SERVIÇO PÚBLICO

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

A expressão glocal foi cunhada no Japão, na década de 1980, como dochakuka – um termo agrícola que remetia para a necessidade de se adaptar as práticas globais às condições locais; foi transposto, nesse país, para o contexto empresarial, designando estratégias de negócios que equilibravam abordagens globais com sensibilidades locais; e foi trazido para o léxico ocidental, nos anos 1990, pelo sociólogo britânico Roland Robertson, o grande impulsionador da área dos Estudos Globais.


O Global Turn, que caracterizou a última década do século XX, tem tido um impacto significativo no discurso historiográfico ocidental. Como tantas vezes alertou Robertson, não se trata apenas de se expandir a escala territorial do local para o global, num processo linear, mas antes de se compreender os fenómenos enquanto sistemas, analisando-se as interconexões, as interinfluências e os cruzamentos, numa perspetiva diassincrónica, isto é, associando a abordagem diacrónica – baseada na análise cronológica dos dados – a uma perspetiva sincrónica – o entendimento dos fenómenos dentro de uma rede complexa de elementos. Transposta para os estudos literários, esta abordagem resulta numa refrescante leitura dos textos enquanto sistemas abertos e plurais, justificando, assim, a necessidade de serem revisitados. Foi o que aconteceu com a História Global da Literatura Portuguesa, recentemente publicada pela editora Temas e Debates, com direção coletiva de Annabela Rita, Isabel Ponce de Leão, José Eduardo Franco e Miguel Real.


Quando abri o volume, levava comigo a curiosidade de compreender que lições me proporcionaria – por que razão precisaremos de uma nova história da literatura se não for para trazer novidades? Mergulhei no prefácio esclarecedor de José Carlos Seabra Pereira e na declaração de intenções dos diretores da coleção de promoverem uma cartografia globalizante da literatura – e só depois percebi a estrutura. Dividido em sete secções – as sete idades da literatura portuguesa –, cada uma das quais com um coordenador (Isabel Morujão e Maria Luísa Malato, da U.Porto, organizaram, respetivamente, as secções sobre o Renascimento e o Iluminismo), o volume conta com 100 capítulos sobre autores, temas e conceitos. A simples consulta do índice proporciona-nos a compreensão de que estamos realmente perante algo de novo – uma história da literatura portuguesa que não ignora as lições das histórias anteriores, mas que lhe acrescenta uma pergunta destinada a complexificar: e se? – e se relêssemos os textos canónicos tendo em conta a sua hospitalidade – de ideias, influências, temas, abordagens? Mergulhando nesta pergunta, os autores dos 100 capítulos oferecem-nos belíssimas lições.


A secção sobre a Idade Média evidencia uma literatura cosmopolita, transfronteiriça, polifónica, contrariando a percepção que normalmente temos desse período como um espaço fechado e monológico. Na secção sobre o Renascimento, temas como o V Império, que atravessam a obra do Padre António Vieira, influenciando Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, veem desveladas as suas ressonâncias globais. A parte sobre o Romantismo e o Realismo dá-nos a compreender, entre muitos outros temas, que a pergunta formulada pela obra de Almeida Garrett não se fecha na mera glorificação nacional, tendo como intenção perceber o que era Portugal e o que poderia vir a ser na balança da Europa. Na parte dedicada aos primeiros três quartéis do século XX, estuda-se a experimentação literária no âmbito das múltiplas vozes e tendências internacionais. E na secção sobre a literatura dos anos de democracia, desde 1974, mostra-se como géneros como o policial e o fantástico saem das margens para o centro, como se torna marcante o diálogo com outras formas de arte (pintura, música, cinema, arquitetura...), como a revisitação de temas históricos serve para oferecer novas chaves de leitura do mundo, como preocupações feministas e ecológicas se vão tornando mais evidentes, e como o digital – a ficção hipertextual, a literatura generativa – dá forma às possibilidades expressivas e criativas da literatura portuguesa.


Na sessão de apresentação da História Global da Literatura Portuguesa, que decorreu em Braga, no passado sábado, José Eduardo Franco explicou que o volume resulta de cinco anos de um trabalho árduo dos seus diretores, dos coordenadores das sete secções e dos autores dos 100 capítulos, que foram convidados a revisitar temas sobre os quais já tinham trabalhado, mas agora do ponto de vista sistémico e global. Trata-se, defendeu ele, de um verdadeiro serviço público – de um esforço coletivo de se proceder a sínteses inteligíveis para o grande público, mostrando a possibilidade de novas leituras a quem estudou, no liceu, os cancioneiros medievais e, entre tantas outras, as obras de Gil Vicente, Camões, Fernão Mendes Pinto, Padre António Vieira, Almeida Garrett, Camilo, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Sophia, Agustina Bessa-Luís e José Saramago.


Vim para casa a pensar que José Eduardo Franco tem razão. Faz-se serviço público quando se faz investigação virada para o grande público, contribuindo para a sua formação ao longo da vida, como agora se diz. Por isso não hesito em recomendar A História Global da Literatura Portuguesa. Em cada um dos seus capítulos, que podem ser lidos isoladamente, encontrarão os leitores novas chaves para a compreensão do mundo – pois não é isso que nos oferece a literatura?



Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Há um novo programa de visitas orientadas ao "receituário para a liberdade"

Programa de atividades convida a conhecer a exposição O nome igual nos dois patente até janeiro de 2025, na Casa  Comum. Inscrição gratuita.

A exposição O nome igual nos dois está patente desde 26 de setembro, nas Galerias da Casa Comum (à Reitoria). Foto: U.Porto

Se a cada um o seu contexto, o mesmo se poderá dizer de cada olhar.  Cada perspetiva que se quer partilhada. Durante cerca de dois meses, a  Universidade do Porto vai oferecer um programa de visitas orientadas, com direito a uma mesa-redonda e ao making of da exposição O nome igual nos dois?, que está patente ao público nas Galerias da Casa Comum (à Reitoria).


Paula Rego, Lourdes Castro, Maria Helena Vieira da Silva, Graça  Morais, Arpad Szenes, Nikias Skapinakis, Júlio Pomar e Júlio Resende são  alguns dos artistas representados nesta exposição que reúne cerca de 60 peças, provenientes da coleção Manuel Brito, e que, neste contexto, assumem a função de “receituário para a liberdade”.


É precisamente, deste universo que se farão emergir novas narrativas  sobre a exposição, trazidas por protagonistas de várias áreas. A começar já no próximo dia 30 de novembro, às 15h30. A “liderar” a primeira visita estará Paulo Farinha Marques, professor associado de Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências  da U.Porto (FCUP) e Diretor do Jardim Botânico da U.Porto, que tem  combinado a docência com a elaboração de projetos de arquitetura  paisagista a várias escalas.


No dia 7 de dezembro, pelas 15h00, caberá a Vitor Tito fazer as “honras da Casa”. Que perspetiva sobre este “receituário para a  liberdade” terá o Presidente da direção do Clube Fenianos Portuenses?


Ainda durante o mês de dezembro, dia 14, às 15h00, será possível visitar a exposição pelo olhar de Jéssica Silva. Depois da licenciatura em História da Arte e mestrado em Estudos  Culturais, Literários e Interartes, esta estudante de doutoramento em  Estudos de Património na Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) faz  incidir a sua investigação em Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes. Irá explor o tema “Apátrida, sim, mas do mundo!”


Para fechar o ano com “chave de ouro”, damos a conhecer os bastidores de O nome igual nos dois?. Conhece os desafios de quem projetou, organizou, produziu e montou a exposição? As respostas estão no Making-Of da exposição, que junta as experiências vividas pela equipa de produção, curadoria e mediação. O documentário vai ser exibido dia 19 de dezembro, às 18h00, na Casa Comum.

A exposição reúne cerca de 60 obras provenientes da coleção Manuel Brito. (Foto: U.Porto)

Programa para o primeiro mês do Novo Ano

Logo no primeiro sábado de 2025, dia 4 de janeiro, às 15h00, as visitas serão orientadas pela mão de José Emídio. Será uma oportunidade única para conhecer O nome igual nos dois? pelo olhar do Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de  Atividades Artísticas Árvore e que, para além da docência, também se dedicou à gravura, serigrafia, cerâmica e ilustração.


No sábado seguinte, dia 11 de janeiro, também às 15h00, é António Ponte quem lança o convite. O Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis  (MNSR) é doutorado em Museologia pela FLUP, foi Diretor Regional da Cultura do Norte, Diretor do Paço de Duques de Bragança, em Guimarães, e  ainda Coordenador do Museu de Vila do Conde. É também Vice-Presidente  do Comité Internacional do ICOM – DEMHIST.


Dia 18 de janeiro, à mesma hora, Carlos Magno será o “anfitrião da Casa”. Formado em Jornalismo, foi repórter, editor, diretor e administrador em órgãos de comunicação social como o  Expresso, o Diário de Notícias, a TSF e a Antena 1. Fez análise política  e programas regulares de entrevistas. Foi presidente da Entidade  Reguladora para a Comunicação Social. Apresenta um programa semanal na CNN Portugal.


Mesmo a terminar este programa de partilhas, teremos a perspetiva do  presidente da autarquia portuense, Rui Moreira. Que obras irá destacar e  que histórias nos poderá contar o antigo presidente da Associação Comercial do Porto? Basta fazer a inscrição. A visita orientada irá decorrer no dia 22 de janeiro às 17h00.

… E ainda, visitas semanais

Quem não passar o fim de semana no Porto terá também oportunidade de participar nesta experiência de mediação. Basta inscrever-se numa das visitas semanais que terão lugar, a partir de 27 de novembro, todas as quartas e sextas-feiras, pelas 15h00.


As visitas serão orientadas pelo curador da exposição, Hugo Barreira (FLUP-CITCEM), ou pela historiadora de Arte Susana Pacheco Barros.


Haverá ainda uma mesa-redonda que irá refletir sobre obras, autores, percursos e temas convocados pela exposição, em diálogo  com as problemáticas da Arte e da Cultura nos séculos XX e XXI em  Portugal e em contexto internacional.


A participação é gratuita em todas as iniciativas, ainda que sujeita à lotação das salas. Para as visitas semanais, basta fazer uma inscrição prévia. Já para as visitas com as diferentes personalidades, é necessário enviar um e-mail para cultura@reit.up.pt


Fonte: Notícias U.Porto

O Museu de História Natural e da Ciência está no Google Arts & Culture

Exposições inspiradas nos tesouros do Museu de  História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) estão agora à  distância de um clique.

Foto: DR

São alguns dos tesouros do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade Porto (MHNC-UP) e podem agora ser apreciados como nunca os tinha visto antes. Os peixes de Augusto Nobre e Jaime Guimarães Cibrão: as aves de Portugal são duas exposições inéditas que estão agora disponíveis quando e onde quiser. Como? Basta aceder ao Google Arts & Culture.


Para imergir nesta nova dimensão do MHNC-UP, basta entrar no Google Arts & Culture e pesquisar “Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto”. À  distância de um clique, espécies de aves e peixes movimentam-se no seu  habitat natural e todo o ambiente à sua volta ganha som, luz e cor.


Na base do que se pode ver e ouvir está todo um trabalho de investigação de Ana Sofia Correia. Esta estudante do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura  Visual (MHAPCV) da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) investigou e  interpretou visualmente informação sobre o trabalho de ilustração de  peixes de Augusto Nobre e de aves de Jaime Cibrão.


São então ilustrações a grafite, caneta de aparo e tinta-da-china que  ganham toda uma nova vida, quase um século depois de terem saído da  inspiração dos seus criadores. É ilustração científica, mas o que vai  ver e ouvir não é só ilustração científica. O que vamos, então,  encontrar?…

Desconhecido, mas imortalizado pela ilustração

O MHNC-UP possui, na sua coleção, mais de 7.500 exemplares de aves,  ninhos e ovos, sendo que alguns deles foram preparados por João Alves  dos Reis Júnior, ornitólogo e conservador no antigo Museu de Zoologia. Existem ainda 24 ilustrações científicas de várias  espécies, sendo que a identidade do autor destes desenhos só foi, na  realidade, desvendada em 2024, graças a este trabalho de investigação.  Isto porque o autor assinava os seus desenhos apenas com as iniciais J.  G. e o último nome (Cibrão).


Para que Jaime Guimarães Cibrão pudesse ilustrar as aves, João Alves  dos Reis Júnior fotografava-as taxidermizadas, enviando depois os  registos ao ilustrador para que este os usasse como modelo. Este facto poderá explicar a precisão e pormenor do traço de Cibrão que se esforçava por retratar o animal no seu habitat natural, preocupação que  Ana Sofia Correia exponenciou, ao acrescentar à exposição fotografias e  vídeos reais.


Jaime Guimarães Cibrão (1872-1943) nasceu em Valença do Minho,  mudou-se para o Porto ainda em criança e acredita-se que tenha aprendido  a desenhar com um tio, o General Luciano Cibrão, reconhecido pelo seu  talento na arte de ilustrar. Tem trabalhos publicados no Catálogo Sistemático e Analítico das Aves de Portugal, de João Alves dos Reis Júnior (1931), primeiro livro sobre aves portuguesas.

Ilustração de Augusto Nobre com montagem de Ana Sofia Correia. (Foto: DR)

De nobre cientista a reputado ilustrador

Para além de professor e Reitor da U.Porto (1919-1926), Augusto Nobre  (1865-1946) foi também zoólogo e um dos primeiros cientistas a estudar a  fauna marítima da costa portuguesa. Esteve ligado à criação do Museu de  Zoologia em 1892 (atual MHNC-UP), do qual foi diretor até 1927.


Durante o processo criativo, Augusto Nobre partia da observação do  espécime vivo, ou já capturado. Neste caso, contornando-o, a lápis,  sobre uma folha de papel. Há ilustrações onde é possível observar  vestígios orgânicos do peixe, nomeadamente sangue, o que confirma a  utilização do próprio animal na conceção da ilustração. Preocupava-se em  ir ao detalhe das escamas ou do recorte dos dentes. Os órgãos dos  peixes (como por exemplo os cérebros) eram desenhados individualmente, sendo depois recortados e numerados antes de serem publicados nos livros  científicos, como no caso de Peixes das Águas Doces de Portugal e Vertebrados.


Para Augusto Nobre, o desenho era uma ferramenta pedagógica, ou seja,  entendia a ilustração como uma ferramenta de trabalho que aprimorava o  conhecimento científico.


Tudo isto para conferir de perto, a partir de agora, na “sala” do MHNC-UP no Google Arts & Culture. O trabalho de Ana Sofia Correia teve a  supervisão de Ana Cristina Sousa, professora do DCTP-FLUP, e de Diana Felícia, investigadora do CITCEM/FLUP e orientação de Maria João Fonseca,  Diretora de Comunicação do MHNC-UP, Helena Gonçalves, curadora das  coleções de peixes, répteis e anfíbios do MHNC-UP, Cristiana Costa Vieira, curadora do Herbário do MHNC-UP, e Ricardo Jorge Lopes, curador  das coleções de aves do MHNC-UP. 


Fonte: Notícias U.Porto

O Nome Igual nos Dois?

Festival, de João Abel Manta

No âmbito da exposição O nome igual nos dois?, o colecionador Manuel  Brito escolheu as 6 obras que têm mais significado para si. 


Manuel Brito fala sobre o quadro Festival, de João Abel Manta.

o nome igual

Novembro e Dezembro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

O nome igual nos dois? Um receituário para a Liberdade na coleção Manuel Brito

Até 25 JAN'25 
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Nome Igual Nos Dois? | Visitas Guiadas à Exposição

Até 25 JAN'25 | Quartas e Sextas-feiras às 15h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Workshop de apoio ao preenchimento de candidaturas (setor do livro e Edição)

26 NOV'24 | 09h00
Workshop | Casa Comum
Mais informações e inscrições aqui

Porto Femme no Sexual Health Symposium

29 NOV'24 | 21h30
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Tardes da Matemática

30 NOV'24 | 16h00
Ciência, conversa | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão

03, 10, 17 DEZ'24 | 18h00
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sitar Jugalbandi | Música Clássica da Índia

13 DEZ'24 | 19h00
Música |Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Gemas, Cristais e Minerais

A partir de 20 SET'23
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Ensaios | Exposição

De 19 NOV'24 a 21 MAR'25
Exposição | FCUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

 A Arte no Ensino da Anatomia | Exposição

De 25 NOV'24 a 10 JAN'25
Exposição | FMUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Corredor Cultural

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

Museu de História Natural e da Ciência recebe espólio de Ferreira da Silva

Livros e material de laboratório do célebre químico portuense passam a integrar o Laboratório Ferreira da Silva do  MHNC-UP desde 21 de novembro.

A cerimónia decorreu 21 de  novembro, no Laboratório que ostenta o nome do célebre químico portuense.  (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

O Laboratório Ferreira da Silva, localizado no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), recebeu uma importante doação de livros e frascos de laboratório que ajudam a contar a História da Química.


Trata-se de uma doação que chega à Universidade pela mão de bisnetos de António Joaquim Ferreira da Silva (1853-1923), celebre químico  portuense, professor na Academia Politécnica e na U.Porto, para além de  ter sido o diretor do Laboratório Municipal de Química da Câmara  Municipal do Porto.


Desta doação faz parte um conjunto de livros da biblioteca pessoal de  Ferreira da Silva, alguns com anotações, bem como a carta que o químico francês Marcellin Berthelot escreveu a Ferreira da Silva em 1877,  agradecendo-lhe o envio da tese com que concorreu ao lugar de lente  substituto da Academia Politécnica, e felicitando-o pela qualidade do  trabalho.


Os descendentes decidiram ainda doar ao MHNC-UP uma coleção de mais  de cem frascos de laboratório que seu pai, Hernâni Lopes da Silva Maia  (1936-2024), reuniu ao longo da vida. Este químico formado nas  Universidades do Porto e Coimbra foi o responsável pela criação de uma  escola de Química Orgânica na Universidade do Minho. 


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

128. Guardar a memória, Virgínia do Carmo

"Guardar a memória”, de Virgínia do Carmo, in A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas, Poética Grupo Editorial, Lisboa, março de 2023, p. 17.

6. Rayak – Bushire: os despojos do Império

Depois de alguns dias no Líbano, os aviadores atravessam o deserto sírio  e aterram em Bagdad para, depois, seguindo para sul pelo extenso vale  do Tigre e do Eufrates, chegar ao Golfo Pérsico. Na Síria e no Iraque,  antigas possessões otomanas agora sob mandato francês e inglês, a  oposição à presença europeia mantém as forças militares em alerta, e a  aviação tem um papel central no policiamento do território. Chegados à  cidade portuária de Bushire, na Pérsia, têm alguns problemas à sua  espera.


88. I fazírun ua bicha sin fin

“Quien mirar para ua parede puode nada mais ber que muntones de piedras.  Mas quien tubir uolhos, ye capaç de alhinar las paredes nua lhinha sin  fin, arressaiando pula prainada cumo ua bicha que çfende, guarda i mete  miedo al mesmo tiempo.”

Mais podcasts AQUI


Duplo lançamento de reedições de obras de Abel Salazar decorrerá a 27 de novembro

A Crise da Europa e Um Estio na Alemanha, agora coeditadas pela editora da U.Porto e pela Casa-Museu Abel Salazar, serão apresentadas publicamente no Círculo Universitário do Porto, a partir das 17h00, por Maria de Fátima Outeirinho e Cláudia Pinto Ribeiro, docentes da FLUP.

As obras, da autoria do histórico médico, investigador e professor catedrático da Universidade do Porto, foram publicadas originalmente na década de 40 do século XX e integram as suas reflexões acerca da regressão europeia e de viagens que realizou naquele continente. / FOTO: U.PORTO PRESS

A Crise da Europa,  obra publicada originalmente em plena II Guerra Mundial, expõe as reflexões de Abel Salazar – histórico médico, investigador e professor  catedrático da Universidade do Porto (U.Porto) – perante uma Europa em  declínio, em meados do século XX.


Um Estio na Alemanha,  também da década de 40 do século XX, relata, na primeira pessoa, passagens de Abel Salazar pela Alemanha, Espanha, Bélgica e Holanda.


Depois de Paris em 1934 e Testamento de Um Morto Vivo Sepulto na Casa dos Mortos, em Barcelos, ambas publicadas em 2022, estas duas obras de Abel Salazar foram, também, coeditadas pela Casa-Museu Abel Salazar e pela U.Porto Press, juntando-se, em 2024, à coleção Pensamento, Arte e Ciência da Editora da U.Porto, dedicada à edição e reedição de obras de Abel Salazar.


O duplo lançamento das reedições de A Crise da Europa e Um Estio na Alemanha decorrerá no próximo dia 27 de novembro, a partir das 17h00, no Círculo Universitário do Porto (Rua do Campo Alegre, 877 | 4150-180 Porto).


A apresentação de A Crise da Europa ficará a cargo de Cláudia Pinto Ribeiro,  Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto  (FLUP) e investigadora integrada do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória. A apresentação de Um Estio na Alemanha será conduzida por Maria de Fátima Outeirinho, Professora Associada da FLUP e Coordenadora Científica do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.


A entrada é livre.

As obras e a reflexões de Abel Salazar

Nas palavras de Maria Fernanda Rollo, no seu prefácio a esta nova  edição, “Nada se diminui ou retira ao interesse histórico ou mesmo ao  estímulo intelectual que A Crise da Europa encerra, nomeadamente pelas reflexões decorrentes das leituras, caracterizações e interpretações propostas por A. Salazar”.

Reprodução de manuscrito de Abel Salazar. [pp. 133 e 134 do livro] / FOTO: U.Porto Press

Em A Crise da Europa Abel Salazar aborda a regressão europeia quer a nível económico, quer a  nível político e social, defendendo que os problemas que a Europa então vive não poderiam ser resolvidos pelas teorias dos homens, mas antes  pelas forças históricas. Defendendo que a vontade, a razão e a emoção “são forças integradas no mecanismo da história, sem as quais mesmo o seu movimento seria  impossível”, Abel Salazar conclui que a evolução histórica dependerá da  “translação do espírito humano da fase não científica para a fase científica”, conduzindo o homem “da inconsciência para a consciência da  sua história”.


Partindo do princípio de que o conhecimento científico da história  pressupõe a utilização das suas forças em benefício da humanidade,  dentro de certos limites, Abel Salazar aponta como previsível cenário  futuro “que a humanidade possa elevar-se (…) a um nível social e moral  incomparavelmente mais elevado do que o atual — tão elevado,  relativamente, que ao Homem dessa época a história atual aparecerá como  um conjunto de singulares paradoxos e de chocantes absurdos”.


Um Estio na Alemanha “reúne as impressões de duas viagens realizadas por Abel Salazar em diferentes momentos da sua vida: em 1913, a Berlim, e em 1933, a Madrid,  bem como uma posterior passagem pela Bélgica e pela Holanda”, lê-se  numa nota introdutória a esta reedição.


“No palor da manhã rosada, o Cap Blanco acosta lentamente ao  cais de Cuxhaven. O Sol brilha, lampejando em dois capacetes  prussianos, e a cidade, perdida na bruma matinal, não é ao longe mais do  que um indeciso fantasma”. Assim anuncia Abel Salazar a sua chegada ao  cais de Cuxhaven, situado numa cidade portuária do norte da Alemanha, em  18 de setembro de 1913, a bordo do navio a vapor “Cap Blanco”. E assim  começa o primeiro capítulo desta obra – “Eis, Pois, Berlim e a Imperial  Alemanha” –, as mesmas palavras com que Abel Salazar o remata e aguça o  interesse do leitor para os seguintes.


No segundo capítulo, após as “primeiras impressões”, aborda tópicos  como a “boémia berlinesa”, o “exotismo nórdico” ou “a apoteose  imperial”.


O terceiro e último capítulo da obra é reservado às visitas de Abel Salazar a Madrid, Bélgica e Holanda.

Reprodução de postais enviados por Abel Salazar à sua mãe. [pp. 193 e 194 do livro] / FOTO: U.Porto Press

Para além da reedição dos escritos, a U.Porto Press acrescentou à  publicação diversos desenhos, postais enviados por Abel Salazar à mãe e à  irmã e outros documentos relativos a estas viagens.


Estes títulos estão disponíveis na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%. 


Fonte: U.Porto Press

Alunos Ilustres da U.Porto

António Rocha Peixoto

António Augusto César Octaviano da Rocha Peixoto nasceu em 1866 na Póvoa de Varzim.


O 11.º dos 12 filhos de António Luís da Rocha Peixoto, médico, cirurgião e militante miguelista, natural de Arcos de Valdevez, e de Constança Amélia da Costa Pereira Flores, de Vila do Conde, foi batizado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, a 21 de maio. Em 1874 ficou órfão de pai, acontecimento que dificultou grandemente a sua vida, obrigando-o a trabalhar para prover o sustento da mãe e de três irmãs, ainda antes de completar a formação académica.


Em criança tinha um aspeto frágil que o ajudava a esconder um carácter dotado de grande força de vontade. Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, e, aos 15 anos de idade ajudou a fundar a revista estudantil Boletim Litterario. Revista Académica Mensal, que produziu 3 números.


Em 1883, sob o nome de Augusto César, publicou artigos críticos sobre os Jesuítas no jornal da Póvoa de Varzim, intitulado A Independência, em resposta a Afonso dos Santos Soares, defensor confesso da Companhia de Jesus.


No ano seguinte, já estudava no Instituto Escolar de S. Domingos (depois convertido na Escola Académica), nas proximidades da Rua da Sovela, no Porto, tendo por condiscípulos António Nobre e Alexandre Braga.


Aquando da mudança da Escola Académica para a Quinta do Pinheiro, conviveu com os organizadores do "Grémio Oliveira Martins".


Em 1887, na Academia Politécnica do Porto fundou, com Fonseca Cardoso, João Barreira, Ricardo Severo e Xavier Pinho, a "Sociedade Carlos Ribeiro". Este grupo, ao qual se juntou Basílio Teles, António Arroio, António e Augusto Nobre, reunia-se numa casa na zona do Moinho de Vento para debater a crise nacional. Destas reuniões resultou a publicação da Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, entre 1890 e 1898, dirigida por Rocha Peixoto, Ricardo Severo e Wenceslau de Lima.


Nesses tempos de estudante, publicou artigos e folhetos sobre a degradação do Museu Municipal do Porto, colaborou em opúsculos e jornais, como O Primeiro de Janeiro, do Porto, e O Século, de Lisboa, e também participou em tertúlias musicais, tocando guitarra, tendo mesmo chegado a compor uma valsa intitulada "Lavandisca".


Rocha Peixoto participou no Tumulto de 31 de Janeiro de 1891, como nos conta Basílio Teles na sua obra Do Ultimatum ao 31 de Janeiro: esboço d' historia política. Nela refere que Peixoto e Ricardo Severo, na manhã desse dia histórico, o convocaram para aparecer na Foz para o pôr a par dos acontecimentos. Os três vistoriaram o centro do Porto, para se inteirarem das movimentações das tropas fiéis ao Governo, e Rocha Peixoto escreveu um manifesto dirigido à população civil, em especial ao operariado, com o intuito de instigar a agitação social e assim perturbar a Guarda Municipal. Com a consciencialização do fracasso desta sublevação, Basílio Teles e Ricardo Severo deixaram Rocha Peixoto e centraram-se na busca de auxílio para os revoltosos.


Foi secretário da Revista de Portugal (1891-1892), dirigida por Eça de Queirós e organizou o Catálogo de Mineralogia, Geologia e Paleontologia: Extracto do Annuário de 1890-91, da Academia Politécnica do Porto. Em 1893 passou a ser sócio da Academia das Ciências e desempenhou o cargo de bibliotecário no Ateneu Comercial do Porto (1893-1900).


Em 1895 começou a colaborar com a Revista d'Hoje e recebeu o diploma de académico da Classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais.


Pela altura da extinção do grupo "Sociedade Carlos Ribeiro" e da Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes (1898), Rocha Peixoto lecionava Geografia e Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.


Em 1899 associou-se à nova revista Portugália, de carácter nacionalista, que tomou o lugar da Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes. Esta publicação, dirigida por Ricardo Severo, contava com Fonseca Cardoso, como secretário, e com Rocha Peixoto, como redator-chefe e articulista.


Em meados de 1900 foi nomeado Conservador do Museu Municipal do Porto,  e, em 28 de Junho desse ano, acumulou esse cargo com o de Diretor da Biblioteca Pública Municipal do Porto, de que foi Diretor Interino entre 1900 e 1904 e Diretor Efetivo entre 1904 e 1909.


A sua relação com o Museu Municipal era anterior à sua entrada na instituição, pois, ainda estudante na Academia Politécnica do Porto, escrevera sobre o seu estado ruinoso, no título O Museu Municipal do Porto (História Natural) e no artigo "O Museu da Restauração" publicado n' O Primeiro de Janeiro, em 1893. Em 1894, no mesmo jornal, sugeriu que a edilidade portuense comprasse a coleção de faiança de Guerra Junqueiro e, em 1897, integrou uma comissão de estudo da reorganização do museu e da sua instalação num novo edifício.


Durante a comissão de serviço no Museu, organizou as diversas secções do acervo desta instituição, a saber, a de Mineralogia, de Paleontologia, de Etnografia, de Arqueologia, de Artes Decorativas e de Numismática, melhorou os espólios de pintura e de azulejo e promoveu obras no edifício. Em 1902, com Joaquim de Vasconcelos, criou o Guia do Museu Municipal do Porto, iniciou a transferência do Museu para as suas novas instalações, anexas à Biblioteca (1902-1905), e dotou-o de peças provenientes do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, iniciativa que levantou alguma polémica.


No período em que presidiu aos destinos da Biblioteca, fomentou profundas obras de restauro do edifício, a reorganização dos seus serviços e a reforma e modernização da classificação e catalogação dos livros. Criou três pequenas bibliotecas no Porto (no Bonfim, em Cedofeita e na Foz, com títulos modernos existentes em duplicado na B.P.M.P.), favoreceu doações às bibliotecas da Póvoa de Varzim e de Ponte de Lima e, ainda, mandou colocar nas paredes do claustro da Biblioteca Pública (antigo claustro do convento de Santo António da Cidade) azulejos quinhentistas e barrocos, oriundos de extintos conventos do Norte de Portugal (de Santa Clara e de São Bento de Ave Maria, do Porto, de Santa Clara e de S. Francisco, de Vila do Conde, de Grijó, em Vila Nova de Gaia, entre outros).


No final de 1901 foi nomeado naturalista-adjunto da secção de Mineralogia da Academia Politécnica do Porto e, em 1903, foi enaltecido pelo Ministro Luís Augusto Pimentel Pinto, juntamente com os outros responsáveis da revista Portugália.


Em 1908 passou uma temporada nas termas do Peso de Melgaço, onde fez amizade com um grupo de utentes da estância termal, entre os quais se destacavam o Dr. Teixeira de Sousa, de Chaves, o Dr. Silva Gaio, Secretário da Universidade de Coimbra, e o pintor António Carneiro. A esse grupo chamou "Academia".


Apesar da ligação académica, cultural e profissional ao Porto, Rocha Peixoto nunca deixou de manter um forte vínculo à sua terra natal, comprovado pelos estudos sobre o património arqueológico, histórico, e etnológico da Póvoa de Varzim. Foi responsável pelas primeiras escavações da Cividade de Terroso, do Castro de Laúndos e da vila de Martim Vaz, envolveu-se na questão da naturalidade de Eça de Queirós e empenhou-se na defesa da comunidade piscatória poveira, que influenciou, entre outros, os trabalhos de Fonseca Cardoso (estudo antropológico sobre os pescadores da Póvoa, editado na Portugália, em 1908), de Cândido Landolt (livro sobre o Folk-Lore da Póvoa de Varzim, de 1915) e de António dos Santos Graça (O Poveiro, de 1932). Não é, portanto, de estranhar, que tenha legado a sua biblioteca, constituída por mais de 2.000 títulos, à Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.


Este notável naturalista, professor, antropólogo, etnólogo e escritor faleceu em Matosinhos, vítima de tuberculose aguda seguida de uma crise, a 2 de Maio de 1909.


Na altura da sua morte trabalhava no Porto como naturalista-adjunto da Academia Politécnica, como Diretor da Biblioteca Pública e do Museu Municipal do Porto e, ainda, como professor de Geografia e de Ciências Físico-Naturais da Escola Industrial Infante D. Henrique.


Do Cemitério de Agramonte, no Porto, onde foi sepultado, o seu corpo foi trasladado para o Cemitério da Póvoa de Varzim, em 16 de maio de 1909, a pedido da Câmara Municipal poveira. 


Sobre António Rocha Peixoto (up.pt)  


PEIXOTO, António Augusto da Rocha (unl.pt)

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