MUTANTES
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De certa forma, cresci com mutantes. Quero dizer, com revistas em quadradinhos sobre mutantes. O meu irmão Miguel gostava dos X-Men, que colecionava meticulosamente. Mais tarde, foram os meus filhos que começaram a comprar as revistas e a ver os desenhos animados e os filmes. Os super-heróis da Marvel estiveram sempre inscritos no meu espaço doméstico, embora confesse que não gostasse muito deles nem lhes prestasse muita atenção. Para mim, eram apenas personagens com superpoderes. Comecei a ver os mutantes dos X-Men de forma diferente quando os meus filhos, já adultos, se indignaram com a minha ignorância em relação ao universo da Marvel. Fizeram-me então ver o que para eles era muito óbvio: que os mutantes funcionam, na narrativa, como metáfora para várias formas de discriminação e preconceito, incluindo racismo, homofobia, xenofonia e identidade. Enquanto representantes de minorias marginalizadas, enfrentam medo e ódio por serem diferentes; a partir dos seus superpoderes, podemos discernir outros temas, como relações de poder, a ética na ciência (particularmente na manipulação genética), o que é ser-se humano e que responsabilidade acrescida têm as pessoas que falam a partir de uma posição de vantagem.
Na verdade, houve mais mutantes na minha vida. Estou a pensar na literatura de ficção científica e na literatura de terror, tantas vezes transpostas para o cinema. Refiro-me, por exemplo, a Frankenstein (1819), de Mary Shelley, cujo protagonista – o jovem cientista Victor, obcecado com a ideia de descobrir os mistérios da vida e da morte – cria uma criatura viva a partir de partes de diferentes cadáveres humanos. Através desta narrativa, Mary Shelley confronta-nos com temas como a ambição humana e a responsabilidade ética, e mostra-nos o que acontece quando tentamos transpor certos limites. Refiro-me também a O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde (1886), onde Robert Louis Stevenson explora magistralmente o tema do conflito entre o comportamento civilizado e os instintos primevos dos seres humanos através do processo de mutação autoinfligida em Dr. Jekyll que o faz transformar-se em Mr. Hyde. Mas poderia pensar também em A Mosca (1957), de George Langelaan, onde o protagonista, André Delambre, se torna um mutante depois de uma experiência científica com teletransporte que provoca a fusão do seu corpo com o de uma mosca. O resultado é uma criatura híbrida, horrível e digna de piedade. A história confronta-nos com as consequências inesperadas das experiências científicas, com a fragilidade da identidade humana e os horrores da transformação física e mental.
Os mutantes na literatura são, regra geral, seres desagradáveis – e por isso as histórias em que entram questionam as oportunidades que eles têm de inclusão na sociedade. Em algumas narrativas, são representados como criaturas grotescas e monstruosas, que provocam simultaneamente medo e repulsa. Bastará pensarmos na série Resident Evil para compreendermos como a narrativa suscita sentimentos de pavor de contágio biológico e transformação.
A perspetiva que tenho sobre o fenómeno da mutação emana, pois, das minhas leituras e é aquilo a que se pode chamar “um ponto de vista das Humanidades”. Fiquei, por isso, surpreendida quando percebi que a ciência oferece um ponto de vista mais complexo sobre as mutações, reconhecendo a importância do seu contributo para a variabilidade genética e para ampliar, entre outros aspectos, a capacidade de as populações lidarem com mudanças ambientais. Apercebi-me desta diferença quando participei numa visita guiada à Galeria da Biodiversidade: os seres mutantes, mais do que algo de aberrante, poderão representar uma espécie mais resiliente, em vias de formação.
A revelação logo iluminou a leitura de MaddAddam (2013), de Margaret Atwood, que acabei de reler. No seu livro, Atwood apresenta-nos como uma possibilidade (apesar de tudo) redentora para a humanidade o cruzamento de uma espécie geneticamente modificada de humanos com mulheres humanas, no quadro de uma sociedade devastada por uma praga criada em laboratório, e que quase determinara a extinção da humanidade. Ao ler sobre o conceito de “mutação” em textos científicos, compreendi que a visão de Atwood foi influenciada pela sua formação humanística – é licenciada e mestre em literatura, tendo dado aulas nesta área no ensino superior – e científica. Esta última terá acontecido de forma imersiva, por influência do seu pai, cuja profissão – investigador na área da entomologia – fez com que a sua família tivesse de passar largos anos em florestas no Norte do Quebec (Margaret só começou a frequentar uma escola em tempo integral a partir do 8.º ano de escolaridade). Assim se compreende que, quando esteve no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, por ocasião do seu Doutoramento Honoris Causa, Atwood se tenha perdido entre as nossas coleções de insetos, explicando-nos, como perita, as suas características e comportamentos.
Combinadas, as Humanidades e as Ciências deram a Margaret Atwood instrumentos para compreender melhor os problemas e ver mais longe. Claro que não estou a defender que devamos investir na criação de mutantes; não creio, aliás, que fosse essa a proposta de Atwood. A escritora usa os mutantes para explorar temas complexos e perspetivas éticas sobre a engenharia genética e as suas implicações, as características da natureza humana, a necessidade de vivermos em harmonia com o mundo natural e de nos adaptarmos para não nos extinguirmos enquanto espécie. Os mutantes representam diferentes estádios da evolução e adaptação humanas, sugerindo que a mudança é um aspecto fundamental da sobrevivência.
Os mutantes de Maddaddam são o símbolo de uma possibilidade de devir: só eles estão preparados para resistir à violência dos raios solares; só eles serão capazes de construir uma sociedade melhor, onde a maldade, a mentira e a violência não tenham lugar. Vejam só no que dá andar a ler sobre mutantes: acabei por gostar um pouco deles, pois percebo agora o que verdadeiramente podem ser – seres iluminados, habitados por uma possibilidade de futuro.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Coletivo celebra a poesia de Maria Teresa Horta
A escritora, jornalista e feminista é a protagonista do próximo encontro do Coletivo de Poesia - O Poeta a várias vozes, marcado para 21 de maio, na Casa Comum. A escritora, jornalista e feminista é a protagonista do próximo encontro do Coletivo de Poesia - O Poeta a várias vozes, marcado para 21 de maio, na Casa Comum.
O Colectivo de Poesia – O Poeta a várias vozes da Universidade do Porto volta a reunir-se no próximo dia 21 de maio, terça-feira às 21h30, na Casa Comum (à Reitoria). Maria Teresa Horta é a “poeta do mês”. É escritora, jornalista e poeta. Juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa (grupo das Três Marias), Maria Teresa Horta (1937) é uma das mais reconhecidas e ativas feministas portuguesas. O grupo lançou o livro Novas Cartas Portuguesas que, na época, gerou uma enorme contestação e obteve um fortíssimo impacto a nível nacional e internacional.
Como autora, foi processada e julgada por “ofensa à moral pública”, em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. No mês em que celebramos os 50 anos do fim deste processo judicial, e no dia seguinte ao seu aniversário, é a escrita de Maria Teresa Horta que une o Colectivo.
Para além do feminismo, celebra-se, acima de tudo, o inconformismo, a transgressão e a coragem de quem nunca se resignou às convenções. De quem teve a coragem de defender o que considerava ser uma vida em sociedade mais justa e democrática.
À boleia dos textos de Maria Teresa Horta, que princípios gostaria de dizer em voz alta? Que convicções gostaria de assinalar? Que comoções gostaria de partilhar? O Coletivo de Poesia estará sempre incompleto se não se desdobrar em diferentes tonalidades… Enfraquecido se não houver mais fôlego para a palavra dita. Isto para dizer que sem a colaboração de todos, não é um Coletivo.
“Diz”, “Quem”, “Questões de princípio”, “Palavras”, “Escrever”, “ Verso e Veia”, “Invenção”, “Pequena canção à mulher”, “Corpo”… São alguns dos poemas que vão ser partilhados na Casa Comum. Quais vão ser os seus? Traga o seu poema preferido e partilhe-o connosco, lendo-o em voz alta.
Sobre o Colectivo de Poesia – O Poeta a várias vozes
O Colectivo de Poesia é coordenado por Rui Amaral Mendes, professor da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) e investigador integrado do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Fazem, ainda, parte do coletivo Ana Rita Rodrigues, Daniel Macedo Pinto, Luís Beirão e Alexandre Lourenço. A cada terceira terça-feira de cada mês, pretende-se promover um espaço de encontro, reflexão e celebração da poesia, na expectativa de transmitir uma perspetiva renovada sobre o que nos rodeia.
As sessões do Coletivo de Poesia têm entrada livre.
Fonte: Notícias U.Porto
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U.Porto oferece minicurso de literatura de viagem
Iniciativa aberta a toda a comunidade vai decorrer durante os meses de maio e junho, no Instituto Pernambuco - Porto. Inscrição gratuita. Viagens na literatura – Encontros e desencontros de culturas através dos livros é o título do minicurso de 10 horas que a Universidade do Porto vai promover nos dias 21, 23 e 28 de maio e nos dias 4 e 6 de junho, sempre entre as 18h00 e as 20h00, no Instituto Pernambuco – Porto. Gosta de viajar através da literatura? A ficção tem essa capacidade de nos fazer entrar noutras vidas, ser outras pessoas, estar na pele de quem teve experiências que… o leitor nunca. Mas o que se propõe neste curso é mais do que isso. É exercitar o movimento. É viajar com… Para tal, foram selecionados textos que remetem para a ideia da mobilidade, fazendo-nos refletir sobre os desafios, as tensões, as conquistas e as alegrias que, quer na ficção, quer na realidade, este “trânsito” provoca.
É “uma viagem pelos deslocamentos existentes em textos literários”, optando por narrativas “que abordam a experiência de trajetos conscientes e inconscientes, experienciados e inspirados por aqueles que se locomovem”, anuncia a organização.
As histórias escolhidas, fiéis a este movimento, são interpretadas por exilados, estrangeiros, migrantes, ou outros que ajudarão a levantar questões profundas e complexas como território, nação, cultura, colonialismo, imperialismo e globalização.
Vamos ao itinerário?
Durante a primeira sessão será feita a apresentação do programa e dos participantes, a introdução ao tema e respetiva proposta de trabalho para estas 10 horas “de viagem”. Na segunda aula, ficaremos a conhecer a literatura diaspórica como representação do eterno retorno e da busca das origens. Em cima da mesa teremos os fragmentos de: Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, e Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Apeados na “3.ª estação”, vamos pensar sobre o que é “estar de fora, mesmo dentro”, condição inerente ao sujeito deslocado. As obras em discussão serão: A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, e Quarto de despejo: diário de uma favela (fragmentos), de Carolina Maria de Jesus.
Como é o olhar do imigrante sobre o estrangeiro? Luanda, Lisboa, Paraíso (fragmentos), de Djaimilia Pereira de Almeida, é o título da obra que servirá de pretexto para refletirmos sobre os efeitos da travessia do atlântico.
A última sessão será dedicada à impossibilidade do retorno e à condição exílica. A Ignorância, de Milan Kundera (fragmentos), dará o contexto para falarmos sobre este “contrato” com as contradições de um retornado.
Ao comando da viagem estará Cristiane Araujo Côrtes, investigadora de pós-doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), com doutoramento em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Lorena do Rosário Silva, doutoranda em Literaturas Modernas e Contemporâneas pela UFMG.
O minicurso, aberto a todos, tem um formato modular, o que significa que os encontros serão independentes. É possível participar em todos ou selecionar apenas aqueles que pretende.
A inscrição é gratuita, mas obrigatória. Basta enviar um e-mail para cultura@reit.up.pt.
Fonte: Notícias U.Porto
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O meu 25 de Abril com...Rosa Alice Branco
Ao longo do mês de maio continuaremos a partilhar memórias de figuras da U.Porto. “No fundo, o 25 de abril permitiu que os dias fossem muito mais felizes. Não é possível ser completamente feliz numa ditadura”. Uma memória que nos transporta para o dia da Revolução dos Cravos, pela voz de Rosa Alice Branco.
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U.Porto dedica ciclo de cinema às Ciências Sociais e HumanasAs sessões do ciclo ComCiênciaSSH: Portugal Fala vão decorrer nos dias 20 e 21 de maio, na Casa Comum (à Reitoria). Entrada livre. O filme Para Cá do Marão, de José Mazeda, passa a 21 de maio, no auditório da Casa Comum. (Foto: DR)
São curtas-metragens portuguesas que abordam, na tela, o trabalho realizado na área das Ciências Sociais e Humanas. O ciclo ComCiênciaSSH: Portugal Fala vai decorrer na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto nos dias 20 e 21 de maio, entre 18h00 e as 20h00, com entrada livre. Os desafios que a população idosa enfrenta, a dificuldade de integração social após um período de detenção e o impacto de uma pandemia na classe médica são alguns dos temas abordados neste ciclo que nos traz retratos da resiliência humana em diferentes contextos.
Do programa fazem parte quatro curtas-metragens de realizadores portugueses que refletem a atual realidade social do país. Os filmes serão precedidos de uma introdução feita pelo realizador ou alguém da área do cinema.
Após cada projeção, haverá ainda espaço para o diálogo com investigadores da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) que, a partir dos trabalhos desenvolvidos, prometem apresentar diferentes pontos de vista sobre cada filme.
Quatro obras. Quatro reflexões
Dia 20 de maio, pelas 18h00, caberá ao realizador Carlos Coelho Costa inaugurar o ciclo, fazendo a apresentação do próprio filme. 4 Estações é o título da curta-metragem que retrata a cidade do Porto durante a pandemia. O filme será comentado por João Rebalde (FLUP). Às 19h15 passa Céu aberto ou espaço limitado, de José António Loureiro. Baseada em factos reais, esta obra é um lembrete do impacto duradouro que a prisão pode ter numa pessoa e das dificuldades que muitos enfrentam ao tentar reintegrar-se na sociedade. A contextualização final ficará a cargo de Maria João Oliveira (FLUP).
Céu aberto ou espaço limitado será exibido no final da tarde de 20 de maio. (Foto: DR)
Já o dia 21 de maio arranca com a exibição de S.Ó.S, de Bruno Soares. Pretexto para uma reflexão intensa sobre a condição humana e os desafios que a população idosa enfrenta, o filme será apresentado por Hugo Barreira (FLUP), No final, a conversa será conduzida por João Paulo Guimarães (FLUP). A fechar, será exibido Para cá do Marão, curta-metragem de José Mazeda que destaca a interação humana e o conflito em ambiente rural, oferecendo uma visão profunda da vida rural. O filme será comentado por Iván Tartaruga (FLUP)
As Ciências Sociais e Humanas pela lente do cinema
Dirigido à comunidade académica e ao público em geral, o ciclo ComCiênciaSSH: Portugal Fala é uma atividade de divulgação científica organizado pelo REMA (Research Management and Science Communication HUB), pela FLUP e pela Casa Comum. Estabelecendo uma ponte com o cinema português contemporâneo, este ciclo vem, assim, destacar a importância da investigação das Ciências Sociais e Humanas e a respetiva relevância na sociedade.
A entrada nas sessões é livre, ainda que sujeita à lotação da sala
Fonte: Notícias U.Porto
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Maio na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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ESPANTO - A Coleção Norlinda e José Lima em Diálogo com o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Portugal na aventura de voar | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Afetos diversos - uma mostra de filmes alemães LGBTQIA+
Entrada livre | Mais informações aqui
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Quintas Brasileiras | Concertos falados por Rodrigo Alzuguir
Entrada livre | Mais informações aqui
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Ciclo de cinema COMCIÊNCIASSH: PORTUGAL FALA
Cinema, debate | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Colectivo de Poesia - Poetas a várias vozes na Casa Comum | Maria Teresa Horta
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Viagens na Literatura
21, 23, 28 MAI'24 | 18h00 Workshop | Instituto Pernanmbuco Participação gratuita. Inscrição obrigatória aqui
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A resistência cultural na queda da ditadura
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Missa Freudiana, de Diniz Cayolla Ribeiro
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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As Palavras São Preciosas por Isso Digo Tão Poucas, de M. de Carvalho
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras Que Não quero Ver #3
Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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104. Elogio do sorvete, Manuel Alberto Valente “Elogio do sorvete”, de Manuel Alberto Valente, in Poesia Reunida, O pouco que sobrou de quase nada, Quetzal Editores, setembro de 2015.
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105. Retrato de um Anjo, Teresa Teixeira “Retrato de um Anjo”, de Teresa Teixeira, in Da Serena Idade das Coisas, Temas Originais, 2012.
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Planetário do Porto leva paixão pela ciência a públicos "mais afastados"
Premiado no âmbito das comemorações do Centenário dos Planetários, o projeto CoAstro vai voltar ao terreno ainda em 2024. O CoAstro: um Condomínio de Astronomi@, projeto inovador de Ciência Cidadã coordenado pelo Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, está de volta em 2024 com um “renovado propósito: chegar a públicos afastados da ciência, não por opção, mas por não terem oportunidade de com ela contactar e, por isso, não a conhecerem verdadeiramente”. No terreno desde 2019, este projeto inovador tem como propósito envolver as comunidades escolares em iniciativas gratuitas de ensino e divulgação das ciências.
“Fizemos o mapeamento dos concelhos de Portugal com menor envolvimento espontâneo com a astronomia – que acaba por ser uma ciência portal para outras ciências”, explica Ilídio André Costa, investigador no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) que desenvolveu o CoAstro durante o seu Doutoramento em Ensino e Divulgação das Ciências na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP).
O CoAstro volta assim “ao ativo” um ano depois de ter conquistado a competição IPS Centennial ‘Local Projects’, um galardão inserido nas comemorações do Centenário dos Planetários e que só é atribuído a cada 100 anos.
Entre as atividades em que será aplicado o valor do prémio (cerca de 1.000 euros) estão sessões de planetário portátil, observações do céu noturno e/ou com telescópios solares, atividades práticas e feiras de ciência.
“Os professores, neste caso do 1.º ciclo do ensino básico, serão também envolvidos em ações de desenvolvimento profissional”, acrescenta Ilídio André Costa. Segundo o “administrador do condomínio“ do projeto, o objetivo passa por trabalhar conteúdos chave e metodologias de ensino da astronomia, assim como exemplos concretos de como utilizar esta ciência, em termos curriculares: a astronomia como meio para ensinar outras ciências, línguas, humanidades e artes.
As atividades terão início a partir de setembro deste ano e deverão prolongar-se até ao primeiro trimestre de 2025, em municípios de Aveiro, Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Portalegre e Vila Real. Contudo, antecipa Ilído André Costa, o objetivo passa por “trabalhar estratégias que permitam a criação de um espaço de afinidade e condições para o estabelecimento de dinâmicas locais de envolvimento com a ciência que perdurem”.
Sobre o CoAstro
Este projeto “nasceu” no âmbito do Doutoramento em Ensino e Divulgação das Ciências de Ilídio André Costa, que aliou assim a investigação ao seu trabalho pedagógico. Na sua primeira edição, o CoAstro juntou investigadores e divulgadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva com professores do 1.º ciclo do ensino básico. O objetivo foi envolver os mais de 1.000 participantes em investigação em astronomia e promover a divulgação dos resultados e dos processos científicos junto da comunidade escolar.
“O CoAstro permitiu perceber como um projeto de ciência cidadã, sem recursos humanos ou financiamento próprios, pode contribuir, com efeitos duradouros e abrangentes em termos de público, para que a escola se abra à comunidade e esta à escola, e para que o público se abra à investigação e esta se abra ao público”, salientou Ilídio André Costa, em 2020.
Fonte: Notícias U.Porto
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Coimbra
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António Carvalho de Almeida Coimbra nasceu no Porto, na freguesia de Cedofeita, a 24 de agosto de 1928. Era filho de Davi de Almeida Coimbra e de Sílvia Carvalho de Almeida Coimbra. Licenciou-se em Medicina e Cirurgia em 1952, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). A 23 de fevereiro de 1954 incorporou o corpo docente da FMUP ao ser nomeado 2.º assistente além do quadro do 1.º grupo (tomando posse do lugar a 10 de janeiro de 1955) e no ano seguinte ascendeu a 2.º assistente do 1.º grupo (pelo despacho de 10 de novembro, tomando posse a 30 desse mês). Doutorou-se em 1962, com 19 valores, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
As provas públicas decorreram entre 13 e 14 de abril e a sua tese intitulou-se A célula nervosa – aspectos citoquímicos. De seguida, em maio desse ano tomou posse o lugar de 1.º assistente da disciplina de Histologia e Embriologia e em julho foi indigitado Professor Extraordinário do subgrupo B – Histologia e Embriologia do 1.º grupo.
Em 1973 foi definitivamente provido no cargo de Professor Catedrático e, entre 1 e 12 de outubro, exerceu o cargo de Professor Secretário da Faculdade de Medicina.
Em 1980 colaborou no Curso de Nutricionismo e integrou a Comissão Organizadora da Reunião Científica de Morfologistas Portugueses (realizada entre 23 e 26 de outubro). Passados dois anos, a 27 de fevereiro foi nomeado, definitivamente, Professor Catedrático do 1.º grupo, subgrupo B, em consequência do disposto no artigo 104.º do Decreto-Lei n. º448/79 de 13 de novembro.
Na FMUP também presidiu ao Conselho Diretivo, entre 1976 e 1977. Jubilou-se em 1998.
António Coimbra foi ainda interno no Hospital de Santo António (entre 1954 e 1960), especialista em Neurologia pela Ordem dos Médicos (desde 1959), Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (Montreal, Canadá, entre 1963 e 1965) e Académico de Mérito da Academia Nacional de Medicina de Portugal (2020).
Identificou os aferentes dolorosos à medula espinal e formou um grupo de investigação em Neurociências, sobre as vias de condução da dor, no âmbito do qual se associou à publicação de diversos trabalhos científicos e orientou teses de doutoramento.
Com o médico e investigador Corino de Andrade (1906-2005) publicou estudos pioneiros sobre a ultra-estrutura do nervo periférico na paramiloidose, na reputada revista científica Brain. Depois de aposentado, desenvolveu trabalhos sobre a carreira científica de Abel Salazar e a História da Medicina no Porto, como: A carreira universitária de Abel Salazar e A modernização da medicina portuense nos séculos XIX e XX – Da sangria aos transplantes.
O Professor Catedrático Jubilado da FMUP faleceu a 28 de julho de 2021. As cerimónias fúnebres tiveram lugar a 29 de julho, na Igreja e Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia.
Sobre António Coimbra (up.pt)
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