VIAJAR É DAR UM MERGULHO NA REALIDADE DOS OUTROS
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- “Aqui é o Salão de Festas das Bruxas de Itaguaçu” – esclareceu-me uma Colega da Universidade Estadual de Santa Catarina enquanto, juntas, contemplávamos o mar. Estávamos na parte continental do município de Florianópolis, numa praia de mar de baía. A faixa de areia estava bordejada por alguma gramínea silvestre. Nas águas tranquilas – como um lago – viam-se grandes pedras. “Itaguaçu” é um nome de origem tupi” – continuou. – “Significa pedra grande”. Naquela que é, sem dúvida, uma das mais belas paisagens marítimas de Florianópolis, nasceu uma história extraordinária para explicar aquelas águas pejadas de formações rochosas de tamanho desmedido. A Colega puxou-me pela mão até uma placa fixada numa parede junto à praia. À medida que fui lendo o texto, não pude deixar de soltar uma gargalhada:
Diz a lenda que as bruxas da região queriam fazer uma linda festa aos moldes da alta sociedade. O local para o encontro festeiro seria a praia do Itaguaçu, o mais belo cenário da Terra. Todos seriam convidados, os lobisomens, os vampiros e as mulas-sem-cabeça. Os mitos indígenas também compareceram, entre eles estavam os curupiras, os caiporas, os boitatás e muitos outros. Em assembléia, as bruxas decidiram não convidar o diabo pela razão do seu imenso fedor de enxofre e pelas suas atitudes anti-sociais, pois ele exige que todas as bruxas lhe beijem o rabo como forma de firmar seu poder debochadamente absoluto. A orgia se desenrolava quando surge de surpresa o diabo que, entre raios e trovões, raivosamente irritado pela atitude marginalizante das bruxas, castiga todos transformando-os em pedras grandes, que até hoje flutuam nas águas do mar verde e azul da praia de Itaguaçu.
Voltei a fixar o mar. As enormes pedras pareciam realmente estar a flutuar nas águas plácidas. Algumas concentravam-se em grupos, encavalitando-se mesmo, por vezes; outras encontravam-se mais dispersas. De repente, aquela explicação delirante começava a fazer sentido. Senti-me uma autêntica floripense ao admitir que aqueles rochedos inesperados só podiam mesmo ser bruxas e seus convidados petrificados durante um processo de fuga. Afinal, só vale a pena viajarmos se soubermos dar um mergulho na realidade dos outros e aprendermos a vê-la com a imaginação dos seus olhos.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
P.S. Encontro-me no Brasil, em visita oficial a universidades para o estabelecimento de protocolos na área da cultura. Vim para perceber como se organizam as universidades brasileiras no que respeita a políticas culturais. Tenho testemunhado o seu trabalho extraordinário no âmbito da promoção da diversidade e inclusão no ensino superior. Quero aprender estratégias de acessibilidade que possa implementar nos nossos museus – mas, como já se percebeu pela história que acima conto, acabei por aprender muito mais.
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A Festa de Abril é na Universidade do Porto!
Cinema, filosofia, arquitetura, etnografia e poesia são algumas das propostas para a semana em que se celebram os 50 anos da Revolução. Entrada livre. Que seja um dia “inteiro e limpo”, como escreveu Sophia de Mello Breyner Andresen, referindo-se ao “dia inicial” após “a madrugada que eu esperava”. Poema que intitulou com a data da Revolução. Chegados à semana em que se cumprem os 50 anos do 25 de Abril, o programa adensa. Só nos resta esperar que escolha a Universidade do Porto como parceira para exercer o direito de celebrar a liberdade. A semana arranca logo no dia 22 de abril, na Casa Comum, com Do “…dia inicial, inteiro e limpo”: 25 abril, 50 anos depois, uma proposta do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da U.Porto e do Instituto de Filosofia (IF-UP). Associam-se a este programa “não apenas por razões políticas e sociais”, mas também porque “a Revolução permitiu a expressão de novas formas de pensamento e das mais variadas expressões da arte, da música, da poesia, da literatura, do cinema e do teatro, entre outras”. Uma liberdade de expressão que constitui a “base fundamental para qualquer sociedade democrática, em que filósofos e escritores, questionando e desconstruindo ideologias, puderam tomar parte na discussão pública”. É sobre este legado que o evento nos pretende fazer refletir.
O programa tem início às 14h30 com uma conversa com José Soudo (ArCo) sobre A fotografia na Revolução. Do preto e branco à cor: as fotografias de Bernardino Pires e o 25 de Abril será ainda tema de conversa de Maria Luísa Malato (FLUP) e Paulo Gaspar Ferreira (In Libris). Às 16h30, colocam-se As Canções e as Armas em cima da mesa. Pretexto para ouvir Joana Gomes e Mariana Leite (IF-FLUP): Foi bonita a festa, ai amigo! – A lírica trovadoresca e os cantautores de Abril.
Às 17h30, vamos falar de cinema e experiência política com Sérgio Dias Branco (FLUC). Às 18h30, ficamos com o 48, um documentário de Susana Sousa Dias ao qual se seguirá uma conversa sobre O que pode uma fotografia de um rosto revelar sobre um sistema político? Partindo de um núcleo de fotografias de cadastro de prisioneiros políticos da ditadura portuguesa (1926-1974), 48 é um documentário que procura mostrar os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se tentou auto-perpetuar durante 48 anos. Segue-se uma conversa com Jorge Campos e Elsa Cerqueira, contando com a presença de Susana Sousa Dias.
No dia 24 de abril, a programação continua. Logo ao início da tarde, às 14h30, haverá a apresentação do livro Siga a malta, trema a terra, de Mário Correia. Uma hora depois, A Filosofia e o 25 de Abril é o tema para uma conversa com Artur Manso (Universidade do Minho). Às 16h25, o tema 25 de abril e inter-artes irá fazer sentar à mesma mesa Cristina Pratas Cruzeiro (UNL) e Rui Lopo (IF-UP).
Durante a tarde, haverá ainda espaço para um momento musical e cinema. Serão exibidos dois filmes do realizador Abi Feijó:
A noite saiu à rua (curta baseada no livro de João Abel Manta Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar, com música de José Afonso); e Os salteadores (baseado num dos contos de Jorge de Sena; numa viagem noturna ao longo da costa portuguesa nos anos 50, dentro de um carro, ouve-se uma discussão sobre um grupo de homens capturados e mortos durante a Guerra Civil Espanhola, revelando facetas do regime fascista português).
O realizador estará presente para uma conversa com Jorge Campos e Elsa Cerqueira. Os curadores deste programa multidisciplinar são Maria Celeste Natário, Vítor Guerreiro e Rui Lopo. A entrada é livre.
Os Salteadores, de Abi Feijó, passa na Casa Comum na tarde de 24 de abril. (Imagem: DR)
24 de abril é ainda o dia em que o convidamos a dizer poesia na Sala do Fundo Antigo da Reitoria. Neste que é já o último dia da oficina de escrita criativa Vem dizer o 25 de abril, pá, os participantes podem contar com a leitura de textos provenientes das obras Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa; As Mulheres do meu País, de Maria Lamas; Apresentação do Rosto, de Herberto Hélder, entre outros. A participação é livre, mediante inscrição prévia. No dia 25 de abril, Dia da Liberdade, recordamos Sophia de Mello Breyner Andresen e o escritor, poeta e amigo Jorge de Sena. A Nova Companhia leva a cena, na Galeria da Biodiversidade do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), um diálogo ficcionado entre os dois escritores.
Em Um País que é Noite, vamos, em conjunto, imaginar um encontro entre ambos, exatamente no dia que antecede a fuga de Jorge de Sena para o Brasil. E que local poderia ser simbolicamente mais impactante, para este encontro, do que a casa onde Sophia passava as suas férias quando criança e a inspirou para tantas das suas aventuras imaginárias? A entrada é livre, mas sujeita a inscrição através do e-mail galeria@mhnc.up.pt.
Dia 26, sexta-feira… É dia de irmos ao cinema para ficarmos com Bela Vista - Ilha habitada. O documentário de Rui Rufino acompanha a reabilitação da ilha municipal da Bela Vista, na cidade do Porto, entre 2015 e 2017. Através dos testemunhos e memórias de diferentes gerações de moradores, registam-se anos de convivências, dificuldades e lutas por melhores condições de vida. O filme aborda ainda o papel social da Arquitetura que procurou preservar a identidade do espaço e renovar a sua dignidade no contexto atual da cidade, através dos testemunhos do antropólogo e dos arquitetos responsáveis pelo projeto.
Estarão presentes o sociólogo Manuel Carlos Silva (CICS.NOVA-UM), o antropólogo Fernando Matos Rodrigues (CICS.NOVAUM / LAHB), o ativista António Fontelas (Associação de Moradores Ilha da Bela vista) e o arquiteto António Cerejeira Fontes (EAAD_UM / LAHB). A moderação ficará a cargo do sociólogo Fernando Bessa Ribeiro (ICS-UM / CICS.NOVA_UM).
Bela Vista - Ilha Habitada, de Rui Rufino, acompanha a reabilitação da ilha municipal da Bela Vista, no Porto. (Imagem: DR)
E porque estamos quase a ver Maio a Nascer, o NEFUP – Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto junta-se à celebração da liberdade no final de tarde de 27 de abril. Entrevistas a elementos da associação foram a base para a construção narrativa de uma (ou muitas) "TRAVESSIA(s)": do passado ao presente; da ditadura à democracia; da guerra à paz; da emigração ao regresso; do salto a monte ao exílio; do Portugal ultramarino e orgulhosamente só ao país europeu de hoje. Cruzando a música e a dança tradicionais com os poetas e cantautores de Abril, "TRAVESSIA"– maio a nascer faz um percurso pela memória, retratando o velho “Portugal suicidado”, confrontando-o com “tudo o que Abril abriu”, nas palavras de Ary dos Santos. O espetáculo tem início às 19h00, no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto.
Dia 30 de abril, às 15h00, regressamos à Casa Comum para um debate sobre Democracia e Liberdade e que nos lança a questão: Que Caminho para a Igualdade de Género? Criaremos espaço para debater os direitos das mulheres e o percurso rumo à igualdade de género. Reunindo a visão de duas associações feministas portuguesas, Cristina C: Vieira (APEM) e Manuela Tavares (UMAR) irão lançar uma reflexão sobre desafios e conquistas, o papel das associações de mulheres/de género/feministas e da sociedade nesta transformação rumo à equidade. Um olhar sobre o percurso, mas também sobre o futuro do país em matéria de igualdade.
O evento é organizado pelo RESET – Redesigning Equality and Scientific Excellence Together, em parceria com a APEM e a UMAR, com o apoio da Casa Comum.
As iniciativas inseridas no programa dos 50 anos da Revolução de Abril têm entrada gratuita, limitada à lotação do espaço, embora algumas sejam de inscrição obrigatória.
Fonte: Notícias U.Porto
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O meu 25 de Abril com...Artur Santos Silva
Ao longo do mês de abril continuaremos a partilhar memórias de figuras da U.Porto. “Naturalmente foi o grande dia da minha vida…”
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Poesia de Ana Luísa Amaral "traz liberdade" às paredes da Casa Comum
Exposição de Helena Rocio Janeiro, inspirada em poemas de Ana Luísa Amaral. inaugura dia 23 de abril, na Reitoria da Universidade do Porto. As janelas da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto vão abrir-se para um novo diálogo interartístico. Com base nos poemas de Ana Luísa Amaral, Helena Rocio Janeiro apresenta Se paredes me dão liberdade. A exposição inaugura no próximo dia 23 de abril, às 18h30. Quando atravessar as arcadas do Edifício Histórico da U.Porto, repare nas janelas da Casa Comum. Poderá, logo aí, reparar na beleza, claro, mas também na elasticidade da palavra escrita. Quantos corações se podem respigar de um texto? E quantos caberiam dentro de um jarro? Depende do jarro, ou do tamanho de cada coração? A artista reservou-os para que, agora, os possamos contemplar.
Mas há também poemas com pontos de interrogação que se agarram à pele como um anzol na boca do peixe. E, por isso, a artista não poderia parar aqui. Tinha de fazer reverberar o contexto social e histórico que nos circunscreve, as convicções e a consciência de nós próprios e do que nos norteia… O espaço de liberdade que decidimos ocupar. Quantas vezes o texto nos convoca e observa? E há, efetivamente, muitos “olhares avulsos”, extraídos dos poemas de Ana Luísa Amaral. Foram agrupados dentro de outro jarro de vidro. Observam-nos. Em silêncio. Das palavras da poeta, Helena Rocio Janeiro desenlaçou ainda corpos que deixou em suspenso e braços que os tentam agarrar.
Antes ser tudo e livre do que bom mas humilde, ou Se eu cantasse o amor sem resultado ou causa, seria mais sensata, ou, até, A cada um sua verdade e seu inferno. Esta é apenas uma parcela do “terreno” onde Helena Rocio Janeiro “lavrou a sua safra”. Tal como o texto pode ter múltiplas camadas de significado, também o trabalho de Helena Rocio Janeiro vive de um jogo de sobreposição de suportes. Recorre e conjuga imagens improváveis com frases e reptos marcantes que continuam connosco, tempos depois de os termos lido. Em simultâneo, reconfigura narrativas pré-existentes. É de recortes e textos antigos que faz brotar mensagens que nos questionam e mordem o pensamento. O sentido de humor assume uma presença transversal aos vários suportes que desenvolve.
Esta é mais uma iniciativa integrada no programa de homenagem Ana Luísa Amaral, Figura Eminente da U.Porto 2023 – 24. Após a inauguração, a 23 de abril, a exposição Se paredes me dão liberdade vai manter-se até dia 11 de maio. A entrada é livre.
A exposição Se paredes me dão a liberdade inaugura dia 23 de abril. (Foto: DR)
Helena Rocio Janeiro
Com formação em Artes Plástica, Helena Rocio Janeiro vive no Porto. Em maio de 2012, criou o projeto de colagens “Coração o Ditador”, onde explora a empatia, a simbologia do inconsciente coletivo e a poesia visual. Trabalha com imagens originais selecionadas de revistas, jornais e livros, recorrendo a diferentes suportes para as colagens, nomeadamente papel, livros, loiças e estruturas tridimensionais, entre outros. Para a artista, o “corta e cola existencial” representa “o cruzamento do mundo tangível com o intangível, onde tanto materiais como conceitos são sucessivamente dissecados, transformados e reciclados”. Foi através das colagens que encontrou o seu modo de expressão, e uma forma de criar pontes de empatia, “brincando com os símbolos e o inconsciente coletivo".
Com sentido de humor e recurso a algumas “subversões”, a sua obra pretende “levar o observador a refletir”. A sua “poesia visual” tenta “transformar a linha do tempo num imenso círculo”, obedecendo a uma busca constante como “elemento essencial” para o “processo de transformação contínua”.
Fonte: Notícias U.Porto
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Sophia volta a "casa" no 25 de Abril para libertar "Um país que é a noite"
Diálogo ficcional entre a poetisa e o escritor Jorge de Sena vai à cena na Galeria da Biodiversidade, numa produção da Nova Companhia. Inscrição gratuita. A atriz Dalila Carmo será um dos protagonistas do diálogo ficcional entre os escritores e amigos Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena. Foto: DR
É uma proposta para aquele “dia inicial inteiro e limpo”. Na tarde de
25 de abril, as portas da Galeria da Biodiversidade do Museu da História e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) vão abrir-se para um evento único. Enquadrado na programação da U.Porto e da Rede de Centros Ciência Viva para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, Um país que é a noite é uma produção da Nova Companhia. Às 18h00 do dia 25 de abril, Dalila Carmo, João Sá Nogueira, Martim Pedroso e Nuno Gil sobem ao palco para um diálogo ficcional entre a escritora e poeta Sophia de Mello Breyner Andresen e o escritor, poeta e amigo Jorge de Sena. Uma amizade que ficou registada na correspondência que mantiveram desde o final dos anos 1950, com o exílio de Jorge de Sena no Brasil.
O diálogo ficcional posiciona-nos nas horas que antecedem a fuga para o Brasil. No ano de 1959, Jorge de Sena, procurado pela PIDE, marca um encontro secreto com a sua fiel amiga Sophia de Mello Breyner para se despedirem. É durante este encontro fugaz que dois agentes da PIDE invadem a casa de Sophia para a interrogar.
Será no decorrer deste interrogatório que se desenharão os contornos de um Portugal anacrónico. Um país polarizado entre os que amam a poesia e os que a desprezam. Entre os que pensam e os que cumprem ordens; os que querem ser livres e os que têm medo do desconhecido. Onde se poderá sentir a iminência de uma revolução democrática ou, como Sophia definiu, no poema que intitulou de 25 de abril: “Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo”.
Esta performance acontece na casa onde Sophia brincou enquanto criança e onde encontrou inspiração para tantas das suas narrativas ficcionais, ou seja, a Galeria da Biodiversidade que foi, em tempos, casa dos seus avós.
No dia em que se celebra a democracia, sublinha-se igualmente a consciência cívica e a intervenção política de Sophia de Mello Breyner Andresen. Em 1975, a escritora foi eleita deputada da Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto, nas listas do Partido Socialista, tendo, no entanto, decidido que seria através da escrita que encontraria a sua “melhor participação política”, como afirmou numa edição do Jornal de Letras de 1982.
A entrada é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do e-mail galeria@mhnc.up.pt
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Abril na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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ESPANTO - A Coleção Norlinda e José Lima em Diálogo com o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Estamos em Festa, Pá! | Programa Comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril
Programa Multidisciplinar | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações e programa completo aqui
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CIDADE, HABITAÇÃO E JUSTIÇA SOCIAL | Ciclo de Cinema
05, 12, 19 e 26 ABR'24 | 18h30 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Vem dizer o 25 de abril, Pá! | Oficina de escrita criativa
03, 10, 17 e 24 ABR'24 | 18h00 Participação gratuita | Mais informações e inscrições aqui
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Do “…dia inicial, inteiro e limpo”: 25 abril, 50 anos depois | Programa multidisciplinar
Programa multidisciplinar | Casa Comum Entrada livre | Mais informações aqui
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Se paredes me dão a liberdade | Exposição de Helena Rocio Janeiro
Entrada livre | Mais informações aqui
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UM PAÍS QUE É A NOITE | Leitura Encenada
Leitura encenada | Galeria da Biodiversidade Entrada livre | Mais informações e reservas aqui
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TRAVESSIA – Maio a Nascer | Espetáculo NEFUP
Música, Dança | Casa Comum Entrada livre | Mais informações aqui
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Debate. A resistência cultural na queda da ditadura
Entrada livre | Mais informações aqui
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DEMOCRACIA E LIBERDADE: QUE CAMINHO PARA A IGUALDADE DE GÉNERO?
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras Que Não quero Ver #3
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Debate com Myriam Revault d'Allonnes em torno do livro"Le crépuscule da la critique"
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ecos de Abel Salazar Além-Mar / Over the Sea: Echoes of Abel SalazarExposição | Casa-Museu Abel Salazar Entrada Livre. Mais informações aqui
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VERBA VOLANT SCRIPTA MANENT (As Palavras voam, os Textos permanecem). Livros impressos nos séculos XVI, XVII e XVIIIExposição | Casa dos Livros Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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"Os corvos de Birkenau" são as "Sombras que não quero ver"
Nova exposição de Helder de Carvalho faz uma interpretação plástica de um poema de João Luís Barreto Guimarães. Para conhecer no complexo ICBAS / FFUP. Os corvos de Birkenau, poema de João Luís Barreto Guimarães, funcionou de estímulo criativo ao novo trabalho de Helder de Carvalho, que ficará patente, até 31 de junho, à entrada do complexo partilhado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e pela Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP). Universalmente conhecido como Auschwitz, Birkenau foi o campo de extermínio onde foram executadas mais de um milhão de pessoas. É agora um espaço onde o silêncio pode ser insuportável e o vislumbre do esquecimento um ultraje. “Não há odor a queimado (nem gritos sob o silêncio)”, escreve João Luís Barreto Guimarães. “Na plataforma puída ninguém aparta ninguém”. Até as “câmaras de gás (hoje / um monte de ruínas) podiam passar a ideia de que / nada se passou.” São os corvos que “vestem de negro para não deixar esquecer. Sobre a erva que renasce (e faz / por cobrir o passado) os corvos velam a morte / colhendo provas de vida/ (restos de biologia:)/ sementes/ vergonha/ aqua lacrimae”.
Helder de Carvalho recorre a cores densas e pesadas, ao ocre e ao negro, para resgatar os gestos que gritam na memória coletiva. Aos corvos concedeu a elasticidade da borracha, um material que aqui assume uma “plasticidade que pretendeu explorar” e a possibilidade de dar à peça a “durabilidade” pretendida.
Em termos cromáticos, a opção por cores mais soturnas pareceu-lhe a mais adequada, conjugada com a possibilidade de experimentar novas técnicas. “O processo criativo é o que dá mais prazer”. Pelo caminho ficaram ainda “muitos desenhos até chegar até aqui… Estamos todos a ensaiar e quase nada é definitivo”.
“É importante não esquecer os erros do passado”
O artista decidiu interpretar este poema neste local em específico pelo seu paradoxo. Ou seja, pela prioridade que, neste complexo, se atribuí à saúde e à vida. Outro motivo prendeu-se com o facto de o autor, João Luís Barreto Guimarães, para além de ser um multipremiado poeta, ser também médico e responsável pela Unidade Curricular de Introdução à Poesia e Medicina, integrada no plano de estudos do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS. Numa altura em que assinalamos os 50 anos do 25 de Abril, “é importante não esquecer os erros do passado”, sublinha a Vice-Reitora para a área da Cultura e Museus da U.Porto. E neste contexto, Fátima Vieira lembra que “são os corvos, vestidos de preto” que nos recordam “o que aconteceu e não pode voltar a acontecer”. Neste local, “o diálogo entre a poesia e a arte torna-se muito potente” e se o objetivo do escultor foi “desassossegar, eu diria que é impossível passar-se aqui sem se ficar a pensar”, conclui.
“Somos todos autores na interpretação de um poema”, recorda por sua vez o diretor do ICBAS. Henrique Cyrne Carvalho sublinha a importância da introdução de novas competências que se traduzem num “reforço do conhecimento” para “uma comunidade académica que é cada vez mais diversa”.
Sombras que não quero ver é um projeto que pretende levar aos vários espaços da Universidade intervenções artísticas do escultor Helder de Carvalho, com o objetivo de interpelar a comunidade académica e nos fazer refletir sobre uma variedade de questões sociais.
Sobre João Luís Barreto Guimarães
Nasceu em junho de 1967. Formou-se em Medicina no ICBAS e, no quinto ano da especialidade, decidiu ir para Nova Iorque (no fatídico setembro de 2001) aprender no melhor centro de cirurgia plástica reconstrutiva – o Memorial Sloan Kettering Cancer Center. Poeta e tradutor, é médico de Cirurgia Reconstrutiva no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Desde 2021, é também o responsável pela Unidade Curricular de Introdução à Poesia e Medicina, integrada no plano de estudos do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS.
Publicou 12 livros de poesia, muitos dos quais foram já traduzidos para outras línguas. Os primeiros sete encontram-se compilados em Poesia Reunida (Quetzal, 2011). Seguiram-se: Você está Aqui (Quetzal, 2013); Mediterrâneo (Quetzal, 2016), vencedor do Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, em 2017, e do Willow Run Poetry Book Award 2020; e Nómada (Quetzal, 2018), ao qual foram atribuídos o Prémio Livro de Poesia do Ano Bertrand e o Prémio Literário Armando da Silva Carvalho.
As suas obras mais recentes incluem O Tempo Avança por Sílabas (2019) e Movimento (Quetzal, 2020), livro com que conquistou o Grande Prémio de Literatura e, em 2022, venceu o conceituado Prémio Pessoa. Já em 2023, lançou Aberto Todos os Dias (Quetzal, 2023).
Fonte: Notícias U.Porto
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Capicua nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril na FCUP
Atuação da artista portuense vai encerrar evento organizado pela FCUP (29 de abril) para assinalar os 50 anos de democracia. Entrada gratuita. No final do evento comemorativo da FCUP, Capicua protagonizará um momento musical. Foto: Pedro Geraldes
É uma das vozes mais reconhecidas do Hip Hop nacional e estará na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) num evento que assinala os 50 anos de democracia em Portugal. A artista portuense Capicua vai atuar, no dia 29 de abril, no Auditório Ferreira da Silva, fechando, com chave de ouro, o que se pretende que seja um momento de reflexão sobre como era estudar, investigar e trabalhar antes e depois do 25 de abril de 1974. A iniciativa, que abre, às 16h00, com as palavras da Diretora da FCUP, Ana Cristina Freire, do presidente do Conselho de Representantes, Aires Oliva Teles, e do presidente da Associação de Estudantes da FCUP, terá duas mesas-redondas moderadas por António Machiavelo, Pró-Diretor da FCUP para Ciência & Cultura. A primeira assinala o período de ditadura que antecedeu a Revolução dos Cravos e a segunda as mudanças que se seguiram ao 25 de abril.
Os professores Teresa Lago, João Monte, António Pereira Leite e Jorge Almeida, juntamente com aquela que foi a funcionária com mais anos de serviço da Universidade do Porto, Lurdes Zilhão, integrarão o primeiro painel de convidados. Já a segunda mesa-redonda será compostaAlexandre Quintanilha, que foi professor na FCUP, Maria João Ramos, professora da FCUP, Duarte Graça, estudante da FCUP, Hugo Gonçalves, autor do livro Revolução e Paulo de Morais, que foi presidente da AEFCUP no ano letivo 1985/86, altura em que frequentava o curso de Matemática.
O evento Onde estávamos no 25 de abril ’74: nós FCUP, nós Ciência em Portugal é de entrada livre.
Sobre Capicua
Natural do Porto, Capicua (1982) descobriu a cultura Hip Hop nos anos 90 e tornou-se Rapper nos anos 2000. Socióloga de formação, acabou por fazer da música o seu principal ofício e é conhecida pela sua escrita emotiva, feminista e politicamente engajada. A sua discografia conta com duas mixtapes e três álbuns em nome próprio, um disco de remisturas, dois discos-livro para crianças, um disco luso-brasileiro colaborativo e um EP ao vivo, além da direção artística do álbum de homenagem a Sérgio Godinho “SG Gigante” (2022).
Na última década, Capicua tem conquistado um público muito diverso e acumulado colaborações com vários artistas lusófonos, e tem somado concertos, workshops, conferências, projetos sociais e comunitários (como o OUPA integrado no Cultura em Expansão da CMP ou o Recanto a convite da Arte em Rede).
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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101. Era Abril, Manuel Alberto Valente .“Era Abril”, de Manuel Alberto Valente, in Poesia Reunida, O pouco que sobrou de quase nada, Quetzal Editores, setembro de 2015;
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76. Cuontas de l contrabando: Catrina Rosa Bicente, de Paradela “Por bias de l projeto Ourrieta las Palabras, stubimos an Paradela a la cumbersa cun tie Catrina Rosa Bicente, contrabandista donde a onde, quando las piernas la deixában saltar peinhas i ribeiras”…
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Arroio
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António José Arroio nasceu no Porto, numa família de artistas, a 19 de fevereiro de 1856. Filho do compositor e músico de origem espanhola José Francisco Arroio (1818-1886) e de Rita Xavier de Rosola Arroio, teve 4 irmãos: o Conselheiro João Marcelino de Arroio (1861-1930), José Diogo Arroio, Beatriz e Rita Arroio. António Arroio obteve uma sólida formação musical. Tocava piano e cantava. Participou no movimento artístico portuense promovido pelo pai e pelo pedagogo e musicólogo Bernardo Moreira de Sá (1853-1924).
Engenheiro formado pela Academia Politécnica do Porto em 1878, trabalhou na construção dos Caminhos-de-Ferro da Beira-Baixa, da Beira-Alta, do Sul e do Sudoeste. Em 1881 ingressou no Ministério das Obras Públicas (1881-1890), onde foi responsável pelos serviços de inspeção e receção de material comprado no estrangeiro.
Entre 1886 e 1890 viajou pela Europa e fixou residência em Bruxelas, o que lhe permitiu conviver com intelectuais e artistas belgas - entre eles, o historiador de arte Fierens Gevaert (1870-1926) e o violinista e compositor Eugène-Auguste Ysaÿe (1858-1931).
Foi Inspetor do Ensino Elementar Industrial e Comercial, entre 1890 e 1926, tendo, no desempenho desse cargo, promovido o Ensino Técnico e das Artes Aplicadas. Também no ano de 1890 foi eleito deputado às Cortes, pelo Partido Regenerador (círculo de Paredes).
António Arroio foi também vogal da Comissão Portuguesa da Exposição Universal de Paris de 1900, tendo dirigido neste certame os trabalhos da comissão organizadora da representação nacional; foi ainda vogal do Conselho Superior de Obras Públicas (1926-1928).
Foi autor de vasta bibliografia, publicando sobre literatura, arte e música. Escreveu, entre outras obras: Soares dos Reis e Teixeira Lopes (1899), A Música de Wagner e a Arte do Canto (1906-1907), O Canto Coral e a sua Função Social (1909), O Caso do Monumento ao Marquês de Pombal (1914) e Singularidades da Minha Terra (1917). Coescreveu Notas sobre Portugal: Exposição Nacional do Rio de Janeiro (1908-1909) e traduziu contos franceses para a revista A Águia, reunidos sob o título Os novos tempos e a literatura.
Colaborou em diversas publicações periódicas: Brasil-Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911), Revista do Conservatório Real de Lisboa (1902), Atlântida (1915-1920), Pela Grei (1918-1919).
Foi sócio-fundador da Liga da Educação Nacional (1908) e apresentou uma proposta para a nova bandeira nacional, após a implantação da República.
Morreu em Lisboa a 25 de março de 1934.
É o patrono da Escola Artística António Arroio, em Lisboa.
Sobre António Arroio (up.pt)
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