esta obra –, a ideia desta publicação surgiu quando o Professor José da Silva Costa se jubilou. O objetivo passaria por manifestarem o seu reconhecimento por uma vida dedicada ao ensino superior e à FEP, em particular, através de uma publicação “que reunisse estudos e ensaios dos colegas com os quais se cruzou ao longo da sua extensa carreira como professor, cientista ou consultor, nas áreas da Economia Regional e Urbana, Finanças Públicas, Finanças Locais e Regionais e Escolha Pública”.

“A forma como os colegas responderam ao nosso desafio evidencia como a atividade que desenvolveu marcou diferentes gerações e instituições de ensino superior e contribuiu para afirmar o trabalho científico desenvolvido (…) tanto a nível nacional como internacional”, prosseguem, aludindo “à extensão e diversidade” dos contributos recebidos: 109 docentes e investigadores, em representação de praticamente todas as escolas de Economia e Gestão nacionais, o que atesta "a influência do trabalho do Professor internacionalmente, por via de contributos oriundos do Brasil, Espanha, Países Baixos e Estados Unidos da América”.


A obra inclui 51 textos científicos originais, organizados em três secções principais, “representando os interesses de investigação do Professor José da Silva Costa: Economia e Finanças Públicas (15 capítulos); Economia Regional (25 capítulos); e Economia Urbana (11 capítulos)”. Por sua vez, estas secções encontram-se organizadas em diversas subsecções.

Ao longo do prefácio, Pedro Nuno Teixeira realça diversos factos que espelham a ligação de José da Silva Costa à FEP e a forma como o seu trabalho impulsionou a expansão da academia a vários níveis, ajudando “a FEP a metamorfosear-se ao longo das últimas três décadas (…)”: o Professor “acompanhou a grande expansão da FEP, seja na dimensão das coortes aos estudantes, seja na criação de novos programas (…) de mestrado e de doutoramento. Também desempenhou um papel fundamental “na mutação do perfil do corpo docente, seja na sua acelerada e significativa qualificação, seja na crescente valorização das atividades de investigação face às de ensino”.

O Secretário de Estado do Ensino Superior destaca, ainda, que José da Silva Costa foi “um referencial de estabilidade, de coesão e de continuidade institucionais”, sublinhando que, em momentos mais complexos, “muitos colegas valorizavam a sua palavra o aguardavam a sua intervenção”. Enaltece, igualmente, o contributo do Professor para o fortalecimento de áreas de investigação na FEP e no país, “seja através do seu trabalho académico, seja através do seu labor de construção institucional”.


O título está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.

​​U.Porto press
Gráficos  de dispersão entre a taxa de crescimento da população residente e os  saldos populacionais, natural e migratório (2010-2019) [p.663 do livro]/  Fonte: Elaboração própria; dados INE.

Sobre José da Silva Costa

José da Silva Costa (1951-2022) licenciou-se em Economia pela FEP (1974) e doutorou-se em Economia pela Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos da América (1984). Foi docente da FEP entre 1974 e 2021, na categoria de Professor Catedrático desde 1996, e Decano da mesma faculdade, onde desempenhou múltiplos cargos de gestão universitária, entre os quais os de Diretor (1998-2010), Presidente do Conselho Científico ou Presidente do Conselho de Agrupamento de Economia.


Foi autor de diversas publicações científicas, a nível nacional e internacional, e editou o Compêndio de Economia Regional, obra de referência para o estudo da Economia Regional e Urbana, tendo participado em outros livros publicados em Portugal, Espanha, França e Itália.


Foi Presidente da Mesa da Assembleia Regional Norte da Ordem dos Economistas, Presidente da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional e, por diversas vezes, perito convidado da República Portuguesa e membro de comissões técnicas, destacando-se a Presidência da Comissão de Revisão da Lei das Finanças Regionais (2007), a participação na Comissão o Livro Branco do Setor Empresarial Local (2011), no Grupo de Trabalho para a Competitividade Local (2013-2014), e na Comissão Independente para a Descentralização (Parlamento Português) (2018-2019).


Foi agraciado, em 2012, com o Prémio Carreira Bartolomeu Perestrelo, pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional. Em 2021 foi-lhe atribuído o título de Professor Emérito em reconhecimento do seu trabalho na Universidade do Porto.


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

60. Dia da Poesia 21 de Março, Yvette K. Centeno

Dia da Poesia 21 de Março, de Yvette K. Centeno, in Existir, Edição Eufeme, março de 2022 (ISBN não disponível), p. 25.

59. Poemas bígamos – Fracisco Niebro

Fracisco Niebro, un de ls pseudónimos de Amadeu Ferreira, antre  cembas de palabras que siempre mos traien algo de nuobo, publicou ne l  lhibro Pul alrobés de ls calhos un de ls poemas más oureginales.
Porquei? Bamos a oubir…


Mais podcasts AQUI


Alunos Ilustres da U.Porto

Armando Basto

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon
Armando Basto

Armando Pereira Basto nasceu no Porto em 1889.


Nesta cidade viria a frequentar a Academia Portuense de Belas Artes (1903-10), onde foi aluno de José de Brito (1855-1946) e de João Marques de Oliveira (1853-1927). Durante este percurso académico obteve o Prémio Soares dos Reis, no quarto ano da licenciatura.


Armando Basto nutria especial admiração não só pelos caricaturistas Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Celso Hermínio (1871-1904), mas também pelos humoristas franceses e alemães.


No princípio do século XX participou nos grupos de "Humoristas", "Fantasistas" e "Modernistas", com caricaturas e outras composições, entre as quais adquiriu especial destaque O Lindo Gesto da Revolução, na qual representou um popular a guardar um banco no dia 5 de Outubro de 1910.


A sua primeira exposição individual, no Porto, compôs-se de figuras portuenses, temas políticos e observações acerca de diversos acontecimentos regionais.


Em 1910 viajou até Paris, para aprofundar os seus estudos. Na capital parisiense inscreveu-se em vários cursos (Arquitetura, Desenho e Escultura), sem, no entanto, os concluir. Inspirou-se na arte de mestres como Edouard Manet (1832-1883) e Amadeo Modigliani (1884-1920) e confraternizou com outros artistas portugueses residentes em Paris, sobretudo com Abel Manta, António Azevedo, José Bragança, Emmercio Nunes, Alberto Cardoso, Francisco Smith, Amadeo de Souza Cardoso e Diogo de Macedo.


Durante a sua estada em Paris, e apesar de se ter debatido com dificuldades financeiras e com problemas de saúde (passou uma temporada no hospital, em 1914), frequentou a Cité Falguière e Montparnasse e manteve forte ligação ao desenho humorístico. Com Aquilino Ribeiro e Leal da Câmara lançou a revista Génio Latino, na qual também participariam Manuel Jardim e Anjos Teixeira. Colaborou em folhetos franceses e expôs no Salon des Humoristes, no Palais de Glace. Neste período, muitos dos seus desenhos eram assinados com um "A" dentro de um quadrado ou com o pseudónimo Boulemiche.


Após o seu regresso a Portugal, em 1915, continuou a dedicar-se à pintura e aos trabalhos gráficos.


Em 1916 foi o animador do Salão dos Fantasistas do Porto, onde, no ano anterior, tentara fundar um grupo de Independentes. Dois anos depois voltou a expor no Porto e em Lisboa, cidade esta onde tentou, sem sucesso, triunfar, no ano de 1923.


Apesar da sua curta carreira artística teve tempo, ainda, para dirigir os jornais humorísticos Coruja, A Folia e Lúcifer afilhado e colaborar n' O Riso e n' O Monóculo, que ajudou a fundar, e, ainda, na Ilustração Portuguesa.


Foi autor da capa do livro Teoria da Indiferença, de António Ferro (1920), pintou quadros de cenários urbanos cheios de elementos visuais, como o Retrato do Dr. Pimentel, também chamado O meu violão, que não tem cordas, só serve para isto, em 1918, e pintou paisagens. No final da vida, realizou alguns trabalhos de arquitetura.


Este ilustrador e grande caricaturista morreu tuberculoso, no Minho, em 1923.

Sobre Armando Basto (up.pt)

Para mais informações consulte o site da Casa Comum - Cultura U.Porto

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