QUANDO A ARQUITETURA FAZ COMUNIDADE. E UM LIVRO TAMBÉM.
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Primeiro vieram os arquitetos, José Carlos Loureiro e Luís Pádua Ramos, com um programa ousado a dar resposta ao desafio da Santa Casa da Misericórdia do Porto de transformarem uma zona de ruralidade numa zona urbana onde o verde continuasse presente. Influenciados pelo debate internacional que se instaurou no pós-segunda guerra mundial sobre a necessidade de se humanizar a arquitetura, José Carlos Loureiro e Luís Pádua Ramos desenharam o Conjunto Habitacional do Luso-Lima com quatro blocos de apartamentos complementados por um jardim com um parque infantil, galerias comerciais e espaços para ateliers. O que desenharam viria a ser considerado uma referência para a arquitetura moderna em Portugal. Depois vieram as pessoas. Ocuparam os apartamentos, valorizaram os espaços verdes para brincadeira e convívio, formaram comunidade. As crianças brincavam no Parque Infantil até ao esticar da tardinha,quando os pais, em uníssono, as chamavam das janelas para irem jantar. Os espaços para atelier foram ocupados por arquitetos, artistas plásticos, fotógrafos e designers. Alguns deles vinham apenas para trabalhar – como os artistas plásticos João Charters de Almeida, Emerenciano e Armando Alves (que alugou um atelier em nome dos “Quatro Vintes” da Escola Superior de Belas Artes). Outros, contudo, habitavam com as famílias nos apartamentos, como foi o caso dos Arquitetos Álvaro Siza Vieira, Alcino Soutinho, Augusto Amaral, Manuel Correia Fernandes e Rolando Torgo. E assim o Complexo Habitacional do Luso-Lima se transformou num espaço de permanente criatividade, de tertúlias e de debates. O Café Magno era lugar privilegiado de convívio, mas também o Café Lima 5, com uma excelente confeitaria, se tornou icónico – ao ponto de até os habitantes terem esquecido o nome original do conjunto edificado, passando apenas a identificar-se como sendo “do Lima 5”.
Os anos passaram. Muitas famílias se mudaram; as galerias comerciais esvaziaram-se; o Parque Infantil – uma interessante obra escultórica em cimento – foi fechado; o edificado foi-se degradando. Mas chegaram também novas famílias. E por fim (em boa hora) veio um livro – Parque. Conjunto Habitacional do Luso-Lima 1958-2023 –, organizado por Luís Albuquerque Pinho e Luís Pinto Nunes, publicado pela editora Pierrot Le Fou.
Os “Luíses”, como foram repetidamente chamados durante a sessão de apresentação do livro na Fundação Marques da Silva, no passado sábado, convocaram as memórias dos atuais residentes, que os conduziram até antigos residentes. Reuniram testemunhos e fotografias. Aos poucos, foram construindo um álbum coletivo, completado por fotografias do arquivo de José Carlos Loureiro, em depósito na Fundação Marques da Silva. No dia da apresentação do livro, muitos membros da antiga e nova comunidade de residentes estiveram presentes. António Tavares, Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Porto, falou da intenção de investimento, por parte da instituição, na requalificação dos espaços, nomeadamente os exteriores, e referiu o papel que os ocupantes atuais e futuros – com outras leituras do mundo, mas com as mesmas preocupações de sustentabilidade – poderão desempenhar na revitalização do sentido de comunidade que fez do espaço um dos mais singulares da cidade do Porto.
Nesse dia, de novo se fez comunidade. A tarde terminou com uma visita ao Lima 5 e um magusto – a lembrar convívios passados, mas, sobretudo, a antecipar todos os que estarão ainda por vir. Por entre a chuva miúda e as castanhas assadas, crianças jogavam à bola. Haverá melhor sinal?
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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"Bonecos de Barcelos" em exposição na Casa Comum da U.Porto
Mostra de quase 200 peças, abrangendo um arco temporal de cinco décadas de figurado de Barcelos, vai ficar patente ao público até março de 2024. Entrada livre. Que aspeto tinha o galo de Barcelos original? Como era, realmente, a arte popular durante o Estado Novo? Qual o papel dos estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto nesta descoberta? Com cerca de 200 peças, a exposição Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística inaugura no próximo dia 13 de novembro, às 18h00, nas Galerias da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. Esta é a primeira grande exposição após a doação de mais de 600 peças de figurado de Barcelos, pelos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez – ambos antigos estudantes e docentes da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP) – ao Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).
As peças das décadas de 1930 e 1940 já pertenciam ao acervo do MHNC-UP, sendo as restantes das décadas de 1950 a 1970, das coleções e doações dos arquitetos Alves Costa e Sergio Fernandez.
A exposição integra peças doadas pelos arquitetos Alexandre Alves Costa (na foto) e Sergio Fernandez ao MHNC-UP. (Foto: DR)
A valorização da arte popular
A paixão por estas peças começou quando ambos eram ainda estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto, precursora da Faculdade de Belas Artes da U.Porto. Aí conheceram o professor, poeta e pintor António Quadros (1933-1994), cuja obra denunciava uma influência de artistas europeus, como Marc Chagall e Pablo Picasso, e de surrealistas latino-americanos, integrando também algumas referências ao imaginário rural e à olaria de Barcelos. De resto, foi António Quadros quem descobriu a barrista minhota, Rosa Ramalho (1888-1977), de quem foi colecionador e com quem desenvolveu uma forte amizade. Este encontro entre professores, estudantes e barristas barcelenses não só chamou a atenção para uma expressão da arte popular, que era, na altura, pouco valorizada, como impactou a produção artística de figurado local. A obra de Rosa Ramalho assumiu projeção nacional e, em 1964, a artista recebeu a medalha Artes ao serviço da Nação na Feira de Artesanato de Cascais.
A paixão de Alexandre Alves Costa e de Sergio Fernandez (na foto) pelo figurado de Barcelos começou quando ambos eram ainda estudantes de arquitetura. (Foto: DR)
A descoberta do país real
Do Alto Minho a Trás-os-Montes e ao Alentejo, os então estudantes encontraram uma beleza devedora de uma autenticidade sem retoques. Nesta incursão pelo país real encontraram também pobreza, falta de instrução e de cuidados de saúde, um cenário em contraste absoluto com a realidade inventada a partir do programa do diretor do Secretariado da Propaganda Nacional do Estado Novo, António Ferro: O país metropolitano não é grande e não será difícil, com método e paciência, ir retocando, pouco a pouco, a sua fachada, dando-lhe a tonalidade, a graça e a frescura duma aguarela viva. Para além da produção em série, ao percorrerem as barracas de feiras, Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez foram percebendo que alguns artistas produziam bonecos manualmente, reconhecendo aqui a existência de objetos de arte que convidam à contemplação. Era uma atividade feita “fora de horas”, para equilibrar o orçamento familiar.
Rosa Ramalho, Rosa Côta e Teresa Mouca são alguns exemplos de artistas que nunca deixaram de produzir obra própria. Nas feiras, estes bonecos apresentavam uma delicadeza de elaboração que vai diminuindo ao entrarem no mercado concorrencial. Os dois tipos de produção vão estar presentes na exposição.
Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez frequentaram assiduamente a oficina da “Senhora Rosa” até à data da sua morte. O peso que esta artista tem nas suas coleções atesta a qualidade que lhe reconhecem.
Amar primeiro
Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística irá apresentar o trabalho de seis barristas representativos de diferentes estilos: Rosa Ramalho; Júlia Ramalho; Teresa Mouca; Rosa Côta; Júlia Côta e João Côto. Do acervo fazem parte peças alusivas ao universo da vida rural quotidiana, mas não só. Para além do carro de bois, da matança do porco, dos animais de lavoura e capoeira, há também uma espécie de imaginário macabro que percorre outras figuras cuja existência nunca se comprovou. Todas foram objeto de fruição estética, qual extensão da voz de André Breton: Amar, primeiro. Haverá sempre tempo, depois, para nos interrogarmos sobre o que se ama, até não querer nada ignorar.
Na primeira parte da exposição serão também apresentados documentos que representam, simbolicamente, os caminhos que Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez percorreram na busca do que seria “a verdade”.
Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística vai ficar até 2 de março de 2024. A exposição pode ser visitada durante a semana das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30. Aos sábados das 15h00 às 18h00.
A entrada é livre.
Fonte: Notícias U.Porto
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O festival Teoria das Cordas está de regresso à U.Porto
Concertos de abertura da edição 2023 do festival de música com curadoria jovem terão lugar a 17 e 18 de novembro, na Reitoria e na Galeria da Biodiversidade. O Opus Duo sobe ao "palco" do Salão Nobre da Reitoria na noite de 17 de novembro. Foto: DR
A Universidade do Porto vai receber, nos dias 17 e 18 de novembro, os concertos de abertura da edição 2023 do Teoria das Cordas – festival de música com curadoria jovem. O primeiro espetáculo será no Salão Nobre da Reitoria e o segundo na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP). Ambos começam às 21h00 e têm entrada livre. Formado pelo guitarrista Francisco Berény Domingues e pelo violoncelista Tiago Azevedo e Silva, o primeiro concerto colocará em palco o Opus Duo. Nas paredes do Salão Nobre irá soar, então, o diálogo entre dois instrumentos, tendo por base obras ibéricas dos séculos XIX e XX (Albéniz, Falla e Lapa) e da América Latina (Villa-Lobos e Piazzolla).
O Opus Duo tem vindo a apresentar um programa que abrange composições ibéricas e sul-americanas dos sécs. XIX a XXI, revisitando alguns compositores espanhóis (Albéniz e Falla) que foram fundamentais para a construção do reportório da guitarra clássica.
Granada, de Albéniz, foi originalmente escrita para piano, e La Vida Breve é uma ópera de Falla, de que o duo tocará uma secção, sendo que a mais conhecida é a Danza 1. Das músicas ibéricas que serão tocadas, apenas a composição Plural VIII do compatriota Fernando C. Lapa foi escrita para estes dois instrumentos.
Passando para o continente sul-americano, a atenção desloca-se para Villa-Lobos que compôs Bachianas Brasileiras n.º 5. O Opus Duo irá recriar o ambiente dramático do primeiro movimento da peça, Aria (Cantilena). Destaque, ainda, para Nightclub 1960, de Piazzolla, originalmente escrita para guitarra e flauta.
Este primeiro recital será antecedido de algumas palavras de apresentação do programa do festival de que Francisco Berény Domingues é, aliás, o curador.
No dia seguinte, 18 de novembro, também às 21h00, na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do MHNC-UP, vamos ficar com obras originárias das mesmas regiões. Sob o esqueleto da baleia que se encontra no hall de entrada da Galeria, o andaluz José Luis Morillas vai fazer soar as cordas da sua guitarra e, do lado de cá do Atlântico, irá retomar Albéniz e Tárrega. Do lado de lá, a interpretação recairá no paraguaio Agustín Barrios. O romantismo surge “quebrado” pela transcrição para guitarra das sonatas de Scarlatti.
A edição de 2023 do festival de música com curadoria jovem, realizado exclusivamente em espaços universitários, recupera o nome da edição do ano anterior, mas fazendo cair o “6” que indicava a exclusividade da guitarra como instrumento concertista, uma vez que um dos quatro recitais será de piano a solo.
Teoria das Cordas – festival de música com curadoria jovem é uma organização conjunta do Curso de Música Silva Monteiro e da Universidade do Porto. Consulte o programa AQUI.
Fonte: Notícias U.Porto
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U.Porto abre exposições no Dia Europeu do Património Académico
No dia 18 de novembro, o edifício histórico da Reitoria abre as portas e oferece visitas orientadas às exposições ali patentes. Inscrição gratuita. Para a manhã de 18 de novembro, sábado, temos uma proposta que promete fazer a diferença: entrar na máquina do tempo! Posicionando-se na década de 1930, quem passar pelo Edifício Histórico da Reitoria da Universidade do Porto vai fazer um arco temporal de 50 anos de história do figurado de Barcelos. E fora do país? Como foi a década de 1930, nomeadamente em Paris? O testemunho será do médico, professor, investigador e artista Abel Salazar que lá viveu durante esse período. Vai ser assim, o Dia Europeu do Património Académico 2023. Com quase 200 peças, a exposição Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística – a inaugurar a 13 de novembro – permite uma rara panorâmica sobre a evolução do figurado de Barcelos. Que aspeto tinha o galo de Barcelos original? Como era, realmente, a arte popular durante o Estado Novo? Qual o papel dos estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto nesta descoberta?
Nas Galerias da Casa Comum, os visitantes vão encontrar peças (1930 e 1940) que já pertenciam ao Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) e outras (1950 a 1970) que chegaram através de uma doação dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez. Eram ainda estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto – precursora das faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da U.Porto – quando, com o pintor e professor António Quadros (1933-1994), conheceram a barrista minhota Rosa Ramalho (1888-1977).
O fascínio por esta arte popular e a vontade de descobrir o país real, recusando a versão inventada pelo Estado Novo, levou os estudantes a viajarem do Alto Minho a Trás-os-Montes e Alentejo. Para além da produção em série, ao percorrerem as barracas de feiras, Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez identificaram peças produzidas manualmente, reconhecendo a existência de objetos de arte que convidavam à contemplação. Rosa Ramalho, Rosa Côta e Teresa Mouca são alguns exemplos de artistas que nunca deixaram de produzir obra própria.
Este encontro entre professores, estudantes e barristas barcelenses chamou a atenção para uma expressão da arte popular que era pouco valorizada e impactou a produção artística do figurado.
À descoberta de Paris com Abel Salazar
As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 é uma das exposições em exibição na Reitoria. Foto: DR
Onde estão, então, as plumas, as cigarrilhas e o ambiente de café da cidade de Paris dos anos 1930? Subindo até ao quarto piso do edifício, os visitantes vão deparar-se com exemplares da obra plástica de Abel Salazar na Sala do Fundo Antigo. São quadros que representam uma estética feminina burguesa, da década de 1930, em Paris. As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 é uma exposição que tem como mote a publicação Paris em 1934 – reeditada pela U.Porto Press – que reúne um conjunto de reflexões sobre a capital francesa, durante um autoexílio do histórico médico e professor da U.Porto. Inserido num contexto de um intenso fervilhar cultural, como foi a experiência de Abel Salazar em Paris? Que visão quis partilhar dos seis meses em que lá viveu? Que ideias e projetos trouxe na bagagem, de regresso a Portugal? É vir e saber!
Para além das obras plásticas e de outros materiais e reproduções que resultam desta estadia, será convidado a percorrer uma espécie de Atlas de Memórias de Abel Salazar. Esta exposição resulta de uma parceria com o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Quanto custa o bilhete para esta “viagem no tempo”, com início marcado para as 11h00 do dia 18 de novembro? O tempo de fazer a inscrição (gratuita), enviando um e-mail para cultura@reit.up.pt.
Sobre o Dia Europeu do Património Académico
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Novembro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Bonecos de Barcelos: Identidade, Tradição e Criação Artística
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Teoria das Cordas | Concertos em espaços universitários
Entrada Livre. Mais informações e programa aqui
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Calvino: caminhos invisíveis
Programa multidisciplinar | Reitoria da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Paula Guerra à conversa com...Vitor Torpedo
Conversa, música | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Penélope, A Tecelã das Palavras
Exposição | Instituto Pernambuco Entrada Livre. Mais informações aqui
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ILUSTRA UP II | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 | Exposição
Exposição | Reitoria da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Fernando Távora. Pensamento Livre
Exposição | Fundação Marques da Silva
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Sombras que não quero ver #2 | Escultura de Hélder Carvalho
Entrada Livre. Mais informações aqui
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O Museu à Minha ProcuraExposição | Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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HABITAR propõe olhar sobre o futuro, na Galeria da Biodiversidade
Exposição de fotografia estará patente de 16 de novembro a 30 de dezembro e inclui um programa paralelo de performances. Entrada livre.
A Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciências da Universidade do Porto (MHNC-UP) inaugura, no dia de 16 de novembro, às 18h30, a exposição HABITAR, organizada pela Malvada Associação Artística e com fotografias de José Miguel Soares. Para além da exposição haverá uma performance COABITANTE – de interação com a exposição. A performance acontece em dois momentos: dia 17 de outubro, às 11h00 e 15h00, para escolas, e no dia seguinte, às 16h00, para o público em geral.
Máquinas Desejantes
Será que este local existirá daqui a 100 anos? Será que a minha mãe vai ficar velha? Quantos continentes existirão no futuro? Estas perguntas resultaram de um trabalho desenvolvido com diferentes comunidades do Alentejo que foram convidadas a participar não só em conversas sobre “o devir”, mas também num laboratório de fotografia. No total, passaram pela experiência mais de 250 pessoas. A exposição é, por isso, o resultado de um processo colaborativo. Chamaram-lhes Maquinas Desejantes. Porquê este nome? Porque o que se pedia era um olhar sobre o futuro. Um olhar para a experiência real de cada um, abrindo espaço para uma criação artística transformadora.
Através de diversas parcerias e open calls, foram envolvidos alunos de diferentes níveis de escolaridade das cidades de Évora e do Porto, comunidades estrangeiras, comunidades de etnia cigana, residentes de vários bairros da cidade de Évora, pessoas com deficiência mental e o público em geral. Estas Maquinas Desejantes produziram cerca de 49.000 imagens, matéria-prima para este projeto de Ana Luena & José Miguel Soares.
Habitar resulta de uma experiência que envolveu mais de 25o pessoas. (Foto: DR)
Um exercício de alteridade entre o humano e o virtual
Deste projeto de criação colaborativa resultaram imagens e diálogos, versões de possíveis futuros alternativos. Os textos que foram produzidos, mas também as ferramentas utilizadas (como um telescópio fotográfico, máquinas que captam imagens a cada quatro segundos e scanners) servirão de matéria prima para performance. COABITANTE é, assim, uma performance interativa que, através do corpo e da palavra, interage com a exposição. Um exercício de alteridade que se desdobra entre o humano e o virtual. É o corpo (des)materializado num presente cada vez mais apressado, intermediado pela máquina, pela tecnologia e por inteligências virtuais, que questiona o devir.
Com entrada livre, a exposição HABITAR estará patente ao público de 17 de novembro a 30 de dezembro de 2023, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Malvada Associação Artística
Fundada em 2018 por Ana Luena e José Miguel Soares, a dupla responsável pelas criações artísticas e direção deste projeto sediado em Évora, a Malvada aposta num território periférico como centro de criação e reflexão artística contemporânea. Tem por objetivo a realização de projetos de criação que abrangem diferentes áreas artísticas e do conhecimento, frequentemente cruzando disciplinas como a fotografia, o vídeo, a literatura, a música, o teatro e a performance.
A Malvada Associação Artística promove ainda atividades de criação e fruição artística que envolvem a comunidade através da participação ativa em ações de mediação, serviço educativo, acessibilidade e inclusão social, potenciando uma relação de proximidade entre públicos diversificados e a obra artística.
Fonte: Notícias U.Porto
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Química do veneno das serpentes em exposição no MHNC-UP
Serpentes — Uma Relação de Amor e Medo com a Humanidade estará em exibição no Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto até fevereiro de 2024.
Cabeça da víbora árabe modificada artisticamente pela cientista Joana Ribeiro da Silva. Foto: Joana Ribeiro da Silva e Sari Barazi
Tão potente como a morfina e sem efeitos secundários. É o que promete uma auspiciosa componente do veneno da mamba-negra (Dendroaspis polylepis), uma das várias espécies de serpentes “à mostra” numa exposição organizada pelo Laboratório de Bioquímica Computacional do LAQV-Requimte na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). Desde 8 de novembro, o Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MNHC-UP), em plena baixa do Porto, irá dar a conhecer a história da química do veneno a curiosos, miúdos e graúdos. Serpentes — Uma Relação de Amor e Medo com a Humanidade pretende abordar a mitologia das serpentes e a sua importância. Revela, para isso, mais de 12 figuras artísticas realizadas pelos investigadores, que ilustram as toxinas que compõem o veneno de diferentes espécies de serpentes. Os cientistas do grupo de Bioquímica Computacional deram asas à sua imaginação e, com o auxílio de ferramentas de grafismo molecular que utilizam no dia a dia, criaram representações alusivas a cada uma das moléculas presentes no veneno.
“Mostramos o que é uma serpente, o que é o veneno e como é que se desenvolvem medicamentos a partir deste”, conta Pedro Alexandrino Fernandes, docente do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP e investigador no LAQV-REQUIMTE, responsável pela organização do evento.
Apesar de ser mais abrangente, esta iniciativa inspira-se, sobretudo, em projetos como o Murderous Venom, no qual investigadores da FCUP e do LAQV-REQUIMTE trabalham para desenvolver “antídotos inovadores para o envenenamento, baseados em compostos baratos, para distribuir maioritariamente pelas comunidades rurais de África e da Ásia”.
A mensagem que os investigadores querem passar é que, apesar de serem dos animais mais mortíferos do mundo, as serpentes possuem no seu veneno componentes tão poderosos que podem salvar vidas.
Na exposição, de entrada gratuita, estarão também expostos exemplares taxidermizados de serpentes, provenientes da coleção de répteis do MHNC-UP. Serão ainda exibidas fotografias deste grupo de animais pela lente do fotógrafo indiano Rupankar Bhattacharjee e apresentadas ilustrações alusivas à evolução convergente da autoria do pintor e biólogo da FCUP, Joaquim Filipe Faria.
A exposição “Serpentes — Uma Relação de Amor e Medo com a Humanidade” estará aberta ao público até 11 de fevereiro de 2024, de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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78. Em cada verso insinuo, Vasco Graça Moura Em cada verso insinuo, de Vasco Graça Moura, in Poesia Reunida, 1962-1997
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O convidado do episódio desta semana do “U.Porto Carreiras Imprevistas” é João Pires, que nasceu em Vila Real e terminou em 2012 o mestrado integrado em Engenharia Química na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Recorda os anos universitários como tempos de grande ebulição da vida académica, com muito conhecimento à mistura, mas diz não ter encontrado a mesma intensidade no mundo do trabalho. Ainda exerceu a engenharia química, mas paralelamente começou a lançar-se no mundo da cozinha, quase por brincadeira… Aconselhado por amigos, decide inscrever-se na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto e no final do curso ruma a Espanha, ao restaurante que lhe mudaria a sua perspetiva para sempre: o Mugaritz, em San Sebastian. Mais tarde embarca numa nova experiência espanhola, no Culler de Pau e depois no O Grove, na Galiza, onde deu asas à criatividade. Chega o momento em que decide fazer carreira em Genebra, onde trabalha exclusivamente no Fiskebar. Atualmente encontra-se de regresso a Portugal, mais precisamente a Trás-os-Montes, onde pretende criar um projeto de restauração que seja uma ode ao mundo rural e ao futuro da cozinha. Esse projeto já está em concretização, será o Forno de Jales, que fica, como o nome indica, nessa região, e será inaugurado no final do ano.
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Alunos Ilustres da U.Porto
Alcino Soutinho
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Alcino Soutinho (Foto DR)
Alcino Peixoto de Castro Soutinho nasceu em Vila Nova de Gaia, a 6 de novembro de 1930. Em 1948 ingressou no curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, que concluiu em 1957, ano em que começou a exercer a profissão de arquiteto em regime liberal.
Em 1959 apresentou uma proposta para o Monumento aos Calafates em colaboração com o escultor Lagoa Henriques (1923-2009) e com o colega Álvaro Siza Vieira (1933-), o qual se destinava à I Exposição Extraescolar dos Alunos da ESBAP. No entanto, este projeto não chegou a ser concretizado.
Em 1961 interrompeu temporariamente a sua atividade profissional para fazer investigação em Itália, na área da Museologia, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em paralelo, trabalhou na Fundação das Caixas de Previdência até 1971, instituição para a qual projetou diversas habitações económicas no Norte do país.
O seu vasto currículo é marcado por diversas experiências profissionais. Lecionou na ESBAP e, depois, na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto entre 1972 e 1999 (quando se jubilou era professor associado de nomeação definitiva). Foi consultor do CRUARB (Comissariado para a Renovação Urbana da Área Ribeira-Barredo), entre 1993 e 1997; Assessor da Administração do Porto de Lisboa para o Reordenamento da Zona Ribeirinha entre Algés e a Matinha, entre 1996 e 2002; presidiu ao Centro Português de Design (1998-2001), à Assembleia-geral da Cooperativa de Atividades Artísticas Árvore (2003-2006) e à Ordem dos Arquitetos (1999-2002).
Câmara Municipal de Matosinhos, 1983. Peça desenhada em papel vegetal, 51x35cm (FIMS).
Alcino Soutinho é autor de um diversificado conjunto de edifícios, como, por exemplo, o Castelo do Prado, o Edifício Delfim Pereira da Costa, o Palácio da Enseada e a Quinta das Sedas, em Matosinhos. De vários equipamentos, como o Auditório, a Biblioteca Florbela Espanca, a Câmara Municipal e a Torre Sinhá em Matosinhos. Da Bolsa de Derivados do Porto, da Marginal de Vila do Conde, de complexos habitacionais e de habitações unifamiliares - a de José Grade, em Portimão; a de Pinto Sousa e de Pina Vaz, ambas em Ofir; a de Pedro Soares, em Afife; a de Joaquim Matias, no Barreiro e a de António Santos, no Porto. O Arquiteto também concebeu projetos para museus e faculdades. Foi o caso do Museu do Neorrealismo, em Vila Franca de Xira, da Casa-museu Guerra Junqueiro, no Porto, do Centro Cultural de Alfândega da Fé, do Museu de Aveiro, do Museu/Biblioteca Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante, da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e dos cursos de Química e de Cerâmica, em Aveiro.
No âmbito das suas atividades como académico e como arquiteto proferiu conferências, participou em debates e mostrou a sua arte em exposições em Portugal e no estrangeiro. Publicou obras em livros e revistas de arquitetura (Portugal, Espanha, França, Holanda, Alemanha e Itália) e fez parte de júris de concursos públicos de Arquitetura e Planeamento. Entre estes destacam-se a Sala de Leitura da Biblioteca Municipal do Porto, o Reordenamento das Margens do Rio Tâmega após a construção da Barragem do Torrão, o Concurso de Ideias para louças e equipamentos sanitários para a Fundação de Serralves, a Valorização da Igreja de Santa-Clara-a-Velha, em Coimbra, a Remodelação dos Banhos de S. Paulo para a nova sede da Associação dos Arquitetos Portugueses e ainda as Novas Instalações da Secção Regional Norte da Associação dos Arquitetos Portugueses, os Novos Mercados do Porto, para a Câmara Municipal do Porto, o Concurso para o Logotipo do Núcleo Empresarial da Região de Vila Real, o Concurso para a Residência do Embaixador de Portugal em Brasília, o Concurso para Ampliação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Teatro Constantino Nery, em Matosinhos e o Centro Cultural de Gaia, em Vila Nova de Gaia.
Com a Pousada de S. Diniz de Vila Nova de Cerveira (1982), Alcino Soutinho obteve o prémio "Europa Nostra", da International Federation of the Protection of Europe's Cultural and Natural Heritage. E o prémio AICA (1984), da Secção Portuguesa dos Críticos de Arte, com o projeto Biblioteca-Museu Amadeo de Souza Cardoso e o Edifício dos Paços do Concelho, em Amarante.
Alcino Soutinho foi condecorado com a Medalha de Mérito das câmaras municipais de Matosinhos (1988) e de Vila Nova de Gaia (1992), com a Comenda da Ordem Militar de Santiago de Espada (1993), com o título de Cidadão Honorário da Câmara Municipal de Matosinhos (2007) e com a Medalha de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura (2013). Era membro da Associação Portuguesa de Designers, do Conselho Científico da Escola Superior de Arte e Design (ESAD), do Comité Científico da Revista Housing (Itália), da Comissão Consultiva para a atribuição de Bolsas de Estudo de Especialização do Serviço de Belas-Artes, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Morreu no Porto a 24 de novembro de 2013, aos 83 anos de idade.
Em 2014 foi celebrado o contrato de doação do arquivo e biblioteca do arquiteto Alcino Soutinho à Fundação Marques da Silva, que se responsabilizou por salvaguardar, valorizar, preservar, estudar, e divulgar este acervo, nomeadamente, no âmbito do Centro de Documentação e Investigação de Cultura Arquitetónica (CICA).
Sobre Alcino Soutinho (up.pt)
SI Alcino Soutinho | Fundação Instituto Marques da Silva (up.pt) Fundação Marques da Silva acolhe acervo de Alcino Soutinho (up.pt)
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