SOBRE A LIMPEZA DE NÓDOAS

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Não me lembro da decepção que certamente senti quando soube que não era o Pai Natal quem me deixava as prendas no sapatinho, mas lembro-me bem do dia em que compreendi que os glutões não existiam. Estava em Miramar, a passar uns dias de verão em casa dos meus tios, quando a Tia Margarida me desafiou: “Fatinha, explica a estas minhas amigas o que fazem os glutões”. Pus um ar compenetrado e expliquei, com toda a convicção dos meus seis anos, como os glutões – uns pequenos monstros simpáticos, verdes e azuis, contidos no detergente Presto – devoravam todo o tipo de nódoas. Era importante que a roupa fosse deixada de molho pelo menos três horas, esclareci, mas o melhor, acrescentei, seria deixá-la de um dia para o outro. Dessa forma, os glutões teriam mais tempo para comer toda a sujidade. Esta explanação parecia-me necessária e lógica: afinal, era preciso dar condições de trabalho aos aliados das donas de casa. As amigas da minha tia riram-se, dizendo que eu tinha muita graça. Quando saí da sala, ouvi dizer: “Extraordinário, como ela acredita que os glutões existem!”. Naquele dia, senti-me abalada nas minhas convicções.


Estou convicta de que não era a única criança que acreditava nos glutões. A campanha televisiva do Presto, que começou em 1969 e se intensificou nos anos 70 e 80, distinguia-se das outras campanhas publicitárias pelo recurso a uma animação que mostrava como os monstrinhos eram capazes de comer todo o tipo de nódoas. Era bastante mais convincente, do meu ponto de vista, do que a do OMO. Na verdade, para mim, as casas estavam divididas em dois grupos: as das famílias que subscreviam o slogan do OMO “Lava mais Branco”, e as das famílias mais esclarecidas, que compreendiam que apenas o Presto era eficaz e crível, pois o anúncio revelava o processo “científico” de eliminação da sujidade.


Vêm estas recordações a propósito de Ciberpopulismo: Democracia e política no mundo digital, do filósofo e jornalista Andrés Bruzzone. No seu livro, Bruzzone defende que não há maior prisão do que a convicção que não admite ser questionada. Quando assim é, recusamos toda e qualquer opinião que contrarie a nossa convicção e procuramos avidamente argumentos que a confirmem. No processo, reduzimos a possibilidade de pensar e de aprender. Explica Bruzzone que, quando duas convicções opostas ocupam todos os espaços do debate, este transforma-se numa arena onde se encontram inimigos (e não adversários). Num cenário assim, ou se é a favor ou contra – e assim se dá a polarização das sociedades.


Acredito que a batalha Presto X OMO, que me radicalizou, em matéria de detergentes, nos anos 70, é uma boa metáfora para a polarização a que assistimos em tantos países do mundo. Felizmente que, depois daquele dia fatídico das minhas férias em Miramar, aceitei que os glutões não existiam e consegui compreender que há muitos detergentes eficazes na limpeza de nódoas.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Vamos passar um fim-de-semana com Kafka?

A iniciativa decorre de 24 a 26 de outubro e pretende assinalar o centenário da morte de um dos escritores mais influentes do século XX. A entrada é livre.

 Foto DR

Ver, pensar, colocar questões e partilhar ideias sobre um universo tão peculiar como o de Franz Kafka. No dias 24, 25 e 26 de outubro,  é esse o desafio que a Universidade do Porto, o Coliseu Porto Ageas e a  Universidade Lusófona (Porto) lançam à comunidade, como forma de  assinalar o centenário da morte do escritor checo. Para isso, preparou um programa em torno da vida e obra de Kafka, onde não falta o cinema, uma conversa e um colóquio sobre teatro.


Começamos pelo fim e com cinema. É, provavelmente, um dos seus livros mais famosos (juntamente com A Metamorfose e O Castelo) e Orson Wells é o responsável pela declinação cinematográfica. O Processo (1962) conta-nos a história de Joseph K., um bancário e funcionário exemplar  que, no dia em que completa 30 anos, é detido por dois guardas, no próprio quarto. Agentes de uma autoridade que se vem a revelar inacessível, não só tomam o seu café, como o acusam de tentativa de  suborno. São estes os ingredientes para uma espécie de “anatomia do  absurdo” durante a qual Joseph K. é alvo de um longo e incompreensível processo, resultado de um crime que nunca chega a ser esclarecido. O Processo é um dos trabalhos literários com responsabilidade direta na criação do  termo “Kafkiano”, associado a situações burocraticamente labirínticas e  incompreensíveis.


O Processo, de Orson Wells, é exibido sábado, dia 26 de outubro, às 18h00,  no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto. O filme será  comentado por Katharina Baab tendo como guião textos escritos por Vera  Schneider que não poderá estar presente.

Retirado de O Processo, de Orson Wells

No entanto, este fim-de-semana dedicado ao escritor checo começa na quinta-feira anterior, dia 24 de outubro, às 18h00, com um conversa sobre O meu Kafka. Como conheci Franz Kafka? Qual o primeiro livro que li? Foi no cinema ou no  teatro que tive contacto com a sua obra? Este é o mote para a conversa que vai juntar André Lamas Leite, Carlos Magno e Renata Portas na Sala  Novo Ático do Coliseu Porto Ageas. A moderação ficará a cargo de Gonçalo  Vilas-Boas.


No dia seguinte, sexta-feira, dia 25 de outubro, às 15h00, dá-se início  a um colóquio que fará a transposição do “universo kafkiano” para o  teatro. Sentam-se, lado a lado, quatro encenadores que trabalharam obras  adaptadas para teatro para a partilha de desafios, estratégias e  resultados. São eles Miguel Loureiro, João Garcia Miguel, Rui Queiroz de  Matos e Carlos Pimenta, num encontro moderado por Nuno Bessa Moreira. O colóquio chama-se Kafka à beira-rio e vai decorrer na Sala Nobre da Universidade Lusófona – Centro Universitário do Porto.


A entrada é livre em todos os eventos.

Sobre Franz Kafka

Nasceu em 1883, em Praga, no seio de uma família judaica de classe média. Doutorou-se em Direito em 1906. É considerado um dos escritores  mais influentes do século XX embora, em vida, tenha publicado apenas sete livros e alguns textos em revistas. Entre estes livros destaca-se A Metamorfose, lançado em 1915.


Franz Kafka morreu em 1924, vitima de tuberculose. Deixou três  romances inacabados e os direitos da sua obra para o amigo Max Brod, com  instruções explícitas para que fosse destruída após a sua morte. Este  pedido foi ignorado e Brod decidiu publicar os romances e a obra completa, nomeadamente O Processo (1925), O Castelo (1926) e América (1927), a que se seguiram volumes com contos, cartas e diários. 


Fonte: Notícias U.Porto

Bella Letteratura traz livros e cinema à Casa Comum

A literatura contemporânea italiana estará no  centro de um programa recheado de eventos. A decorrer de 23 a 31 de  outubro, com entrada livre.

Tintoretto, um rebelde em Veneza vai passar na Casa Comum na noite de 23 de outubro. Foto: DR

Bella Letteratura: a literatura italiana contemporânea é o título do programa de cinema e lançamento de livros que vai ocupar, de 23 a 31 de outubro, entre outros  espaços,  a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.


Trata-se de uma iniciativa da ASCIP Dante Alighieri, à qual a Universidade do Porto se associa. Da programação destaca-se, por exemplo, a presença de escritoras italianas convidadas  para a apresentação das edições portuguesas dos respetivos livros. É o  caso da sessão de dia 23 outubro, às 18h00, durante a qual será apresentada a versão portuguesa de Vita, de Melania Mazzucco (Prémio Strega 2003). A sessão contará com a presença da autora e das  tradutoras. O encontro será moderado por Joel Cleto, historiador e  divulgador cultural.


No mesmo dia, mas às 21h30, há cinema para ver na Casa Comum. Escrito por Melania G. Mazzucco, Tintoretto, um rebelde em Veneza é um documentário realizado para comemorar os 500 anos do nascimento  (em 1518) do célebre pintor veneziano que, pela velocidade e energia investida na sua arte, foi intitulado de Il Furioso. Este filme sobre um  dos últimos grandes mestres da Renascença tem a participação especial  de Peter Greenaway.


No dia seguinte, 24 outubro, voltamos a ter encontro marcado na Casa Comum, desta vez às 18h30. Do lado da mãe é  o título em português do livro de Federica De Paolis. A sessão, que  contará com a presença da autora e dos tradutores, será moderada por  Carla Cerqueira, socióloga e ativista.


No dia 31 outubro, às 18h00, está agendada a apresentação da edição portuguesa do livro Alma (Prémio Campiello 2024), da escritora Federica Manzon. A sessão contará com a  presença da autora e do respetivo tradutor, num lançamento moderado por  Paulo Moura, jornalista e repórter. Todas as sessões com as escritoras  serão em italiano com tradução simultânea em português.


Para além da U.Porto, esta iniciativa da ASCIP (Associazione Socio Culturale Italiana del Portogallo) Dante Alighieri é também desenvolvida em colaboração com a editora Book Cover, a ESAP Porto e o Conservatório de Música do Porto.


A entrada nos vários eventos é livre, mas sujeita a inscrição através do e-mail segreteria.ascipda@gmail.com . 


Fonte: Noticias U.Porto

I Encontro Nacional de Prescrição Cultural

Projeto Prescrição Cultural no Alentejo Central

A funcionar numa rede de oito municípios do Alentejo Central, há já um projeto de Prescrição Cultural a funcionar no terreno. Este exemplo de um caso prático foi apresentado no passado dia 19 de julho, no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, durante o I Encontro Nacional de Prescrição Cultural.

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Outubro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

O nome igual nos dois? Um receituário para a Liberdade na coleção Manuel Brito

Até 25 JAN'25 
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

CINANIMA na U.Porto

25 e 31 OUT'24 | 21h30
Cinema de animação | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Bella Letteratura Forum | Literatura Contemporânea / Porto

 23, 24, 26 e 31 OUT'24 
Espetáculo, cinema, literatura | Vários locais
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui

Fim-de-Semana com Kafka

 24, 25 e 26 OUT'24 
Cinema, conversa, colóquio | Casa Comum, U.Lusófona e Coliseu do Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

CLIMA: COISA DE NINGUÉM,OU PATRIMÓNIO DE TODOS?

 22 OUT'24 | 17h00
Palestra | Salão Nobre da Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Himalaya Hoje: Da Utopia à Realidade | Debate

 25 OUT'24 | 18h00
Debate | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Palha Encantada: arqueologia de um espírito esquecido | Performance

 29 OUT'24 | 18h00
Performance | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão

05, 12,18 NOV | 03,10, 17 DEZ'24 | 18h00
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Gemas, Cristais e Minerais

A partir de 20 SET'23
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Matéria Viva | Exposição

Até 15 NOV'24
Exposição | Instituto de Pernambuco
Entrada Livre. Mais informações aqui

Corredor Cultural

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

Galeria da Biodiversidade expõe o desenho no cruzamento entre arte e ciência

A exposição Drawing Things Together apresenta  o desenho como um espaço híbrido. Para conhecer até 18 de dezembro, com  entrada livre.

E se olhássemos para as áreas das ciências, da tecnologia, das engenharias e da matemática através da “lente” do desenho? Drawing Things Together é o título da exposição que estará patente, até ao próximo dia 18 de dezembro, na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).


O que se pode pode ver é o resultado do DRAWinU, um projeto de investigação liderado pelo Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS), sediado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), e que envolveu vários artistas. A exposição reúne uma seleção de  desenhos que transformam o espaço expositivo num híbrido de  conhecimento. Neste espaço de “contaminação” e colaboração entre arte e  ciência, há objetos, métodos e a epistemologia da ciência que se  encontram com a investigação artística.


Imagine-se o desenho como um instrumento pedagógico que ajuda a  estudar melhor. A aprender e a representar esse conhecimento de forma  mais eficaz. O título vem do ensaio homónimo de Bruno Latour, e aponta  para a profunda conexão entre visualização, inscrição e cognição na  imaginação científica.

São desenhos que refletem abordagens transdisciplinares, representações visuais e procedimentos em áreas tão variadas como a  microbiologia, neurobiologia, medicina, desporto, engenharia, física,  matemática, geografia e botânica, entre outras.


Drawing Things Together apresenta trabalhos de: David Lopes – Um Edifício em S. Vitor Que Nunca Existiu; Flávia CostaVetusto; Jorge Marques Desenhos e representações para a entropia; Luís Espinheira Grelha; Maria Catarina Trifolium cernuum; Maria Manuela LopesSete porquês e mais um [n desenhos]_série_sete_porquês e mais um; Marina Vale GuedesTOUCH MeD, DRAW MeD; Mário BismarckDesenhos dispersos em folhas dispersas de diários gráficos dispersos; Paulo Luís AlmeidaGood Performance, Bad Performance; Pedro AlegriaWe are not in Kansas Anymore; Sílvia SimõesOnde andam as sombras?; Tatiana MóesEsta casa nem é de verdade; e Vítor SilvaNo estaleiro, os depósitos.


A exposição, que inaugurou no passado dia 9 de outubro, poderá ser  visitada até 18 de dezembro de 2024, de terça-feira a domingo, das 10h00  às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (último acesso: 17h30). A entrada é livre


Fonte: Notícias U.Porto

Galeria da Biodiversidade e Planetário do Porto recebem "novos" diretores

A nova edição do programa de intercâmbio entre  os Centros Ciência Viva ("Hoje Quem Manda Sou Eu") irá decorrer nos dias  24, 25 e 26 de outubro.

A iniciativa chama-se Hoje Quem Manda Sou Eu e traduz-se em três dias (24 a 26 de outubro) de intercâmbio entre os vários Centros Ciência Viva espalhados pelo país, incluindo a Galeria da Biodiversidade do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) e o Planetário do Porto.


Espera-se que, em colaboração com as suas “novas” equipas, cada  diretor/a promova um conjunto diversificado de atividades no seu centro  de acolhimento, nomeadamente encontros com cientistas, saídas de campo, espetáculos de ciência e arte, e oficinas.


A dirigir a Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva estará Luís Azevedo Rodrigues,  Diretor do Centro Ciência Viva de Lagos. Do Algarve, traz sessões de capacitação focadas em fotogrametria e modelação 3D, inteligência  artificial na comunicação de ciência, percursos virtuais imersivos, e  evolução e conservação da biodiversidade.


O “novo” diretor” da Galeria da Biodiversidade vai falar sobre a  evolução dos dinossauros e das baleias. Com o emblemático esqueleto de  baleia-azul a servir de inspiração, vamos ver aparecer baleias com patas  e dinossauros com penas, num encontro entre Evolução e Cultura  Pop(ular). A sessão, dirigida a todos os públicos (a partir dos 8 anos),  está marcada para dia 26 de outubro, às 15h00, na Galeria da  Biodiversidade.


Por sua vez, Maria João Fonseca, Diretora da Galeria  da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, vai prender-nos à ciência no  Centro Ciência Viva de Vila do Conde. Na companhia de cientistas e  artistas, vai convidar-nos a celebrar a diversidade da vida, entre  bichos e papéis, e com música à mistura.


Para além de uma saída de campo para observação da fauna entomológica  existente em torno do Centro dirigida aos alunos da Escola Ciência Viva da Gotinha orientada por um perito convidado, Maria João Fonseca vai promover uma oficina para famílias de produção de pasta de papel. E  levará com ela os Disco Voador para um concerto dirigido a todos os que apreciam arte e ciência. 


Já o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva vai receber a Diretora do Centro Ciência Viva do Algarve, Cristina Veiga Pires,  que irá trabalhar na conceção e produção de ferramentas inclusivas para  a promoção da cultura científica. A responsável irá também fazer uma  palestra sobre a fauna e flora da Ria Formosa e desencadear uma Guerra  intergaláctica numa sessão baseada no Universo Star Wars.


Finalmente, Filipe Pires, Diretor Executivo do  Planetário do Porto, ruma até Vila Nova de Foz Côa, para dirigir o Museu  do Côa – Centro Ciência Viva. Durante a sua estadia, irá coordenar uma  programação dirigida a vários públicos, que incluirá sessões de  Planetário Portátil para os alunos do Agrupamento de Escolas  Tenente-Coronel Adão Carrapatoso, um workshop sobre micrometeoritos, e  uma sessão de observação astronómica no Museu.


A iniciativa Hoje Quem Manda Sou Eu pretende não só promover  a ciência, a nível nacional, como também fazer a divulgação dos Centros e  sublinhar a importância do funcionamento em Rede. Imaginar, participar,  envolver, criar, renovar e partilhar é o que se pretende oferecer à comunidade que visita os Centros Ciência Viva. 


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

123. Descalça vai para a fonte, Lianor pela verdura, Luís de Camões

“Descalça vai para a fonte, Lianor pela verdura”, de Luís de Camões.  Fonte: Centro Nacional de Cultura (Guilherme d’Oliveira Martins)

9. Patrícia Babo

Neste Alumni Mundus falamos com Patrícia Babo, alumna do  mestrado integrado em Medicina Dentária pela Faculdade de Medicina  Dentária da Universidade do Porto (FMDUP). Nasceu em Lousada há 27 anos e,  inicialmente gostava de ter entrado em Medicina, mas diz ter sido  escolhida pela Medicina Dentária. Proativa, participou em várias atividades como o Hospital dos Pequeninos e a Mostra da U.Porto, foi  representante da unidade curricular de Medicina Dentária Preventiva,  vogal da comissão de curso, secretária da comissão organizadora das  Jornadas da FMDUP, e ainda participou na organização do congresso da  Ordem dos Médicos Dentistas em 2021. Quando começou a exercer  profissionalmente, em menos de um ano passou por dez clínicas.  Durante a  pandemia de COVID-19, trabalhou no SNS 24. Devido à instabilidade e  precariedade laboral, decidiu emigrar para França em janeiro de 2023 e  hoje vive entre os dois países. No ano passado fez mais de 30 viagens de  avião e, nesta aventura da emigração, diz que procura viver o melhor  dos dois mundos.


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CLIMA: COISA DE NINGUÉM,OU PATRIMÓNIO DE TODOS?

3 anos passaram sobre a Reunião que esteve na origem do Clima como Património Comum, consagrada no Art.º 15.º f), da Lei de Bases do Clima.

No dia 25 de outubro de 2021, num período em que estava ainda em elaboração a Lei de Bases do Clima (LBC), teve lugar no Salão Nobre da  Reitoria da Universidade do Porto, um debate sobre o estatuto legal do clima. Esta discussão tinha como objetivo a possibilidade de se vir a introduzir na nova Lei o objetivo de reconhecer o “Clima Estável” como  Património Comum da Humanidade. Este seria o primeiro passo para se  iniciar um processo internacional no sentido de fazer evoluir o atual  estatuto das alterações climáticas como “Preocupação Comum da  Humanidade”, que continua a ser o enquadramento legal do Acordo de  Paris.


A 5 de novembro a LBC foi aprovada; foi publicada em 31 de dezembro  de 2021, tendo entrado em vigor no dia 1 de fevereiro de 2022. O  objetivo estava conseguido: a alínea f) do artigo 15.º consagrou a  obrigação de Portugal promover o reconhecimento do Clima Estável como Património Comum da Humanidade junto das Nações Unidas.


Este objetivo inovador fez de Portugal o primeiro país do mundo a  reconhecer, de um ponto de vista jurídico, o aspeto funcional do planeta  de forma autónoma do território, e tornou evidente a absoluta  necessidade de se distinguir soberania territorial do aspeto funcional  do planeta materialmente e juridicamente indivisível – uma necessidade  também já identificada pela Comissão de Direito Internacional. Esta  evolução abre as portas para uma solução jurídica que permite restaurar o  sistema climático.


Esta questão está já a ser discutida, numa  primeira fase, no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa  (CPLP) que, na Declaração do Lubango, no seu artigo 13.º, insta à  promoção de um debate entre os Estados-Membros sobre as suas perceções  relativas ao tema “Clima Estável como Património Comum da Humanidade”. 


Para assinalar a data, o Salão Nobre da Reitoria da U.Porto volta acolher a Casa Comum da Humanidade, para uma mesa redonda, onde irá ser também lançado o filme documental intitulado Clima: Coisa de Ninguém, ou Património de Todos?


Apesar de tudo isto, esta é ainda uma questão marginal no debate e   política pública nacionais. Depois do lançamento do Vídeo “Clima: Coisa   de Ninguém, ou Património da Todos?”, na Embaixada de Portugal em   Brasília, pretende-se retomar esta discussão, analisar o caminho percorrido, e definir estratégias tendo em conta as evoluções que   ocorreram do outro lado do atlântico.


A sessão está prevista para o dia 22 de outubro, às 17h00. A entrada é livre. 




Consulte o programa AQUI.


U.Porto Press apresenta obra em três volumes sobre prisões portuguesas

The Portuguese prison photo project revela mais de 300 fotografias que retratam a realidade das prisões portuguesas, históricas e contemporâneas.

A obra será apresentada no próximo dia 25 de outubro, pelas 12h45, na Faculdade de Direito da U.Porto. / FOTO: U.PORTO PRESS

The portuguese prison photo project documenta o quotidiano nas prisões portuguesas, caso a caso.


Publicada em três volumes, esta obra revela mais de 300 fotografias que retratam a realidade das prisões portuguesas, oferecendo uma visão global não apenas das contemporâneas, mas também das prisões históricas e políticas, até 1974.


A obra resulta de uma parceria entre a U.Porto Press e o Gefo.ch – Gefängnisforschung.Schweiz – Rechercheprison.suisse e será apresentada no próximo dia 25 de outubro, pelas 12h45, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP), no âmbito da conferência internacional “Sistemas prisionais e  arquitetura prisional: qual a relação? Uma perspectiva europeia”.


A sessão contará com intervenções de Fátima Vieira, Vice-Reitora da U.Porto para a Cultura, Museus e responsável pela U.Porto Press, Luis Barbosa e Peter Schulthess, fotógrafos do projeto, Paulo Carvalho, Diretor do Estabelecimento Prisional instalado junto à Polícia Judiciária do Porto e Denis Knobell, Embaixador da Suíça em Portugal.


A moderação ficará a cargo de Daniel Fink (École des Sciences Criminelles – Université de Lausanne e Sociedade Gefo.ch – Gefängnisforschung.Schweiz), Gilda Santos (FDUP) – também autores do terceiro volume – e Pedro Sousa (Diretor da Escola de Criminologia da FDUP).


As prisões portuguesas em três volumes

Os dois primeiros volumes de the portuguese prison photo project reúnem mais de 300 fotografias do português Luis Barbosa e do suíço Peter Schulthess, fotógrafos que foram autorizados a entrar e fotografar nas prisões portuguesas.

O primeiro volume, da autoria de Luis Barbosa – professor no Instituto Português de Fotografia, premiado pela Sociedade  Portuguesa de Autores pelo melhor trabalho fotográfico de 2017 e pelo  trabalho desenvolvido no âmbito da primeira exposição integrada no the portuguese prison photo project (Porto) –, com fotografias a preto e branco tiradas entre 2016 e 2023, é  dedicado aos estabelecimentos prisionais de Beja, Guarda, Évora, Leiria (jovens), Odemira, Silves e Viseu.


“1.9 EP de Viseu, 2016. Recluso fuma um cigarro na área comum.” [pp. 18 e 19 – volume 1) / FOTO: Luis Barbosa

No segundo volume encontram-se fotografias a cores de Peter Schulthess – especializado em fotografia de arquitetura, particularmente prisões –  tiradas entre 2016 e 2022 nas prisões da Carregueira, Izeda, Lisboa,  Pinheiro de Cruz, Ponta Delgada (Açores), Porto e Santa Cruz do Bispo  (feminino).


O terceiro volume foi escrito por Daniel Fink, Gilda Santos, Cândido da Agra (FDUP/Professor Emérito da Universidade do Porto) e Mélanie Tiago (tradutora e criminologista). Descreve o projeto, as exposições realizadas no seu âmbito – no Centro Português de Fotografia (Porto, 2017), no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade (Lisboa, 2019), no Arquivo Nacional Torre do  Tombo (2021) e no Museu de Portimão (2024) e as próprias prisões. Contém, ainda, as legendas das fotografias dos volumes 1 e 2 (todos os textos são apresentados em português e em inglês).


O projeto: da génese ao futuro

 O the prison photo project foi iniciado enquanto projeto de  fotografia prisional suíço, tendo sido implementado em Portugal por  mero acaso”, lê-se nas primeiras páginas do terceiro volume, dedicadas à  apresentação do projeto.
Teve origem na investigação que Daniel Fink realizou sobre o sistema  prisional suíço, ao longo de 15 anos. Em 2015, Daniel Fink e Peter  Schulthess tinham planeado organizar uma exposição sobre as prisões  suíças.


Num primeiro encontro com o diretor do Centro Português de Fotografia  (CPF), em setembro do mesmo ano, Fink propôs “a organização de um  projeto de exposição fotográfica que contemplasse fotografias históricas  e contemporâneas de prisões em Portugal e na Suíça”, com o objetivo de  “disponibilizar documentação fotográfica e textual” que permitisse  “comparar os dois sistemas (…) e compreender o papel que desempenham em  ambas as sociedades”.


A decisão de se integrar um segundo fotógrafo – o português Luis  Barbosa, que assim se juntou ao suíço Peter Schulthess – “alterou a  orientação da exposição: a vertente comparativa foi abandonada e o  objetivo passou a ser documentar, somente, prisões portuguesas”.


Da visita ao CPF resultou “a organização, ao longo de 10 anos, de  quatro exposições, em diferentes locais, daquilo que veio a tornar-se o  the portuguese prison photo project”.


Desde o início estava previsto que a exposição integrasse fotografias  históricas de estabelecimentos prisionais. Já em 2024, a propósito dos  50 anos do 25 de Abril, a quarta exposição incluiu “uma secção de  fotografias sobre as prisões que serviram a polícia política dos regimes  ditatoriais, entre 1926 e 1974”.


No futuro, e “em virtude de novas oportunidades, prevê-se que o projeto possa abranger outros países”.


Até 24 de outubro a coleção de três volumes poderá ser adquirida com um desconto superior a 30% (informações adicionais e pré-reservas aqui).


A partir de 25 de outubro the portuguese prison photo project estará disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.


Fonte: U.Porto Press


Alunos Ilustres da U.Porto

António Patrício

António Patrício nasceu a 7 de março de 1878, no Porto, filho de António José Patrício, armador e proprietário de uma agência funerária, e de Emília Augusta da Silva Patrício, doméstica.


Estudou no Liceu Nacional Central do Porto e, em 1893, com 15 anos, matriculou-se na Academia Politécnica do Porto, como aluno voluntário. Não teve muito sucesso neste seu primeiro percurso como estudante do ensino superior e, em 1897, abandonou a Academia sem ter obtido qualquer grau académico.


Em setembro de 1898 foi cumprir o serviço militar e, alguns meses depois, casou-se com Alice Minie Josephine d'Espiney. No ano seguinte, nasceu o seu primeiro filho.


Partiu do Porto para estudar na Escola Naval, em Lisboa, mas, em 1901, já tinha regressado. Aqui, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Durante os primeiros tempos, os resultados académicos não foram melhores do que os da Academia Politécnica, mas, a partir do ano letivo de 1903-04, a situação modificou-se. António Patrício ficou aprovado em diversas cadeiras do curso, com resultados que, na sua maioria, se situaram entre os 12 e os 14 valores. Concluiu o Curso de Medicina em 8 de janeiro de 1908, com a defesa da dissertação de licenciatura Assistência aos Alienados Criminosos, tendo obtido a classificação final de 14 valores.


Ainda estudante na Escola Médico-Cirúrgica, em 1905 publicou o seu primeiro livro, Oceano, numa altura em que já era conhecido como poeta de talento nos meios intelectuais do Porto. Mas a sua consagração, especialmente entre as hostes republicanas, deu-se com a peça de teatro O Fim, que profetizava a queda apocalíptica da Monarquia.


Meses antes da implantação da República, entrou para a carreira diplomática como Cônsul de 2.ª classe. Nesse mesmo ano publicou Serão Inquieto, um livro de contos. A sua primeira missão diplomática teve lugar na Galiza, onde conseguiu impedir que importantes carregamentos de armas chegassem às mãos dos monárquicos de Paiva Couceiro. A ação de Patrício contribuiu significativamente para o fracasso da incursão monárquica que se deu pouco depois.


Da Galiza seguiu para o Consulado de Cantão. Em 1913, envolveu-se com Lídia Carvalho, membro de uma importante família portuguesa residente em Hong Kong, o que lhe valeu um processo disciplinar e a destituição do cargo que ocupava.


Foi também nesse ano que escreveu a peça de teatro Pedro, o Cru, que seria publicada em 1918.


Estava em Bremen nas vésperas da I Guerra Mundial e aí ficou retido quando, em 1916, se deu a declaração de guerra entre a Alemanha e Portugal. No entanto, conseguiu regressar a Portugal um ano depois.


Em 1920 faleceu o seu filho António Patrício Júnior. Patrício ficou muito afetado por este acontecimento e, praticamente, deixou de escrever. Entre essa data e 1929, altura em que voltou a sentir o impulso da escrita, publicou apenas um livro, em 1924. Tratou-se de D. João e a Máscara, a sua obra mais negra.


Em 1927 viajou para a recém-criada Legação de Caracas, sendo já Chefe de Missão de 2.ª classe. As relações com os venezuelanos revelaram-se excelentes e o tempo que passou em Caracas foi uma época feliz. Mas um ano depois, o Ministro das Finanças, Oliveira Salazar, mandou fechar a Legação em Caracas devido a cortes orçamentais. Depois desta experiência, Patrício regressou a Lisboa com um novo alento para escrever. No entanto, as obras que iniciou nesta época ficaram inacabadas, devido à sua morte, em Macau, em 1930, quando seguia para assumir uma nova missão diplomática em Pequim.


Patrício foi um homem marcadamente irreverente, irónico, com muito sentido de humor, mas também impertinente, sarcástico e desdenhoso. Uma personalidade que lhe valeu algumas inimizades, mas que, por outro lado, lhe permitiu reunir, no seu grupo de amigos, alguns vultos destacados da política e da literatura portuguesas. Esta personalidade "pública" serviu-lhe de máscara para esconder uma alma sensível e impressionável, que lhe permitiu criar uma obra literária notável. Tal como muitos dos seus amigos, Patrício foi um escritor simbolista e decadentista.


Texto de Marco Paulo Mendes Dias, 2008 


Sobre António Patrício (up.pt)


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