UM CONVITE DE GONÇALO M. TAVARES À UNIVERSIDADE DO PORTO

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

A minha cena preferida do livro de Ray Bradbury, Farenheit 451, é a final: numa sociedade em que os bombeiros, em vez de apagarem incêndios, queimam livros, um grupo de homens e mulheres refugiou-se na floresta. Cada um deles decorou um livro e ensina-o aos jovens, para que o conteúdo dos livros não se perca. Quando a cidade é devastada por bombardeamentos, é para lá que rumam, para ajudarem à sua reconstrução, disseminando o conhecimento que, através da memorização dos textos, haviam preservado. Sempre imaginei como seria misterioso, inspirador e poderoso, o conjunto das vozes desses homens e mulheres, recitando os seus livros na floresta. Talvez por essa razão tenha ficado tão entusiasmada com o convite que Gonçalo M. Tavares fez à Universidade do Porto para ajudar a cidade a recitar Os Lusíadas. Eu explico.


No seu todo, os 10 Cantos dos Lusíadas têm 1.102 estrofes. O cálculo é fácil, diz-nos Gonçalo M. Tavares: precisa de 1.102 pessoas para os lerem. A ideia é que cada pessoa seja filmada a ler uma estrofe; as estrofes que compõem cada Canto serão reunidas num só filme; depois, cada filme será distribuído, através de QR Codes, por 10 cantos da cidade. O conceito é sedutor, e só poderia vir da mente imaginativa de um escritor tão fascinante como é Gonçalo M. Tavares, mas, para que possa ser materializado, precisa de logística. É aqui que a Unidade de Cultura da Reitoria, através do projeto Casa Comum, entra como parceira, convocando toda a comunidade – estudantes, investigadores, colaboradores, docentes, antigos estudantes, ou, simplesmente, amigos da Casa Comum – a colaborar, deixando-se filmar a ler uma estrofe deste livro fundador da cultura portuguesa.


Imagino já a cidade a vibrar de entusiasmo com as ARMAS E OS BARÕES ASSINALADOS, acompanhando a frota de Vasco da Gama a caminho da Índia; a torcer pelos marinheiros portugueses quando dobram o Cabo das Tormentas; a enfrentar e superar sempre os perigos que, a todo o momento, os espreitam. Ouço as vozes que se elevam, recitando Camões. E emociono-me ao pensar que, como evidencia Bradbury no seu romance, os livros são casulos de conhecimento, lugares de resistência e fonte de beleza.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus


N.B. Ao longo das próximas semanas, a equipa de comunicação da Unidade de Cultura visitará vários espaços da U.Porto para filmar quem queira participar neste projeto empolgante da leitura coletiva de Os Lusíadas. Não precisa de praticar em casa, nem de levar os Lusíadas: prepararemos tudo para si. Veja aqui o programa das filmagens.


O projeto Camões na Cidade do Porto tem curadoria de Gonçalo M. Tavares. Foi concebido em articulação com a Câmara Municipal do Porto para comemorar os 500 anos do nascimento de Camões. Está a ser desenvolvido em parceria com a U.Porto.

Entre maio e junho, as "quintas" da U.Porto vão ser "Brasileiras"

A Casa Comum e o Instituto Pernambuco - Porto  vão oferecer "concertos falados" na U.Porto. Sempre ao final da tarde de  quinta-feira, sempre com entrada livre.

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Rodrigo Alzuguir, escritor, músico e investigador brasileiro, será o "mestre-de-cerimónias" deste ciclo musical. Foto: DR

Rodrigo Alzuguir será o “comandante” da viagem pelos 100 anos de evolução da música brasileira, que vai acontecer todas as quintas-feiras de maio e junho, ao final da tarde, na Reitoria da Universidade do Porto e no Instituto Pernambuco – Porto. Com entrada livre, esta será uma oportunidade única para conhecer os pontos cardeais e  mapear a história desta sonoridade e canto com travo a “malandragem” e  “realidade social”.


Que compositores marcaram a história da música brasileira? De que  ritmos poderemos falar? Quais as paragens obrigatórias ao longo deste  percurso? Durante a sua performance, ao piano, Rodrigo Alzuguir vai  fazer esta contextualização. No total, vamos ter seis Quintas Brasileiras, sendo que, nas últimas três, o pianista vai ter a companhia, em palco e ao violão, do músico brasileiro Yuri Reis.

Concertos de maio a junho

O programa arranca a 9 de maio, às 18h30,  na Casa Comum (à Reitoria), com uma pioneira da música popular  brasileira. Alguém que se destacou como compositora e maestrina no  início do século XX, desafiando, assim, os padrões sociais da época.  Vamos recordar Chiquinha Gonzaga, pretexto para homenagear outras  compositoras que seguiram seus passos, promovendo uma reflexão sobre a  presença feminina na criação musical brasileira.


Dia 16 de maio, 18h30, também na  Casa Comum, o “mestre de cerimónias” será Heitor Villa-Lobos, o grande  mestre da música erudita brasileira. Nesta primeira parte, serão  abordadas as influências que terão orientado o seu percurso musical,  identificando como incorporou elementos folclóricos brasileiros nas  composições clássicas. Será igualmente destacada a importância de Villa-Lobos na consolidação de uma identidade musical nacional.


A segunda parte desta homenagem acontece a 23 de maio,  à mesma hora e no mesmo local. Nesta “aula”, a atenção vai focar-se em  composições específicas, destacando a sua abordagem única da fusão  entre a música clássica e as raízes brasileiras. Será ainda apontada a  contribuição de Villa-Lobos para a música erudita nacional, bem como a influência que exerceu na formação de novos compositores.


No dia 6 de junho, às 18h30, o último concerto deste ciclo a acontecer na Casa Comum tem como título "Polêmica Noel & Wilson – trabalho e malandragem".  A relação entre Noel Rosa e Wilson Batista é um capítulo intrigante da  música popular brasileira. As suas composições refletem debates sociais e  culturais, tais como o conflito entre o “trabalhador honesto” e a  figura do “malandro”.


Durante o concerto, Rodrigo Alzuguir vai analisar esta polémica,  refletindo sobre a forma como as músicas moldaram discussões sobre ética, trabalho e “malandragem” na sociedade brasileira da época. Ao seu lado,  neste e nos dois concertos que se seguem, estará, ao violão, o compositor e músico brasileiro Yuri Reis.

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Yuri Reis irá acompanhar, ao violão, as “Quintas Brasileiras”. (Foto: DR)

Dia 13 de junho, quando forem 18h30, acontece o primeiro concerto deste ciclo no Instituto Pernambuco-Porto. Será dedicado ao tema: Samba-canção e Bossa Nova. Vai falar-se sobre a evolução do Samba-canção para a Bossa Nova, géneros que marcaram épocas distintas.


Que características distinguem um do outro género? Qual foi a  contribuição de artistas como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Tom Jobim e  João Gilberto? Este concerto falado pretende proporcionar uma  compreensão mais profunda da transição musical que decorreu no Brasil, e  que culminou com a sofisticação da Bossa Nova.


A 20 de junho, sempre às 18h30, no  Instituto Pernambuco-Porto, vamos “entrar no universo” Gonzaga. Ou seja,  explorar o legado que deixou Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e seu filho  Gonzaguinha. Para além da riqueza do seu reportório, Luiz Gonzaga teve  um importante papel na divulgação de música com raízes nordestinas. Por  sua vez, na abordagem que fez a temáticas sociais e políticas,  Gonzaguinha ampliou o diálogo entre a música e a realidade brasileira.

Prosa, piano e violão

Multidisciplinar, Rodrigo Alzuguir é escritor,  músico, investigador, palestrante e produtor cultural, especialista em  música e cultura brasileiras. Venceu o prémio Jabuti pela biografia Wilson Baptista – O samba foi sua glória. O álbum mais recente, duplo,  é uma homenagem, precisamente, ao compositor brasileiro Wilson Baptista de Oliveira.


Dirigiu o longa-documentário Clara estrela, sobre Clara Nunes,  filme de abertura do festival internacional MIMO e destaque no Festival  do Rio. Apresentou séries de podcasts sobre figuras e temas da música  brasileira. Coorganizou e escreveu artigos para o livro A música brasileira em 100 fotografias.


Escreveu três peças de teatro musical e encontra-se a preparar uma  biografia de Heitor Villa-Lobos para a Companhia das Letras. É  licenciado em Engenharia Elétrica, mestre em Letras pela PUC-Rio e  doutorando em  Estudos em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP).


Já Yuri Reis, compositor e músico com uma sólida formação no cavaquinho, tem uma vasta experiência no Choro e no Samba.  Ao longo do seu percurso já colaborou com diversos artistas de destaque,  como Joel Nascimento, Maurício Carrilho e Monarco, entre outros.


Nos últimos cinco anos, tem explorado uma interessante fusão entre o  Fado e o Choro, culminando na gravação do álbum Saudade, com Miguel  Amaral, em 2019. Este trabalho de acompanhamento de Fado já o levou a  tocar em vários países europeus.


As Quintas Brasileiras são uma iniciativa apoiada pela Embaixada do Brasil em Portugal e pelo Instituto Guimarães Rosa. 


Fonte: Notícias U.Porto

O meu 25 de Abril com...José Emídio

Ao longo do mês de maio continuaremos a partilhar memórias de figuras da U.Porto. 


“Lembro-me perfeitamente… está tudo muito agitado e as pessoas estão a dizer que houve uma Revolução, houve um golpe de Estado. E eu não acreditei…”.  É o que nos conta José Emídio, atual Presidente da Cooperativa Árvore e alumno da U.Porto, sobre a sua manhã de Abril.

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U.Porto apresenta concerto de música clássica indiana

"Ragas da Índia - Do silêncio ao êxtase" é o  título do concerto agendado para o dia 10 de maio, às 19h00, na Casa  Comum. Entrada livre. 

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Yogendra será o sitarista "de serviço" no espetáculo de 10 de maio. Foto: DR

O sitar e as tablas são os instrumentos que sobem ao palco para este  concerto único que nos vai levar até às raízes da música clássica  indiana. Ragas da Índia – Do silêncio ao êxtase é a proposta musical  que sobe ao palco da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto no final da tarde (19h00) do próximo dia 10 de maio, sexta-feira.


Desde a sua revelação ao ocidente, nomeadamente a partir da segunda  metade do séc. XX, a música indiana apaixonou instrumentistas que  procuraram perceber a complexidade e subtileza que a caracterizam. A aprendizagem foi acontecendo com deslocações ao subcontinente indiano  para um contacto direto com os mestres ou, então, através de escolas  fundadas por estes no exterior.


O primeiro e melhor exemplo destas instituições é o Ali Akbar College  of Music, fundado pelo sarodista Ali Akbar Khan, músico cuja excelência  musical é paralela à do seu cunhado, o célebre Ravi Shankar. Foi com  Akbar Khan que Yogendra, o sitarista “de serviço”,  aprendeu a sua arte. O músico continuou, depois, os seus estudos com outros membros da mesma família estilística (gharana). Yogendra  apresentou-se já em mais de 100 concertos com o tablista Ashis Paul.  Toca também, regularmente, com o grupo Indigo Masala.


Símbolo da música da Índia, o sitar é um instrumento musical de  origem indiana, pertencente à família do alaúde. Ele é um símbolo da  música da Índia. Embora apresente um grande número de cordas, o nome  “sitar” provém do persa e significa “de três cordas”, fazendo alusão à  forma original do instrumento.

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O concerto contará também com a presença do tablista Ahmad Emad Karimi. (Foto: DR)

Yogendra apresenta-se, na Casa Comum, com um programa de ragas (forma  fundamental da música clássica indiana) do norte do país. A ragas  estruturam-se em volta de uma escala, atribuindo uma importância  específica a cada nota, e de motivos melódicos, tendo como função  estabelecer no ouvinte um estado de espírito ou sentimento particular.


A exposição de um raga começa de forma meditativa, sem ritmo fixo,  até à entrada das tablas, que introduzem um ciclo rítmico a que se chama  tala. O tempo, inicialmente lento, vai acelerando até chegar à parte  final, de execução muito rápida e virtuosística. A execução completa de  um raga pode demorar cerca de uma hora.


Yogendra surgirá em palco acompanhado por Ahmad Emad Karimi.  Este jovem tablista é aluno do Instituto Nacional de Música do  Afeganistão, instituição correntemente a funcionar no nosso país devido à  proibição da atividade musical pelos talibãs.


A Tabla é um tipo de tambor de mão usado na música indiana. É  amplamente utilizado em músicas devocionais, meditativas e também como  parte de composições especiais. Os seus padrões  , chamados taals, criam  uma base sólida para a música indiana.


Durante o concerto, a audiência será convidada a sentar-se no chão  (existirão almofadas) para garantir uma linha de vista desimpedida para  os concertistas. No fundo da sala estarão disponíveis algumas cadeiras  para quem, por razões de saúde, não se possa sentar no chão.


A entrada é livre, ainda que sujeita à lotação da sala.


Fonte: Notícias U.Porto

Maio na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

ESPANTO -  A Coleção Norlinda e José Lima em Diálogo com o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto

Até 31 AGO'24
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Se paredes me dão a liberdade | Exposição de Helena Rocio Janeiro

De 23 ABR a 11 MAI'24
Exposição | Casa Comum
Entrada livre | Mais informações aqui

Afetos diversos - uma mostra de filmes alemães LGBTQIA+

3, 17, 24 e 31 MAI'24 | 18h30
Cinema | Casa Comum
Entrada livre | Mais informações aqui

Quintas Brasileiras | Concertos falados por Rodrigo Alzuguir

9, 16 e 23 MAI'24 | 18h30
Música | Casa Comum
Entrada livre | Mais informações aqui

Ragas da Índia: do silêncio ao êxtase | Concerto

10 MAI'24 | 19h00
Música | Casa Comum
Entrada livre | Mais informações aqui

A Revolução dos Cravos | Conferência por Victor Pereira

 11 MAI'24 | 16h00
Conversa | Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Isto ainda não é uma revolução: da memória à reparação

 11 MAI'24 | 15h30-20h00
Programa Multidisciplinar | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sombras Que Não quero Ver #3

 A partir de 09 ABR'24
Debate | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Gemas, Cristais e Minerais

A partir de 20 SET'23
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

"Breviário" da U.Porto viaja até à Casa do Corim

Peças do Museu de História Natural e da Ciência  da U.Porto ficarão expostas na Casa do Corim, em Águas Santas (Maia).  Entrada livre.

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Entre instrumentos científicos e peças arqueológicas, são mais de 30 os "tesouros" que  podem ser descobertos numa visita à Casa do Corim. Foto: DR

Estatuetas, máscaras, moluscos, colibris e até borboletas. Ao todo, são mais de 30 peças do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) que vão ficar em exposição, de 7 de maio a 13 de julho, na Casa do Corim, em Águas Santas (Maia), em resultado de uma parceria entre a Lipor e o MHNC-UP.


Desde abril de 2023 que quem atravessa a Praça Gomes Teixeira e chega  ao átrio de entrada do edifício histórico da Reitoria da U.Porto  encontra, pelo menos, uma peça do MHNC-UP a fazer as honras da casa.  Todos os meses, o Museu desafia assim a descobrir parte dos tesouros que mantém nas suas reservas. A esta janela que abre para as suas coleções, chamou Breviário.


Um ano depois, chegou a altura de o Breviário fazer uma pequena  viagem até à cidade da Maia. As peças do MHNC-UP e as suas histórias  irão agora chegar a outros públicos. O que vai ser exposto? Desde  objetos da coleção de etnografia aos instrumentos científicos, passando pelas áreas da arqueologia, da botânica e da zoologia.

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As peças do Breviário viajaram até à Casa do Corim.

A Casa do Corim

Datada do século XVIII, a Casa do Corim, durante o Cerco do Porto,  chegou a funcionar como Quartel-General das tropas absolutistas de D.  Miguel.


Quando visitar o espaço e depois de observar de perto as peças das nossas coleções, não deixe de procurar as camélias japónicas que estão no  jardim. Demore-se ainda, porque a experiência vale mesmo a pena, a ver  os pormenores da azulejaria tradicional portuguesa.


É à Lipor (Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do  Grande Porto) que cabe fazer dinamização da Casa do Corim. Funciona como  o “Hub de Sustentabilidade” e um polo de disseminação cultural, oferecendo atividades relacionadas com sustentabilidade, empreendedorismo, proteção do ambiente e capacitação dos cidadãos em  temas ambientais.


A Casa do Corim fica na Rua D. Afonso Henriques, n.º2540, freguesia de Águas Santas.


Fonte: Notícias U.Porto

U.Porto Press reedita Um Estio na Alemanha, de Abel Salazar

A obra é uma coedição da Editora da U.Porto e da Casa-Museu Abel Salazar e relata, na primeira pessoa, passagens do consagrado professor da U.Porto pela Alemanha, Espanha, Bélgica e Holanda.

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Esta publicação passa a integrar a coleção Pensamento, Arte e Ciência da Editora da Universidade do Porto, dedicada à edição e reedição de obras de Abel Salazar. / FOTO: U.PORTO PRESS

Um Estio na Alemanha,  obra de Abel Salazar, consagrado médico, investigador e professor  catedrático da Universidade do Porto (U.Porto), falecido em Lisboa, a 29  de dezembro de 1946, acaba de ser reeditada pela U.Porto Press e pela Casa-Museu Abel Salazar.


Anteriormente publicada pela Editorial Nobel, de Coimbra, em 1944, e faseadamente pelo semanário republicano de Viseu O Trabalho, em números publicados entre 1936 e 1939, passa agora a integrar o catálogo da Editora da U.Porto, na coleção Pensamento, Arte e Ciência, dedicada à edição e reedição de obras do autor.

Berlim, A Imperal Alemanha", Madrid e outros destinos

Um Estio na Alemanha “reúne as impressões de duas viagens realizadas por Abel Salazar em  diferentes momentos da sua vida: em 1913, a Berlim, e em 1933, a Madrid,  bem como uma posterior passagem pela Bélgica e pela Holanda”, lê-se  numa nota introdutória a esta reedição.


“No palor da manhã rosada, o Cap Blanco acosta lentamente ao  cais de Cuxhaven. O Sol brilha, lampejando em dois capacetes  prussianos, e a cidade, perdida na bruma matinal, não é ao longe mais do  que um indeciso fantasma”.


Assim anuncia Abel Salazar a sua chegada ao cais de Cuxhaven, situado  numa cidade portuária do norte da Alemanha, em 18 de setembro de 1913, a  bordo do navio a vapor “Cap Blanco”. E assim começa o primeiro capítulo  desta obra – “Eis, Pois, Berlim e a Imperial Alemanha” –, as mesmas  palavras com que Abel Salazar o remata e aguça o interesse do leitor  para os seguintes.


Após Cuxhaven, Abel Salazar ruma a Hamburgo e, de seguida, a Berlim. Visita também outras cidades, como Postdam e Dresden.

À medida que vai passando, vai registando, em desenhos, o quotidiano dos  locais em contextos diversos, à semelhança dos registos já efetuados a  bordo do “Cap Blanco” ou do expresso para Hamburgo-Berlim.


No segundo capítulo, após as “primeiras impressões”, aborda tópicos  como a “boémia berlinesa”, o “exotismo nórdico” ou “a apoteose  imperial”.

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Reprodução de um postal enviado por Abel Salazar à sua irmã. [p. 196 do livro] / FOTO: U.PORTO PRESS

O terceiro e último capítulo da obra é reservado às visitas de Abel Salazar a Madrid, Bélgica e Holanda.Para além dos escritos, a U.Porto Press acrescentou à publicação diversos desenhos, postais enviados por Abel Salazar à mãe e à irmã e outros documentos relativos a estas viagens.


Esta publicação está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%. 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

103. Chamavas-te Catarina?, Manuel Alberto Valente

"Chamavas-te Catarina?", de Manuel Alberto Valente, in Poesia Reunida, O pouco que sobrou de quase nada, Quetzal Editores, setembro de 2015.

77. Tiu Domingos Pereira – Ida para Fráncia 

“Fai pa riba de sessenta anhos que  ls purmeiros mirandeses se scapórun  deiqui para Fráncia. Apuis desse sgubiar de gente por ende afuora bemos l  mundo a chegar a la nuossa tierra, gente que tal cumo ls que salírun i  sálen deiqui, chégan an busca dua bida melhor. An tierras adonde la  gente ye cada beç mais scassa, ber l mundo a chegar habie de ser mirado  cumo ua riestra de spráncia.
Para relembrar esses purmeiros abintureiros, queda eiqui un cachico de mais ua cunbersa de l porjeto Ourrieta las Palabras.”


Mais podcasts AQUI


Alunos Ilustres da U.Porto

António Cardoso

U.Porto press

António Cardosos (Foto DR)


António Cardoso Pinheiro de Carvalho nasceu em Amarante em 1932.


Estudou na Escola Primária de Tabuado, onde o seu pai era professor e, depois, no Colégio de S. Gonçalo de Amarante, que ficava perto da quinta da família. Com o seu avô, um homem de variados interesses e apaixonado por Amarante, descobriu o prazer do contacto com a terra.


Entre 1949 e 1951 fez o curso do Magistério Primário, que concluiu com 19 anos de idade, começando a trabalhar nas escolas da região.


Durante os anos cinquenta, passava os tempos livres em Amarante, na Biblioteca-museu, na companhia de Albano e de Victor Sardoeira, com quem diligenciou a criação das salas de António Carneiro, António Cândido, e no café da Maria José, "Gioconda de Pascoaes", onde jogava bilhar e contava as novidades do Porto. Nesta cidade, além de estudar pintura na Academia Alvarez, criada em 1954 por Jaime Isidoro e António Sampaio, frequentava, como muitos outros estudantes, os cafés Majestic, Rialto e Paladium, a Primus Cine-Clube, o círculo do TEP e a Livraria Telos.

António Cardoso foi o elo de ligação entre a galeria portuense e a Biblioteca-museu de Amarante. Jaime Isidoro pintou paisagens amarantinas e a Galeria Alvarez realizou 3 exposições no espaço cultural desta vila. No Porto, organizaram-se uma mostra de Amadeo de Souza Cardoso, na Galeria Alvarez (1956) e a Exposição de Pintura Moderna (1957), em colaboração com o Grupo de Amigos da Biblioteca, que revelou novos artistas, como Ângelo de Sousa, António Quadros, Júlio Resende, Tito Roboredo, e o próprio António Cardoso.


A pintura deste artista ficou marcada desde 1956 pelas viagens que passou a fazer anualmente, sempre ao volante da sua motorizada, sozinho ou com amigos como António Bronze, por países como a França, a Espanha, a Itália e a Bélgica onde, em 1958, visitou a primeira exposição universal depois da II Guerra Mundial.


O seu trabalho "Paisagem III" integrou a seleção enviada à I Bienal de Paris, em 1959. Com ele, mas também com as obras de Ângelo de Sousa, Artur Bual, René Bertholo, Lourdes de Castro, Luís Demée, Mário Eloy, António Quadros, Nuno Siqueira, Maria Teles e João Barata Feyo, Portugal recebeu o 1.º Prémio da crítica.

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Desenho de António Cardoso. (Imagem: DR)


Na sua qualidade de artista plástico, António Cardoso expôs pinturas, de forma individual e coletiva, no país e no estrangeiro (Porto, Braga, Alijó, Lamego, Peso da Régua, Bragança, Amarante, Vila Nova de Gaia, Chaves, Viana do Castelo, Viseu, Lisboa, Lourenço Marques e Paris). Publicou um Álbum de 20 Desenhos em 1980, com prefácio de Diogo Alcoforado, e produziu os cartazes para três congressos realizados no Porto - La Sociologie et les Nouveaux Défis de la Modernisation, em 1988; I Congresso Internacional do Barroco; e O Porto na Época Contemporânea, em 1989.


A par dos seus interesses artísticos, António Cardoso nunca esqueceu a sua vocação pedagógica e aplicou as suas ideias relativas à prática artística na educação e na função de educador como estimulador das capacidades e da criatividade das crianças. Escreveu na Escola Portuguesa, associou-se aos dois números da revista Coordenada – Cadernos de convívio (1958-1959), onde foi ilustrador e redator. Dirigiu a "página Quatro" do Jornal Flor do Tâmega dos modernistas de Amarante, o que lhe permitiu visitar o Brasil de Niemeyer e Portinari, e passou pelo Suplemento Cultural Ângulo (desde 1966), que dirigiu com Manuel Amaral e no qual veiculou propostas arrojadas.


No começo dos anos sessenta, o inspetor escolar Baptista Martins, que veio a ser um dos grandes responsáveis pela criação da Telescola, numa visita que fez a Amarante ficou bem impressionado com o museu local e com o professor António Cardoso que, por sua intercessão, veio a incorporar o Instituto de Meios Áudio-visuais e o Instituto de Tecnologia Educativa, apresentando programas de Televisão Escolar (1963-1965).


Entre 1965 e 1974, António Cardoso desempenhou a função de realizador da Televisão Educativa e da Telescola/ITE, no decurso da qual foi convidado a participar no V Seminário Internacional da União Europeia da Radiodifusão, em Basileia (1967). Foi diretor do Curso do CPTV / ITE (1977-1981) e encabeçou ações de formação de Professores do Ensino Básico e Secundário em várias cidades portuguesas, promovidas pelo Ministério da Educação, e de Professores do CPTV, difundidas pela RTP do Instituto de Tecnologia Educativa. Integrou, ainda, a Comissão do Ministério da Educação para a renovação do Sistema de Avaliação de Alunos do Ensino Básico e Secundário.


Entretanto, durante os anos sessenta, investira igualmente na sua formação académica. Frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto (1965-1966), que abandonou por incompatibilidade do horário escolar com o laboral. De seguida, pensou cursar em Direito, mas a abertura da Segunda Faculdade de Letras da Universidade do Porto levou-o a inscrever-se no curso de História. Durante a licenciatura, que terminou em 1974 com a classificação final de 16 valores, foi fortemente marcado pelos professores José António Ferreira de Almeida e Carlos Alberto Ferreira de Almeida. Realizou o estágio pedagógico no CPES, classificado com 16 valores. Em 1981, no centenário do nascimento de Picasso, ingressou no quadro de docentes do Curso de História, variante de Arte da FLUP.


Por esta mesma ocasião, fez várias intervenções sobre a obra de Picasso no Círculo de Belas-Artes de Madrid, no Instituto Espanhol de Cultura, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Museu de Amarante e em escolas secundárias do Porto e de Vila Nova de Gaia.


Por exigência da carreira universitária preparou a tese de doutoramento sobre o século XX, que era a sua área de trabalho e na qual pontuava a ação de José Augusto França. Aquando das comemorações dos cem anos da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, José Augusto França proferiu uma conferência sobre o edifício-sede dessa Sociedade e sobre o seu autor, José Marques da Silva. Este facto levou António Cardoso a decidir estudar a obra deste arquiteto, em detrimento do seu conterrâneo, Amadeo de Souza Cardoso, sua escolha inicial para o trabalho de investigação.


As grandes linhas da sua tese, apoiada por uma bolsa do INIC entre 1986 e 1988, foram traçadas na exposição sobre Marques da Silva, montada na Casa do Infante, em 1986.


A 19 de Novembro de 1992 defendeu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto as provas de doutoramento, submetidas ao tema O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no Norte do País na primeira metade do século XX, tendo sido aprovado por unanimidade, distinção e louvor.


O trabalho desenvolvido para a tese de doutoramento conduziu à doação do legado de Marques da Silva à Universidade do Porto, formalizada no testamento da arquiteta Maria José Marques da Silva (24 de Junho de 1993), sua herdeira, e que resultou na criação, em 1994, do Instituto Arquitecto José Marques da Silva, hoje Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva.


Na Faculdade de Letras, em paralelo com as aulas de História de Arte, dirigiu seminários de Património/Restauro, Escultura e Arquitetura do século XX no Curso de Mestrado de História de Arte do Departamento de Ciências e Técnicas do Património. Orientou teses de doutoramento e de mestrado e participou em júris de provas universitárias.


Lecionou nos Seminários de Verão. Guiou memoráveis visitas a Espanha (Madrid, Barcelona, Mérida, etc.) no âmbito da cadeira de História de Arte do Século XX. Organizou exposições de artistas portuenses, como Ângelo de Sousa, Carlos Carreiro e Zulmiro de Carvalho nas instalações da FLUP e fez parte da Comissão do Património da Câmara Municipal do Porto em representação da Faculdade (1996-2001).


Fora desta instituição, colaborou na docência de cursos de técnicos auxiliares de museografia do IPPC e arguiu teses de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Foi, também, organizador de três destacadas exposições na cidade do Porto: Marques da Silva/Arquitecto 1896/1947, que teve lugar na Casa do Infante, em 1986; Casa de Serralves, retrato de uma época, decorrida na Casa de Serralves em 1988; e Aguarelas de Marques da Silva, em 2001, nas instalações do Instituto Marques da Silva. António Cardoso cooperou, ainda, com outras instituições educativas e culturais, em conferências e palestras.


Na década de 90, o seu interesse pelo estudo da História Local e pela área da Museologia (como membro da APOM, nomeadamente), a constante colaboração com o museu de Amarante (através do Grupo de Amigos do Museu) e o trabalho desenvolvido na FLUP tornaram inevitável o convite que lhe foi dirigido para exercer o cargo de Diretor do Museu de Amarante, que manteve até o seu falecimento.


Entre as muitas outras atividades que desenvolveu ao longo da sua carreira contam-se a participação em conferências - no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, no Museu dos Biscainhos, em Braga, na Cooperativa Árvore e na Universidade Portucalense, no Porto -, assim como em mesas-redondas - da Casa de Serralves, da Cooperativa Árvore e da ESBAP, no Porto, da Fundação Cupertino de Miranda de Vila Nova de Famalicão; a colaboração em estágios pedagógicos no Grande Porto, a publicação de vários livros, nomeadamente sobre S. Gonçalo de Amarante, a Igreja de Gondar, o Palácio da Bolsa e o Arquiteto Marques da Silva, a edição de dezenas de artigos científicos; os estudos e trabalhos sobre Amadeo de Souza Cardoso, como, por exemplo, a produção de um filme para a RTP, a participação num filme de Paulo Rocha e a colaboração no catálogo raisonné de Amadeo e na organização da exposição do centenário do seu nascimento (1987), duas iniciativas da Fundação Calouste Gulbenkian; a ligação à revista "Entremuros", sobre História Local de Amarante, cujo primeiro número (1990) foi patrocinado pela Reitoria da U.Porto; a visita à "Documenta 7" de Kassel e à Bienal de Veneza de 1982, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian; a integração no Júri do Concurso de Ideias para o projeto de renovação da Estação de S. Bento (1985), organizado pelo Ministério do Equipamento Social/ Gabinete da Ponte Ferroviária sobre o rio Douro; o exercício do cargo de delegado da Junta Nacional da Educação em Amarante, no qual foi responsável pela classificação do seu mais relevante património arquitetónico e a atividade como ex-membro da APOM (Associação Portuguesa de Museologia) e da ARPPA (Associação Regional do Património Cultural e Natural); a sua filiação como membro da Associação Internacional dos Críticos de Arte (Secção Portuguesa).

O Professor Jubilado da Universidade do Porto e Diretor do Museu Amadeo de Souza-Cardoso morreu no Porto a 3 de junho de 2021, aos 89 anos de idade.


Postumamente, em 2022, a Fundação Instituto Marques da Silva homenageou-o com a exposição Isto não é só um quadro: António Cardoso além da evidência, que esteve patente na Casa-Ateliê Marques da Silva. 


Sobre António Cardoso (up.pt)


Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência (noticias.up.pt)

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