SERMOS PARTE DA SOLUÇÃO

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Encontrei a entrevista perdida numa dessas “revistas de avião”, entre um ursinho de peluche vestido com o uniforme da Lufthansa e um guarda-sol para o jardim que poderia adquirir por €399 ou trocar por 110.000 milhas. “Perdida” é mesmo a palavra: todo o resto da revista apelava ao consumo, recordando-nos os gadgets de que precisaremos se quisermos um verão perfeito (pessoalmente, nunca me lembraria de comprar um candeeiro “multifuncional” para o jardim ou uma lareira transportável cuja forma de cone garante a produção de muito menos fumo; e confesso que fiquei espantada com a nova máquina para lavar decks e pátios, com escovas rotativas, dois jatos de água, depósito para água ajustável e formato ergonómico que – garantem-me – me poupará as costas). Estava de regresso de um congresso sobre utopias onde a crise climática havia sido o tema mais debatido, e talvez por isso tenha redobrado a atenção àquela entrevista em que Jörg Finkbeiner, diretor de um importante gabinete de arquitetura de Berlim, afirmava que “a cidade do futuro é verde”. Comecei a ler o artigo.


Segundo o arquiteto, as cidades transportam um grande potencial, que não temos sabido aproveitar. Enquanto cidadãos, devemos tentar identificar e implementar possíveis linhas de ação, pois as cidades do futuro resultarão dessas nossas iniciativas. A empresa de arquitetura de Finkbeiner tem tentado dar resposta a um dos maiores desafios que a expansão das cidades acabará por colocar: em 2050 vamos precisar de mais 70% de alimentos e teremos menos 25% de terra cultivável – e por isso precisamos de um plano de integração da agricultura na construção urbana. Trata-se, no fundo, de aproveitarmos os terraços dos prédios para cultivarmos os alimentos de que necessitamos. Endireitei-me na cadeira, atenta à visão do arquiteto.


Só em Berlim – continuava Finkbeiner – estima-se que haja dois milhões de metros quadrados de terraços que poderiam ser aproveitados para o cultivo de vegetais que cresçam rapidamente: alface, plantas aromáticas, hortaliças, de uma forma geral, tudo plantado de acordo com as estações. Um terraço com 3.300 metros quadrados – estimava o arquiteto – seria capaz de produzir, num só ano, 32.000 pés de alface. Se os terraços forem aproveitados para a agricultura – defendia Finkbeiner – desempenharão um papel vital na transformação das cidades. Fixei por momentos uma fotografia de pormenor de uma planta verde com bagas, que não consegui identificar, enquanto interiorizava a visão de prédios e prédios com terraços, onde os condóminos iriam buscar alimentos, alterando, assim, a sua relação com a comida.


No resto da entrevista, Finkbeiner continuava a descrever o sistema que a sua empresa havia desenhado, explicando como a estrutura, bastante leve – condição essencial para a agricultura em terraços –, estava preparada para receber vasos com plantas, dispostos em tabuleiros com água (da chuva ou, se necessário, canalizada). Mas foram mesmo as suas palavras finais que me interessaram. Confrontado com a pergunta “De que forma poderemos contribuir, individualmente, para a resolução do problema da alimentação?”, o arquiteto respondeu que será preciso a ajuda de todos. Embora o cultivo de alimentos em terraços faça parte de um plano ambicioso de integração da agricultura na construção urbana, em larga escala, quaisquer pequenos vasos que tenhamos nas nossas varandas serão um pequeno – mas bom – contributo.


Do congresso em que eu havia participado, ficara-me a ideia da necessidade de múltiplas linhas de ação, concomitantes, promovidas por diferentes agentes. Lembrava-me bem de, numa intervenção, em particular, ter sido sublinhado o facto de não vivermos já apenas um período de alterações climáticas, mas de autêntica crise. Estamos em estado de emergência e a mudança só será possível se todos, mesmo nos nossos pequenos gestos, colaborarmos.  E foi disso que gostei, na entrevista de Finkbeiner: da ideia de as nossas iniciativas individuais contarem – de sermos parte da solução.



Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Poesia marca o tom das próximas "Noites no Pátio do Museu"

A terceira semana (18 a 23 de julho) das  "noites culturais" da U.Porto oferece ainda música, cinema, teatro e o  alerta para uma espécie que entrou em vias de extinção.

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O médico e poeta João Luís Barreto Guimarães, vencedor do Prémio Pessoa, será o convidado da noite de 18 de julho.

Se democratizar o acesso à cultura é o espírito da missão que  mobiliza a Universidade do Porto, a multidisciplinaridade confere-lhe  consistência. Digamos que é um dos principais ingredientes que enforma a  missão. A mesma que se serve “à mesa” da terceira semana das Noites no Pátio do Museu. A começar pelo primeiro convidado…


Recebeu o Prémio Pessoa 2022. Dois anos antes, a versão inglesa do livro de poemas Mediterrâneo, editado pela americana Hidden River Press, foi premiada com o Willow Run Poetry Book Award.  Foi o primeiro autor de origem não americana a receber este prémio. Em  2019, para assinalar os trinta anos de carreira como escritor, editou  uma antologia com uma centena de poemas: O Tempo Avança por Sílabas. É ainda tradutor, médico e professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).


Falamos de João Luís Barreto Guimarães, o poeta que vai iluminar as Noites no Pátio do Museu na noite de terça-feira, 18 de julho. A sessão inclui uma conversa com a Vice-Reitora da Cultura da U.Porto, Fátima Vieira.


No dia seguinte, a 19 de julho, vamos recordar o que  não é possível ver, a atravessar o céu. Foi uma das espécies mais  abundantes na América do Norte, até que a história desta ave se  cruzou com a de outra espécie: o ser humano.


Ricardo Jorge Lopes, curador das coleções de aves do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), vai  falar-nos da trágica existência do pombo-passageiro e explicar o que  aconteceu até à sua extinção. É mais uma noite em que Damos Voz aos Objetos do MHNC-UP.


Quinta e sexta feira são dias de? Os frequentadores do Pátio já sabem! Irmos ao cinema! Na quinta-feira, dia 20 de julho, o CineEco-Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela apresenta o documentário Food Fraud: an organised crime.  Carne de cavalo rotulada como carne de vaca; mel diluído com xaropes de  açúcar e azeite extra-virgem falsificado…. Este documentário de  Bénédict Delfaut é sobre crime alimentar.

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Food Fraud: an organised crime será exibido a 20 de julho. (Foto: DR)

Sexta-feira, 21 de julho, conhecemos a Mãe Genoveva.  Trata-se de um filme realizado em 1983 sobre uma mulher alentejana, de  pele curtida pelo sol e pelo sofrimento. A morte e a dor que a rodeiam  levam-nos numa viagem por uma espécie de maternidade universal. Logo a  seguir, Casino Oceano (1983) faz-nos entrar num triângulo amoroso. Ambos os filmes integram o ciclo dedicado a Lauro António.


Sábado, dia 22 de julho, é dia de música, sob um céu estrelado. Díada, já ouviu falar? No palco vai estar um duo de música tradicional irlandesa composto por Colm Larkin, no bouzouki, um instrumento de cordas da família do alaúde, e Sandro Bueno, na flauta irlandesa e transversal.


Se estamos a falar de música tradicional irlandesa o que estará aqui a  faltar? O duo, na realidade, vai transformar-se num trio: Brian Leach, um  multi-instrumentista e compositor irlandês, vai juntar-se à festa,  acompanhado da sua gaita-de-foles irlandesa. Jigs, reels, polkas e  hornpipes vão atravessar o ar e pôr-nos a dançar!

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Díada terão a seu cargo a noite de 22 de julho. (Foto: DR)

No domingo, 23 de julho, também já vem sendo hábito. Vamos ao teatro. Depois dos ciclos Caos-Ar, Riscar e Despertar, surge o Lembrar. No ano em que celebram os 75 anos do TUP, faz falta Lembrar. Pensar no passado do Teatro Universitário do Porto para construir o presente e o futuro.


Todos os eventos têm início às 21h30. A entrada é gratuita e faz-se pelo Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (ao Jardim da Cordoaria).


Para mais informações, consultar o programa completo das Noites no Pátio do Museu 2023.


Fonte: Notícias U.Porto

​​Noites no Pátio

Obras da Fundação Ilídio Pinho em exposição na Casa Comum

Disdocentes é o nome de uma exposição que  abrange diferentes gerações de artistas da FBAUP. Para visitar até 23 de setembro, com entrada livre.

Disdocentes é a nova proposta das galerias da Casa Comum para quem visitar o edifício da Reitoria da Universidade do Porto nestes dias de verão. Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda, Jorge Pinheiro, Pedro Tudela e Cristina Mateus são alguns dos nomes que se vão fazer representar nesta exibição inédita que, a partir de 17 de julho, traz à “casa mãe” da Universidade um conjunto de obras pertencentes à prestigiada Coleção de Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho.


Todas as obras em exibição denunciam o traço de artistas com ligações  à Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP). Entre pintura, escultura  e desenho são cerca de 40 peças que contam a história da arte e o  percurso de alguns dos seus principais protagonistas.


Disdocentes é uma palavra inventada.  Difícil de soletrar? Só até perceber o significado. É um neologismo, em  jeito de desafio. Como quem pergunta: Ora diz lá nomes de artistas que  foram docentes na FBAUP? Mas não diz só isso. Dos discentes, ou seja, de  quem foi ou é estudante, quem sabe? Nas Galerias da Casa Comum vai-se  estabelecer um arco temporal que começa nos anos 60 e vai até à atualidade.  Se, assim de cabeça, não souber dizer alguns nomes, depois  de conhecer os trabalhos, não os vai esquecer.


Da Coleção de Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho  foram selecionadas obras que raramente foram expostas, o que  transformará esta visita numa experiência rara. Por exemplo? Os desenhos  de José Barrias, de 2007, antigo estudante da Escola  Superior de Belas Artes do Porto, precursora da FBAUP. Os trabalhos  deste artista, que agora vive e trabalha em Milão, já não são expostos há mais de 15 anos.

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Sem título (da série “Mapas”), 1976. Jorge Pinheiro

Mais de 40 anos de história da arte portuguesa

A peça mais antiga que estará em exibição é de Eduardo Batarda (Sem  título, 1976). A obra deste pintor, antigo docente na Escola Superior de  Belas Artes do Porto, foi apresentada ao público pela primeira vez na  sua primeira exposição individual, realizada em 1968, na Galeria 111, em  Lisboa.


Saltamos agora para outra geração. Pertence a Pedro Tudela a peça (escultórica) mais recente (2019) que estará em exposição. Foi concebida  para a Sala das Caldeiras da Central Tejo do Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia (MAAT). O nome, este sim difícil de pronunciar, awdiˈtɔrju, corresponde à transcrição fonética da palavra auditório. Se ainda não  viu a peça, podemos acrescentar que a estranheza de conceitos não se  fica pelo nome. É vir para perceber. 

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“não é negociável”, 2006, de Fernando José Pereira.

A transformação geracional que se operou

Dos anos 60 à atualidade, o que vamos poder ver de perto, nas galerias da Casa Comum, são trabalhos de artistas como Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda e Jorge Pinheiro,  mas também daqueles que foram seus alunos, usufruindo, assim, de  uma oportunidade de excelência para a partilha do conhecimento e  comunhão de diferentes perspetivas sobre os trabalhos do olhar.


Estaremos perante “toda a transformação geracional que se operou, com  tudo o que as restantes gerações de artistas aprenderam e também o que  rejeitaram”, diz-nos Miguel von Hafe Pérez, curador da exposição.


Durante a permanência da exposição haverá um ciclo de conversas que contará com a presença do curador e de vários artistas.


Esta será, então, uma oportunidade para usufruir de uma parte da  coleção da Fundação Ilídio Pinho, uma das mais importantes a nível  nacional, exclusivamente dedicada à arte portuguesa e que só tem tido  visibilidade parcial em exposições temporárias.


Disdocentes inaugura dia 17 de julho, às 16h30, e ficará patente até 23 de setembro. Pode ser visitada durante a semana das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30. Aos sábados das 15h00 às 18h00. A entrada é livre. 


Fonte: Notícias U.Porto

Julho na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Três receitas francesas de três livros portugueses do século XIX  (Evento FLALF)

10 JUL'23 | 21h30
Gastronomia  | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Os franceses no Porto | Palestra pelo historiador Joel Cleto (Evento FLALF)

11 JUL'23 | 21h30
Palestra| Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

A Voz dos Objetos | Augusto Nobre, Ilustrador

12 JUL'23 | 21h30
Palestra  | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

CINEECO SEIA no Pátio do Museu #2

13 JUL'23 | 21h30
Cinema | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Lauro António em Retrospetiva #2

14 JUL'23 | 21h30
Cinema  | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Porto Caravan, Concerto de Jazz Manouche | Evento FLALF

15 JUL'23 | 21h30
Música | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Lembrar | Ciclo de Performances TUP -Teatro Universitário do Porto

16 JUL'23 | 21h30
Teatro  | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Noites no Pátio do Museu

30 JUN a 30 JUL'23 | 21h30
Programa Cultural | Pátio do MHNC-UP
Entrada Livre. Mais informações e programa completo aqui

TARDES DE MATEMÁTICA

14 OUT'23 | 16h00
Conversa, Ciência  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 | Exposição

14 OUT'23 | 16h00
Exposição | Reitoria da U.Porto 
Entrada Livre. Mais informações aqui

Insectário - Considerações Artísticas

De 8 MAI a 8 JUL'23
Exposição  | Galeria da Biodiversidade
Entrada Livre. Mais informações aqui

Monozigóticos: a diferença na igualdade

De 2 JUN a 31 AGO'23
Exposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sombras que não quero ver, de Helder de Carvalho

DE 18 ABR'23 até 2024 | 18h00
Exposição  | FCNAUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz

Até 29 JUL'23
Exposição | Fundação Marques da Silva
Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até SET'23
Exposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

A impressão digital das plantas revela-se na Galeria da Biodiversidade

A exposição Sobre as ervas, entre as folhagens, de Assunção Melo, estará patente ao público de 18 de julho a  30 de setembro. Entrada livre.

​​U.Porto press

Assunção Melo traz-nos a impressão digital das  plantas. Podemos vê-la, nitidamente, ainda que a artista recorra a diversas camadas de tinta plástica e a um processo criativo que mais não  é do que o avesso do que estamos habituados a ver. Já vamos explicar.  Num processo de expansão plástica da flora que lhe serve de origem, Sobre as ervas, entre as folhagens traz o Jardim Botânico da Universidade do Porto para dentro da casa que é a Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP). São formas vegetais e com cores que se sobrepõem para fruir de 18 de julho até 30 de setembro, com entrada livre.


O título é retirado do poema "O Jardim", de Sophia de Mello Breyner Andresen  (Dia do Mar, 1947). Predominam “as plantas, as folhas e ramos, as flores, as ervas”,  ou seja, as formas vegetais. Daí que a artista diga que o que vamos ver  seja “uma espécie de herbário pictórico”.


A sobreposição das cores e das formas constitui um segundo passo. De  uma forma quase aleatória, estas formas “tentam apropriar-se da vida do  jardim, em que as plantas crescem livremente e os dias de sol desenham  sombras onde querem”.

​​U.Porto press

Sobre as ervas, entre a folhagem

A magnífica insignificância das plantas

Assunção Melo partiu de processos distintos: a  impressão direta das folhas ou plantas no papel; o contorno delineado  das mesmas, ou do registo pós-observação. Assim conseguiu fazer com que as formas vegetais, efémeras por natureza, se tornassem “permanentes”.


A este primeiro passo seguiu-se o recurso a outros elementos  pictóricos. De onde surge este trabalho? De um local de fascínio: “A  surpresa e diversidade, a riqueza formal e cromática, a individualidade  de uma simples erva ou folha, são neste momento, um motivo de fascinação  para mim”.


Para a artista, a natureza é magnífica, “mesmo a que pode parecer insignificante e pisamos com os pés”. De resto, é sobre “essa  insignificância magnífica, esse brilho involuntário, essa surpresa e diversidade que me quero debruçar.


O poder de contrariar o carácter efémero da vida de uma planta é  outra fonte de encantamento. Materializar a perenidade. Assunção Melo  estabelece este “olhar perante a fragilidade da beleza e da vida” para o  fixar. Para nos lembrar o quão facilmente o consideramos tão “banal”  que o damos por “adquirido. Ou “imutável”.

Uma superfície visível que é também uma barreira

De acordo com a técnica utilizada por Assunção Melo, a pintura a óleo  “é realizada sobre o vidro acrílico”, o que significa que a primeira  camada ou a primeira intervenção é, efetivamente, o que fica visível,  contrariamente a “um processo normal”, em tela, sobre a qual se vão  sobrepondo camadas até se tornar visível o resultado pretendido. É uma  técnica que avança “totalmente pelo inverso do suporte”.  É observável  “através da superfície, cuja transparência, enquanto permite a  visibilidade, cria igualmente uma barreira”.


Este método permite perceber todo o processo da pintura, tornando  visíveis as sucessivas camadas, inclusivamente aquela de que a artista  se apercebeu, ao afixar os trabalhos. “O ambiente envolvente e o jardim  que entra nas salas pelas janelas é refletido pelo próprio suporte,  sendo assim adicionado à pintura e tornando-se nela participante”.


Assunção Melo reconhece que o edifício, a Galeria da Biodiversidade do Jardim Botânico, assim como a poesia de Sophia, “estão estreitamente relacionados com a prática que tenho vindo a desenvolver e é por isso uma grande alegria para mim poder mostrar o meu trabalho neste local que certamente o ilumina”.

A exposição Sobre as ervas, entre as folhagens, pode ser visitada de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (última entrada: 17h30).

Sobre Assunção Melo

Vive e trabalha no Porto. Concluiu em 1992 o Curso Superior de Artes Plásticas/Pintura na ESBAP (FBAUP). Iniciou em 1990 uma prática no  campo da ilustração infantil e editorial. A partir de 2009, dedicou-se  exclusivamente a um trabalho autoral em Pintura.


Participou em várias exposições coletivas e individuais, entre as  quais: Casa-Museu Abel Salazar, Prémio Amadeo Souza-Cardoso, Bienal de  Cerveira, Bienal de Espinho, Art Map-Ponte de Lima, Bienal Festa do  Avante, Contextil, Modtíssimo, Alfandega do Porto, Arte Hoje e Sociedade Nacional de Belas Artes. 


Fonte: Notícias U.Porto

"Tesouros" do MHNC-UP trazem verão e praia ao átrio da Reitoria

Exemplares da coleção de moluscos do Museu de  História Natural e da Ciência podem ser apreciados, até final de julho,  no átrio de entrada do Edifício Histórico da U.Porto.

​​Brev

Porque o verão está aí e a vontade de ir para a praia também, pensamos em diversidade marinha. E fomos encontrá-la no Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) através  de uma seleção de objetos que, para além da surpreendente beleza, e variedade de cores e formas, está em perfeita sintonia com a estação. Os mesmos objetos que, durante o mês de julho, levam Verão e Praia ao átrio do Edifício Histórico da Reitoria da U.Porto, em mais um “capítulo” – o quarto – do “Breviário” promovido pelo MHNC-UP.


“Pensar em diversidade marinha pode levar a pensar apenas em peixes ou grandes mamíferos, como as grandes baleias”, sugere Helena Gonçalves,  curadora das coleções de peixes, répteis e anfíbios do MHNC-UP. Este é um pensamento que facilmente se dilui perante uma coleção de moluscos, ou  seja, conchas arco-íris que nos transportam para o areal do mar. E pode  pensar em paisagens longínquas, já que grande parte do que está exposto  não existe em Portugal.


O que vai estar em exposição, diz-nos José Manuel Grosso-Silva, curador de entomologia do MHNC-UP, são três grupos principais de moluscos: “os gastrópodes, que incluem os búzios e os caracóis; os cefalópodes (polvos, lulas, entre outros); e os bivalves, como as amêijoas, por exemplo”.


Os cefalópodes, neste caso,  podem também ser denominados nautiloides  ou náutilos. Pertencem a uma família de moluscos caracterizada por uma  grande concha externa calcária, dividida em câmaras, perfuradas por um  sifão e utilizadas como dispositivo de proteção e flutuação. São  considerados fósseis vivos e dentro do grupo dos cefalópodes são os mais  primitivos. A concha externa apresenta uma coloração esbranquiçada com  uma forma de espiral perfeita e manchas raiadas de coloração  avermelhada.


O curador destaca, precisamente, “a concha de náutilos, animal do  grupo dos polvos, com concha externa. É para dentro da concha que retrai  o corpo “quando se sente ameaçado “.

​​Bienal Fotografia

A concha de náutilos. (Foto: MHNC-UP)

A coleção de moluscos do MHNC-UP chegou até ao Museu por doação de um particular. Para além da beleza dos exemplares que se expõe, ou seja,  deste interesse expositivo, a coleção tem também “interesse didático”,  acrescenta  Helena Gonçalves.


Pela associação ao mar, não deixe de reparar no poema (Mar Sonoro) que escolhemos para acompanhar estes “elementos geradores de imaginário”. É de Sophia de Mello Breyner Andresen: Mar  sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. / A tua beleza aumenta quando  estamos sós / E tão fundo intimamente a tua voz / Segue o mais secreto  bailar do meu sonho. / Que momentos há em que eu suponho/ Seres um  milagre criado só para mim”. 


Fonte: Notícias U.Porto

​​Breviário

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

65. Poetas, Lília Tavares 

Poetas, de Lília Tavares, in Casa de Conchas, Modocromia Editora, março de 2022

67. “All My Babies”, de George Stoney (1952) 

Comentário de Jéssica Ferreiro (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC)


4. Adeeb Sidani 

Neste episódio do “U.Porto IN”, entrevistamos Adeeb Sidani, um  engenheiro arquiteto nascido em Beirute, no Líbano, mas que vive no  Porto há mais de seis anos. Durante o mestrado que fez na Beirut Arab University, veio a Portugal a um workshop organizado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e ficou cativado pela atmosfera da cidade. Por isso, decidiu inscrever-se  no programa doutoral em Segurança e Saúde Ocupacionais, na Faculdade de  Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Atualmente trabalha como gestor de projetos na Porto Digital e é  investigador na FEUP, onde se encontra a concluir o doutoramento. Os seus interesses de investigação relacionam-se com a área da segurança e saúde no trabalho na construção, utilizando building information modeling, verificação automatizada de regras e tecnologias imersivas para  formação. Envolvido na elaboração de várias candidaturas de projetos  internacionais financiados pela União Europeia, possui vasta experiência  nos domínios da digitalização da educação e da formação. Colaborou também durante vários anos em eventos ou organizações sob responsabilidade da Reitoria da Universidade do Porto, como a Universidade Júnior e a Mostra da U.Porto. Apaixonado pela cultura e gastronomia portuguesas, Adeeb já fala bem  português, é adepto do Futebol Clube do Porto e diz ser um marido amoroso de uma adorável portuguesa.

Mais podcasts AQUI


Alunos Ilustres da U.Porto

Agostinho da Silva

​​U.Porto press

Agostinho da Silva


George Agostinho da Silva nasceu no Porto, na Travessa Barão de Nova Sintra, n.º 67 (atual 126), na freguesia do Bonfim, em 13 de fevereiro de 1906, no seio de uma família da pequena burguesia originária do sul do país. Foi o primeiro filho do casal Francisco José Agostinho da Silva, 3.º Aspirante da Alfândega do Porto, e de Georgina do Carmo Baptista da Silva, doméstica, ambos naturais de Lisboa.


Quando ainda não tinha completado um ano de idade mudou-se com a família para Barca d’Alva, em Figueira de Castelo Rodrigo, devido à transferência do pai para este posto fronteiriço. Foi aqui que Agostinho da Silva passou a infância e recebeu os primeiros ensinamentos e onde nasceu a sua irmã Estefânia, em 1909, falecida com apenas 18 meses, e a sua irmã Mara Cecília, no ano seguinte.


Entre 1912 e 1913 voltou ao Porto, após a promoção do pai, passando a residir, primeiro, no largo de S. João Novo e, depois, na rua do Comércio do Porto. Entretanto, foi inscrito na Escola de S. Nicolau. Em 1913 fez o exame de 1.º grau, com distinção. No ano seguinte realizou o exame da 4 º classe e ingressou na Escola Industrial Mouzinho da Silveira.


Entre 1916 e 1924 frequentou o curso liceal no Liceu Rodrigues de Freitas, que concluiu com a classificação de 20 valores.


Nesses tempos liceais, de que guardou boas memórias, recebeu uma excelente formação nas áreas da Literatura, da Cultura Portuguesa e Francesa, da História, da Geografia e das Línguas, tendo tido professores como Carlos Santos, Augusto César Pires de Lima, Francisco Torrinha, o Padre Júlio Ferreira, Luís Carlos e o Reitor Simões Pina. Esta formação permitiu-lhe ensinar Português, entre os seus 16 e 17, aos ingleses fixados no Porto e envolvidos no comércio de vinho do Porto.


Terminado o Curso Complementar de Letras, em 1924, matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade do Porto situada na Quinta Amarela, instituição muito ligada ao movimento cultural da Renascença Portuguesa. Inicialmente, frequentou o curso de Filologia Românica e, mais tarde, o de Filologia Clássica, que concluiu a 15 de julho de 1928 com a classificação final de 20 valores, tendo apresentado como tese de licenciatura uma edição comentada das poesias de Catulo.


Nesta Faculdade foi aluno de grandes mestres como Teixeira Rego, Hernâni Cidade, Urbano Canuto Soares, Francisco Torrinha, Damião Peres, Aarão de Lacerda, Mendes Correia, Artur de Magalhães Basto, Newton de Macedo e Leonardo Coimbra e condiscípulo de António Salgado Júnior, José Marinho, Eugénio Aresta, Álvaro Ribeiro, Sant’Anna Dionísio, Delfim dos Santos, Adolfo Casais Monteiro, Joaquim Magalhães, Guedes de Oliveira, Fernanda Cunha e Judite Natália.


Durante os anos passados na Faculdade de Letras, participou e dirigiu A Acção Académica, uma publicação monárquica da Associação de Estudantes (1925), colaborou na Revista Águia (1926-1929) com artigos sobre Filosofia e Literatura, escreveu na revista Seara Nova (1928-1938), publicou no Porto Académico (1925-1926), Ideia Nacional e Comércio, proferiu conferências e foi líder estudantil.


Em 1929 doutorou-se em Filologia Clássica com a classificação de 20 valores, defendendo a tese Sentido Histórico das Civilizações Clássicas e assim se tornando o primeiro doutor da Faculdade de Letras (1919-1928 e restaurada em 1961). Nesse ano de 1929 publicou a tese de doutoramento e a obra Breve Ensaio sobre Pérsio, em Lisboa, e lecionou no Liceu Alexandre Herculano, onde fora nomeado Professor Provisório.


Por impossibilidade de prosseguir uma carreira universitária na Faculdade de Letras, entretanto extinta em 1928, partiu para Lisboa onde fez o estágio para Professor Efetivo na Escola Normal Superior (1930-1931), que concluiu com a classificação de 20 valores.


Não chegou a assumir funções nem no liceu de Angra do Heroísmo nem no de Portalegre por ter obtido uma bolsa da Junta de Educação Nacional, em Paris, onde estudou História e Literatura, na Sorbonne e no Collège de France (1931-1933).


Após o regresso ao país foi nomeado professor do Liceu José Estêvão, em Aveiro.


Entretanto, em 1932, havia fundado em Lisboa o Centro de Estudos Filológicos da Universidade Clássica de Lisboa.


Em 1935 foi demitido da Função Pública por não ter assinado o decreto que obrigava os funcionários públicos a declarar que não pertenciam a nenhuma sociedade secreta. Nesse ano, com o apoio de Joaquim de Carvalho, obteve uma bolsa de estudo do Ministério das Relações Exteriores de Espanha, tendo trabalhado sobre A Mística Espanhola. Em 1936 foi forçado a deixar o país vizinho devido a incompatibilidades com Américo de Castro e à aproximação da Guerra Civil.


De regresso a Lisboa voltou a ensinar, desta vez no sector privado, nomeadamente no Colégio Infante Sagres onde conviveu com Orlando Vitorino. Por esta altura participou no movimento da Seara Nova (1935-1938), no qual lançou o projeto de biografias pedagógicas, e na tertúlia de António Sérgio.


No âmbito das preocupações da renovação da Escola ("Educação Nova"), fundou o Núcleo Pedagógico de Antero de Quental (1939) com os tertulianos dos "Sábados de António Sérgio" e Vitorino Magalhães Godinho, introduziu o sistema cooperativo no Colégio Infante Sagres e criou a Escola Nova de S. Domingos de Benfica.


Entre 1937 e 1943 desencadeou um ambicioso programa de irradiação educativa e cultural a nível nacional, com a colaboração de Fernando Rau. Para este projeto que afrontou o programa educativo do Estado Novo, escreveu, editou e distribuiu cerca de 130 Cadernos de Informação Cultural (1943).


Em 24 de julho de 1943 ficou preso no Aljube, permanecendo incomunicável durante 18 dias. Depois de libertado foi-lhe imposta a pena de residência fixa que cumpriu no Algarve, na casa da Praia da Rocha, em Portimão.


No Algarve publicou ensaios filosóficos (Conversação com Diotima e Considerações), mas a situação era insustentável. Em 1944 partiu com a mulher, Berta David, e os filhos Pedro Manuel e Maria Gabriela para o exílio, na América Latina.


No Brasil encontrou um mundo novo e pluritário, para o qual teve de adaptar o seu modelo educativo que, depois de implementado, significou a criação de um espaço cultural lusófono (luso-afro-brasileiro).


O primeiro contacto com esta realidade, no Rio de Janeiro e em S. Paulo, não foi muito promissor, uma vez que as condições políticas não eram de todo favoráveis. 


Partiu, pois, para o Uruguai, em 1945, onde lecionou História e Filosofia em escolas livres de Montevideu. Em 1946, já na Argentina, organizou os cursos de Pedagogia Moderna para a Escola de Estudos Superiores de Buenos Aires.


Em 1947 regressou ao Brasil, fixando-se em S. Paulo e, posteriormente, na Serra de Itatiaia, onde viveu com a segunda mulher, Judith Cortesão, da qual teve seis filhos. 


Aí conviveu de perto com Dora e Vicente Ferreira da Silva e os modernistas brasileiros.


Entre 1948 e 1952 fixou-se no Rio de Janeiro, onde trabalhou no Instituto de Biologia Oswaldo Cruz, dedicando-se à investigação nas áreas da Zoologia, da Entomologia e da Parasitologia, lecionou Filosofia da Educação na Faculdade Fluminense de Filosofia do Rio de Janeiro e associou-se a outros exilados portugueses, entre os quais se destacava Jaime Cortesão, com quem colaborou na Biblioteca Nacional sobre o estudo da obra de Alexandre Gusmão.


Em 1952 viajou para o Estado de Paraíba para ajudar a fundar e trabalhar na Universidade Federal de Paraíba (João Pessoa), na qual deu aulas de História Antiga e Geografia Física (1952-1955).


Em 1954 colaborou com Jaime Cortesão na organização da Exposição do 4 º Centenário da Cidade de S. Paulo.


De Paraíba seguiu para Santa Catarina, por recomendação de Hernâni Cidade, a fim de fundar a Universidade Federal de Santa Catarina. Aqui, para além de lecionar Literatura Portuguesa e Filologia Românica, desempenhou as funções de Diretor de Cultura do Estado e trabalhou na Direção-Geral do Ensino Superior do Ministério da Educação. Publicou Um Fernando Pessoa (1955), Ensaio para uma Teoria do Brasil (1956) e Reflexão à Margem da Literatura Portuguesa (1957).


Em 1959 juntou-se a Eduardo Lourenço na Universidade da Baía, onde ensinou Filosofia do Teatro e pôs em marcha o projeto de conhecimento da África Negra pelo Brasil, tendo fundado o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Baía.


Em 1961 esteve no Rio de Janeiro e em Santa Catarina e, depois, deslocou-se para Brasília.


Em 1962 dedicou-se ao projeto da fundação da Universidade de Brasília e instituiu o Centro de Estudos Portugueses nessa instituição.


Em 1963, equiparado a bolseiro da UNESCO, viajou até ao Japão. Lecionou aulas de Português em Tóquio, conheceu Macau e Timor e visitou, ainda, os Estados Unidos e o Senegal.


No ano seguinte, viveu entre a Cachoeira e Salvador da Baía. No primeiro deste locais fundou a Casa Paulo Dias Adorno, uma escola e centro de estudos.


Em 1969 deixou o Brasil e regressou a Portugal.


Depois do 25 de Abril de 1974 regressou ao ensino universitário e o Governo Brasileiro considerou-o reformado do ensino. Mais tarde, dirigiu o Centro de Estudos Latino-Americanos. Até à sua morte, ocorrida em Lisboa a 3 de abril de 1994, quando tinha completado 88 anos, viajou, escreveu e recebeu honrarias e o reconhecimento popular, para o qual muito contribuíram as suas intervenções na televisão.


Sobre Agostinho da Silva (up.pt)

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