PAISAGEM MENTAL
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Aprendi, na passada terça-feira, na erudita palestra que o artista plástico Manuel Casimiro deu na Casa Comum, que a paisagem, na pintura chinesa, não é uma cópia da realidade, mas uma expressão de uma imagem mental. Trata-se, de certa forma, de uma meditação visual do artista sobre o conceito de paisagem: primeiro copia (aprende as formas da paisagem); depois internaliza; por fim, exprime. As paisagens que vemos, nas pinturas chinesas, são, assim, interpretações poéticas da natureza e uma expressão no estado emocional do artista e da sua leitura filosófica da natureza. Compreendi esta ideia nos últimos dias, em que “estive para fora”. O feriado de quinta-feira empurrou a sexta para junto do sábado e vi-me (pela primeira vez em muitos meses) com um fim de semana prolongado sem computador. Fui para Foz Côa; e para a Foz do Sabor; e para Torre de Moncorvo; e para Barca d’Alva; e para Freixo de Espada à Cinta. Persegui o Douro e os seus afluentes. A paisagem inundou-me os olhos até se ter tornado uma imagem mental.
Regressei “para dentro”, para o ruído da cidade, mas não esqueci o som dos pássaros que os guias de Foz Côa haviam identificado (sonhei esta noite com o assobio doce e fluído do papa-figos). Se fosse artista, pintava uma paisagem com erros geográficos (um pouco da sub-região do Douro, no distrito da Guarda; um pouco de Trás-os-Montes e Alto Douro; e alguma inspiração – não sei explicar porquê – das paisagens da pintura flamenga): o rio entalado entre montanhas, montes cobertos de arbustos de amarelo Van Gogh, uma casa que se encimou no monte, e as variações melódicas das aves como pano de fundo.
Ainda ensimesmada nas descobertas da viagem, percebo que a minha paisagem mental do Douro tem paisagem sonora.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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U.Porto presta homenagem ao Laboratório Químico Municipal
Microscópio Carl Zeiss que foi entregue ao Laboratório Municipal há mais de 120 anos é o objeto escolhido pelo "Breviário" para o mês de junho. Foi com a ajuda de instrumentos científicos como o histórico microscópio Carl Zeiss adquirido em 1898 que o histórico Laboratório Químico Municipal do Porto pôde assumir um papel fundamental na salvaguarda da qualidade da água e dos alimentos. Um papel que é agora celebrado na peça escolhida pelo Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) para o “Breviário” do mês de junho. Montado e dirigido por António Joaquim Ferreira da Silva (1853-1923), o Laboratório Químico Municipal abriu ao público em 2 de junho de 1884 para realizar diversos tipos de análises – entre elas, as microscópicas – à qualidade da água e dos alimentos. Erguido com o objetivo de combater fraudes alimentares e vigiar a qualidade da água, o Laboratório Municipal foi construído em terrenos municipais. Acabou por ser demolido em 1917, para dar lugar à atual Avenida dos Aliados.
Ganhou particular “fama”, graças a dois casos mais mediáticos, explica Marisa Monteiro, Curadora dos objetos científicos do MHNC-UP. Falamos do “caso da Rua das Flores”, ou seja, o “caso Urbino de Freitas, de toxicologia forense, e o caso de defesa dos vinhos portugueses exportados para o Brasil, na altura acusados de salicilagem indevida”. Foi graças à investigação de Ferreira da Silva que o caso se clarificou. permitindo que Portugal pudesse voltar a exportar vinho para o Brasil.
Equipado com cinco objetivas e seis oculares, o microscópio que foi entregue ao Laboratório Municipal, e que agora estará em exibição no átrio do Edifício Histórico da Reitoria da U.Porto durante o mês de junho, foi classificado pelo fabricante como sendo o seu instrumento mais versátil. Um “topo de gama da Carl Zeiss, extremamente sofisticado”, sublinha a curadora. Aquando da demolição do Laboratório, em 1917, o microscópio foi devolvido à Academia, nomeadamente à Faculdade de Ciências da U.Porto. Veio juntamente com outros instrumentos devolvidos pela autarquia.
No âmbito do programa de comemorações do centenário de Ferreira da Silva, recordar o Laboratório Químico Municipal e este microscópio é sublinhar a vertente de investigação deste docente que foi também diretor do Laboratório Químico da Academia Politécnica, precursora da U.Porto.
O microscópio Carl Zeiss pertence ao espólio do Museu de MHNC-UP. (Foto: DR)
Breviário: Um olhar sobre os tesouros da U.Porto
“Inaugurado” em abril de 2023, o Breviário é uma iniciativa que tem como objetivo partilhar a beleza, as particularidades e as origens de animais e objetos que habitam o espólio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, abrindo assim uma janela para o vasto património das reservas do MHNC-UP. Todos os meses, quem passar pelo átrio de entrada da Reitoria da U.Porto (Praça Gomes Teixeira) vai então encontrar um “tesouro” proveniente do MHNC-UP. Quando estiver junto da(s) peça(s) em exposição, basta apontar o telemóvel para o QR Code e ficar a conhecer o/a respetivo/a curador/a e as histórias que tem para contar.
Quem quiser conhecer “os bastidores do museu” pode também inscrever-se e fazer uma visita às reservas do MHNC-UP.
Fonte: Notícias U.Porto
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U.Porto Press marca presença na 94.ª Feira do Livro de Lisboa
Os livros da Editora da U.Porto voltam a estar disponíveis no Espaço dos Pequenos Editores. Certame decorre até 16 de junho, no Parque Eduardo VII. Os livros da U.Porto Press podem ser encontrados no Espaço dos Pequenos Editores – pavilhão E01, situado junto à entrada sul. / Foto: DR
Chegou a edição de 2024 da Feira do Livro de Lisboa! De 29 de maio a 16 de junho o Parque Eduardo VII será o palco da 94.ª edição deste grande festival literário, acolhendo 140 participantes, entre editores, livreiros, alfarrabistas e escritores, aos quais deverão juntar-se milhares de visitantes. A U.Porto Press volta a marcar presença no Espaço dos Pequenos Editores – pavilhão E01, situado junto à entrada sul (próxima da rotunda do Marquês de Pombal).
Em 2024 a oferta da Editora da Universidade do Porto (U.Porto) passa por três dezenas de publicações – incluindo as novidades editoriais –, de áreas temáticas diversas. Química, Ambiente, Geologia, Matemática, Física, Medicina, Arquitetura, História, Arte, Filosofia, Poesia ou Teatro são apenas alguns exemplos.
Das publicações que a Editora da U.Porto apresenta nesta edição da Feira, cerca de um terço estará à venda por menos de 10,00€. / Foto: U.PORTO PRESS
Os preços promocionais praticados convidam os visitantes a adquirirem um ou mais títulos da U.Porto Press que, nesta edição da Feira, tem um terço das suas publicações à venda por menos de 10,00€, e parte destas com preços a rondar os 5,00€. A 94.ª edição da Feira do Livro de Lisboa ficará marcada pelo seu crescimento e por uma aposta na acessibilidade.
Segundo Pedro Sobral, Presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, entidade organizadora da Feira, face a 2023 “temos mais 10 expositores e atingimos o limite”, remetendo para um “parque de 350 pavilhões” – albergando 960 marcas editoriais e 85 mil títulos –, o que faz desta a maior edição de sempre.
Pedro Sobral frisa, também, que “acessibilidade é a palavra de ordem deste ano”, destacando os conteúdos para invisuais, uma agenda específica de eventos com língua gestual portuguesa e melhorias nos acessos para pessoas com mobilidade condicionada.
E em 2024 a Feira do Livro de Lisboa abre mais cedo. De segunda a quinta-feira, pelas 12h00, encerrando às 22h00; à sexta-feira abre igualmente às 12h00, mas encerra uma hora mais tarde, às 23h00; ao sábado estará aberta entre as 10h00 e as 23h00 e ao domingo entre as 10h00 e as 22h00.
Há, contudo, horários especiais a considerar nos dias 29 de maio e 12 de junho (12h00-23h00) e nos dias 30 de maio, 10 de junho e 13 de junho (10h00-22h00). Aguardamos a sua visita!
Fonte: U.Porto Press
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O meu 25 de Abril com... com Isabel Cabral
Ao longo do mês de junho continuaremos a partilhar memórias de figuras da U.Porto. “Os dias que se seguiram ao dia da Revolução foram profundamente marcantes. Para quem os viveu fica a recordação de um “primeiro 1.º de maio inesquecível. Foi na Praça, como não podia deixar de ser… foi um mar de gente. Foi maravilhoso”.
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Há uma floresta para descobrir na Galeria da Biodiversidade
A exposição temporária "Rewilding Time" convida a contemplar a história de uma floresta. Para visitar de 3 a 30 de junho. Entrada livre. A exposição enquadra-se no projeto artístico «Eternal Forest», da artista e poeta Evgenia Emets. Foto: DR
Há uma visita guiada e um percurso artístico para apontar na agenda. Rewilding Time é a última obra do projeto artístico Eternal Forest, da artista e poeta Evgenia Emets. A exposição inaugura dia 3 de junho, às 18h00, e ficará patente na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva até ao próximo dia 30 de junho. Só nos restam algumas florestas antigas, daí o grito de urgência na defesa da sua integridade fundamental. São cada vez mais escassos os ecossistemas que sustentam espécies-chave de plantas e animais que podem estar à beira da extinção, nomeadamente em Portugal, onde as florestas têm um longo histórico de fragmentação.
Rewilding Time dedicou-se aos carvalhais galaico-portugueses, um habitat prioritário para o lobo ibérico, que desempenha um papel crucial na saúde e equilíbrio do ecossistema. A floresta é, assim, no gesto de Evgenia Emet, retratada como um processo ecológico contínuo, marcado por uma complexidade gradual.
Explorando esta reflexão sobre ecossistemas florestais, a biodiversidade e a complexidade de todo o processo, Rewilding Time vai “estender-se”, interligando o Jardim Botânico da Universidade do Porto a duas áreas florestais protegidas – ao Corno do Bico e Parque Nacional da Peneda Gerês – e à Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva.
Jardim Botânico da U.Porto e Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva
No dia 4 de junho, pelas 16h30, Evgenia Emets irá promover uma visita guiada pela exposição que, através de um filme e documentos oficiais de conservação da natureza, explora a interação entre os organismos que habitam a floresta. Às 17h30, será apresentado no Jardim Botânico um percurso artístico e uma experiência baseada na pesquisa artística nas áreas florestais protegidas. No dia 28 de junho, pelas 18h00, a Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva vai acolher a conversa Rewilding Time. Evgenia Emets e um grupo de cientistas convidados conversam sobre preservação do património natural.
A participação nestes eventos é gratuita, mediante envio de inscrição prévia para o e-mail s.educativo@mhnc.up.pt
Rewilding Time surge de uma colaboração com investigadores do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, em particular do Jardim Botânico da Universidade do Porto, e do BIOPOLIS-CIBIO, através de uma prática multidisciplinar orientada pela investigação científica mais recente em torno da recuperação e proteção de ecossistemas.
Com entrada livre, a exposição poderá ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (último acesso às 17h30).
Fonte: Notícias U.Porto
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Junho na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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ESPANTO - A Coleção Norlinda e José Lima em Diálogo com o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Portugal na aventura de voar | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Quintas Brasileiras | Concertos falados por Rodrigo Alzuguir
6, 13 e 20 JUN'24 | 18h30
Música | Casa Comum e Instituto de Pernambuco Entrada livre | Mais informações aqui
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Viagens na Literatura
Workshop | Instituto de Pernambuco Participação gratuita. Inscrição obrigatória aqui
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Comemoração do Centenário dos Nascimento do Artista e Poeta Peruano Jorge Eduardo Eielson
Sessão comemorativa | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Mulheres, Literatura, Natureza - Ramificações para o Dia Mundial do Ambiente
Entrada Livre. Mais informações aqui
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As Palavras São Preciosas por Isso Digo Tão Poucas, de M. de Carvalho
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Tardes de Matemática na U. Porto | Caminhadas Matemáticas
Conversa, Ciência | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Lançamento do livro GLOSSÁRIO DE GEOLOGIA ESTRUTURAL E TECTÓNICA
Apresentação de livro | FCUP Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras Que Não quero Ver #3
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Sombras Que Não quero Ver #3
Entrada Livre. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Fundação Marques da Silva celebra obra de Fernando Távora
Os dois primeiros volumes do projeto editorial Fernando Távora . As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra 1937-2001 são apresentados a 4 de junho, na FAUP. Foto: Egidio Santos/U.Porto
A Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) vai acolher, no próximo dia 4 de junho, pelas 18h30, a sessão de apresentação dos dois primeiros volumes de Fernando Távora. As Raízes e os Frutos. palavra desenho obra 1937-2001, um projeto editorial da Fundação Instituto Marques da Silva (FIMS) que “cumpre um desígnio” deixado pelo pelo histórico arquiteto e professor da “Escola do Porto”. Com investigação, coordenação e notas do arquiteto e antigo professor da FAUP, Manuel Mendes, esta obra – publicada em parceria com a FAUP e a U.Porto Press, contando ainda com o apoio da família de Fernando Távora “na rede das suas várias dimensões”.
“Fernando Távora . As Raízes e os Frutos –– tratar-se-ia, tratou-se, trata-se de pôr a descoberto as dores da libertação do seu fazer-se pessoa (e) arquiteto, do desatar de que forma a condição familiar, os convívios ideológicos, as cumplicidades culturais, em síntese essas raízes, marcando a sua forma de fazer mundo, que afetaram a sua racionalização do moderno ou, mais do que isso, como condicionaram a hospitalidade esclarecida com que acolheu a condição moderna; como contaminaram os frutos, como se contaminaram a bem da qualidade culta que fez evoluir no e pelo seu contributo ao processo da modernidade”, nota o autor.
O primeiro volume do projeto – intitulado O meu caso Arquitectura, imperativo ético do ser 1937-1947 (I.I) – concluiu-se em tempos de pandemia e confinamento. Já a segunda parte deste primeiro tomo, acompanhada de um livro anexo – D´os meus Livros – começou a circular no final do mês de fevereiro. “Com eles se começou a dar acesso a «essa arca interior» que se encontrava reservada, numa «(re)aproximação a um tempo, a um espaço, a um horizonte», para dar lugar e voz a um jovem Fernando Távora”, refere a FIMS.
Para a Fundação, a apresentação deste projeto editorial surge, assim, como uma oportunidade para "se refletir" em conjunto sobre o caminho percorrido e a percorrer, convocando outros olhares e perspetivas para uma conversa que se abre a todos quantos queiram comparecer no Auditório e na Escola de Arquitetura em cuja história se inscreve o nome Távora”.
A sessão de apresentação dos primeiros volumes de Fernando Távora . As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra (1937-2001) contará com as intervenções do arquiteto Domingos Tavares, da historiadora Raquel Henriques da Silva, e do filósofo Paulo Pires do Vale. A estes nomes juntar-se-ão os de Fátima Vieira, Presidente da Fundação Marques da Silva, a quem cabe a edição deste projeto, de Teresa Cálix, Vice-Diretora da FAUP, e de Manuel Mendes.
A sessão tem entrada livre, ainda que sujeita à lotação do espaço.
Mais informações
Sobre Fernando Távora
Figura determinante na afirmação do Porto enquanto escola de referência no ensino da Arquitetura em Portugal, Fernando Távora (1923 – 2005) notabilizou-se como estudante da Escola de Belas-Artes do Porto – escola fundadora das atuais faculdades de Arquitetura e Belas Artes da U.Porto –, pela qual se diplomou em 1952, com 19 valores. Começava aí um percurso impar como docente universitário, intimamente ligado à Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde começou a lecionar; e à FAUP, que ajudou a criar (foi Presidente da Comissão Instaladora). Portuense de gema, arquiteto do mundo, Fernando Távora destacou-se pela visão inovadora que procurou afirmar da arquitetura, refletida num forte sentido de responsabilidade social e na importância atribuída ao programa e à funcionalidade da obra.
Foi, de resto, essa escola - que viria a “contagiar” Siza Vieira, Souto Moura, entre outros dos seus discípulos - que imprimiu numa obra arquitetónica da qual o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59), a Casa de Férias no Pinhal de Ofir, em Fão (1957-1958), a reabilitação do Centro Histórico de Guimarães (1985-1992), a ampliação das instalações da Assembleia da República, em Lisboa (1994-1999) ou o restauro do Palácio do Freixo, no Porto (1996-2003) são exemplos paradigmáticos.
Em 2013, Fernando Távora foi homenageado pela Universidade do Porto, que o escolheu como Figura Eminente da U.Porto 2013.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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107. Branco é o Papel”, Teresa Teixeira “Branco é o Papel”, de Teresa Teixeira, in Da Serena Idade das Coisas, Temas Originais, 2012, ISBN: 978-989-688-103-0, p. 10.
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77. You i l 25 de abril – mimórias de la Raia nas cuostas dun paíç, Alcides Meirinhos “Las aulas fúrun mui stranhas nesse die binte cinco, ls porsores andában mui sérios, falában pouco i parecien anquemodados cul siléncio que chegaba de las lunjuras de Lisboua, seinha de que la pasmaceira mirandesa poderie demudar.”
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Cruz
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António Amadeu Conceição Cruz nasceu em 9 de março de 1907, na Rua Nossa Senhora de Fátima, na freguesia portuense de Cedofeita. Era filho de Avelino da Conceição Cruz e de Luísa da Silva. Desde cedo manifestou vocação para o desenho. Este artista, na idade adulta, viria a ser considerado o renovador da aguarela portuguesa. As suas paisagens marcantes são dominadas por uma luz que tanto oculta como revela as formas e grande parte delas imortaliza a cidade que o viu nascer, viver e morrer.
Depois da primária concluída, Cruz enveredou pelos estudos industriais frequentando o curso de Condutor de Máquinas (1920), na Escola Infante D. Henrique, Porto, para satisfazer a família.
Mas a arte já o seduzia. Muito mais do que as Noções de Mecânica Geral ou o Desenho de Máquinas. E modelo também já o tinha: o Porto e os seus recantos. Que se nota desde logo nas primeiras obras que produziu, nas quais capta pormenores da paisagem do burgo e seus arrabaldes, de lugares como Ramalde, o Campo Alegre ou Leça do Balio.
No final dos anos vinte (1928) cumpriu o serviço militar na Companhia de Torpedos em Paço de Arcos.
Logo em seguida começou a realizar alguns trabalhos publicitários, ilustrou livros escolares e expôs nas Termas de Vizela e no Casino da Póvoa. Se a primeira destas exposições não obteve sucesso, a segunda teve um resultado surpreendente: impressionado pelo que tinha visto, um turista alemão comprou todas as obras nela expostas.
Em 1930 percebeu que a Arte era, em definitivo, o seu mundo. E que a devia educar.
A partir do livro António Cruz 1907-1983, 2015, © Coleção Árvore, Porto.
Para tal matriculou-se na Escola de Belas Artes do Porto, sem o conhecimento dos pais. Foi aluno de Acácio Lino (1878-1956), de Joaquim Lopes (1886-1956) e de Dordio Gomes (1890-1976) em Pintura, e de Pinto do Couto (1888-1945) e Barata Feyo (1898-1990), em Escultura. Da vida académica fica ainda a participação num grupo de jovens artistas, o "+ Além", com o qual virá a expor.
Nos dois anos seguintes, porque lhe faltavam condições e os pais continuavam sem saber o que o filho fazia, concorre a pensionista do Legado Ventura Terra, para prosseguir os seus estudos. Para isso era necessário um atestado de pobreza, que consegue obter da Junta de Freguesia de Ramalde.
Em 1932, o então estudante da Escola de Belas Artes recebe o prémio de desenho "José Rodrigues Júnior". A notícia foi publicitada nos jornais e o seu segredo posto a descoberto. No entanto, se o futuro aguarelista temia o desagrado dos pais, isso não aconteceu: é que a distinção era muito honrosa, amenizando a tensão familiar. No ano de 1933 dedicou-se intensamente ao desenho. Fazia-o nos lugares mais animados da cidade: nos cafés, que naqueles tempos eram apetecidos locais de convívio. No café Vitória, aos Aliados, entretanto desaparecido, retratou fortuitamente um habitué que era um cliente especial. Este, em troca do retrato, deu-lhe 50 escudos e um cartão de recomendação para o Dr. Alfredo Magalhães, seu futuro mecenas, que lhe viria a conseguir um atelier num lugar especial: na Maternidade de Júlio Dinis.
Abalado pela morte do pai, em 1934, e lutando com a falta de dinheiro, viu-se obrigado a interromper os estudos, fixando-se temporariamente na Ponte da Barca, onde passou todo o tempo a pintar. E um invulgar gesto de solidariedade ocorreu: setenta e dois alunos da Escola de Belas Artes do Porto, entre os quais se destacam Dominguez Alvarez, Guilherme Camarinha, Augusto Gomes, Laura Costa, Ventura Porfírio e Agostinho Ricca, solicitou ajuda, num abaixo-assinado dirigido à Direção da Escola, para que António Cruz continuasse os estudos. Esse mesmo grupo de alunos, em 1935, endereçou o mesmo pedido à Câmara Municipal do Porto, que lhe concedeu uma bolsa mensal, de "trezentos escudos", depois suportada com o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim.
Em 1937, à boleia num cargueiro, partiu para a Grã-Bretanha, onde visitou museus e pintou. De regresso ao Porto, terminou o Curso de Pintura da Escola de Belas Artes, ainda com bolsa de estudo da Câmara Municipal do Porto.
Amigos e admiradores, como o Dr. Alfredo Magalhães, Joaquim Lopes, Aarão de Lacerda, o Dr. Melo Alvim, o Engenheiro Brito e Cunha e D. Isabel Guerra Junqueiro, organizaram, em 1939, a sua primeira exposição individual, no Salão Silva Porto. Em dezembro desse ano, a exposição foi levada para a Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, sendo inaugurada pelo Chefe de Estado e pelo Ministro da Educação Nacional. Enquanto ela decorreu, o artista foi alvo de várias homenagens.
Além do Curso de Pintura, António Cruz frequentou o de Escultura da ESBAP, em 1942, alcançando a 1.ª medalha no curso com a tese Uma estátua equestre a D. Afonso Henriques. Em 1945, apresentou a prova de final de curso com a obra Adoração dos Pastores, obtendo a classificação de 18 valores.
Em 1944 foi-lhe concedida uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, para aperfeiçoamento dos estudos de aguarela, ameaçada por rumores que o davam como comunista, mas salva pela pronta intervenção de altas figuras, como o Prof. Reynaldo dos Santos.
Em 1954 casou com Ofélia Marques da Cunha na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto. Quatro anos depois começou a lecionar na escola de Artes Decorativas de Soares dos Reis, na mesma cidade. Em 1962, concorreu para provimento de um lugar de professor na Escola de Belas Artes do Porto e, no ano seguinte, é nomeado professor agregado de Desenho, depois de aprovado em mérito absoluto no concurso público. Em 1964, insiste em concluir os estudos de Escultura na mesma Escola de Belas Artes, não tendo, contudo, chegado a apresentar a obra de tese nesta área.
Em 1982, os artistas Armando Alves e José Rodrigues e o editor José da Cruz Santos organizaram, na Casa do Infante, uma segunda exposição individual de obras de António Cruz e um serão de homenagem ao artista (25 de Novembro a 12 de Dezembro). Nessa ocasião foi lançado o álbum O Pintor e a Cidade, com a reprodução de aguarelas do artista, acompanhadas de um texto da autoria de Agustina Bessa-Luís. Por seu lado, o jornal O Comércio do Porto lançou um concurso subordinado ao tema O Pintor e a Cidade.
Esta popular exposição gerou, como nunca até então, um grande assédio por parte dos jornalistas para que o artista concedesse entrevistas, prática a que era avesso. Logo em seguida participou na exposição Os Anos 40 na Arte Portuguesa, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1983, realizou a última mostra da sua arte. Uma exposição individual na Galeria Diagonal, em Cascais, entre 15 de abril e 5 de maio. Morreu no Porto, em 29 de agosto desse ano.
Durante toda a sua carreira participou num grande número de exposições coletivas, em diversas galerias e instituições, nos mais variados pontos do país, e recebeu inúmeras distinções pelas suas pinturas e esculturas. Em 1956 fora figura principal no filme O Pintor e a Cidade, de Manoel de Oliveira, apresentado no Festival de Veneza.
Sobre António Cruz (up.pt)
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