DE ALMA CHEIA
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Sempre gostei da expressão “de alma cheia”. Mesmo aqueles que acreditam que não têm alma certamente que já a sentiram. É uma sensação física diferente, por exemplo, da paixão. Estou a pensar na energia impetuosa do primeiro beijo que nos põe em bicos de pés, sobe pelas pernas e braços, toma o pescoço e dá várias voltas ao cérebro antes de transbordar pela boca. É diferente também do desvelo que experimentamos quando olhamos para os nossos filhos. Aí sentimos que o coração está diretamente ligado aos olhos que se deixam transbordar em forma de sorriso. A sensação da alma cheia não transborda. A satisfação que comporta vive, precisamente, da sua contenção, do preenchimento de todos os vazios da nossa caixa peitoral. Foi assim que me senti várias vezes ao longo dos últimos dias. Foi assim que me senti quando fui à apresentação do site do projeto Bowing na Fundação Calouste Gulbenkian. Madalena Victorino fez acontecer, no Alentejo, o improvável – e fê-lo através da arte, da música e da dança. O projeto BOWING, que concebeu e desenvolveu coadjuvada por Matilde Real e Inês Melo Sousa, envolveu centenas de trabalhadores da população migrante do concelho de Odemira. Ao longo de três anos, a equipa da Lavrar o Mar explorou múltiplas formas de integração desses “trabalhadores das estufas” e das suas famílias, e deu visibilidade e granjeou respeito para a cultura e história desses novos habitantes do Alentejo. O site do projeto (bowing.pt) deixa memória do trabalho desenvolvido. Prova que aconteceu – e que por isso poderá acontecer de novo. Não costumo ficar de alma cheia por causa de sites, mas este tem pessoas dentro.
Foi assim que me senti quando participei na sessão de apresentação do n.º 2 da revista Supernova, um projeto centrado na fotografia, no desenho, na ilustração e na arquitetura, e que, neste número, tinha como pretexto os conceitos de “lugar”, “memória” e “utopia”. Com uma apresentação gráfica original, que obriga o leitor a literalmente seguir as linhas do texto – por onde quer que elas se passeiem nas páginas –, a revista sublinha o importante papel socioantropológico da arquitetura, e, entre outras ideias, inspira-nos com o caso da Ilha da Bela Vista (e desespera-nos com o do Bairro do Aleixo). Na Casa comum, onde foi apresentada, a revista fez jus ao seu nome, mostrando o poder explosivo do sonho e da utopia – e quando se falou do direito das comunidades ao lugar e à memória, a sala foi tomada por uma magnífica inquietação.
Foi assim que me senti quando assisti, na Casa Comum, à projeção de 13 curtas-metragens de Alice Guy (1873-1968). Nunca ouvira falar dela, mas logo se inscreveu no universo urgente das minhas referências. Luísa Sequeira, que apresentou a realizadora francesa, falou das mais de 1.000 obras cinematográficas que Alice Guy dirigiu (hoje encontram-se preservadas apenas 120), de como a realizadora foi a primeira a utilizar filmes para narrar histórias (enquanto os irmãos Lumière filmavam cenas como a saída dos operários das suas fábricas) e a colorir a película para projetar imagens a cores, e de como inovou ao fazer close-ups ou a apresentar o primeiro filme com som síncrono, com recurso ao cronofone de Gaumont. Alice Guy agigantou-se na sala à medida que as suas curtas-metragens eram projetadas. E eu, na plateia, senti-me levitar: como a alma cheia não transborda, esse é, na verdade, um dos possíveis efeitos colaterais.
Nota: A sessão com filmes de Alice Guy foi a primeira do ciclo de cinema francês, Belle Époque e Liberdade, com curadoria de David Pinho Barros. O ciclo resulta da parceria com a Alliance Française de Porto e tem mais sessões marcadas para as próximas três sextas-feiras, às 21:30, na Casa Comum. Programa disponível em https://noticias.up.pt/u-porto-apresenta-ciclo-de-cinema-francofono.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Fevereiro, na U.Porto, é o mês de todas as... superstições!
O que é que sapos, salamandras, erva de arruda e "pedras de raio" têm em comum? Descubra a resposta em mais uma edição do "Breviário" do MHNC-UP. O "Breviário" de fevereiro revela quatro peças provenientes de três coleções do MHNC-UP. (Foto: U.Porto) Foto; U.Porto
"Sapos de chuva”, conhece a expressão? E salamandras de fogo? Já utilizou a planta de arruda? E uma “pedra de raio”… Conhece alguém que tenha? Estas são as peças que o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) vai expor no átrio principal da Reitoria da U.Porto ao longo do mês de fevereiro. Superstição é o tema do “Breviário” para o mês que agora inicia. Para esta edição, Helena Gonçalves, curadora da coleção dos Peixes, Anfíbios e Répteis do MHNC-UP, escolheu um grupo “mal amado” de animais: os anfíbios. “Distinguem-se dos répteis porque têm a pele nua, ao contrário dos répteis que têm escamas”, começa por explicar.
Alguns mitos urbanos e superstições apontam para a ocorrência de “chuvas de sapos”. O que poderá ser? Como surgiu esta expressão? Helena Gonçalves explica que “quer no outono quer no inverno, o sapo comum (espécie que teremos em exposição) sincroniza a sua reprodução com os dias de chuva. É nessa altura que todos juntos se deslocam para zonas próximas dos ribeiros onde se reproduzem”. É desta migração, normalmente em grande escala, que surge a expressão “chuva de sapos”.
Helena Gonçalves, curadora das coleções dos Peixes, Anfíbios e Répteis do MHNC-UP. (Foto: U.Porto)
Em exposição estará também um animal que, na mitologia grega, representava o elemento fogo: a salamandra de pintas amarelas, ou “salamandra de fogo”. “É um animal que vive também em ambientes húmidos”, afirma Helena Gonçalves. “Quando o ambiente fica mais seco, para a pele não secar, a salamandra tem tendência a esconder-se nos troncos, ou nas pilhas de madeira”. Ora, quando essa madeira é utilizada para fazer fogueiras, ao sentir o calor, naturalmente, foge. A sua coloração com manchas amarelas e/ou vermelhas contribui para este mito.
Segundo a crença popular, o manuseamento de alguns anfíbios, como as salamandras e os sapos, é muitas vezes considerado responsável por “males de pele”, afirmando-se também que a urina dos sapos provoca cegueira. Os espécimes que veremos em exposição foram recolhidos em Portugal e chegaram ao MHNC-UP no início do século XX.
Proteger das más energias
Mas nem só de “bichos” viverá o Breviário durante o mês de fevereiro. Cristiana Vieira, curadora das coleções do Herbário da U.Porto, selecionou uma planta medicinal, agora prensada e desidratada: a arruda. Utilizada por agricultores como proteção contra insetos predadores de outras plantas, é também, “em culturas europeias e não só, uma planta associada à superstição e às más energias”. Consegue afastar animais indesejados, como insetos, piolhos e pulgas graças à forte intensidade dos óleos essenciais que se conseguem extrair da planta. Cristina Vieira acrescenta que a planta está, muitas vezes, “associada à limpeza energética” dos espaços.
Uma crença popular que remonta aos tempos coloniais, de raiz africana,dita que, para se afastar os maus espíritos, se deveria usar um pequeno galho destas folhas por cima de uma orelha, ou que o galho seja mantido no ambiente. O espécime que temos foi colhido em Vila Nova de Foz-Côa, num local que, entretanto, foi inundado pela barragem do Sabor.
Cristiana Vieira, curadora das coleções do Herbário do MHNC-UP. (Foto: U.Porto)
Afastar raios e coriscos
A nossa capacidade de interpretar o que encontramos na natureza está subjacente na escolha de Rita Gaspar, curadora das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica do MHNC-UP. A peça arqueológica que selecionou é um machado de pedra polida. Porquê esta escolha? Quem encontrava estas pedras em terrenos agrícolas, que mais não são do que machados neolíticos, pensava estar perante “pedras de raio ou corisco” que “teriam caído naquela zona e solidificado”. Ao trazer o objeto para dentro de casa, a expectativa seria de proteção não só da casa, mas também dos terrenos “das descargas de eletricidade atmosférica”, nota a responsável do Museu.
O machado de pedra polida que estará em exposição na Reitoria foi colhido na freguesia do Crato, distrito de Portalegre, região do Alentejo, calculando-se que seja do período do Neolítico final.
Rita Gaspar, curadora das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica do MHNC-UP. (Foto: U.Porto)
Breviário: Um olhar sobre os tesouros da U.Porto
“Inaugurado” em abril de 2023, o Breviário é uma iniciativa que tem como objetivo partilhar a beleza, as particularidades e as origens de animais e objetos que habitam o espólio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, abrindo assim uma janela para o vasto património das reservas do MHNC-UP. Todos os meses, quem passar pelo átrio de entrada da Reitoria da U.Porto (Praça Gomes Teixeira), vai então encontrar um “tesouro” proveniente do MHNC-UP. Quando estiver junto da(s) peça(s) em exposição, basta apontar o telemóvel para o QR Code e para ficar a conhecer o/a respetivo/a curador/a e as histórias que tem para contar.
Se quiser saber mais sobre “os bastidores do museu”, pode inscrever-se e fazer uma visita às n/ reservas.
Fonte: Notícias U.Porto
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Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Bonecos de Barcelos: Identidade, Tradição e Criação Artística
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Infinitas Galáxias
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Belle Époque e Liberdade | Ciclo de Cinema Francófono
9, 16 e 23 FEV'24 | 21h30 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Habitação e habitat: 'Ilhas' e Bairros Populares no Porto e em Braga | Apresentação do livro
Apresentação de Livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Visitas guiadas à exposição Bonecos de Barcelos- Identidade, Tradição e Criação Artística
Visita Guiada | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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O CONTRABAIXO NOS SÉCULOS XX E XXI | Antonio Romero Cienfuegos, contrabaixo, Isolda Crespi Rubio, piano
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ecos de Abel Salazar Além-Mar / Over the Sea: Echoes of Abel Salazar
Exposição | Casa -Museu Abel Salazar Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras que não quero ver #2 | Escultura de Hélder Carvalho
Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Alumna da FBAUP na corrida aos Prémios Sophia Estudante 2024
A curta-metragem Défilement, realizada por Francisca Miranda, está nomeada para melhor curta-Metragem documentário e melhor cartaz.
Francisca Miranda é recém-licenciada em Design de Comunicação pela FBAUP. Foto: DR
A curta-metragem Défilement, da realizadora Francisca Miranda,
recém-licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), está nomeada nas categorias de melhor Curta-Metragem
Documentário e melhor Cartaz da 10.ª edição dos prestigiados Prémios Sophia Estudante 2024, promovidos pela Academia Portuguesa de Cinema e destinados a estudantes de cinema e audiovisual de todo o país. Em Défilement, obra que desenvolveu no âmbito do projeto final da licenciatura, a jovem realizadora transporta a audiência para as fotografias de maior folia do seu álbum de família: as dos dias de aniversário. É através das imagens que percorre a mesa cheia e revela os seus maiores desejos e frustrações e dos seus familiares mais próximos.
“Estou muito feliz com estas nomeações e por, finalmente, partilhar o cartaz do filme, que integra a minha irmã, à volta da qual se desenrola a narrativa, e que sintetiza para mim a curta de uma forma muito especial”, refere Francisca Miranda, acrescentando que "sempre fui uma contadora de histórias, e esse meu lado acaba por recair de uma forma ou outra nos projetos que vou desenvolvendo".
Lançada pela primeira vez em 2012, a iniciativa Sophia Estudante tem como objetivo incentivar e premiar futuros cineastas provenientes de estabelecimentos de ensino com cursos de cinema e audiovisual, dando-lhes a oportunidade de mostrarem os trabalhos desenvolvidos em contexto escolar.
A edição deste ano, que inclui a cerimónia de entrega dos Prémios Sophia Estudante 2024, vai decorrer entre os dias 22 e 25 de fevereiro, no Auditório Municipal de Albufeira.
Défilement está nomeado para a melhor Curta-Metragem Documentário e melhor Cartaz nos Prémios Sophia Estudante 2024.
Sobre Francisca MirandaNatural de Guimarães, Francisca Daniela Silva Miranda licenciou-se em Design de Comunicação na FBAUP, em 2023. A sua prática artística desenvolve-se a partir da apropriação, imagem-movimento e colagem, focando-se em provocar diálogo sobre assuntos da atualidade.
Desde 2022 que trabalha com o arquivo familiar para criar diálogos intergeracionais, tendo desta exploração já resultado projetos como Domingos e Défilement.
Além das nomeações aos Prémios Sophia Estudante 2024, a mesma curta metragem foi distinguida, no passado mês de novembro, com uma Menção Honrosa na Seleção Ensaios do Festival Caminhos do Cinema Português. Conta ainda com nomeações às mais recentes edições do PortoPostDoc International Film Festival (na categoria “Cinema Novo”) e do Ymotion – Festival de Cinema Jovem de Famalicão (na categoria de ” Melhor Curta Documental”).
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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90. Amor, se a morte vier não me apagues, Flor Campino Amor, se a morte vier não me apagues, de Flor Campino, in Sem arco nem flecha, Poética Edições,
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72. L derretir de la niebe i de l tiempo “… ye esso que la niebe mos trai de nuobo: al derretir-se, scuorre por eilha l tiempo…” Testo: Amadeu Ferreira (11 de Janeiro de 2010); Boç: Suzana Ruano.
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Inéditos de Fernando Pessoa em novo livro da U.Porto Press
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Envelopes Filosóficos: Filosofia & Heteronímia reúne textos inéditos de Fernando Pessoa e seus heterónimos, reveladores da dimensão filosófica da sua escrita e das suas múltiplas personalidades.
A seleção dos textos e coordenação da publicação ficou a cargo dos investigadores Nuno Ribeiro e Cláudia Souza (Introdução) e dos docentes Maria Celeste Natário (Prefácio) e Paulo Borges (Posfácio).
São textos inéditos de Fernando Pessoa, assinados pelo próprio ou pelos seus heterónimos, e fazem parte do “Espólio de Pessoa” – mais de vinte e sete mil documentos que o poeta português deixou numa arca, encontrada após a sua morte –, catalogado na Biblioteca Nacional de Portugal. O Espólio de Pessoa encontra-se dividido em envelopes, contendo uma quantidade variável de documentos. Envelopes Filosóficos: Filosofia & Heteronímia, coeditado pela U.Porto Press e pelo Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (IFUP), dá ao leitor “a oportunidade de ler documentos filosóficos transcritos diretamente do espólio do autor, bem como de publicações que o poeta e pensador publicou durante a sua vida”, assinalam na Introdução Nuno Ribeiro e Cláudia Souza, dois dos coordenadores deste novo título da coleção Transversal da Editora da U.Porto.
Como explica Maria Celeste Natário, docente do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), também coordenadora da publicação e autora do Prefácio, estes “Envelopes (…) constituíram base de reflexão para Seminários Abertos de Filosofia em Portugal, que decorreram em 2022”, na FLUP, tendo como convidados os investigadores Nuno Ribeiro, Cláudia Souza e Paulo Borges, “conhecidos hermeneutas da obra pessoana, designadamente no âmbito filosófico”.
Segundo a coordenadora do Grupo de Investigação “Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal”, do IFUP, no contexto do qual este volume se desenvolveu, o mesmo “contribuirá para recolocar a obra pessoana no universo da Filosofia”, sendo este “o espaço, por excelência, onde o seu pensamento se inscreve”.
Fernando Pessoa, a Filosofia e os seus "outros Eus"
Ao folhear este livro o leitor encontrará textos filosóficos assinados pelo próprio Pessoa, mas também por Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou Álvaro de Campos – seus conhecidos heterónimos – e ainda “outros eus pessoanos ainda pouco divulgados”: Charles Robert Anon, Horace James Faber, Alexander Search, A. Moreira, Faustino Antunes, Frederick Wyatt, António Mora ou Raphael Baldaya. Para além de revelar uma faceta menos conhecida da obra de Pessoa – a dimensão da sua escrita enquanto pensador filosófico – esta publicação mostra que o autor, na redação dos seus textos, “ao mesmo tempo que constrói filosofia, se desdobra noutros eus, isto é, noutras personalidades que pensam, produzem e assinam importantes reflexões filosóficas”, contam Nuno Ribeiro e Cláudia Souza.
“Fac-símile” das duas páginas do texto filosófico intitulado “Essay on Intuition” assinado por A. Moreira & Faustino Antunes [BNP/E3, 146 146 – 30]. / FOTO: DR.
Se, por um lado, a Biblioteca Particular do poeta e prosador português é prova da “multiplicidade das suas leituras, que estão na base da sua produção textual”, as suas listas de leituras de índole filosófica são, por outro lado, “testemunho do seu interesse pela Filosofia”, atestando, também, “o vasto conhecimento que tinha dos diversos autores e temas filosóficos”. Este título está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%. Sobre os Coordenadores
Nuno Ribeiro é investigador do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT, NOVA – FCSH) e autor de mais de 20 edições sobre a obra de Fernando Pessoa publicadas na Europa, no Brasil e nos Estados Unidos. Doutorou-se em Filosofia com uma tese sobre o espólio filosófico de Fernando Pessoa intitulada Tradição e Pluralismo nos Escritos Filosóficos de Fernando Pessoa. Cláudia Souza é doutora em literaturas de língua portuguesa e investigadora do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. É autora de inúmeras edições e ensaios sobre a obra de Fernando Pessoa publicados na Europa, no Brasil e nos Estados Unidos. Publicou mais de 20 edições do espólio de Fernando Pessoa.
Paulo Borges (Lisboa, 1959) é Professor no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de Filosofia da mesma Universidade. É autor e organizador de 65 livros de ensaio filosófico, aforismos, poesia, ficção e teatro, publicados em Portugal, Espanha e Reino Unido.
Maria Celeste Natário é Professora Associada no Departamento de Filosofia da FLUP, onde se doutorou. Coordena o Grupo de Investigação “Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal”, no IFUP, onde tem promovido o diálogo entre Filosofia e Culturas de Língua Portuguesa, bem como entre Filosofia e Literatura.
Fonte: U.Porto Press
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Alunos Ilustres da U.Porto
Álvaro Lapa
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Álvaro Carlos Dinis Lapa nasceu em Évora a 31 de julho de 1939. Aos oito anos de idade foi separado da família, após a prisão do pai, um trágico acontecimento que motivou a mudança de residência da mãe e dos dois irmãos mais novos para o Barreiro, onde esta encontrou trabalho, ao passo que Álvaro foi entregue aos cuidados dos padrinhos.
Durante o seu período inicial de formação contactou com duas grandes figuras da cultura portuguesa: em 1950, recebeu lições de pintura do artista António Charrua (1925-2008), com o intuito de melhorar a sua classificação na disciplina de desenho; nos 6.º e 7.º anos, foi aluno do escritor Vergílio Ferreira (1916-1996), circunstância que o levou a escrever poesia.
Uma vez concluídos os estudos liceais fixou-se em Lisboa, em 1956. Nos dois anos seguintes frequentou a Faculdade de Direito e durante este período publicou um texto sobre Kafka e participou numa "Missão de Arte" em Évora, na qual conviveu com o expressionismo abstrato. Pouco depois, trocou o Direito pela Filosofia (1960-1962) e viajou até à capital francesa (1961), onde contactou com artistas próximos dos Surrealistas e com a emergente arte americana.
Em 1962 começou a pintar juntamente com o amigo Joaquim Bravo (1935-1990), lecionou Português no Ensino Técnico de Estremoz, conheceu o artista António Areal (1928-1978), que muito o influenciou, e casou com a colega de faculdade Maria Helena Azevedo. No ano seguinte foi afastado da Função Pública, por suspeita de ser um ativista de esquerda, e viu nascer Hugo, o seu primeiro filho.
Em 1964 continuou a estudar Filosofia e expôs pela primeira vez de forma individual, na Galeria 111, em Lisboa. A partir desta data passou a mostrar regularmente a sua pintura no circuito artístico nacional.
Um ano depois voltou a ser pai, desta vez de Frederico, e transferiu-se para Lagos, onde retomou a convivência com o escultor João Cutileiro (1937-2021).
No final dos anos sessenta nasceram os filhos Sofia (1968) e Raul (1969). Entretanto, Álvaro Lapa recebeu os primeiros de vários prémios de pintura (2.º Prémio na Exposição da Queima das Fitas de Coimbra, de 1968, e o 3.º Prémio I Salão de Arte de Lagos, em 1970). Viajou até à Escandinávia (1970), onde experimentou novas formas de arte.
Em 1971 regressou a Lisboa, viajou pela Europa e pelo Norte de África e separou-se da mulher. No ano seguinte, escreveu sobre Joaquim Bravo, em Lagos e em Évora. Em 1973, atormentado por problemas psíquicos, encontrou apoio no amigo Cutileiro, que o incentivou a mudar-se para o Porto, e na nova companheira, a pintora Maria José Aguiar.
Ultrapassado o período de turbulência emocional, escreveu três obras literárias (Raso como o Chão, em 1974, Barulheira, em 1976, e Porque Morreu Eanes, em 1977). Tendo resolvido retomar os estudos, concluiu o curso de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1975). Em 1976 ganhou uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e voltou a ensinar - inicialmente, no Ciclo Preparatório da Póvoa de Varzim, depois na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
No início dos anos oitenta nasceu a sua filha Violeta (1980) e casou com Maria José Aguiar (1981).
Nos anos seguintes, travou conhecimento com José-Augusto França (1922-2021), historiador e crítico de arte, que passou a orientá-lo na sua tese de doutoramento sobre o Surrealismo em Portugal, e conheceu o poeta e artista António Dacosta (1914-1990).
Em 1998, os "Artistas Unidos" estrearam "MIKADO", na antiga fábrica Mundet do Seixal, um espectáculo realizado a partir de textos de Álvaro Lapa, Alberto Cinza e William Burroughs, da autoria de João Meireles e Joaquim Horta, com produção de Catarina Saraiva e Pedro Gaderet.
Em 2003, decorou a Estação de Metro de Odivelas, do Metropolitano de Lisboa.
Álvaro Lapa faleceu em fevereiro de 2006. Deixou a obra de um homem livre e criativo, filósofo de formação e artista autodidata, que dedicou a sua vida à Pintura e à Arte, duas atividades indissociáveis e complementares na sua obra.
Sobre Álvaro Lapa (up.pt)
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