SAÚDE EXISTENCIAL
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Quem achar que a EUGLOH, a Aliança de Universidades para a Saúde Global em que a U.Porto participa, é apenas para docentes, investigadores e estudantes da área da saúde, não poderia estar mais enganado, como o provou o programa da Cimeira Anual da EUGLOH, que decorreu na semana passada na Suécia, na Universidade de Lund. Com efeito, um dos três temas em foco ao longo dos trabalhos, com a participação de vários oradores das áreas das Artes e Humanidades, intitulava-se “Arte e Saúde”. E por isso tivemos também uma sessão plenária sobre o tema. Confesso a minha total ignorância prévia sobre o conceito de “saúde existencial”, mas quando Max Lijefors, professor de História de Arte na Universidade de Lund, propôs o conceito, fez para mim todo o sentido: a saúde existencial mede-se em função da nossa capacidade para “florescermos a partir de dentro” e de experienciarmos alegria, gratidão, conexão com outros seres humanos e com a natureza – e compreendermos também sentimentos de perda. Lijefors sugeriu que este sentimento de plenitude poderá ser espoletado por atividades que promovam o contacto com a natureza, mas também por eventos culturais que proporcionem a contemplação ou experienciação de obras de arte – e, para ilustrar a sua tese, mostrou um slide com o quadro Grande Tufo de Ervas (1503), onde o pintor quinhentista Albrecht Dürer nos desafia a encontrarmos beleza naquilo que o título da obra indica: um simples conjunto de ervas.
A nossa percepção estética do mundo – defendeu Lijefors – depende da nossa capacidade para encontrarmos beleza e significado no que nos rodeia. A experiência da beleza rejuvenesce a nossa ligação ao mundo, inspira-nos uma ética do cuidado, oferece-nos um sentido de completude, proporciona-nos uma perspetiva sobre o nosso papel na Terra e permite que nos afirmemos como autores da nossa própria vida. E em que medida se relaciona a nossa capacidade de perceção estética com a nossa saúde? É aí que entra o conceito de saúde existencial.
Segundo a OMS/Organização Mundial de Saúde, a conceptualização da saúde não deve passar pela ideia de ausência de doença, mas de um bem-estar completo, de ordem física, mental e social. Ora, defendem os investigadores em Saúde Existencial (uma área de estudo emergente que tem vindo a inspirar projetos interdisciplinares internacionais), a saúde existencial não deve ser encarada como mais uma variante do bem-estar, mas como um fator que perpassa o bem-estar físico, mental e social descrito pela OMS.
Em múltiplas publicações em revistas científicas, investigadores de diferentes áreas têm vindo a relatar casos em que indivíduos doentes, muitas vezes em situações terminais, veem a sua saúde existencial melhorada pela participação em atividades de contemplação artística. São vários os fatores que contribuem para essa melhoria: em primeiro lugar, o facto de se focarem num aspeto da sua vida que não a doença; em segundo lugar, por saírem de casa e por socializarem, uma vez que, em regra, estas são atividades promovidas em grupo; em terceiro lugar, porque a perceção estética das obras lhes expande a compreensão do mundo, lhes proporciona conexão e lhes permite encontrar um significado para as suas vidas. Alguns dos estudos apresentam mesmo dados surpreendentes, com doentes terminais a viverem bem mais do que o tempo que lhes havia sido estimado.
Foi com base nestes pressupostos e nestes estudos que se começou a afirmar, na última década, um movimento promotor da chamada “prescrição cultural”. No Canadá, indivíduos diagnosticados com depressão ou experienciando solidão vão gratuitamente aos museus com uma prescrição médica. A Bélgica iniciou, este ano, um projeto semelhante, promovido pelo município de Bruxelas. No norte da Europa, são múltiplas as experiências feitas neste sentido, muitas delas no âmbito do projeto de investigação “Arts on Prescription”, tendo sido já inscritas em políticas públicas locais. Em Portugal, o Jardim Botânico de Lisboa firmou parceria com centros de saúde, abrindo o jardim a doentes; e uma situação semelhante está a começar a tomar forma em Évora.
Na Casa Comum da Reitoria da U.Porto, claro que estamos atentos a esta consideração “médica” da cultura e da arte. Teremos, em breve, boas notícias a dar, mas posso já avançar uma: Max Lijefors aceitou o nosso convite para nos vir falar de Arte e Saúde no dia 28 de outubro. Em breve enviaremos o convite à comunidade da Casa Comum.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Manuel Molarinho vai estar na Casa Comum à conversa com Paula Guerra
O músico visita a Casa Comum a 21 de junho para partilhar um percurso que já leva mais de 1000 concertos e muitos quilómetros de histórias para contar. Entrada livre. O'Manipulador (Foto: Bruno Mesquita) É rock, é punk, é festa, é uma energia contagiante e desmedida que rebenta com qualquer grelha ou conceito. E já que saltamos para o desconhecido… O que lhe vem à cabeça quando pensa em saliva? Poderá ser algo de divino? A explicação segue mais à frente. Por enquanto o homem que alimenta o aquém e além palco: Manuel Molarinho. O raio de trovão que sobe ao palco é o mesmo que, da plateia, ilumina os grupos que promove. O músico vai estar na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto no dia 21 de junho às 18h30. Muito para descobrir, nesta conversa com Paula Guerra, socióloga e docente da Faculdade de Letras da U.Porto. Constantemente na estrada, Manuel Molarinho diz que há “três coisas certas na vida: a morte, os impostos e os concertos d’ O Manipulador”. Fazendo uso do baixo, pedais, loop station e da voz, o projeto a solo deste one band man, tem o rock como semente, e a experimentação como fertilizante.
Depois de Boxing, Chess e Lop, o último trabalho, Doppler, é o culminar de um trabalho de experimentação do baixo elétrico. São nove temas compostos ao longo de uma década, autobiográficos e reflexivos, que representam também o ponto de chegada da fase artística que está a viver. O projeto tem o selo da editora/coletivo portuense Saliva Diva.
Baleia, Baleia, Baleia
“E a vida, a morte, em fotos no ecrã / Os dias compridos e os olhos no ecrã / O mundo perdido, achado no ecrã (…) E os sonhos dos outros cumpridos no ecrã (…) E as balas que nunca passam do ecrã / A força dos gritos, regulável no ecrã (…) Medos e incertezas no armário do ecrã (…) Celulite e flacidez no ginásio do ecrã/ Quero ser um ecrã” . De norte a sul do país, os Baleia Baleia Baleia já dão à costa há cerca de 7 anos. E já lá vão quase 200 concertos. Sobre o mais recente FaupFest, que se realizou em maio último, Manuel Molarinho ficou depois a “processar” aquele “mar de gente, o pó levantado, o mosh gentil e os sorrisos e abraços em catadupa (…) Tenho pensado no quão lindo é ver o esforço de pessoal que faz sacrifícios à sua vida pessoal e escolar para fazer acontecer por amor à arte, à música e ao encontro”. E é nesta força humana, que faz acontecer, em que acredita.
Baleia Baleia Baleia é uma dupla formada por Manuel Molarinho (baixo e voz) e Ricardo Cabral (bateria). Suicídio Comercial (2022) é o terceiro disco da dupla depois de Botaperna (2017) e Baleia Baleia Baleia (2018).
Saliva Diva
Agora sim, tempo para falar de algo “divino”, símbolo da fé no trabalho com e para a comunidade. Saliva Diva é uma editora independente/coletivo portuense com foco no espírito comunitário. Manuel Molarinho é um dos fundadores deste projeto que acredita na produção criativa como “catarse” e como forma de união. Algo que tanto pode ser “estímulo sensorial e intelectual, como embalo e despertador”. Quer (não queremos todos?) “rir, chorar, pensar, bezerrar e dançar”. Pelo caminho, pretende deixar um lastro que “facilite a união entre criador e ouvinte”. Que os discos que promovem “descubram novas casas, que cheguem a um público mais universal sem sacrificar a liberdade criativa das obras que editamos”. Alguns dos projetos lançados: Nile Valley, a MДQUIИД, os Palankalama, os Melquíades, os Fugly, Tiago e os Tintos, The Miami Flu, Daniel Catarino, os Bardino, PALMIERS, Conferência Inferno.
Manuel Molarinho, o próprio
Manuel Molarinho iniciou o percurso artístico centrado na música, sobretudo enquanto compositor e baixista, em 2001. É O Manipulador, a “metade da laranja” de Baleia Baleia Baleia, e faz ainda parte dos projetos Burgueses Famintos e Daniel Catarino. Explora o baixo como um “instrumento total”, procurando potencialidades menos convencionais com pedais de efeito para expandir as características rítmicas, texturais e melódicas. Conta já com cerca de 20 álbuns gravados e um percurso, país fora, de cerca de 1000 concertos, incluindo tours europeias regulares e uma asiática. Também já fez bandas sonoras para vídeo e teatro.
Desde 2014 que tem trabalhado regularmente na organização e curadoria de eventos, entre os quais o festival itinerante de músicos a solo UM AO MOLHE, ZigurFest e Aveiroshima2027.
Fonte: Notícias U.Porto
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Casa Comum apresenta documentário moçambicano
Gurué - Na Praça da Independência, de Isabel Galhano Rodrigues, vai ser exibido no próximo dia 22 de junho pelas 18h00. Entrada livre. É um trabalho que resulta de um girar espontâneo de câmara. Gurué - Na Praça da Independência, de Isabel Galhano Rodrigues, é um documentário que vai ser exibido na Casa Comum. Após a apresentação do filme haverá uma mesa-redonda, com espaço para a participação do público. Pode, desde já, marcar na agenda: será no próximo dia 22 de junho pelas 18h00. Prepare-se para um festim de formas e cores. Servem para segurar os filhos nas costas, vestir os corpos das mulheres, mas também dos homens. Falamos de uma tradição que dá cor a Moçambique: as capulanas, claro está. A própria realizadora, que é também docente da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), foi surpreendida por esta sucessão de cores, sons e movimento. O documentário de Isabel Galhano Rodrigues capta diferentes fragmentos da vida da cidade de Gurué, nomeadamente, de momentos comunitários de celebração, mas não só. A cidade de Gurué, província da Zambézia, fica na região centro de Moçambique. Situada nas encostas dos Montes Namuli, é nesta zona que se encontram das maiores plantações de chá do país.
Vamos assistir a uma sequência cronologicamente alinhada e editada e que nos traça uma narrativa de quatro festejos: o Dia da Independência, o Dia da Paz, o dia da abertura da Semana do Professor e a Festa da Música na Casa da Cultura da cidade. 'São quatro dias de festa, com música, vestimentas e encenações próprias, marcadas por um elemento comum: todos “e” juntos sobem e descem as ruas principais do Gurué, para irem colocar uma coroa de flores na Praça da Independência', conta-nos a sinopse do documentário. Estas celebrações decorreram entre os meses de setembro e novembro de 2013.
Após a projeção do filme seguir-se-á uma mesa-redonda. Um dos convidados é o Antropólogo José Pimentel Teixeira, antigo professor na Universidade de Eduardo Mondlane (Maputo), tendo sido já adido cultural na embaixada de Portugal em Maputo.
Presente estará também Nazir Ahmed Can, professor no Departamento de Tradução e Interpretação e Estudos da Ásia Oriental da Universidade Autónoma de Barcelona, onde é também Vice-Decano da Faculdade de Tradução e Interpretação. Dedica-se sobretudo à investigação no campo das literaturas africanas, área em que tem vindo a publicar grande parte das suas obras.
Sobre Isabel Galhano Rodrigues
Doutorada em Linguística Geral pela FLUP, Isabel Maria Galhano Rodrigues é docente no Departamento de Estudos Germanísticos, membro do Centro de Linguística e associada do Centro de Estudos Africanos da FLUP. O seu percurso de investigação partiu da análise dos elementos linguísticos da oralidade, passando mais tarde ao estudo dos gestos coverbais. Dedica-se à relação entre a fala e as modalidades corporais na interação face a face, em abordagens de natureza etnográfica e cognitiva. Como realizadora, tem vindo a fazer o registo, em formato de vídeo, de variedades da língua portuguesa, tanto da europeia como de africanas.
Fonte: Notícias U.Porto
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Junho na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Luzes ou Sombras do que foi e Continua a Ser | Bienal Fotografia do Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Quadras de São João. O Concurso do JN
Entrada Livre. Mais informações aqui
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De Abril a Abril: das Utopias do passado às Utopias do Futuro | Ciclo de DebatesConversa, Debate | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Paula Guerra à Conversa com... Manuel MolarinhoConversa, Música | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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GURUÉ - na Praça da Independência | Exibição de documentário + debateCinema, Conversa | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Viagens cinematográficas de Abel Salazar | Ciclo de aulas abertas
Cinema, Aula Aberta | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Apresentação da coleção | U.Porto Alumni Little Books | Arquitetura, Arte e Utopia
Apresentação de Livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ciclo de Debates: Educação a distância
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Do que tu gostas na poesia de Albano Martins?Entrada Livre. Mais informações aqui
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Arquiteturas Film Festival na U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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TARDES DE MATEMÁTICAConversa, Ciência | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 | Exposição
Exposição | Reitoria da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Insectário - Considerações ArtísticasExposição | Galeria da Biodiversidade Entrada Livre. Mais informações aqui
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Monozigóticos: a diferença na igualdadeExposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras que não quero ver, de Helder de CarvalhoDE 18 ABR'23 até 2024 | 18h00 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - LuzExposição | Fundação Marques da Silva
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O Museu à Minha ProcuraExposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Câmara de Matosinhos alia-se à FLUP para valorizar coleção de arte local
A exposição "Interrupções e Continuidades na coleção da CM de Matosinhos, décadas 30 a 50" está patente até 17 de setembro, no Museu Quinta de Santiago. A exposição foi inaugurada a 18 de maio, Dia Internacional dos Museus. Foto: DR
Encontra-se patente até 17 de setembro, no Museu Quinta de Santiago, em Matosinhos, a exposição Interrupções e Continuidades na coleção da Câmara Municipal de Matosinhos, décadas 30 a 50, resultado de um projeto pedagógico da autarquia matosinhense em parceria com o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Desenvolvido e coordenado pelos docentes Rui Maia e Hugo Barreira em colaboração com a Diretora do Museu Quinta de Santiago, Cláudia Almeida e restante equipa, o projeto partiu do desafio lançado pela autarquia aos estudantes do 3.º ano da Licenciatura em História da Arte da FLUP, e visava permitir um maior contacto e valorização das obras que integram a sua Coleção de Arte.
A premissa inicial focou-se na dinamização dos acervos artísticos e dos agentes culturais locais, numa dinâmica de articulação entre a Academia e as Comunidades, para a potencialização da experiência didático-pedagógica em torno das práticas artísticas contemporâneas, através de uma ação na linha metodológica de learning-by-doing em que os estudantes seriam confrontados com as obras do acervo no contexto da sua aprendizagem.
Luísa Salgueiro, Presidente da Câmara destaca o “enriquecimento do conhecimento sobre o acervo artístico, arquivístico e documental, no que diz respeito às décadas de 30 a 50 do século XX, atravessando, através da coleção de arte da Câmara Municipal de Matosinhos, as propostas do naturalismo até à grande aventura do modernismo, concluindo no núcleo de obras do neorrealismo, que muito orgulha e representa esta instituição.”
Palavras que se refletem numa exposição que reúne um espólio artístico, documental e vídeo da autarquia, em que nomes incontornáveis da coleção e da história de arte portuguesa, como Augusto Gomes, Joaquim Lopes, Agostinho Salgado, entre outros, criam esse percurso narrativo entre as interrupções e continuidades que caracterizam as teorias e práticas artísticas de início até meados do século XX.
Fernando Rocha Vereador do Pelouro da Cultura reforça que “tanto a exposição como a publicação que agora se edita, são mais um reflexo da aposta em promover um contexto teórico e um enquadramento histórico, com base científica, que muitas vezes escasseiam nas coleções municipais”.
Matosinhos pelos olhos da arte
A da inauguração desta mostra também não foi escolhida ao acaso. A 18 de maio celebra-se, desde 1977, o Dia Internacional dos Museus, por iniciativa do ICOM – Conselho Internacional de Museus, com o objetivo de sensibilizar a sociedade civil para o facto de “os museus serem um importante meio de intercâmbio cultural, enriquecimento das culturas, desenvolvimento da compreensão mútua”. A inauguração contou com a presença dos docentes e estudantes responsáveis pela exposição, do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Carlos Manuel Amorim da Mouta, da Diretora do Museu Quinta de Santiago, Cláudia Almeida, da Diretora da Licenciatura em História da Arte da FLUP, Maria Leonor Botelho, bem como de outros representantes das várias instituições envolvidas.
Além das obras da coleção da autarquia, selecionadas pela equipa, foram ainda preparados conteúdos multimédia, resultantes da investigação dos estudantes, que são permanentemente enriquecidos e que permitem criar relações com o discurso expositivo e o espaço que o alberga, a Quinta de Villa Franca.
Destaca-se ainda o filme de 1948 Assim é Matosinhos, uma pequena viagem no tempo, onde o visitante se reencontra com o contexto, a cultura e a paisagem que serviu de pano de fundo a muitas das obras apresentadas.
Também no âmbito da exposição, foi publicado pela Câmara Municipal de Matosinhos o respetivo catálogo contendo textos inéditos resultantes da investigação promovida pela equipa de estudantes e docentes da FLUP.
A exposição pode ser visitada até 17 de setembro, de terça a domingo, das 10h00 às 1300 e das 15h00 às 18h00.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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62. Os Meninos da Fome, Agostinho Gomes
Meu Filho, de Agostinho Gomes, in Paisagem sem Cantora, Edição Maria Luísa da Costa Castro Silva, outubro de 2013
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64. “Meat”, de Frederick Wiseman (1976) 65. “À propos de Nice”, de Jean Vigo, Boris Kaufman (1929)
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Alunos Ilustres da U.Porto
Adolfo Casais Monteiro
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Fotografia de 1949 (Centro de Arte Moderna Gulbenkian)
Adolfo Victor Casais Monteiro nasceu no dia 4 de julho de 1908, na cidade do Porto, freguesia de Massarelos. Filho de Adolfo de Paiva Monteiro e de Vitorina de Sousa Casais Monteiro, recebeu uma educação laica que privilegiou os valores da cultura e da intelectualidade, típicos do seu estrato social. Cinco anos após a implantação da República, Casais Monteiro frequentou, na mesma cidade, o segundo grau do ensino primário no Colégio Almeida Garrett e iniciou os estudos liceais no Liceu Rodrigues de Freitas, ambos no Porto. Em meados dos anos 20, aquando da implantação da ditadura militar, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto para frequentar o curso de Ciências Históricas e Geográficas, acabando por concluir o curso de Ciências Históricas e Filosóficas em 1933.
Nos seus tempos de frequência universitária, no Porto, a ação literária de Casais Monteiro começou a destacar-se quando entrou para a direção da revista Águia, o que sucedeu no mesmo ano em que publicou o seu primeiro livro de poemas, Confusão (1929). Reforçou, então, os laços de amizade com Leonardo Coimbra, de quem recebeu influência. Neste período, iniciou a sua ação política no movimento Renovação Democrática, na secção redatorial. Ao longo da sua vida, fez valer as suas convicções, tornando-se um opositor ao regime do Estado Novo, implantado em 1933, tendo sido detido diversas vezes.
Em 1931 entrou para a direção da revista de análise artística e crítica Presença, onde os seus escritos ganharam notoriedade. Até 1940, dirigiu a revista com Gaspar Simões e José Régio, abandonando-a, por essa altura, por dissensões internas que levariam, pouco depois, ao encerramento da revista. Cursou Ciências Pedagógicas em Coimbra, em 1934, realizou Exame de Estado no Liceu Normal, última fase da sua formação pedagógica, e ingressou no Liceu D. Manuel II (anteriormente, Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto) como professor. No mesmo ano, casou com Alice Pereira Gomes, irmã de Soeiro Pereira Gomes, de quem viria a separar-se já depois da sua partida para o Brasil. Como aconteceu a muitos intelectuais, opositores ao regime do Estado Novo, Casais Monteiro foi perseguido pelas suas posições políticas, tendo sido afastado compulsivamente do ensino em 1936. Em 1954, viu-se forçado a partir para o exílio, no Brasil.
A sua atividade literária estendeu-se à poesia, ao ensaio, à teorização, ao romance e à crítica. Em 1933, saíram a público as obras Considerações Pessoais (de crítica ensaística) e Correspondência em Família, em colaboração com o poeta brasileiro Ribeiro Couto. Na década de 40, publicou várias obras de cariz essencialmente poético, destacando-se Canto da Nossa Agonia (1942) e Europa (1946). Em 1945, participou no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e no ano seguinte colaborou no semanário Mundo Literário. Durante o mesmo ano, publicou o seu primeiro romance: Adolescentes. Colaborou, igualmente, em diversas revistas e jornais como a Seara Nova, O Diabo, Animatógrafo. Fez crítica não só literária como de outras áreas (cinema e teatro, por exemplo).
Antes de partir para o Brasil, em 1954, em busca da liberdade de ação que não tinha em Portugal, participou na organização de antologias poéticas e em obras de homenagem a autores brasileiros e estrangeiros.
Após ter emigrado, o seu caráter suavizou do ponto de vista do trato pessoal. Dirigiu cursos sobre temas que lhe interessavam, como a literatura, mas também sobre o romance. No entanto, foi na crítica que Casais mais se destacou. Em 1962, fixou-se em Araraquara, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras local, Estado de São Paulo.
Na companhia do filho, mas não da esposa de quem, entretanto, se havia separado, permaneceu ativo do ponto de vista da produção literária e da colaboração em periódicos como O Globo, Estado de São Paulo ou Portugal Democrático.
Esteve um semestre como docente em Madison, E.U.A., em substituição de Jorge de Sena, seu amigo. Sendo maior a sua influência no Brasil, publicou, em 1969, a obra Poesias Completas que contém O Estrangeiro Definitivo, que, por sua vez, consagrou a ação literária do autor. Postumamente, em 1984, foi publicada a sua tese de livre docência, intitulada Estrutura e Autenticidade na Teoria e na Crítica Literárias.
Sem que tivesse voltado a Portugal, veio a falecer devido a problemas cardíacos, na sua residência, próxima da do seu filho, em São Paulo, no dia 24 de julho de 1972.
(Luís Manuel Gonçalves Pereira, 2008)
Sobre Adolfo Casais Monteiro (up.pt)
Adolfo Casais Monteiro - Centro de Arte Moderna (gulbenkian.pt)
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