O PLANETA ESTÁ A FERVER
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Na conferência de imprensa que teve lugar, na passada quinta-feira, no Laboratório Ferreira da Silva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, Graça Fonseca pediu-nos para imaginarmos um corpo humano cuja temperatura tivesse subido para 39,5º. Preocupados, disse, chamaríamos decerto o médico, e teríamos pelo menos três questões para lhe colocar: O que se está a passar? O que terá causado o aumento da temperatura? E o que poderemos fazer? Mas então, se assim é, continuou a ex-Ministra da Cultura e atual Coordenadora do Festival BOIL, por que razão não agimos de forma semelhante em relação ao nosso planeta? A comparação da Terra com o corpo humano é apenas um exemplo, de entre muitos que poderiam ser dados, de como a compreensão do problema climático poderá ser facilitada através da criação de narrativas. O assunto não é para menos: o planeta está a ferver, nem todos estão conscientes da origem do problema, e não está muito claro de que forma é que, individual e coletivamente, poderemos contribuir para a sua resolução.
A ideia de que narrativas e imagens impactantes poderão ajudar ao processo de consciencialização da emergência climática tem vindo a ser explorada, de forma sistemática, por António Gueterres. Em julho de 2023, até então o mais quente de sempre, o Secretário-Geral da ONU anunciou, com alarme, que passáramos da era do “aquecimento global” para a “era da ebulição global”. Mas já no ano anterior recorrera a metáforas chamejantes. Como refere um artigo do Público de 29 de dezembro de 2022, na abertura da Cimeira do Clima, no Egito, Guterres declarou que “estamos numa autoestrada rumo ao inferno, com o pé no acelerador”; no Paquistão, perante a devastação provocada por inundações sistemáticas, falou de uma autêntica “carnificina climática”; e na COP15, realizada no Canadá, identificou-nos como o nosso pior inimigo ao afirmar que “a humanidade [se] tornou uma arma de extinção em massa. Estamos a tratar a natureza como uma casa de banho. E, no fundo, a cometer suicídio através das nossas ações”.
Se é verdade que estas imagens fortes despertam consciências, por outro lado alimentam a eco-ansiedade de que sofrem atualmente muitos jovens, podendo gerar também atitudes de resistência ou negação. Por essa razão, o BOIL CLIMATE FESTIVAL propõe o mote “Sem drama, mas com urgência”, apostando numa estratégia que reúne no mesmo programa – e muitas vezes sentando à mesma mesa – cientistas, artistas e humoristas.
Ao ouvir Graça Fonseca expor o programa do Festival (que decorrerá em Serralves e incluirá uma exposição sobre biodiversidade a partir do acervo do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto), veio-me à mente a ideia de que, como diz o ditado, “mais vale rir do que chorar” – e lembrei-me do escritor francês Alphonse Allais que, em finais do século XIX, em plena revolução industrial, escreveu: “As cidades deviam ser construídas no campo, o ar lá é bem mais puro”.
O humor, com a sua linguagem denunciadora – por vezes mesmo violenta –, desmistifica conceitos complexos, propõe novas perspetivas sobre os problemas e convida-nos a recuar e a olhar para eles com distanciamento. Suscita, nesse sentido, formas inteligentes de pensar e soluções inesperadas. O humor predispõe-nos também para receber, de forma descontraída, nova informação – que, por nos ter causado riso, ficará mais facilmente inscrita na nossa memória. Por fim, o humor gera comunidade, criando uma relação emocional entre o público. Ao ligar as pessoas, o humor abre também o caminho para a consciencialização e a ação coletivas. Quando o humor é verdadeiramente inteligente, sobretudo em relação a questões tão prementes como a das alterações climáticas, poderá estimular atitudes positivas e reforçar comportamentos.
Confesso que adoro o desenho humorístico – Hugo van der Ding, que faz parte do programa do Festival, leva-me verdadeiramente às lágrimas. E acredito que esta estratégia de comunicação de factos científicos pode mesmo funcionar. Imagino mesmo um cartoon que poderia ter alguma eficácia: o globo terrestre representado com a forma de um caldeirão (daqueles dos canibais), com todos nós lá dentro, e na legenda a fala de um cético climático: “Mas que bem se está neste jacuzzi!”.
Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus
P.S. Todos os estudantes da U.Porto, independentemente do ciclo de ensino em que estejam inscritos, beneficiarão de 50% de desconto nos bilhetes do Festival, que decorrerá em Serralves entre 25 e 29 de setembro. O Festival preparou ainda um desafio dirigido aos novos estudantes da U.Porto, disponibilizando 50 entradas gratuitas. Não se esqueçam de passar pela exposição sobre insetos, resultado de uma parceria com o Museu de História Natural e da Ciência.
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Reitoria da Universidade do Porto na rota do património
No dia 20 de setembro, a "casa mãe" da U.Porto abre as portas para duas visitas inseridas nas Jornadas Europeias do Património 2024. Inscrição gratuita. Postal do Porto com vista do antigo Mercado do Anjo e da entrada para o atual MHNC-UP Foto: DR
O percurso começa às 15h00, no Laboratório Ferreira da Silva, localizado no polo central do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), e continua pelo Edifício Histórico da Reitoria, para ir “desaguar” à rua. No próximo dia 20 setembro, é assim que a U.Porto vai dar a conhecer a impressão digital da academia na cidade, através de duas visitas guiadas – e gratuitas -, inseridas nas Jornadas Europeias do Património 2024. Quem foi Bento de Sousa Carqueja (1860-1935)? É a questão que se vai colocar aos visitantes no arranque. Para além de diretor do jornal O Comércio do Porto e ativista social (promoveu a construção de bairros operários, creches e a Fábrica de Papel do Caima), foi também docente e estudante da academia e é, precisamente, para esta fase da sua vida que se vai chamar a atenção dos participantes da primeira visita, com ponto de encontro marcado para o histórico Laboratório Ferreira da Silva.
O jovem Bento Carqueja teve como professor Adriano de Paiva Brandão (1847-1907), nome que se associa à história da televisão. Aproveitando uma recente descoberta (da variação da condutividade elétrica do elemento químico selénio com a frequência da luz incidente), este docente de Física da Academia Politécnica publicou, em 1878, na revista O Instituto, uma ideia para a transmissão de imagens à distância.
Sobre o efeito que esta publicação teve poderemos apenas especular, mas o certo é que, em 1880, Bento de Sousa Carqueja submeteu, em França, tendo-lhe sido atribuída uma patente para um dispositivo baseado na ideia proposta por Adriano de Paiva. Resta acrescentar que este foi também um período particularmente fértil em invenções como, por exemplo, a máquina magneto-elétrica de Gramme, o telefone de Bell e o fonógrafo de Edison, cujos exemplares vai poder ver, de perto, no Laboratório Ferreira da Silva.
A visita será orientada por Marisa Monteiro, curadora dos instrumentos científicos do MHNC-UP. A participação é gratuita, mediante inscrição prévia através do e-mail visitas@mhnc.up.pt
O registo da patente obtida por Bento Carqueja. (Foto: DR)
A segunda visita tem início às 17h00, no átrio principal do Edifício Histórico, e levará os participantes até alguns dos espaços nobres da Reitoria, para depois os convidar a sair. Tudo para dar a conhecer como “os filhos” da academia ajudaram a “moldar” a cidade. Dizem que é “dos Leões”, mas como se chama, efetivamente, a praça que dá acesso à entrada principal da Reitoria? Mesmo em frente, é difícil não ver o pavão de asas abertas que se ergue e domina a construção estilo Art Déco, do século XIX, onde ficam os Armazéns Cunha. Poderá não saber, mas o edifício é da autoria do arquiteto Manuel Marques (1890-1956), formado na Escola de Belas-Artes do Porto (antecessora da FAUP e da FBAUP).
Avançando pela direita dos Armazéns Cunha, chega-se à Praça que presta homenagem ao comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto que se destacou no combate ao incêndio que, em 1888, destruiu o Teatro Baquet. Por que razão optaríamos por este percurso? Porque o busto de Guilherme Gomes Fernandes tem a assinatura de Bento Cândido da Silva, antigo estudante de Desenho da Academia de Belas-Artes do Porto.
Postal antigo do Porto com vista da Praça Voluntários da Rainha (atual Praça Gomes-Teixeira). (Foto: DR)
Se decidirmos caminhar até à Praça Carlos Alberto, vamos encontrar, bem no centro, o “Monumento aos Mortos da Grande Guerra” (1914-1918). No entanto, a ideia será fazer um ligeiro desvio para recordar o 14 de maio de 1958, dia em que milhares de pessoas assistiram ao comício do general “sem medo”. O candidato à presidência da República discursou na varanda do Café Luso durante aquela que terá sido a maior concentração de pessoas na praça. Ficaremos frente-a-frente com a estátua de Humberto Delgado, da autoria do escultor José Rodrigues, antigo estudante da Escola de Belas-Artes do Porto. Também podemos dar a volta ao edifício da Reitoria até chegarmos ao Jardim da Cordoaria… Que, já agora, se chama João Chagas. E o que nos levaria a visitar este jardim? Nada como perguntar à mediadora cultural desta visita e historiadora de arte, Susana Pacheco Barros.
As inscrições fazem-se através do e-mail: cultura@reit.up.pt.
Sobre as Jornadas Europeias do Património
As Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia que envolve mais de 50 países com o propósito de sensibilizar os povos europeus para a importância da preservação, salvaguarda e valorização do património. A edição deste ano tem como tema “Rotas, Redes e Conexões” e será assinalada, em Portugal, com um programa alargado de iniciativas, coordenado pelo Património Cultural, I.P., e a decorrer de 20 a 22 de setembro.
Mais informações.
Fonte: Notícias U.Porto
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Balanço do I Encontro Nacional sobre Prescrição Cultural
O que é a Prescrição Cultural? Quais os agentes envolvidos e a partir de quando? O que esperar do novo Consórcio apresentado durante I Encontro Nacional sobre Prescrição Cultural, realizado a 19 de julho no Salão Nobre da reitoria da U.Porto? As respostas pela voz da vice-reitora da U.Porto para a Cultura e Museus, Fátima Vieira.
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Setembro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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A Fotografia como Prática Artística | Exposição Coletiva
Entrada Livre. Mais informações aqui
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TERRA MINERAL – TERRA VEGETAL, de Duarte Belo
Exposição | Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) Entrada Livre. Mais informações aqui
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Colectivo de Poesia - Poetas a várias vozes na Casa Comum | Natália Correia
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Corredor Cultural
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Álvaro Siza e a Ideia de Barroco no Museu Nacional Soares dos Reis
A exposição Siza, Câmara Barroca reúne 18 obras de Álvaro Siza, atravessando diferentes períodos do trabalho do arquiteto e antigo professor da FAUP. São 18 obras que expõem a afinidade entre Álvaro Siza e a “Ideia de Barroco” e, a partir de 12 de setembro, revelam-se em Siza, Câmara Barroca, uma mostra que ficará patente até ao final do ano, no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), lado a lado com as coleções do Museu e a exposição temporária na extensão projetada por Fernando Távora. A exposição resulta do projeto
Siza Barroco – classificado em primeiro lugar no concurso lançado em 2021 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, para projetos de IC&DT no âmbito da Arquitetura de Álvaro Siza – e encerra a investigação desenvolvida ao longo dos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (CEAU/FAUP).
“Siza, Câmara Barroca” é uma exposição que reúne 18 obras de Álvaro Siza, atravessando diferentes períodos do seu trabalho, estudado por uma equipa de investigadores coordenada por José Miguel Rodrigues (Investigador Responsável do projeto “Siza Barroco” e atual diretor do CEAU/FAUP) e Joana Couceiro (Investigadora integrada e corresponsável pelo projeto), ambos curadores da exposição, juntamente com Constança Pupo Cardoso (designer e curadora adjunta da exposição).
As obras de Álvaro Siza selecionadas para a exposição expõem então a afinidade que, desde cedo, as composições do autor estabelecem com a “Ideia de Barroco”, incidindo em trabalhos iniciados nas décadas de 70 e 80, segundo os investigadores, as mais barrocas ideologicamente. “O reconhecimento das nuances da vida humana na expressão artística e na construção arquitetónica de um território coletivo – onde há lugar para a repetição, o anonimato, o dia-a-dia comum, mas também para os lugares de exceção, únicos e irrepetíveis –, caracteriza a cidade Barroca que Siza perseguiu e que esta exposição dá a ver fora da esfera académica”, assinalam ainda.
Em conexão com essa premissa “o Museu Nacional Soares dos Reis permite um enquadramento ao visitante, levando-o a percorrer as coleções do museu antes de entrar na câmara de ecos barrocos” dizem, destacando que a exposição “para além de desvelar alguns dos meandros da investigação a um público diverso, propõe uma interpretação retroativa da obra de Siza a partir de focos escolhidos”.
A exposição pode ser visitada até 31 de dezembro de 2024, no horário do Museu Nacional Soares dos Reis.
Malagueira, 1996. (Foto: Giovanni Chiaramonte. CCA, Álvaro Siza fonds/Canadian Centre for Architecture)
Arquitetura, pensamento e música cruzam-se no MNSR e na Igreja dos Clérigos
O programa paralelo
à exposição, outra proposta do projeto, tem decorrido desde abril com conferências de Eduardo Souto de Moura, Angél Garcia-Posada, Juan José Lahuerta e Maria Filomena Molder, estando ainda agendado mais um ciclo de conferências e um colóquio com todos os investigadores. Este segundo ato de conferências (com José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro – “Siza e o Barroco”; Ana Tostões – “Siza e o Moderno”; e Jorge Figueira – “Siza e o Pós-moderno”) decorre no dia 28 de setembro, no Museu Nacional Soares dos Reis, terminando com um debate com todos os convidados, moderado por Sílvia Ramos, investigadora do projeto.
O colóquio “Betão, Branco, Dourado” será no dia 7 de dezembro e integra comunicações dos investigadores do projeto: Sílvia Ramos, Miguel Araújo, Mariana Sá, Ricardo Leitão, Inês Sanz Pinto, Mafalda Lucas, Graça Correia, Hélder Casal Ribeiro, João Pedro Serôdio, Luís Urbano, Marco Ginoulhiac, Nuno Brandão Costa, e dos convidados João Pedro Xavier e Susana Ventura. O momento de encerramento vai ser assinalado no dia 14 de dezembro, com um concerto na Igreja dos Clérigos, em que o grupo vocal Olisipo interpretará Magnificat em talha dourada, uma composição de Eurico Carrapatoso, nosso contemporâneo (como Siza), e que (como Siza em relação à arquitetura) assume valorizar mais a tradição do que a originalidade na medida em que está, nas palavras do próprio, “mais preocupado em escrever música do que em escrever História”.
Para os curadores, trata-se de “um compositor do nosso tempo que trabalha a partir da música de outro tempo, como se os limites impostos pela cronologia Histórica perdessem rigidez”, assinalando que, “como em Siza, a originalidade e a cronologia tornam-se valores frágeis”. Esta posição em relação ao ofício, partilhada por ambos os autores, estende-se aos mestres e à própria obra: “o Magnificat é uma obra tonal em Sol Maior, que é a tonalidade que sinto nas talhas douradas”, constitui “uma homenagem ao Barroco” e, “como é natural, o espírito de Bach ecoa, pairando sobre a obra”. Estes são ecos que os curadores considerem que se estendem à arquitetura e a Siza, que chega a afirmar que “Todos temos uma componente barroca nas nossas mentes que não desaparece como as restantes.”
No último trimestre de 2024, é possível colocar à prova os lugares comuns associados ao barroco, nomeadamente o cronológico, e (é essa a convicção dos investigadores), compreender como estes não passam de pontos de partida de uma mundividência muito mais ampla que (como afirmava Siza), não desaparece.
A entrada é livre em todos os eventos, ainda que sujeita à lotação dos espaços.
Sobre o projeto Siza Barroco
Siza Barroco é um projeto de investigação financiado no contexto do concurso para projetos no âmbito da Arquitetura de Álvaro Siza, lançado pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia (SIZA/CPT/0021/2019), e pelo então Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ministério da Cultura, e CEAU-FAUP. O projeto tem o apoio do Museu Nacional Soares dos Reis, da Fundação de Serralves, da Fundação Calouste Gulbenkian, do CCA – Canadian Centre for Architecture, da Drawing Matter, da Casa da Arquitectura, da Irmandade dos Clérigos e do Conservatório de Música do Porto.
Para além dos Investigadores Responsáveis José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro, e da equipa de investigadores do CEAU-FAUP, o projeto conta com a participação de Ana Tostões (Professora Catedrática no IST) e Jorge Figueira (Professor Associado no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra) e tem como consultores científicos Maria Filomena Molder (Professora Catedrática da FCSH da Universidade Nova de Lisboa e Investigadora do IfILNOVA), Juan José Lahuerta (Professor titular da ETSAB-UPC e director de la Càtedra Gaudí na mesma Universidade) e Juan Luis Trillo (antigo Professor Catedrático da ETSA de Sevilla).
Fonte: Notícias U.Porto
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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“Mahmoud”, de José Éfe, in O Silêncio dos Meninos Mortos (poemas portugueses contra o massacre do povo palestiniano), Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, col. Explicação das Árvores, dezembro de 2003.
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87. “Si j’avais 4 dromadaires”, de Chris Marker (1966) Comentário de Miguel Figueiredo (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC).
88. “Love Tapes 1”, de Wendy Clarke (1980) Comentário de Lavínia Pereira (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC). 89. “As Borboletas não Vivem aqui”, de Miro Bernat (1958) Comentário de Gisela Canelhas (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC).
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Joaquim de Sousa Júnior
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António Joaquim de Sousa Júnior nasceu na Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, a 16 de dezembro de 1871. Era filho de António Joaquim de Sousa, comerciante, e de Maria Júlia de Sousa Lemos. Estudou no Seminário e Liceu de Angra e, já no Porto, frequentou a Academia Politécnica e a Escola Médico-Cirúgica (1892-1898). Obteve o grau de bacharel em 1898 e o de doutor em Medicina no ano de 1900, com a apresentação da dissertação inaugural Contribuição para o diagnóstico da tuberculose urinária: clínica, cystocospia, uroscopia e bacterioscopia. Esta tese foi orientada por Agostinho António do Souto e dedicada, entre outros, à família, aos professores Ricardo Jorge e Alberto de Aguiar, ao corpo docente da Escola Médico-Cirúrgica, em particular ao Professor Augusto Brandão, e aos professores da Academia Politécnica, sobretudo ao Conde de Campo Belo (Adriano de Paiva Brandão, 1847-1907) e ao Dr. António Ferreira da Silva (1853-1923).
Exerceu atividades como médico, político e professor na Escola Médico-Cirúrgica do Porto entre 1903 e 1915 e entre 1918 e 1928. Em 1903 foi nomeado lente substituto da Secção Cirúrgica, em 1911 professor extraordinário de Cirurgia com a regência da cadeira de Terapêutica e Técnica Cirúrgica e, em 1921, regente da cadeira de Anatomia Patológica.
António de Sousa Júnior fez parte da complexa e polémica campanha de erradicação da peste bubónica do Porto. Em 1902 assumiu o cargo de médico-chefe do Hospital do Bonfim e, em 1904, quando se deu o surto de gripe pneumónica no bairro da Sé, no Porto, era o único médico do Hospital do Bonfim. O trabalho então desenvolvido valeu-lhe a medalha de ouro da Real Sociedade Humanitária do Porto, distinção até então apenas atribuída a D. Pedro V pela dedicação demonstrada aos doentes de cólera-morbus.
Na sua qualidade de perito no combate às epidemias, Sousa Júnior regressou à terra natal, comandando a missão sanitária à Ilha Terceira durante o surto de peste bubónica que, em 1908, flagelou esta ilha açoriana. Vitorino Nemésio (1901-1978) haveria de demonstrar publicamente a sua admiração por Sousa Júnior, confessando o seu embaraço por "combinar o impulso que me levaria a falar de António Joaquim de Sousa Júnior sem protocolo nem pauta, com pura abundância de alma, e a obrigação de ser cortês e reconhecido com quem me permite hoje fazê-lo".
De regresso ao Porto, Sousa Júnior dirigiu a Escola Médico-Cirúrgica (decreto de 1 de novembro de 1910) e também o Laboratório de Anatomia Patológica (decreto de 26 de junho de 1926). No âmbito universitário, desempenhou, em 1924, os cargos de Vice-reitor da Universidade do Porto (decreto de 29 de janeiro) e de Reitor da Universidade de Coimbra (decreto de nomeação de 21 de junho e de exoneração, a seu pedido, de 21 de agosto).
Sousa Júnior escreveu numerosos artigos científicos na Gazeta Médica do Porto, no Porto Médico e na Gazeta dos Hospitais, de que foi redator. Editou trabalhos sobre temas como a História Social, as pestes que assolaram o país, a alegada falsificação dos vinhos e o abastecimento de águas no Porto e coordenou a obra Censo Eleitoral da Metrópole (1916). Escreveu sobre temas republicanos e teve uma ação marcante na promoção das artes e das letras em Portugal.
No campo político, foi deputado e senador (1911), primeiro-ministro da Instrução da República (1913-1914 e 1924-1925), Presidente da Junta Autónoma do Porto, Diretor-geral da Estatística (1915-1918) e Presidente do Senado da Câmara Municipal do Porto entre 14 de Outubro de 1921 e 22 de Outubro de 1924.
Participou na 1.ª Guerra Mundial como chefe dos serviços de saúde do Corpo Expedicionário Português (1916-1918).
Sousa Júnior foi membro filiado do Partido Progressista e do Partido Republicano Português, integrando o Diretório deste partido em 1913. Pertenceu à Maçonaria a partir de 1909. Foi, ainda, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia de Bruxelas, da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais e da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Porto e recebeu a Grã-cruz da Ordem de Cristo. Na sua qualidade de Ministro da Instrução, foi um dos principais responsáveis pela fundação da primeira "Escola da Arte de Representar" criada em Portugal.
António Joaquim de Sousa Júnior foi casado com Rosário Fernandes de Sousa. Por motivos de saúde, aposentou-se em 1928. Faleceu 10 anos mais tarde, a 7 de junho de 1938.
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