NÃO DISCORDO

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Sempre tive dificuldade em escolher a cor dos meus carros (não é que tenha tido muitos, foi um de cada vez, e agora nem tenho nenhum). Branco? Parece que viajo dentro de um frigorífico. Castanho? Nem pensar. Preto? Não quero um carro funerário. E por isso quando, nos anos 80 – uma época em que a paleta disponível para carros era monótona e reduzida –, tive de escolher a cor do meu minúsculo AX, optei pelo vermelho Ferrari (compreendem a ironia?). O meu segundo carro foi ainda mais disruptivo: apaixonei-me por um Clio azulão a fugir para o roxo. Levei-o para casa com orgulho, mas apanhei um choque de realidade quando um vizinho me perguntou se eu tinha comprado o carro numa promoção: na sua cabeça, só assim teria sido possível eu ter ficado com um carro daquela cor.


Mais tarde, num café com amigos (e com o carro estacionado lá fora), contei, a rir, a história da cor do carro. Um dos presentes, conhecido pela sua diplomacia, olhou para o carro pela vidraça e o único comentário que me conseguiu oferecer foi: “A cor não é desinteressante”. Quase borrifei os convivas com o galão que estava a tomar. O meu amigo tinha recorrido à litotes para não ferir os meus sentimentos.


A litotes é uma figura de retórica através da qual se afirma algo negando-se o seu contrário. Foi isso que o meu amigo fez: em vez de afirmar que a cor do carro era interessante, utilizou o antónimo do vocábulo e construiu a frase na negativa. O resultado: por um lado, suavizou a mensagem; por outro, impregnou-a de ironia. Estas “proposições negativas de predicado negativo” – lembra-nos Augusto Saraiva no manual para a disciplina de Filosofia do 7.º ano liceal, amplamente lido nos anos 60 e 70 – obedecem à regra “a negação da negação equivale à afirmação”.


No Renascimento, muita da fina ironia que presidia aos textos dos humanistas era conseguida com recurso à litotes – e hoje continua a ser um instrumento precioso. Recordando esta história, no domingo passado, em casa de um amigo, exercitámo-nos a imaginar a utilidade, para a nossa vida profissional e social, da figura de estilo. “X não é feia”; “Y não é insensato”; “o tamanho de Z não é desproporcionado”. E aquela de que mais gostei – e que passarei a usar como ferramenta apaziguadora para certas reuniões: “Não discordo, mas...”.


A litotes é uma figura de pensamento que nos faz abrandar. Dizendo pouco, sugere muito. No ritmo vertiginoso das nossas vidas, vejo como saudável termos de, por vezes, parar para prestarmos atenção àquilo que verdadeiramente nos quer dizer o nosso interlocutor.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Há "Música como ato de resistência" para ver na Casa Comum

Ciclo de cinema britânico começa no dia 1 de março e prolonga-se durante todo o mês, sempre à sexta-feira. A entrada é livre. 

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Control, o aclamado «biopic» de Ian Curtis realizado por Anton Corbijn, passa na Casa Comum na tarde/noite de 15 de março. Foto: DR

Música como ato de resistência/ Music as an act of resistance é o título do ciclo de cinema que promete animar os finais de tarde de março no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. Em exibição estarão testemunhos fundamentais – incluindo uma entrevista inédita de Sid Vicious, vocalista dos Sex Pistols – que ajudam a contextualizar os principais movimentos sociais da nossa história mais recente.


Bandas icónicas como os Sex Pistols ou os Clash representam a face mais visível de todo um movimento de revolta e  critica social feroz que se insurgiu contra a política governamental  britânica, nomeadamente durante o mandato de Margaret Thatcher como  primeira-ministra, que teve início em finais da década de 1970 e se prolongou pela década de 1990. Um impulso criativo que acabou por  influenciar o panorama musical do resto do mundo.


Neste ciclo de cinema, o público vai poder ter acesso a imagens de  arquivo inéditas, seguir o trajeto de elementos de bandas absolutamente  marcantes, como os Joy Division, ou mergulhar no universo único e  irrepetível da comunidade musical de Manchester dos anos 1970 a 1990.


O programa arranca logo a 1 de março, com a exibição de The Filth and the Fury ((2000), de Julien Temple. Recorrendo a imagens de arquivo inéditas,  recortes raros e muitos detalhes hilariantes da “cultura lixo do  pré-punk” dos anos 70, este documentário do rock é também uma história  social. Entrelaçando uma comovente e inédita entrevista de Sid Vicious com citações contemporâneas dos Sex Pistols sobreviventes, o filme expõe um lado humano da banda nunca antes visto.

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The-Filth-the-Fury é o filme de arranque deste ciclo de cinema britânico. (Foto: DR)

Na tarde de 8 de março, será exibido Babylon (1980), de Franco Rosso. Este filme segue o trajeto de um DJ de reggae, Brinsley Forde, vocalista do grupo britânico Aswad do Ital 1 Lion Soun System, em Brixton, sul de Londres, na era  Thatcher. Enquanto persegue as suas ambições musicais, o jovem DJ tem  pela frente uma luta feroz contra o racismo e a xenofobia dos  empregadores, vizinhos, polícia e extremistas de direita da Frente Nacional.


Control (2007), de Anton Corbijn, é o filme que se segue, no dia 15 de março. Esta biografia de Ian Curtis conta a história do vocalista dos Joy Division desde os tempos de estudante, em 1973, até ao suicídio, aos 23 anos, na véspera da primeira tour americana da banda em 1980. Pelo meio,  assiste-se ao crescimento de um adolescente, apaixonado por David Bowie,  depois influenciado pelo movimento punk, inspirado pelos Sex Pistols,  até se tornar uma estrela em ascensão da new-wave. O filme explora ainda a forma como Ian Curtis foi resistindo às diferentes  pressões que sentia, a epilepsia, o casamento fracassado, as relações  amorosas e a dependência dos elementos da banda.


O ciclo termina com outro filme icónico que envolve um clube que se tornou uma lenda. Ao final da tarde de 22 de março, Dia da Universidade, passa o 24 Hour Party People (2002), de Tom Bruggen e Michael Winterbottom. Esta comédia dramática  biográfica retrata a comunidade musical popular de Manchester, desde o  início da era punk rock, em finais dos anos 1970, até a entrada em cena  da “onda Madchester” de finais dos anos 1980 e início dos anos 1990.  Qual o epicentro de todo este fenómeno? A Factory Records.

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O ciclo encerra a 22 de março, com a exibição de 24-Hour-Party-People. (Foto: DR)

Esta curta temporada de filmes é organizada pelo Departamento de  Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), em conjunto com a Associação Luso-Britânica do Porto e a Casa Comum.


As sessões têm início às 18h30 e serão apresentadas por um membro da equipa do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da FLUP.


A entrada é livre, ainda que limitada à lotação da sala. 


Fonte: Notícias U.Porto

U.Porto Press lança catálogo da exposição "Bonecos de Barcelos"

O catálogo vai ser apresentado no próximo dia 4 de março, na Casa Comum (à Reitoria). Exposição inédita pode ser visitada até 2 de março.

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Patente desde novembro passado nas galerias da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, a exposição Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação reúne cerca de 200 peças provenientes do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) e das doações dos arquitetos Alexandre  Alves Costa e Sergio Fernandez. Com chancela da U.Porto Press, o catálogo da exposição será lançado no próximo dia 4 de março, às 18h00, na Casa Comum.


“A cerâmica figurativa de Barcelos constitui uma das mais belas e  intrigantes manifestações da cultura e da identidade portuguesas”,  afirma, no prefácio da obra, o Reitor da U.Porto.


“Delirante, quase alucinada, parece confirmar a cada boneco, a cada  esgar dos seus desorbitados olhos, a ideia segundo a qual as mãos dos  artesãos das freguesias de Galegos São Martinho e Galegos Santa Maria  possuem um misterioso poder demiúrgico, singular ao ponto de combinar as  mais arreigadas manifestações de religiosidade com figuras de feição  pagã, quase demoníacas”, sublinha António de Sousa Pereira. 


Mais do que “um gesto de reconhecimento e de gratidão”, a realização  da exposição e a produção deste catálogo manifestam “um compromisso: ao  zelo, à dedicação, à confiança e à generosidade dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez”. A estes, refere o Reitor, “retribuirá a  Universidade do Porto com a firme determinação de tudo fazer para  preservar e continuar a divulgar o extraordinário acervo que nos  legaram”.


Alves Costa e Sergio Fernandez eram ainda estudantes da Escola  Superior de Belas Artes do Porto (precursora da Faculdade de Belas Artes  da U.Porto) quando decidiram questionar o imaginário criado pelas  narrativas do Estado Novo. Com o objetivo de contextualizar as coleções  na dinâmica identitária do país, nas décadas de 1950 e 1960, falam do  “Portugal rural” que encontram quando, ainda com 20 anos, decidiram  viajar por “montes e vales, muitas vezes a pé, do Alto Minho a  Trás-os-Montes e ao Alentejo”.


Entre sentimentos de deslumbramento e revolta, sentiram-se “esmagados  pelo paradoxo da beleza e da autenticidade sem retoques e da miséria,  da falta de instrução e de cuidados de saúde, tantas vezes sem garantia  da própria sobrevivência”.


Os dois arquitetos prestam ainda homenagem ao professor António Quadros e à sua aproximação pioneira ao figurado de Barcelos, “logo  seguido por um grupo maior de artistas”, tendo, assim, chamado a atenção para esta “expressão da arte popular”. Entre todas as mensagens possíveis, que se poderiam extrair da exposição, elegem uma: a  divulgação do figurado “na sua totalidade, como obra de arte e não como  objeto de investigação antropológica ou etnográfica, colocando-o, assim,  no território da História da Arte”.

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A exposição Bonecos de Barcelos –  Identidade, Tradição e Criação Artística pode ser visitada até 2 de  março, nas galerias da Casa Comum. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

O catálogo apresenta ainda textos de João Leal (CRIA/FCSH – UNL),  José Carlos Pereira (FBAUL/CIEBA), Maria Fernandes (Museu de Alberto Sampaio / Museus e Monumentos de Portugal), Rita Gaspar (MHNC-UP), Rita  Maia Gomes (IHA NOVA FCSH/IN2PAST), Sónia Vespereira de Almeida (CRIA /  FCSH – UNL/IN2PAST), Sergio Fernandez e Alexandre Alves Costa.


Para além das fotografias das peças, de autoria de Egidio Santos, o Catálogo de Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística faz todo um mapeamento da exposição com recurso a plantas de  arquitetura, fotografias, desenhos etnográficos, capas de revistas, quadros, postais e outros documentos que contextualizam os caminhos que  obedeceram à construção deste itinerário de vida.


A sessão de apresentação do catálogo contará com a presença da Vice-Reitora para a Cultura e Museus, Fátima Vieira, e dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez.


A entrada é livre. 


Fonte: Notícias U.Porto

Fevereiro/Março na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Bonecos de Barcelos: Identidade, Tradição e Criação Artística

De 13 NOV'23 a 02 MAR'24
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Infinitas Galáxias

 22 JAN a 06 ABR'23 
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Gemas, Cristais e Minerais

 18 DEZ'23 
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

U.PORTO ARGUMENTA, com Sociedade de Debates da U.Porto

29 FEV'24 | 18h30
Debate |  Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Visitas guiadas à exposição Bonecos de Barcelos- Identidade, Tradição e Criação Artística

2 MAR'24 | 15h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Music as an act of resistance | Ciclo de cinema britânico

1, 8, 15 e 22 MAR'24 | 18h30
Cinema |  Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Casalinho do Diabo, de Jerónimo Rocha

2 MAR'24 | 16h00
Apresentação de livro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Tardes de Matemática | O universo das Formas e a Forma do Universo

 16 MAR'24 | 16h00
Ciência, conversa |  Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Dues | O Cancioneiro Transmontano Revisitado

16 MAR'24 | 19h00
Música | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Aquele que é digno de ser amado, de Abdellah Taïa

 11 MAR'24 | 18h00
Apresentação de Livro | Casa do Livro
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sombras que não quero ver #2 | Escultura de Hélder Carvalho

A partir de 20 SET'23
Exposição | FPCEUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

PHOSPHORUS (ENTRE VÉNUS E LÚCIFER) em cena em Matosinhos, no Teatro Municipal Constantino Nery

A peça de teatro, da autoria de Manuel João Monte, estreia a 28 de fevereiro. Os espetáculos desse dia e de 2 de março, ambos pelas 21h30, destinam-se ao público em geral.

U.Porto press

PHOSPHORUS (ENTRE VÉNUS E LÚCIFER) foi a quarta peça de teatro de Manuel João Monte a integrar a coleção Fora de Série, da U.Porto Press. Em 2023 foi incluída no Plano Nacional de Leitura 2027, arrecadando o selo Ler +. / FOTO: U.PORTO PRESS


Esta não será a primeira vez que uma peça de teatro de Manuel João Monte pisa os palcos. Em 2019, O Bairro da Tabela Periódica,  a primeira da autoria do antigo docente do Departamento de Química e Bioquímica (DBQ) da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto  (é atualmente Professor Convidado) –, distinguida em 2021, com o prémio José Mariano Gago, da Sociedade Portuguesa de Autores –, passou por salas de espetáculos em Oeiras, Coimbra e Porto.


Entre os próximos dias 28 de fevereiro e 2 de março Phosphorus (Entre Vénus e Lúcifer) será “a estrela da companhia” no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery.


Com encenação de Nuno Sá, esta coprodução da companhia TriActo, da  Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) e da Câmara Municipal de  Matosinhos, com o apoio da U.Porto Press, tem estreia marcada para 28 de fevereiro, pelas 21h30, e um último espetáculo agendado para 2 de  março, à mesma hora. Estes dois espetáculos destinam-se ao público em  geral, enquanto que os de 29 de fevereiro e 1 de março são reservados  aos estudantes do ensino secundário.


A trama inclui divertidos aspetos da descoberta do fósforo pelo  alquimista Hennig Brandt, em 1669, e referência a questões ambientais  que estão na ordem do dia.


Segundo a TriActo, O espetáculo desenrola-se em dois ambientes: o  alquímico do século XVII, tendo como cenário a casa de Hennig Brandt, e o  da modernidade, de mais um “Happening” do século XXI. 


Informações adicionais aqui.

U.Porto press

Sobre a Obra


Em Phosphorus (Entre Vénus e Lúcifer)  o “ator principal” é o fósforo, descoberto acidentalmente em 1669 por  Hennig Brandt, durante tentativas de produção de ouro a partir de urina. Sendo o seu símbolo químico o “p”, em inglês pronunciado como “pi”,  ironicamente semelhante ao termo, também inglês, “pee” (urina), esta é,  segundo Manuel João Monte, “uma das piadas químicas mais interessantes”.


A peça toca, também, temas e preocupações da atualidade, como a  sustentabilidade da vida, os problemas ambientais e a escassez dos  recursos minerais do fósforo. Segundo o autor, apesar de ser um  “nutriente fundamental para o crescimento das plantas”, ele escasseia  “perante as necessidades básicas de uma população que já atingiu os oito  mil milhões”.


Tal como as três peças anteriores de Manuel João Monte, Phosphorus (Entre Vénus e Lúcifer) foi publicada pela U.Porto Press, na Coleção Fora de Série, tendo em 2023 sido incluída no Plano Nacional de Leitura, segundo recomendação do 2.º semestre, arrecadando o selo Ler +, à semelhança de O Bairro da Tabela Periódica.


Este título está disponível na loja online da U.Porto Press, com 10% de desconto.

Sobre o autor


Manuel João Monte jubilou-se em agosto de  2019, sendo atualmente Professor Associado Convidado do DBQ/FCUP.  Coordena o grupo de investigação em Termodinâmica Molecular e Supramolecular do Centro de Investigação em Química da U.Porto. Traduziu  para português as peças de Ciência-no-Teatro Oxigénio (2005), de Carl Djerassi e Roald Hoffmann, e Falácia (2011), de Carl Djerassi, publicadas pela Editora da U.Porto. É autor da peça O Bairro da Tabela Periódica (U.Porto  Press, 2019), tendo sido galardoado, em 2021, com o prémio José Mariano  Gago, da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2020 escreveu a peça Arsenicum e, em 2021, Que Coisa é o Mundo (O Estado Dogmático) –, esta em coautoria com Sofia Miguens –, também publicadas pela U.Porto Press.


Em 2023 as suas peças Phosphorus (Entre Vénus e Lúcifer) e O Bairro da Tabela Periódica foram incluídas no Plano Nacional de Leitura 2027, segundo recomendação do 2.º semestre, arrecadando o selo Ler +. 


Fonte: U.Porto Press

ICBAS e Museu Soares dos Reis lançam ciclo de visitas orientadas

A exposição de longa duração do MNSR é o ponto  de partida para o novo ciclo de visitas guiadas por docentes do ICBAS e  gestores de coleção do museu.

U.Porto press

Foto: Rui Pinheiro


O Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto dão início, no próximo mês de março, a um novo programa de parceria, intitulado Olhares em Diálogo no Museu Nacional Soares dos Reis. Ciclo de Visitas Orientadas a Duas Vozes, MNSR-ICBAS.


A iniciativa, numa primeira fase, é dirigida aos estudantes e  profissionais do ICBAS. A ideia é proporcionar visitas temáticas que  irão explorar as ligações entre a medicina, as ciências da vida e da  saúde e a arte, colocando lado a lado as visões e perspetivas de  gestores de coleção do Museu e de docentes do ICBAS.


Para o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho,  esta é uma proposta que “procura dar continuidade a um projeto iniciado  em 2021, onde abrimos as portas ao Museu para a exposição de pintura  Ciclo da Vida, mas também é o reafirmar da nossa visão para uma formação integrada e alargada dos nossos estudantes, onde a arte assume  um papel fundamental, no seu desenvolvimento como profissionais e como  pessoas”.


António Ponte, Diretor do Museu Nacional Soares dos  Reis, nota por sua vez que esta iniciativa “vem reforçar a relação de  parceria institucional com o ICBAS, no seguimento da atividade realizada  em 2021/2022. No âmbito do programa Outros Lugares, a partir da alegoria Quatro Estações, o MNSR levou ao ICBAS uma série de quatro  telas do século XVII, que estabelecia uma relação com as diferentes fases da vida do Ser Humano. Agora abrimos as portas do MNSR para receber toda a comunidade do ICBAS num ciclo de visitas que, por certo,  possibilitará compreender como a arte e ciência, duas áreas de  conhecimento muitas vezes tidas como distintas, podem ser aliadas e  contribuir para uma melhor qualidade de vida”.


"Fontes e Fontanários – a água e a cidade", "O Homem, os Animais e o  Ambiente – do trabalho, da companhia até à subsistência", "Soares dos  Reis e a Relação com a Anatomia Humana", "Entre Viagens, Portugueses e Genes" são os temas das visitas a realizar durante os meses de março e  abril. 


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

 93. Desfocado, Daniel Maia-Pinto Rodrigues 

 “Desfocado”, de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in Turquesa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, dezembro de 2019.

9. Ricardo Rio

No Alumni Mundus (Carreiras Imprevistas) de hoje conhecemos  Ricardo Rio, que nasceu em Braga e se licenciou em Economia na Faculdade  de Economia da Universidade do Porto, onde completou também a parte  curricular do mestrado em Economia. Concluiu ainda o curso avançado de  Estudos Políticos do Instituto de Estudos Políticos da Universidade  Católica Portuguesa, em Lisboa.  Desde 2013 que Ricardo Rio é presidente  da Câmara Municipal de Braga – onde, aliás, era vereador desde 2005 –  mas a sua carreira é extensa e os cargos que assumiu foram variados,  inicialmente ligados à área financeira e empresarial, e depois  dirigindo-se para a área do poder local, onde é de realçar a sua ativa  participação em diversos organismos nacionais e internacionais ligados à  cooperação, ao desenvolvimento estratégico e à gestão municipal e  regional.



Mais podcasts AQUI


Novo livro da U.Porto Press, FIMS e Instituto de Filosofia revela obra inédita de Raul Leal sobre Fernando Pessoa

Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro (Textos sobre e para Fernando Pessoa) será apresentado publicamente na FIMS, a 27 de fevereiro.

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A obra, que integra a coleção Transversal da U.Porto Press, tem coordenação científica de Rui Lopo (edição literária), Maria Celeste Natário (Prefácio) e Renato Epifânio (colaboração na transcrição) / FOTO: UPORTO PRESS.


Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro traz à luz do dia Textos sobre e para Fernando Pessoa, escritos por Raul Leal e pertencentes ao espólio do arquiteto Fernando Távora, que ao longo de  décadas colecionou na sua biblioteca “parte substantiva de obras de  autores do modernismo português”, lê-se no Prefácio desta publicação.


Este volume decorre de um trabalho realizado no âmbito do Grupo de  Investigação “Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em  Portugal”, do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (IFUP), e é publicado em parceria com a Fundação Marques da Silva (FIMS) e a U.Porto Press, na sua coleção Transversal.


Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro. Textos sobre e para Fernando Pessoa será apresentado publicamente na próxima terça-feira, 27 de fevereiro, pelas 18h30, na FIMS.


A sessão, que será presidida por Fátima Vieira,  Presidente da FIMS, Vice-Reitora da U.Porto para a Cultura, Museus, contará também com a presença dos coordenadores científicos da obra, Rui Lopo, Maria Celeste Natário e Renato Epifânio, para uma conversa sobre o livro, sobre Raul Leal, enigmática figura da geração de Orpheu, sobre literatura modernista em Portugal e o seu contexto filosófico e cultural.


A entrada é livre, apenas sujeita à lotação do espaço.

A obra e o seu legado para o futuro


O acervo do arquiteto Fernando Távora, doado à Fundação Marques da  Silva após a sua morte, é particularmente rico no que toca ao modernismo  português, sendo “um dos exemplos maiores da riqueza documental deste  acervo (…) o conjunto de inéditos manuscritos de Raul Leal sobre  Fernando Pessoa”, afirma Maria Celeste Natário no seu Prefácio.


A também docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto  (FLUP) salienta a relevância destes documentos para “incrementar o  estado da arte dos estudos sobre Fernando Pessoa”, bem como o  “conhecimento do polémico autor modernista de Sodoma Divinizada”.


Na sua Apresentação da obra, Renato Epifânio refere-se à forma como  este volume foi concretizado, dando conta de dificuldades encontradas,  relacionadas ora com a “grafia excêntrica” de Raul Leal, ora  com rasuras dos originais – das quais procuraram dar conta, por  revelarem “o trabalho de releitura e revisão do autor” –, ora com a  (i)legibilidade dos manuscritos – “nalguns casos, quase impossível”.


Ainda assim, Renato Epifânio aponta um balanço “amplamente positivo” do  trabalho realizado, explicitando a opção dos coordenadores por publicar  “a transcrição dos textos conjuntamente com a reprodução digital dos  mesmos e de uma extensa anotação exegética e hermenêutica”.

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“Fac-símile” de um texto de Raul Leal [P.1 e P.2, pp. 136 e 138 do livro]. / FOTO: DR.


Considera este trabalho como um “primeiro passo visível do muito que há  ainda a fazer”: dar a conhecer a transcrição dos manuscritos de Raul  Leal, integrando-os na história do pensamento português, enquanto  contributo “para uma leitura mais complexa deste que é um dos mais  originais pensadores portugueses do século XX (…), não só pela sua  leitura original sobre Fernando Pessoa, como, a partir dela, pela  proposta filosófica própria”.


Segundo Maria Celeste Natário, o conjunto de textos incluídos neste  livro – com edição literária de Rui Lopo e colaboração na transcrição de  Renato Epifânio – “procura dar conta do contributo de Leal para a  História da Filosofia em Portugal, em relevante diálogo com a obra de  Fernando Pessoa”, ficando claro, pela sua leitura, que “para este  pensador a poesia de Pessoa exige uma leitura à luz da história da  filosofia”.

Pessoa pela "lente" de Leal e Leal pela "lente" de Pessoa


Segundo Rui Lopo, o momento em que Leal e Pessoa se conheceram terá sido para Leal “como que um reconhecimento”,  dado considerar que, “mesmo antes de se conhecerem, já Pessoa  comungaria de algumas das suas próprias concepções filosóficas  fundamentais”.


Por outro lado, registos de Fernando Pessoa, datados de 1915, dão  conta de “leitura em comum e de entendimentos partilhados”, porventura a  partir de 1914. Na Introdução a esta obra, Rui Lopo nota que “Pessoa  regozija-se com a apreciação e compreensão que Leal demonstra dos poemas  seguramente inéditos que lhe vai lendo (…)”.


Ao longo dos seus textos, Raul Leal refere-se por diversas vezes a  Pessoa como “grande amigo”, “um dos oito maiores de Portugal”, enquanto  autor, “artista-pensador” ou “velho companheiro das lutas de Orpheu”  (juntamente com Mário de Sá-Carneiro, que também vai recordando).


A edição de 1960 da sua obra Sindicalismo Personalista foi,  aliás, dedicada “À memória sagrada do meu grande amigo Fernando Pessoa,  alto espírito que trago sempre na minha alma criadora, iluminando-me o  pensamento, o sonho e a vida”.


Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro. Textos sobre e para Fernando Pessoa está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%. 


Fonte: U.Porto Press

Alunos Ilustres da U.Porto

Américo Pires de Lima

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Américo Pires de Lima


Américo Pires de Lima, filho de Fernando Pires de Lima, nasceu em Areias, Santo Tirso, a 23 de fevereiro de 1886.


Fez os estudos liceais no Porto, diplomou-se em Farmácia e frequentou o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Ainda estudante, realizou diversos trabalhos no Laboratório Nobre, tais como análises a amostras de leite de consumo no Porto, entre 1909 e 1910, e foi assistente das aulas práticas de Bacteriologia no ano letivo de 1910-1911.


Ao longo do curso, obteve classificações elevadas em diversas disciplinas, de que constituem exemplo os seguintes: 18 valores nos exames de Fisiologia e Anatomia Topográfica, Muito Bom com 18 valores na 4.ª cadeira (Patologia), Muito Bom com 19 valores na 10.ª cadeira (Anatomia e Patologia), 19 valores nos exames de Operações e Patologia. O desempenho escolar valeu-lhe, também, diversos prémios, como o alcançado no ano letivo de 1907-1908 devido aos resultados obtidos na 15.ª cadeira (Anatomia Topográfica) e o Prémio "Rodrigues Pinto" no ano letivo de 1910-1911.


A 17 de julho de 1911 diplomou-se com a classificação de Muito Bom e 18 valores, tendo apresentado a dissertação inaugural subordinada ao tema O Valor higiénico do leite do Porto (contribuição para o seu estudo).


No ano seguinte ao da conclusão do curso foi provido no lugar de assistente de Clínica Médica na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, mas Américo Pires de Lima pediu a demissão pouco tempo depois. Em 1913 foi nomeado 2.º assistente do 3.º grupo (Zoologia), da 3.ª Secção - Ciências Histórico-naturais, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e, de seguida, transitou para o grupo de Botânica como 1.º assistente (nomeação de 1919). Em 1921 foi nomeado professor catedrático. O grau de doutor em Ciências Histórico-Naturais pela FCUP foi-lhe conferido no ano seguinte.


Américo Pires de Lima foi mobilizado para a guerra em 1916, para combater como oficial médico na Expedição a Moçambique, onde foi chefe da Secção de Higiene e Bacteriologia. No tempo que passou em Moçambique colecionou plantas e animais e realizou observações antropológicas.


A 16 de janeiro de 1919 deu início a uma profícua colaboração com a Escola de Farmácia ao tornar-se encarregado de curso. Nesta Escola ocupou sucessivamente os lugares de professor ordinário contratado (1920) e de professor ordinário efetivo (1925).


Na Universidade do Porto desempenhou ainda outras funções de relevo. Dirigiu a Faculdade de Farmácia entre 1929 e 1932, bem como o respetivo Laboratório de Criptogamia. Dirigiu a Faculdade de Ciências entre 3 de outubro de 1935 e 28 de abril de 1945 e, de igual modo, o seu Instituto de Botânica - de 9 de abril de 1935 até ao ano da sua jubilação. Teve um papel crucial na aquisição, pela Universidade do Porto, do Palacete Andresen, na rua do Campo Alegre, e na mobilização de verbas para a transformação do edifício e a criação de um Jardim Botânico.


Em 1956, Américo Pires de Lima proferiu a sua última lição. Os discursos de homenagem ao jubilado foram pronunciados por Hermenegildo Queirós, Manuel Ferreira e Amândio Tavares.


Américo Pires de Lima foi, também, presidente do Conselho Regional do Porto da Ordem dos Médicos (1939), da Comissão Científica da Associação Médica Lusitana (1929), da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais (e do Centro de Estudos do mesmo grupo do Instituto para a Alta Cultura). Fez parte da direção da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, foi sócio de várias instituições científicas (sócio honorário da Sociedade Farmacêutica Lusitana e da Sociedade Broteriana, sócio efetivo do Grupo Nacional da Academia Internacional da História das Ciências, sócio da Académie Internationale d'Histoire des Sciences, do Centro de Estudos Demográficos, da Junta das Missões Geográficas e das Investigações Coloniais, da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, da Associação Internacional de Medicina e do Instituto Brasileiro História da Medicina) e membro do Comité Internacional de la Lumière.

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Monumento aos estudantes da U.Porto mortos na I Guerra Mundial, na arcada do edifício histórico.  Datado de 1948 e da autoria de João da Silva, foi promovido por Pires de Lima.


Integrou encontros científicos no país e no estrangeiro. Escreveu numerosos trabalhos nas áreas da Botânica, Antropologia, Medicina, Profilaxia, Farmácia, Pedagogia e História, assim como manuais escolares, em colaboração com o seu irmão Augusto Pires de Lima. Colaborou ainda em várias publicações periódicas. Por sua proposta, o Instituto de Botânica da Faculdade de Ciências do Porto recebeu o nome de Gonçalo Sampaio, botânico que muito admirava.


Foi distinguido com a Comenda da Ordem Militar de Avis e com as medalhas das campanhas de Moçambique e da Vitória.


Morreu no Porto a 14 de agosto de 1966. 


Sobre Américo Pires de Lima (up.pt)

Monumento aos estudantes da U.Porto mortos na I Guerra Mundial (up.pt)

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