COMO PODEMOS CONTINUAR COM AS NOSSAS VIDAS?
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Ultimamente, tem-me vindo ao pensamento o livro que o filósofo e sociólogo Bruno Latour escreveu em colaboração com Nikolaj Schultz, e que lançou antes de falecer, em outubro de 2022, Mémo sur la nouvelle classe écologique (janeiro de 2022). Latour e Schultz defendem que a nossa sociedade não é já informada pela ideia de convergência, mas pela ideia de dispersão, que se afirma, aliás, como a principal característica da sociedade complexa em que vivemos. Esta leitura da nossa sociedade tem vindo a ser oferecida por outros filósofos e sociólogos, como Edgar Morin, o grande teórico da complexidade, ou Daniel Innerarity, que se tem ocupado em demonstrar que a tradicional divisão das comunidades em direita/esquerda deixou de ser operacional. No que respeita às alterações climáticas, a situação é particularmente complicada, pois é comum que indivíduos da mesma classe tenham cosmovisões diferentes; por outro lado, frequentemente, pessoas que, politicamente, se inscrevem em quadrantes diferentes, subscrevem uma mesma visão.
Para darmos resposta ao verdadeiro estado de emergência climática em que nos encontramos – afirmam Latour e Schultz –, teremos de lançar as bases para a construção de uma nova classe ecológica. Precisamos do conceito de classe porque ele se mostrou eficaz, no passado, simplificando narrativas, tornando-as compreensíveis e mobilizando as pessoas. Nos séculos XIX e XX, o conceito de classe foi construído em torno da organização da produção; a tensão que prevaleceu entre as classes resultou sempre de diferentes entendimentos da forma como os resultados da produção deveriam ser distribuídos. A nova classe ecológica, contudo, não deverá definir-se em relação aos modos de produção, pois a verdadeira tensão que agora prevalece é entre os sistemas de produção e as condições de habitabilidade do nosso planeta. Foi este o novo fator que foi introduzido na equação: questões relacionadas com a habitabilidade do nosso planeta. A nova classe ecológica tem uma visão mais ampla, longa e complexa da história e da geohistória; e por isso se encontra numa situação privilegiada para criar narrativas para o nosso futuro.
Não tenho a certeza da utilidade do conceito de classe neste enquadramento (uma reflexão que deixo aos meus Colegas historiadores e sociólogos), mas compreendo o que Latour e Schultz querem dizer: a situação climática é mesmo de emergência e é necessário que se proceda ao mapeamento de todos quantos se empenham em desenhar soluções. Foi nesta perspetiva que li o texto “Recomendações dos Serviços de Medicina Interna Luso-Espanhóis no Combate às Alterações Climáticas e à Degradação Ambiental”, que tem como primeiro autor o Médico Internista Luís Campos, e que foi publicado simultaneamente na Revista Clínica Espanhola e na revista Medicina Interna.
Este documento de consenso – assinado por 32 sociedades, colégios e associações médicas da especialidade de Medicina Interna de 29 países de língua espanhola e portuguesa –, constitui-se como um compromisso que “requer a cooperação das organizações relacionadas com a saúde, o desenvolvimento e implementação de boas práticas de sustentabilidade ambiental, a sensibilização dos profissionais de saúde e da população, a promoção da educação e da investigação nesta área, o reforço da resiliência climática e da sustentabilidade ambiental dos sistemas de saúde, o combate às desigualdades e a proteção das populações mais vulneráveis, a adoção de comportamentos que protejam o ambiente, e a defesa da Medicina Interna como especialidade nuclear para capacitar o sistema de saúde para responder a estes desafios”.
Os argumentos dos redatores e subscritores do documento são, de facto, impressionantes: 20% das mortes, a nível mundial, são causadas por fatores ambientais. “Globalmente, 9 em cada 10 pessoas respiram ar com níveis elevados de poluentes que excedem os limites estabelecidos pela OMS. A poluição atmosférica e o aumento de alergénios aumentam a incidência das doenças cérebro-cardiovasculares, cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica, asma e alergia. Com as mudanças na ecologia dos vetores, as doenças transmitidas por esses agentes estão a aumentar, causando mais de 700 mil mortes anuais. As zoonoses estão em crescimento, sendo responsáveis por quase 100% das pandemias. Doenças relacionadas com a água causam mais de 3,4 milhões de mortes anuais, e as doenças transmitidas pelos alimentos causam 420 000 mortes, globalmente”. Sei que estas são citações extensas, e que não dizem nada que não soubéssemos já, mas julgo importante fazê-las porque, ditas por médicos, revestem-se de maior autoridade.
No seu livro, Latour e Schultz sublinham a importância da investigação – tanto na área das ciências humanas, como na das ciências naturais e híbridas – para a descoberta de respostas aos desafios climáticos que enfrentamos. Todas as profissões intelectuais e produtoras de conhecimento têm de se empenhar na construção de novos caminhos – afirmam. Contudo, para que isso possa acontecer, teremos todos de, em primeiro lugar, compreender que a situação é mesmo inquietante.
Médicos internistas de 29 países assinaram um documento de consenso, apelando à colaboração de todos para o combate à situação de insegurança e incerteza climática que atravessamos – e que se prevê vir a sofrer sério agravamento no futuro. Como podemos continuar com as nossas vidas ignorando mais este alarme que dispara?
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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O "Espanto" de Norlinda e José Lima em exposição na U.Porto
Mais de 70 peças dão corpo a um diálogo entre arte contemporânea e história natural e ciência. Exposição inaugura a 21 de março, na Casa Comum. "Não tenho a coleção para mim, quero é partilhá-la. Quero que seja um espanto partilhado", projeta José Lima, Foto: DR
Um Espanto que é também inclusão, liberdade, transversalidade e sentido de humor. A Universidade do Porto apresenta, pela primeira vez, a Coleção Norlinda e José Lima (NJL) em diálogo com o seu Museu de História Natural e da Ciência (MHNC-UP). Com cerca de 70 peças, algumas inéditas, a exposição inaugura no próximo dia 21 de março, às 18h00, na Casa Comum. Artistas como Donald Baechler, José Chambel, André Cepeda, Sara Bichão (inéditos), Anish Kapoor, Dan Graham e Rui Chafes vão estar representados nesta exposição que reúne fotografia, vídeo, instalação, pintura e escultura, mas também desenhos de arte rupestre, uma balança de precisão, escaravelhos, tamancos e uma armadilha de pássaro.
Que relações podemos estabelecer entre peças de arte contemporânea e coleções de Antropologia e Etnografia? Ficará um universo nos antípodas do outro? Ou poderemos, pelo contrário, inaugurar territórios de contágio?
Nesta exposição, explica uma das comissárias, Fátima Marques Pereira, procurou-se extrair e promover novas leituras da relação (in)direta da arte contemporânea “com a história, a etnografia, a morfologia geográfica, a ciência ou até com qualquer criação e/ou pensamento humano – da VIDA nas suas múltiplas dimensões.” Deste espaço de “contaminação” entre a realidade artística e científica pretendemos fazer emergir outras “dimensões mundanas, espirituais, científicas, sociais, poéticas, políticas, etc.”
Tapete de algodão e penas (séc. XX) / Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto. (Foto: U.Porto)
Um Espanto partilhado
O interesse da Academia, a “abertura à ciência” e a quem possa estudar a coleção é algo que José Lima sempre projetou e que considera fundamental: “Estou muito contente com isto. O Espanto é meu!”, confessa. Um entusiasmo reforçado pela abertura a novos públicos. “A Coleção [Norlinda e José Lima] não é minha. É nossa! É para ser vista. Não digo: este quadro é meu. Digo: Este quadro é nosso. Quero mostrá-lo”. Que mais pessoas se interessem, trabalhem e discutam a coleção “é uma das metas que pretendo atingir. Isto é uma história com quase 50 anos. Não tenho a coleção para mim, quero é partilhá-la. Quero que seja um espanto partilhado”.
José Lima era ainda muito jovem quando começou a trabalhar na indústria do calçado. Tirava um dia para visitar museus, sempre que viajava para participar em feiras internacionais. É de autoria do pintor e escritor Álvaro Lapa a primeira peça da qual não mais se conseguiu separar. A coleção foi crescendo e chegou a ter em casa cerca de 600 peças que ia arrumando, como quem arruma livros. “A minha mulher não passava no corredor”.
A criação e o criador
O espanto é a energia matriz desta pulsão que o leva a adquirir peças como a que iremos ver de Anish Kapoor, artista que nasceu em Bombaim, estudou no Reino Unido e, na década de 1990, venceu o prestigiado prémio Turner. Foi em Nova Iorque que José Lima viu uma peça sua pela primeira vez. Descobriu que este “trabalho fabuloso de escultura em madeira pintada ia a leilão” e decidiu voar até Londres para o poder ver de perto. “Apaixonei-me por ele “. Depois do primeiro impacto, o encantamento é também o anzol que traz à tona o criador. “Tenho de saber quem é. A maneira como está na vida. O seu pensamento”. Foi esta curiosidade que o levou até à “fabulosa” história do Sr. Valadares que estudava e criticava áreas tão diversas como filosofia, automobilismo, medicina e arte asiática.
“Esse senhor (que vivia sozinho, num apartamento em Lisboa) era uma enciclopédia. Quando faleceu, tinha a casa cheia de pastas sobre tudo quanto se possa imaginar. Achei extraordinário”. José Lima descobriu esta história graças a 9 pieces from Monsieur Valadares de Nuno Nunes-Ferreira, artista que explora os vestígios da história e a noção de arquivo.
Outras vezes, como no caso da dupla João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira, é a controvérsia que funciona de gatilho. A força das mensagens (de teor político e de alerta contra a homofobia) levou-o a interessar-se pelas peças e pela história de quem as criou. O sentido de humor é outro fator de atração. “I am too poor to be a collector and too untalented to be an artist” foi uma frase que o impactou na peça do artista, escritor e curador Kenny Schachter. “Aplicava-se a mim. Depois quis conhecer o artista”. Considera-se um comprador compulsivo, “defeito” que, entre sorrisos, diz ter até hoje. São 50 anos de uma paixão que já lhe “está na alma”.
Pormenor de “The Wedding”, trabalho de João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira. (Foto: DR)
Disseminar o vírus da criatividade
Em depósito no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, a coleção Norlinda e José Lima conta já com cerca de 1600 peças onde estão representados cerca de 500 artistas nacionais e internacionais. É uma das maiores coleções de arte privadas do país. O Reitor da U.Porto afirma que esta exposição faz cumprir os desígnios “que inspiraram a criação do espaço público de cultura, arte e cidadania que é a nossa Casa Comum: franquear a academia à comunidade e disponibilizar uma programação vibrante e essencial, que consolida o firme vínculo que une a academia à cidade”.
Um Espanto, acrescenta António de Sousa Pereira, que servirá ainda o propósito de “disseminar, entre quem nos visita, o amável vírus da criatividade, do arrojo e da inovação, que são parte inalienável da identidade da Universidade do Porto”.
Fátima Marques Pereira e Ana Anjos Mântua assinam o comissariado de Espanto. A exposição ficará patente até ao dia 31 de agosto, período durante o qual será desenvolvido um programa de atividades paralelas.
As portas da Casa Comum estarão abertas de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30. E aos sábados, das 15h00 às 18h00.
A entrada é livre.
Fonte: Notícias U.Porto
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U.Porto celebra a "Passione" ao som do canto polifónico
Concerto do Ensemble Libecciu, dedicado aos Cantos Polifónicos das ilhas mediterrânicas, acontece na noite de 20 de março, no Laboratório Ferreira da Silva. O Ensemble Libecciu vai interpretar alguns cânticos tradicionais das culturas insulares do Mediterrâneo Central. Foto: DR
É através do canto que a Universidade do Porto antecipa o espírito da Semana Santa. O polo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) vai acolher, no dia 20 de março, um concerto invulgar. Passione representa um mergulho na cultura de algumas das principais ilhas do mediterrâneo. Para ver e ouvir, a partir das 21h30, no Laboratório Ferreira da Silva. É, provavelmente, o momento mais importante a nível litúrgico, social e cultural das ilhas mediterrânicas da Córsega, Sardenha e Sicília. Quer no interior das igrejas quer nas ruas das cidades e das aldeias, a Semana Santa é pontuada por diferentes rituais. Há uma cor e um ambiente que se associam a cada dia da semana, sendo o mais emotivo a sexta-feira. Cada aldeia e cada irmandade tem os próprios cânticos e padrões. Diferentes grupos saem para as ruas, em procissões ecléticas que são uma mistura de rituais religiosos ou pararreligiosos, fanfarras e cultura pop. As procissões são pontuados por “aparições” invulgares como balões de hélio que representam figuras da Disney, ao lado das figuras de Cristo e da Virgem Maria que são transportadas nos andores.
O concerto do Ensemble Libecciu, dirigido por Clélia Colonna, nasce do desejo de partilha desta cultura através, precisamente, dos cantos polifónicos tradicionais das culturas insulares do Mediterrâneo Central.
Fazem parte do repertório do concerto alguns salmos do Ofício das Trevas celebrado em Giovedi Santu no leste da Córsega (Confraternia di a Serra) e outros cânticos para-litúrgicos de Cuglieri (sul da Sardenha) e Montedoro (centro da Sicília) cantados durante as procissões da Sexta-Feira Santa.
O concerto está integrado no ciclo Música na Cidade e irá realizar-se, extraordinariamente, no Laboratório Ferreira da Silva, usufruindo das condições acústicas deste espaço, mais adequadas a concertos vocais.
A entrada é livre, ainda que limitada à lotação da sala.
Fonte: Notícias U.Porto
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MOTELX traz o melhor cinema de terror à Casa Comum
O Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa faz uma incursão pelo Porto na tarde/noite de 23 de março. Entrada gratuita. A sessão inclui a exibição de "Laranjas Sangrentas", a segunda longa-metragem de Jean-Christophe Meurisse. Foto: DR
Tem medo de filmes de terror? E de suspense? Tem muito medo? Pelo segundo ano consecutivo, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto recebe o MOTELX. Será na tarde/noite de 23 de março que o Festival Internacional de Cinema de Terror sobe até à Invicta para proporcionar uma “festa do terror” aos mais corajosos. A sessão terá início às 16h00 com uma apresentação do festival e o lançamento do livro O Quarto Perdido do MOTELX – Os Filmes do Terror Português
(1911-2006).
Esta obra, vencedora do Prémio AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento para Melhor Colectânea de Textos de 2023, teve a coordenação de João Monteiro e Filipa Rosário. Propõe uma releitura da .ª Arte em Portugal através do terror.
Ao longo da tarde, a audiência ficará ainda a conhecer as diferentes secções competitivas, os respetivos Call for Entries (que se encontram abertos), mas não só. Serão anunciados os futuros planos para a 18.ª edição do MOTELX, a acontecer de 10 a 16 de setembro de 2024, no Cinema São Jorge (Lisboa). À noite, às 21h30, acendem-se as luzes do grande ecrã para assistirmos a Laranjas Sangrentas. A segunda longa-metragem de Jean-Christophe Meurisse venceu, em 2021, o Prémio do Público do MOTELX. Com um desenvolvimento surpreendente e um desfecho inesperado, esta obra integrou também a seleção oficial do Festival de Cannes.
Este ano, o MOTELX já passou por várias escolas e universidades para exibir o melhor cinema de terror nacional e apresentar as várias secções do festival, com destaque para o Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa, o maior prémio para curtas-metragens em Portugal (5.000 euros), cujas inscrições estão abertas até 15 de maio.
A entrada na sessão de 23 de março será gratuita, ainda que limitada à lotação do espaço. Fonte: Notícias U.Porto
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Março na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Infinitas Galáxias
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Lançamento do livro ENVELOPES FILOSÓFICOS: FILOSOFIA & HETERONÍMIA
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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PASSIONE – Cantos Polifónicos da Semana Santa na Córsega, Sardenha e Sicília | Ensemble LIBECCIU
Música | Museu de História Natural de Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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ESPANTO
De 21 MAR a 31 AGO'24 | Inauguração 18h00 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Music as an act of resistance | Ciclo de cinema britânico
Entrada Livre. Mais informações aqui
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MOTELX na U.Porto
23 MAR '24 | 16h00 e 21h30 Apresentaçãao de livro, cinema | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ecos de Abel Salazar Além-Mar / Over the Sea: Echoes of Abel SalazarExposição | Casa-Museu Abel Salazar Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras que não quero ver #2 | Escultura de Hélder Carvalho
Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Um dia para descobrir os "segredos" do Edifício Histórico da U.Porto
Visita inserida no âmbito do Dia Nacional dos Centros Históricos acontece no próximo dia 23 de março, às 14h00. Inscrição gratuita. Embora o Dia Nacional dos Centros Históricos seja oficialmente assinalado a 28 de março, a Universidade do Porto vai “antecipar” o evento para o fim de semana anterior. Como? Abrindo as portas do Edifício Histórico a quem quiser saber um pouco mais sobre a “casa mãe” da Universidade. A visita orientada acontece no dia 23 de março, às 14h00. É um edifício incontornável, para quem visita a cidade. Erguendo-se, lado a lado, com a Torre dos Clérigos, este imponente edifício de estilo neoclássico, de planta retangular, representa o berço da Academia. Originalmente projetado para acolher a Academia Real de Marinha e Comércio (o projeto inicial data de 1807), o edifício foi-se adaptando, ao longo de todo o processo evolutivo desta Casa do Conhecimento que, no dia 22 de março, assinala 113 anos de existência.
Ponto de interesse para turistas que exploram o centro histórico da cidade, o Edifício Histórico da U.Porto encontra-se cercado por outros monumentos como o Centro Português de Fotografia (antiga Cadeia da Relação), o Tribunal da Relação, as igrejas do Carmo e dos Carmelitas Descalços e o Hospital de Santo António.
Para além dos serviços da Reitoria (com entrada pela Praça Gomes Teixeira), o edifício funciona ainda como Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), proporcionando um ambiente cultural e educativo para um público constituído por visitantes, mas também estudantes e investigadores.
No próximo dia 23 de março, o percurso terá início, precisamente, na entrada do MHNC-UP, com acesso pelo Campo Mártires da Pátria (ao Jardim da Cordoaria). Começaremos por conhecer um pouco da história do investigador Ferreira da Silva e do Laboratório que ostenta o seu nome, passando depois a ver de perto a nossa coleção de Gemas, Cristais e Minerais. Uma exposição que apresenta alguns dos tesouros do MHNC-UP.
Com a duração de cerca de 90 minutos, a visita irá ainda incluir uma incursão pelos espaços nobres do edifício e pelas exposições temporárias da Casa Comum.
A participação na visita é gratuita, mediante inscrição prévia para o e-mail cultura@reit.up.pt.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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96. Percorres a visualização entre o pomar, Daniel Maia-Pinto Rodrigues “Percorres a visualização entre o pomar”, de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in Turquesa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, dezembro de 2019.
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Isabel Dias é investigadora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto e professora catedrática na FLUP. A sua atividade de investigação tem-se centrado na problemática da violência doméstica e de género, envelhecimento, abuso de idosos, trabalho feminino e saúde ocupacional. Neste episódio do podcast Ainda-Não: Sociologia e Utopia, fala-nos da sua trajetória pessoal e de como a consciência de classe e de género, desde cedo, marcou as suas escolhas no campo da sociologia, destacando a importância da relação entre cidadania, conhecimento e emancipação. Mais do que de utopia, considera que é o conceito de “paradoxo” que tem guiado a sua pesquisa. Face aos tempos “ameaçadores” em que vivemos, defende que a promoção da igualdade, da democracia e dos direitos humanos seja um exercício diário, nunca os tomando como garantidos.
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74. La mulhier de l cabreiro spanhol “Habie un tiu spanhol que era cabreiro. Lhougo pula manhana fui-se culas cabras pal termo…”
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Alunos Ilustres da U.Porto
Ângelo de Sousa
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Ângelo César Cardoso de Sousa nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, a 2 de fevereiro de 1938. Foi nesta cidade que mais tarde começou a pintar. Com 17 anos chegou ao Porto para cumprir os seus estudos superiores, fixando-se daí em diante nesta cidade, que escolheu para viver e trabalhar. Em 1955 matriculou-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), no curso de Pintura. Depois de terminar os estudos foi convidado a integrar o corpo docente. No ano de 1963 tornou-se assistente da Escola.
Expôs publicamente pela primeira vez, em 1959, na Galeria Divulgação, no Porto, ao lado de Almada Negreiros (1893-1970). Este evento marcava a inauguração de um ciclo de exposições, organizado pelo então estudante de Arquitetura, José Pulido Valente, que tinha como intenção mostrar, em simultâneo, um artista jovem com um consagrado.
Nos anos seguintes, os seus trabalhos foram expostos nas galerias ativas em Portugal: a Galeria Divulgação do Porto e de Lisboa, a Galeria 111, a Cooperativa Árvore, a Galeria Buchholz, a Galeria Alvarez, no Porto, e a Sociedade Nacional de Belas Artes.
No ano de 1963 foi um dos entusiastas e fundadores da Cooperativa Árvore. No final dessa mesma década (1967-68) viveu uma temporada em Londres, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council, frequentando a Slade School of Art e a Saint Martin's School of Fine Art.
Por essa altura (1968), formou, com os colegas Armando Alves (1935-), Jorge Pinheiro (1931-) e José Rodrigues (1936-2016), o conhecido grupo de Os Quatro Vintes, assim denominado pelo facto de todos os seus elementos terem alcançado a classificação máxima na licenciatura, e que tinha como principal objetivo a divulgação dos respetivos trabalhos através de exposições coletivas.
Ainda relativamente ao percurso académico, refira-se que, em 1995, Ângelo de Sousa, em Pintura, e Gustavo Bastos (1928-2014), em Escultura, tornaram-se os primeiros professores catedráticos da FBAUP. Ângelo aposentou-se passados cinco anos.
Acrílico sobre tela (170x200cm), Fundação Ilídio Pinho.
Artista vanguardista, experimentalista e minimal, usou ao longo da sua extensa e profícua carreira, diferentes técnicas e suportes: o desenho, a pintura (recusa molduras, estuda a luz e experimenta diferentes técnicas), a escultura, a fotografia, o filme, o vídeo e a cenografia. A crítica, que o considerava muito criativo e impulsivo, reconhecia que a sua obra, apesar de em constante mutação, demonstrava uma forte coerência. Na pintura, era vulgar a associação que dele se fez a Mondrian, apesar de o próprio se declarar influenciado pelo Expressionismo. As discussões artísticas nunca o afetaram. Por opção, manteve-se sempre à margem das polémicas neorrealistas e dos debates sobre figuração e abstração. Antes, derivou para outras reflexões motivadas pelo interesse que frequentemente demonstrou pela gravura oriental, as artes primitivas e exóticas e Art Brut, o Expressionismo, por artistas como Paul Klee e Kandinsky e por movimentos como o Colour Field, o Post Painterly Abstraction, a Op e a Pop Art.
O "movimento irrequieto" do filme também surgiu na escultura, em metal, dos anos 60 e 70 do século passado (as "pequenas engenhocas", como o autor lhes chamava, primeiro em acrílico e depois em alumínio), e a qualidade orgânica dos trabalhos apareceu no uso do corpo na fotografia e no autorretrato, como disse Leonor Nazaré.
De entre as exposições individuais que fez, podem destacar-se, por exemplo, a exposição Ângelo - Escultura e Desenho, do Movimento "Os Quatro Vintes", realizada no Porto, na Galeria Alvarez e na Cooperativa Árvore, em 1970, e as grandes retrospetivas, nomeadamente em Serralves, em 1993 e em 2001, de desenho e pintura e de fotografia e cinema respetivamente, e a de 2003, sobre desenho, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Pinturas, esculturas e desenhos seus têm sido objeto de mostras por todo o País e estão presentes nos principais museus de arte contemporânea. Participou desde 1956 em exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro, em galerias e museus. Entre estas salientam-se participações na XIII Bienal de São Paulo, em 1975, onde foi premiado, e na Bienal de Veneza, de 1978.
Ângelo de Sousa mostrou também uma faceta de originalidade nos materiais de divulgação da sua obra. Em alguns dos seus catálogos há textos de Eugénio de Andrade, Fernando Pernes, João Cabral de Mello e Neto, Maria Filomena Molder, João Pinharanda, Rui Mário Gonçalves, Alexandre Melo e Bernardo Pinto de Almeida. Da sua produção constam, ainda, desenhos em diversos livros, nomeadamente de Eugénio de Andrade, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio e Fiama Hasse Pais Brandão.
Homem de fortes convicções, envolveu-se, quando achava necessário, em causas políticas ou cívicas (foi o mandatário de Jorge Sampaio, no Porto, nas eleições presidenciais de 1995).
As pessoas que com ele conviveram diziam ser um homem cordial, extrovertido, irreverente e generoso.
Nos últimos anos, com o arquiteto Eduardo Souto de Moura, representou Portugal na XI Mostra Internacional de Arquitetura em Veneza (2008), e viu estrear o filme Ângelo de Sousa – Tudo o que sou capaz do encenador e realizador Jorge da Silva Melo (2010).
Ângelo de Sousa morreu na sua casa do Porto, aos 73 anos de idade, no dia 29 de março, vítima de cancro.
Sobre Ângelo de Sousa (up.pt) Obras de Ângelo de Sousa (Fundação Ilídio Pinho)
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