HOSPITALIDADE LINGUÍSTICA
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Em 2015, recebemos, no Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras, um Colega da Albânia no âmbito de um programa de mobilidade docente. Na nossa primeira reunião, percebi que o Colega havia lido os nossos mais importantes autores, mas, ainda assim, colocou-me mil perguntas sobre a nossa literatura, arte e cultura. Quis retribuir o seu interesse pelo nosso país tentando recordar o que sabia sobre a Albânia. Estava, naturalmente, a par do processo de democratização do país que decorrera nos anos 90 do século XX, mas não sabia nada mais. De repente, compreendi, e exclamei, escandalizada comigo própria: “Eu nunca li nenhum autor albanês!”. Ele retorquiu descansando-me: “Nem poderia tê-lo feito até à década de 90. E mesmo desde então, a nossa política de traduções tem sido frouxa”. Explicou-me de seguida que, durante a ditadura, havia apenas cinco tradutores oficiais, que traduziam as obras de escritores albaneses para russo e uma seleção de obras estrangeiras para albanês – e, mesmo assim, fortemente censuradas. Lembro-me, em particular, do momento em que me descreveu o seu espanto quando, visitando uma livraria italiana, percebeu que a Divina Comédia tinha muito mais páginas do que a versão em albanês que ele tinha em casa.
Vem a memória deste Colega a propósito do livro Radical Hospitality, do filósofo irlandês Richard Kearney, que acabei de ler. Kearney defende que uma das formas de hospitalidade em que temos de investir é a hospitalidade linguística, que encontra o seu paradigma na atividade de tradução. Seguindo a linha de pensamento de Paul Ricoeur, Kearney recorre ao léxico da hospitalidade para definir o trabalho de tradução como uma permanente negociação entre as línguas do anfitrião e do hóspede. Esta mediação comporta, contudo, riscos: o tradutor poderá sentir-se tentado a absorver a cultura do hóspede, sujeitando-a às normas da cultura do anfitrião; ou poderá preservar a cultura do hóspede ao ponto de o anfitrião, não o compreendendo, se desinteressar pelo seu convidado. O bom tradutor, conclui Kearney, não é adepto nem da hegemonia nem da humilhação linguística: não é nem senhor nem servo.
Mesmo com a consciência de todos os riscos do trabalho de tradução – amplamente discutidos desde o século XIX – esta continua a ser uma atividade essencial para a promoção da hospitalidade. É nas boas traduções que acontecem os bons encontros com a cultura do Outro. Numa universidade como a nossa, com uma comunidade académica com mais de 100 nacionalidades, as traduções são imprescindíveis – e por isso criámos, na U.Porto Press, a Coleção Liminal, que deverá acolher contos de diferentes culturas, vertidos para português pelos melhores tradutores – os melhores mediadores culturais.
Em breve daremos notícias!
Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora
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Exposição revela a importância da imagem na história do pensamento ocidentalFrom Data to Wisdom é o nome da nova exposição da Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva. Para ver de 25 de janeiro a 6 de março. Entrada gratuita. Big Bang, pintura a óleo de Sílvia Patrício, também fará parte da exposição. Como se fazia a representação visual do conhecimento na Idade Média? Que formas assumia? Seria muito diferente do que fazemos hoje? E como é que poderíamos organizar visualmente todo este património, desde a Idade Média até ao período moderno, atribuindo-lhe um sentido? É de tudo isso que nos fala From Data to Wisdom (FDTW), título da exposição que vai estar patente de 25 de janeiro a 6 de março, na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP). A montante desta exposição, que conta com a colaboração do Instituto de Filosofia e da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) e da U.Porto Press, estão quatro anos de investigação sobre as ferramentas de tratamento e de visualização de dados, usadas na transmissão do conhecimento desde o período medieval e o início da modernidade.
Tudo começou com um catálogo de uma coleção de esquemas e diagramas medievais classificados em seis áreas: esquemas relacionais, simulações de experiência de conhecimento, armazenamento de dados (tabelas, gráficos, índice), diagramas de texto, esquemas medievais elementares e gráficos demonstrativos.
De uma forma geral, quis-se mostrar como a história do pensamento ocidental não se faz apenas de textos, como também, e cada vez mais, é uma história de imagens e representações visuais de conceitos e de conhecimento.
Inspirada no Atlas de Mnemosyne, uma obra de Aby Warburg iniciada na década de 1920, esta exposição quis espelhar os processos de criação, interpretação e manipulação de dados visuais, no contexto da investigação histórica. Através da arte, da ciência e da tecnologia, estabelece um diálogo entre a investigação (de imagens de diagramas), software de visualização de dados e a criação artística.
O livroA exposição contará ainda com o lançamento, a 21 de fevereiro, do livro From Wisdom to Data — Philosophical Atlas on Visual Representations of Knowledge, uma publicação da U.Porto Press. Este livro recolhe resultados do projeto de investigação From Data to Wisdom. Visualização filosófica de dados na Idade Média e Modernidade Precoce, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O projeto tinha um duplo propósito: criar um repositório de visualizações medievais de informação e conhecimento e fazer com que estas interagissem com visualizações modernas e contemporâneas, em particular visualizações de dados.
O objetivo destes textos é recolher num único volume a multiplicidade de abordagens, perspetivas e contextos em que o projeto de investigação foi desenvolvido. Um dos resultados teóricos alcançados é a ideia de que as visualizações contemporâneas têm abandonado o desejo de uma representação absoluta, sintetizadora, em favor de uma representação que é sempre imperfeita e, por assim dizer, “em construção”.
A exposição tem por curadores Celeste Pedro e José Higuera Rubio, ambos da FLUP, e Sílvia Patrício, sendo esta última a artista convidada.
A inauguração de From Data to Wisdom (FDTW) aconteceu no passado dia 25 de janeiro e poderá ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, com último acesso às 17h30.
Fonte: Notícias U.Porto
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Janeiro | Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Despojos. Prolongamento da MemóriaEntrada livre. Mais informações aqui
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FROM DATA TO WISDOM Exposição | Galeria da Biodiversidade
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UMA HOMENAGEM A MARIA ARCHER NO 40.º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTEExposição | Galeria da Biodiversidade
Entrada livre. Mais informações aqui
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FROM DATA TO WISDOM Exposição | Casa-Museu Abel Salazar
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Depositorium 2 Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
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Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construçãoExposição | Fundação Marques da Silva
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Ana Luísa Amaral homenageada na Feira do Livro do Porto 2022
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A investigadora e professora aposentada da FLUP vai ser a autora em destaque na edição deste ano do principal festival literário portuense. Ana Luísa Amaral é uma das mais premiadas escritoras portuguesas da atualidade. Foto: DR
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A escritora e poetisa Ana Luísa Amaral será a autora celebrada na edição de 2022 da Feira do Livro do Porto, que vai decorrer entre os dias 26 de agosto e 11 de setembro, nos Jardins do Palácio de Cristal. Aos 65 anos, a investigadora e professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) junta-se, assim, a nomes como Vasco Graça Moura, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio, Sophia de Mello Breyner Andresen, entre outros que compõem o restrito lote de autores homenageados em edições anteriores do principal festival literário portuense.
“Lisboeta de nascença, lecense e portuense de adoção, [Ana Luías Amaral] é das mais notáveis poetas, tradutoras e académicas portuguesas”, destaca a Câmara Municipal do Porto, sobre uma escolha para a qual contribuíram as “múltiplas facetas” da homenageada: “a de poeta, leitora, tradutora, feminista convicta, estudiosa, apaixonada, educadora, intelectual e comunicadora”.
Considerada uma das mais relevantes poetisas da atualidade, Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa em 1956. Licenciada em Germânicas e doutorada em Literatura Norte-Americana pela FLUP, foi ali que desenvolveu atividade docente nos domínios de Literatura e Cultura Inglesa e Americana. Atualmente aposentada da docência, é membro sénior do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, onde dirigiu uma linha de investigação durante mais de uma década.
Estudiosa da obra de Emily Dickinson e referência internacional no campo dos Estudos Feministas, conta com uma importante obra realizada no campo académico, da qual se destaca o Dicionário da Crítica Feminista, em coautoria com Ana Gabriela Macedo.
Ana Luísa Amaral tem dezenas de títulos de poesia publicados, além de já ter escrito teatro, ficção e vários livros para a infância. Traduzida e publicada em várias línguas e países, a sua obra é editada em Portugal pela Assírio & Alvim.
Tradutora de romancistas e poetas, Ana Luísa Amaral recebeu múltiplas distinções ao longo da carreira. Entre elas incluem-se: o Prémio Literário Casino da Póvoa (2007), o Prémio de Poesia Giuseppe Acerbi (2007), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (2008), o Prémio Rómulo de Carvalho/António Gedeão (2012), o Premio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di Poesia (2018), o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho (2018), o Prémio Literário Guerra Junqueiro (2020), o Prémio Vergílio Ferreira (2020), o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, ou o Prémio Literário Francisco de Sá de Miranda (2021).
Recorde-se que a Universidade do Porto tem tido uma presença de destaque na Feira do Livro do Porto. Só na última edição, o pavilhão da Universidade foi “palco” para mais de 150 títulos de áreas temáticas diversas, editados – maioritariamente – pela U.Porto Press.
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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A Manuel Sarmento é professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade do Minho e uma das referências mais importantes da Sociologia da Infância, dedicando grande parte da sua pesquisa ao estudo das identidades e culturas infantis. Nesta conversa, reforça a dimensão política da participação, evocando movimentos coletivos de crianças em várias partes do globo. Salienta também as lacunas que persistem na garantia de direitos plenos às crianças, evocando a necessidade de políticas públicas integradas que contem com o seu envolvimento efetivo.
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34. Carapucico Burmeilho “Tamién hay quien cunte que doutra beç, quando Carapucico Burmeilho l lhebaba bolhos a la abó…”
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Unidades Curriculares da U.Porto | Cultura, Arte e Património
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Do teatro à música, passando pelo desenho, museologia e até à botânica, cinco novas unidades curriculares de competências transversais vão abrir perspetivas muito para além da formação de base.
Com o TNSJ desenvolvemos: Volta ao palco em 80 horas: o teatro como espaço de aprendizagem. Do palco aos bastidores, trabalhando com encenadores e atores, da leitura de obras dramáticas à análise crítica de espetáculos, vais perceber por que razão o teatro é uma “máquina para ver o mundo”!
Novas Unidades Curriculares da U.Porto Inscrições em https://www.up.pt/casacomum
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Doutores Honoris Causa da U.Porto
Maria de Lourdes Belchior
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A 5 de maio de 1966, por proposta da Faculdade de Letras, a professora-ensaísta e intérprete de textos literários Maria de Lourdes Belchior (1923-1998) recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto.
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Maria de Lourdes Belchior Pontes nasceu em Lisboa, cidade onde se licenciou em Literatura Portuguesa e Espanhola e se doutorou em Cultura e Literatura Hispânica pela Universidade de Lisboa. Docente apaixonada pelo ensino, nos anos 50 a 70 foi leitora no Instituto Católico de Paris, professora catedrática (desde 1970), nas Faculdades de Letras das Universidades do Porto e de Lisboa, professora associada na Sorbonne (Paris, França) e na Universidade de Santa Bárbara (Califórnia, E.U.A.).
Foi ainda conselheira cultural na Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, Brasil. No Instituto de Alta Cultura desempenhou os cargos de conselheira para a Direção e de presidente. Foi membro do conselho fundador da Universidade Nova de Lisboa, Secretária de Estado da Cultura e diretora do Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris.
Integrou a Sociedade Hispânica na América, a Academia Latina (de Paris) e a Academia das Ciências de Lisboa.
Foi distinguida com o prémio Casa de Bragança (1953), o prémio do Instituto de Alta Cultura (1968-1970) e o prémio Europa da Académie de Marches de l’Est (1996) e com os títulos de comendador da Ordem do Rio Branco (Brasil, 1967), da Ordem de Santiago da Espada (Portugal,1971) e da Ordem de Mérito (R.F.A., 1973), de Grã-oficial da Ordem da Instrução Pública (Portugal, 1973), de Oficial da Legião de Honra (1975), com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1998).
Obteve o título de Doutor Honoris Causa não só pela Universidade do Porto, mas também pela Universidade Nova de Lisboa (1998).
Foi autora de obras como Da poesia de Frei Agostinho da Cruz – Tentativa de Análise Estilística (dissertação de licenciatura, 1946), Bibliografia de António Fonseca Soares - Frei António das Chagas (1950), Frei António das Chagas – Um Homem e um Estilo do Século XVII (tese de doutoramento, 1953), Itinerário Poético de Rodrigues Lobo (1959) e Os Homens e os Livros – Séculos XVI e XVIII (1971).
Foram-lhe dedicados os seguintes títulos: Amor das Letras e das Gentes. In Honor of Maria de Lourdes Belchior Pontes (Center for Portuguese Studies da Universidade de Santa Bárbara, Califórnia, 1995); Românica. Revista de Literatura, 1/2, (Lisboa, 1993) e Arquivos do Centro Cultural Calouste Gulbenkian, XXXVII, (Lisboa - Paris, 1998).
Em 2004, a sua irmã Maria Helena Pontes Belchior doou o seu espolio documental (manuscritos da autora, correspondência, documentos biográficos e outros relativos às atividades de docente e de conselheira cultural) à Biblioteca Nacional.
Sobre Maria de Lourdes Belchior (up.pt)
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