LEVANTAR OS BRAÇOS

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

O segundo dia do 1.º Encontro Nacional Prescrição Cultural, organizado pela Reitoria da Universidade do Porto em articulação com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, teve lugar no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), nosso parceiro no Consórcio Prescrição Cultural. Aí os participantes puderam optar por uma de cinco dinâmicas que ilustram a variedade de atividades de Arte & Saúde que podem ser realizadas num museu. No final das atividades, tínhamos todos encontro marcado no Auditório do MNSR, para uma atividade de Ioga do Riso.


Inscrevi-me na dinâmica “Corpo que pensa, corpo que dança – Laboratório de Movimento” com a curiosidade de perceber como conseguiria Andreia Dias, da Fundação Calouste Gulbenkian, fazer a ponte entre as peças do MNSR e a dança, e assim contribuir para o nosso bem-estar. Logo no início da sessão, a Andreia pediu-nos para sentirmos a consciência dos nossos corpos e percebermos, ao entrarmos na galeria de esculturas, para onde os pés nos dirigiam e para que esculturas se viravam os nossos pescoços, comandando o nosso olhar. A Andreia insistia em chamar-nos “corpos” (falta-me um “corpo”, dizia ela quando passávamos de uma sala para outra e uma de nós ficava para trás), e uma das atividades mais interessantes foi a descoberta de como, convidadas a ilustrar o nosso nome com um gesto, revelámos diferentes personalidades (umas com gestos mais largos, outras desenhando curvas no ar). A primeira atividade, porém, foi a que mais se relacionou com a coleção do MNSR.


A Andreia pediu-nos para escolhermos uma das peças da galeria de esculturas e deu-nos um minuto para, de rompante, escrevermos num papel todos os sentimentos que ela nos suscitava. Deu-nos, depois, mais 10 minutos para escrevermos uma carta a uma pessoa amiga, descrevendo essa peça. Foquei-me num busto escuro à minha frente. Representava um homem com um sorriso largo, antigo, de confiança. Só à medida que o fui descrevendo, contudo, é que me apercebi da razão que me levara a escolhê-lo: do fundo da minha memória perfilaram-se, nítidas, as miniaturas de bustos em bronze de casa dos meus pais – Bach, Wagner, Chopin, Listz, Beethoven, Schumann, Verdi, Strauss, todos grandes músicos – em que eu frequentemente pegava para os dispor em fila e passar em revista (não sei se com a interrogação que hoje me assalta: porquê apenas músicos? Porquê Robert Schumann e não a sua mulher, Clara?). A Andreia pediu-nos, por fim, para, com o corpo e a expressão, traduzirmos o sentimento que a escultura nos suscitava. Houve outras dinâmicas interessantes, que suscitaram o trabalho em grupo e que justificam a razão de a Andreia Dias ser hoje considerada uma das principais dinamizadoras do trabalho de dança que pode ser feito em museus.


Quando os cinco grupos se juntaram no Auditório para a atividade final de Ioga do Riso... rimos muito, claro está, mas houve um gesto que a facilitadora da sessão nos convidou recorrentemente a fazer e que me interessou sobremaneira: levantar os braços. “Levantamos vigorosamente os braços” – explicou ela – “quando sentimos felicidade, em especial como consequência de alguma vitória individual ou coletiva. Os gestos que fazemos encontram-se associados às nossas emoções; e podemos induzir emoções e sentimentos quando invertemos a lógica, isto é, quando começamos com o movimento. Por isso o riso, mesmo que forçado, como no Ioga do Riso, nos deixa tão bem-dispostos.” 


Quando cheguei a casa, pus-me a fazer pesquisa sobre a relação entre corpo e emoções. Descobri, em primeiro lugar, que a facilitadora da sessão tinha razão quando nos disse que, se virmos alguém a chorar com a cabeça virada para o céu e os braços levantados, deveremos suspeitar que esteja a “fazer teatro”: quando choramos, estamos vulneráveis e baixamos a cabeça, de forma instintiva, para preservar a dignidade e ajudar à drenagem das lágrimas; chorar com o rosto virado para cima é desconfortável, entre outros aspectos, devido à gravidade, que faz com que as lágrimas se acumulem nos olhos. Encontrei, ainda, outras referências interessantes, como a investigação desenvolvida pela psicóloga social Amy Cuddy sobre as “posturas de poder”. Segundo Cuddy, a adoção de posturas corporais expansivas e abertas poderá influenciar a maneira como nos sentimos e como os outros nos percepcionam; se adotarmos essas posturas diariamente, por alguns minutos, veremos a nossa sensação de confiança e de poder aumentada. 


Entre outras posturas, Cuddy menciona a “Postura do Vencedor”, que assumimos quando nos encontramos de pé, com os pés afastados na largura dos ombros e os braços levantados em “V” ou erguidos acima da cabeça. Consultando outras fontes, percebi que, se associarmos movimento a esta postura – isto é, se levantarmos e baixarmos vigorosamente os braços –, garantiremos benefícios vários para a nossa saúde: libertaremos endorfinas, que são neurotransmissores que promovem a sensação de bem-estar e felicidade; aumentaremos a energia, já que o movimento aumenta a circulação sanguínea e melhora a oxigenação do cérebro; facilitaremos uma respiração mais profunda e eficaz, pois ao levantarmos os braços abrimos o peito e os pulmões; e aliviaremos a tensão acumulada nos músculos, promovendo uma sensação de relaxamento e bem-estar.


Levantar os braços – nunca pensei vir a aprender os seus benefícios após uma visita a um museu; não me posso esquecer de o fazer vigorosamente logo pela manhã, para assegurar um bom dia. Mas há outra postura, descrita por Cuddy, que não deixarei de adotar. Trata-se da “Postura das Mãos na Cintura”, também conhecida como “Mulher-Maravilha”: assumindo uma postura assim, afiança, Cuddy, enviamos a mensagem a nós próprios de que temos capacidade para resolver todos os problemas.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Inteligência artificial e músicas do Mundo nas Noites no Pátio do Museu

A quarta semana (22 a 28 de julho) das noites  culturais da U.Porto traz jazz com sotaque francês e ainda música da  Grécia, da Turquia e dos Balcãs. Entrada livre.

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Os Almaaz chegam da Grécia e da Turquia para atuar na noite de 27 de julho. Foto: DR

Há um quinteto de música da Grécia e da Turquia, um projeto de jazz  francês, cinema do Perú, Joel Cleto para nos falar da história da cidade e conversar sobre um tema que.. “não passa à história”. Tudo  para viver e degustar em mais uma semana (22 a 28 de julho) das Noites no Pátio do Museu. Sempre às 21h30 e com entrada gratuita, no pátio do Polo Central (à Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).


A semana arranca logo na segunda-feira, 22 de julho, a falar de um tema que … teima em “não passar à história”. Falamos de… Inteligência artificial.


A partir de que momento a resposta deixa de ser automática para ser  “refletida”? O que significa a inteligência do ponto de vista biológico e  como se manifesta? Teremos connosco o neurologista José Barros (ICBAS)  para nos ajudar a responder a estas questões e não só. O que é um  comportamento inteligente? Como é que inteligência e personalidade se  relacionam? Perguntas que serão dirigidas ao psicólogo Luís Fernandes  (FPCEUP). Com base na história do pensamento, falar-se-á ainda dos  processos e matizes do pensamento humano, de consciência e inteligência.  Estas já são questões adequadas para Mattia Riccardi (FLUP), filósofo  da mente. Existem processos-tipo de “fabricação” da inteligência, ou  múltiplos caminhos para chegarmos a sistemas inteligentes? Para perceber  isto, teremos Inês Dutra (FCUP), cientista de computadores.


A sessão será moderada pela Vice-Reitora para a Transformação Digital  e Gestão de Informação da U.Porto, Ana Maria Camanho, que guiará esta  conversa de transição entre os humanos e a sua criatura eletrónica. 

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A quarta semana das Noites no Pátio do Museu vai abrir com uma conversa sobre Inteligência Artificial. (Foto: DR)

No dia 24 de julho, o Pátio do MHNC-UP volta a dar as boas-vindas ao o CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, para receber Passagem dos Elefantes,  um documentário de João Manso e Miguel Manso que levará o público até Vila Velha de Ródão, em Castelo Branco. É um filme sobre o tempo, de uma  caminhada, mas também da vida humana naquele lugar, e sobre a memória, aqui simbolizadas na presença dos últimos elefantes que habitaram a  Europa, dos quais sobrou, como prova, a pequena lamela de um dente.


No dia 25 de julho, caberá a Joel Cleto a missão de  imergir na história para tentar perceber como, depois de tantas  convulsões, Portugal se manteve como unidade política independente. A  dinastia espanhola e o protetorado inglês indiciam alguma fragilidade da  nação que recebeu também influências de outros países europeus,  nomeadamente na área social, da cultura e da economia.

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Joel Cleto é o protagonista da Noite de 25 de julho. (Foto: DR)

Nesta conferência, o historiador portuense e antigo estudante da U.Porto mostrará a importância que a influência francesa teve entre nós, e como esse impacto se refletiu na cidade do Porto. O evento integra-se  também na Festa da Língua e da Cultura Francesa.


Dia 26 de julho, sexta-feira, regressam as noites de cinema para ver Deliciosa Fruta Seca (2017) e conhecer Marialicia, uma dona de casa que se depara com uma  grande mentira que a faz repensar a vida. Este filme de Ana Caridad  Sánchez  vai ainda introduzir-nos à música marinera, associada a uma  dança tradicional do Perú.

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Deliciosa Fruta Seca (2017) passa na “sala de cinema” da U.Porto a 26 de julho. (Foto: DR)

Com o fim-de-semana chega também a música às Noites no Pátio do Museu. A começar pelos Almaaz,  o quinteto de música da Grécia e da Turquia (que incorpora também temas  dos Balcãs no repertório) que tem atuação marcada para sábado, dia 27 de julho.


Dizem ser “três mulheres, dois homens, um mar – o Mediterrâneo – que  liga as suas origens, e um amor visceral pela música greco-turca”. São  formados por Héléna Morag (violino e voz), Ezgi Sevgi Can (clarinete e  voz), Mahdi M’Kinini (qanun), Loic Audry (ud) e Elâ Nuroglu, nas  percussões (davul, darbouka e bendir) e voz. Para além dos instrumentos  que conhecemos bem, como o violino e o clarinete, escutaremos o som do  qanum (da família das cítaras, com várias cordas esticadas sobre uma  caixa de ressonância) e do ud (o antecessor do nosso alaúde).


A semana encerra no domingo, dia 28 de julho,  com  um projeto de jazz francês que reúne a cantora Mariana Melo, o  guitarrista André Pires e o contrabaixista Pedro André Costa. Os La Vie en Swing partilham com o público a paixão pela música francesa através  das linguagens do jazz e swing emergentes nos anos 1920.


Inspirados por músicos como Django Reinhardt, Édith Piaf, Serge  Gainsbourg, Charles Trenet e ZAZ, misturam temas mais complexos com as  “chansons” que se reconhecem de imediato com a primeira nota da  guitarra. É um concerto integrado na 3.ª Festa da Língua e da Cultura  Francesa.


Uma iniciativa conjunta da Casa Comum e do MHNC-UP, as Noites no Pátio do Museu continuam durante todo o mês de julho (ver programa completo). A entrada é gratuita e faz-se pelo Jardim da Cordoaria. 


Fonte: Notícias U.Porto

U.Porto é a primeira a assinar o Compromisso do Impacto Social das Organizações Culturais

A adesão e implementação do CISOC tem como  objetivo reforçar o impacto social das atividades culturais dinamizadas  pela Universidade.

cisoc

A Universidade do Porto é, desde esta quarta-feira, 17 de julho, a primeira universidade portuguesa a assinar e a implementar o CISOC – Compromisso do Impacto Social das Organizações Culturais, um instrumento que visa ajudar as tutelas e as equipas de museus, teatros,  bibliotecas, arquivos, centros culturais e outras organizações a  aumentar o impacto social das suas iniciativas, promovendo assim uma cidadania cultural mais efetiva.


Assinado pelo Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, e pelo Comissário do Plano Nacional das Artes (entidade promotora do CISOC), Paulo Pires do Vale, o acordo agora formalizado prevê a implementação do CISOC nas atividades do Museu de História Natural e da  Ciências da U.Porto (MHNC-UP) e nas atividades da Unidade de Cultura da  Reitoria da U.Porto.

Bienal Fotografia

Foto: DR

Na  prática, O CISOC permitirá medir e avaliar o trabalho realizado pelas  entidades aderentes e, a partir daí, implementar estratégias que  reforcem a consciência e os resultados da sua missão educativa e impacto  social.


“Vamos beneficiar desta ferramenta na medida em que nos vai permitir  fazer um diagnóstico sobre em que fase é que estamos. Por exemplo, até  que ponto promovemos o acesso à Cultura e a democracia cultural. Ou até  que ponto temos promovido medidas que possibilitem a acessibilidade aos  nossos eventos, que é claramente um aspeto que temos de melhorar”, nota Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura e Museus da U.Porto.


Para já, a Universidade terá “seis meses para desenvolver um plano  estratégico de acordo com o CISOC” e, “dentro de um ano, poderemos medir  e avaliar até que ponto estamos a assumir a responsabilidade social no  nosso planeamento estratégico para a Cultura”.


Para outros vídeos, visite o canal oficial da Universidade do Porto no Youtube. 


Fonte: Notícias U.Porto

Julho na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Noites no Pátio do Museu

De 30 JUN a 31 JUL'23 | 21h30
Música, Poesia, Cinema, Conversa ...| Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Programa completo aqui

Conversa para pensar… a INTELIGÊNCIA

22 JUL'24 | 21h30
Conversa  | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui 

CINEECO SEIA NO PÁTIO DO MUSEU #4 | PASSAGEM DOS ELEFANTES

24 JUL'24 | 21h30
Cinema | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Joel Cleto | Porto, Revoluções e influências francesas: da origem da nacionalidade ao 25 de Abril

25 JUL'24 | 21h30
Palestra | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

II Ciclo de Cinema Peruano na U.Porto #4 | Deliciosa Fruta Seca

26 JUL'24 | 21h30
Cinema | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

 Almaaz | Música da Grécia e da Turquia

27 JUL'24 | 21h30
Música | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

La Vie en Swing | Jazz Francês

28 JUL'24 | 21h30
Música | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Conversa para pensar… a Cidade

29 JUL'24 | 21h30
Conversa | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Queijos franceses; pão e vinhos portugueses, com Hélio Loureiro

30 JUL'24 | 21h30
Gastronomia | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui

Silly Boy Blue + The Last Marquis

31 JUL'24 | 21h30
Música | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

ESPANTO -  A Coleção Norlinda e José Lima em Diálogo com o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto

Até 31 AGO'24
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sombras Que Não quero Ver #3

 A partir de 9 ABR'24
Exposição | ICBAS
Entrada Livre. Mais informações aqui

Gemas, Cristais e Minerais

A partir de 20 SET'23
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

114. Sem Título, Nuno Higino 

“Sem Título”, de Nuno Higino, in O Silêncio dos Meninos Mortos (poemas portugueses contra o massacre do povo palestiniano), Associação  dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, col. Explicação das  Árvores, dezembro de 2003.

4. Teresa Kaufmann

Teresa, alma portuguesa com raízes na Alemanha
Hoje no Alumni Mundus conversamos com Teresa Kaufmann,  licenciada em Línguas e Literaturas Modernas Inglês/Alemão pela  Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante o curso teve a  oportunidade de estudar durante um ano na Freie Universität Berlin ao  abrigo do Programa Erasmus. Conheceu o marido, alemão, em Portugal e  juntos têm vivido entre os dois países. Teresa nasceu e cresceu no  Porto, na zona das Antas, mas sempre teve um fascínio por viver no  estrangeiro. Durante um período viveu na Alemanha, mas saudades de  Portugal fizeram com que voltasse ao país natal, onde viveu com o marido  durante alguns anos e trabalhou como professora de Inglês e Alemão no  Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso. Desde 2011 que decidiram  regressar à Alemanha e vivem hoje felizes em Düsseldorf. Teresa gosta de viajar, de fazer desporto e de regressar a Portugal sempre que pode…


Mais podcasts AQUI


Alunos Ilustres da U.Porto

António Ferreira de Araújo e Silva

U.Porto press

António Ferreira de Araújo e Silva, filho do combatente liberal e farmacêutico Joaquim Ferreira de Araújo e Silva e de Margarida Rita do Carmo, nasceu em Oliveira de Azeméis a 9 de agosto de 1843.


Depois de ter estudado Latim e Francês seguiu para o Porto, em 1862, para fazer os preparatórios e ingressar na Academia Politécnica do Porto (1837-1911). Foi aluno particular, entre outros, do matemático e professor Azevedo Albuquerque (1839-1912). Realizou os exames em 1863, no Liceu do Porto, e, em outubro desse ano, matriculou-se nos cursos de Engenharia de Pontes e Estradas e de Engenharia de Minas da Academia Politécnica, durante os quais conquistou prémios e accessits e um diploma de louvor na cadeira de Arquitetura Civil.


Nos tempos de estudante frequentou a aula noturna de Desenho do Instituto Industrial e Comercial do Porto e o curso de Medicina na Escola Médico Cirúrgica do Porto (antecessora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto). Participou na IX Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes (antecedente da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) de 1866, enquanto estudante obrigado da aula d’Architectura para completar o curso d’Engenheiros de pontes e estradas da Academia Polytechnica. Projecto d’hum theatro (…) Obra (…) julgada digna do 2.º premio em conferencia geral de 31 d’agosto de 1866.


Depois de diplomado em Engenharia (1868), foi nomeado Engenheiro da Repartição Distrital de Obras Públicas de Aveiro (1869), de seguida promovido a Engenheiro-chefe da mesma repartição (1870) e depois a Diretor das Obras Públicas do Distrito de Aveiro (1875).


Nesta cidade foi um cidadão fortemente ativo. Participou na exposição comemorativa do centenário do Marquês de Pombal (1882), promovida pelo Grémio Moderno, sociedade de instrução e de recreio da qual era membro. Integrou o opúsculo oferecido por escritores e jornalistas no 75.º aniversário de Manuel José Mendes (1884). Escreveu o folheto O mosteiro de Arouca: lenda histórica (1886), após a morte da última religiosa deste mosteiro. Escreveu nos periódicos Campeão das Províncias, Districto de Aveiro e Locomotiva. Foi correspondente d’ O Comércio do Porto, jornal com o qual continuou a colaborar depois de fixar residência no Porto, e publicou artigos sobre o Porto de Leixões no Eco de Portugal e Brazil, depois compilados em 1879.


Foi membro da Comissão de Viação, do Conselho de Agricultura Distrital, da Comissão Executiva da Junta Geral do Distrito, e da Junta de Paróquia de Vera-Cruz. Presidiu ao Colégio Eleitoral, nas Eleições de Pares do Reino de 1885, e ao Grémio Moderno, em 1883.


Projetou muitas obras, a maioria das quais realizada, como as igrejas de S. João da Madeira, de Ossela, de Vera-Cruz e da Misericórdia de Vagos; pontes como a ponte metálica sobre o Douro, em Entre-os-Rios (1881), e a ponte de pedra do Loureiral, sobre o Paiva; o quartel de Infantaria e o quartel de Cavalaria n.º 10; estabelecimentos de banhos de S. Jorge e de S. Pedro do Sul; o projeto de abastecimento de águas de Aveiro e de Ovar; o hospital de Alquerubim; o Teatro da Anadia e as linhas férreas de Ovar ao Furadouro e a 1.ª de S. Jacinto, entre outras obras.


Em 1888 transferiu-se para a Direção das Obras Públicas do Porto, associando-se a inúmeros projetos como as pontes metálicas de Ermida, sobre o Douro, e de Vila do Conde, a ponte de pedra de Caninhas, sobre o Paiva; o Hospital do Bonfim (depois Hospital de Joaquim Urbano) e o Hospital Misericórdia de Penafiel; o Dispensário da Rainha D. Amélia no Porto; projetos de quartéis e Casas de Despacho na Estrada da Circunvalação; os edifícios das Irmãzinhas dos Pobres, do Asilo das Águas-Férreas e do Novo Aljube (Porto); o Laboratório Químico-Agrícola; obras no Teatro de S. João e oficinas de O Comércio do Porto; projetos do edifício da Creche da Afurada e da Escola Industrial Faria de Guimarães.


A 15 de dezembro de 1890, Araújo e Silva apresentou ao Ministro da tutela o projeto de conclusão do edifício da Academia Politécnica do Porto (atual edifício histórico da Universidade do Porto). A execução da obra realizar-se-ia em quatro empreitadas e custaria 200 000$00 reis. O Parlamento aprovou o Projeto de Lei que o rei D. Carlos transformou em Carta de Lei de 1 de agosto de 1899, publicada no Anuário da Academia Politécnica do Porto: Anno Lectivo de 1901-1902. Ainda em 1899, foi incumbido pelo Ministro das Obras Públicas de proceder a melhoramentos no edifício da Academia Portuense de Belas Artes (novas aulas e ateliês de Pintura).


Membro da Sociedade Nacional Camoneana, foi autor do poema Camões e a História, recitado pelo conde de Samodães na sessão desta Sociedade de 10 de junho de 1888 e depois impresso numa edição de 56 exemplares, tantos quantos os anos de vida do poeta. Nas comemorações dos 325 da morte de Luís Vaz de Camões editou A dor suprema : Camões e Nathercia.


Em 1889 foi condecorado, por proposta do Ministério da Guerra, com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant’Iago, pelo projeto e construção do quartel de cavalaria de Aveiro; e ainda agraciado, sob proposta do Ministério das Obras Públicas, com a Carta de Conselho, em 1892, pelos serviços prestados no exercício das suas funções; e com a Comenda da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em 1900, proposta pelo Ministro do Reino, em reconhecimento pelos serviços civis prestados na direção das obras do Monumento ao Infante D. Henrique.


Foi ainda premiado com a medalha de prata pela cooperação na Exposição Industrial Portuguesa de 1890. Recebeu duas portarias de louvor do Ministério das Obras Públicas, em 1899, pela sua atuação no Porto e arredores da cidade durante o surto de Peste (respetivamente de 8 de setembro e de 6 de dezembro desse ano) e foi nomeado Académico Honorário da Academia Portuense de Belas Artes em 1901, pelos serviços relevantes prestados àquela instituição.


Na inauguração do Hospital da Misericórdia de Penafiel – obra que projetou e dirigiu – a 24 de junho de 1894, foi descerrado o seu retrato, e no1.º aniversário deste edifício foi inaugurada a Avenida Araújo e Silva, na cidade de Penafiel. A 15 de março de 1903 foi inaugurado um novo retrato seu, desta vez na Associação de Classe dos Operários Tecelões no Porto.


Araújo e Silva era benemérito das Ordens da Lapa, da Trindade (para a qual delineou a Tribuna da Igreja, depois executada pelos entalhadores Zeferino José Pinto e filho) e de Nossa Senhora do Carmo, no Porto, e da Associação das Creches de Vila Nova de Gaia, da Associação Protetora da Infância do Porto e da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel.



U.Porto - Projetistas do Edifício da Reitoria da Universidade do Porto - António Ferreira de Araújo e Silva (up.pt)

Para mais informações consulte o site da Casa Comum - Cultura U.Porto

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