INTERSTÍCIO

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Sempre gostei da palavra INTERSTÍCIO. É das palavras que dizemos de uma só respiração sem ficarmos exaustos (experimentem dizer, de um só fôlego, “otorrinolaringologista” e perceberão o que quero dizer). E, contudo, apesar de solicitar respiração moderada é uma palavra exigente: o fluxo de ar deve ser constante e controlado, ajustando-se às modulações impostas por cada uma das cinco sílabas (in-ters-tí-ci-o). À língua, requer-se um exercício de precisão.


Na primeira sílaba, in [ĩ]), o fluxo de ar sai simultaneamente pela boca e pelo nariz. A língua começa então um exercício disciplinado, elevando-se em direção ao palato duro (a parte anterior do céu da boca, logo atrás dos dentes incisivos) sem, contudo, lhe tocar, enquanto o palato mole (a parte posterior do céu da boca, imediatamente a seguir ao palato duro) abaixa, permitindo a nasalidade.


Na sílaba seguinte, ters [tɛɾs], o fluxo de ar é inicialmente [t] bloqueado nos alvéolos (atrás dos dentes superiores) para logo sair livremente pela boca [ɛ]. A língua mantém-se próxima do palato duro, numa posição intermédia. No [ɾ], o ar passa brevemente, com uma vibração simples da ponta da língua contra os alvéolos, para depois [s] sair continuamente através de uma estreita passagem formada pela língua e os dentes superiores.


Na terceira sílaba, [ˈti], o ar volta a ser momentaneamente bloqueado nos alvéolos [t] antes de sair de novo livremente [i] pela boca; a língua eleva-se agora, colocando-se próxima do palato duro.


Na quarta sílaba, ci [si], o fluxo de ar sai pela boca através de uma constrição estreita formada pela língua e os dentes superiores [s] para voltar a sair livremente pela boca; a língua mantém a sua posição elevada, junto ao palato duro.


Na última sílaba, o [u], a língua encontra-se ainda elevada, mas retrai-se, criando uma vogal posterior fechada arredondada. O fluxo de ar sai por fim livremente pela boca como que num suspiro simultaneamente de alívio e de prazer. Experimentem e digam-me se assim é ou não.


Um INTERSTÍCIO, diz-nos o dicionário, é um intervalo que separa coisas contíguas ou partes de um todo; é um pequeno espaço vazio; um hiato. Em pequena, quando jogávamos às “escondidas”, enfiava-me nos interstícios dos espaços: atrás de um armário ou de um sofá, debaixo de uma cama, no vão debaixo da escada. Era como se, num exercício de precisão, cosida às paredes ou móveis, eu existisse e ninguém desse por mim; e depois, quando me encontravam ou quando decidia revelar a minha presença, erguia-me com o mesmo alívio de prazer com que hoje pronuncio a palavra INTERSTÍCIO. Talvez por essa razão tenha gostado tanto do livro que foi apresentado, no passado sábado, na Fundação Marques da Silva.


Livro de Obra (Dafne Editora) é uma publicação sobre interstícios – no tempo e no espaço. O livro partiu de uma encomenda da Fundação a Francisco Ascensão de um projeto de fotografia que acompanhasse as obras de requalificação do edifício A Nacional, um dos mais emblemáticos da Avenida dos Aliados. Datado de 1925, com um projeto de arquitetura original de José Marques da Silva, o edifício albergou, por longas décadas, os escritórios da seguradora A Nacional. As obras de ressignificação do edifício, conceptualizadas por Cristina Guedes e Francisco Vieira Campos (atelier Menos é Mais), ocorreram entre 2021 e 2024. É sobre este interstício – em que o edifício já não é de escritórios, mas não é ainda de habitação – que o livro versa, contando tantas histórias quanto os autores: Francisco Ascensão (fotografia), André Tavares (texto), e os dois arquitetos responsáveis pelo projeto.


No livro, contam-se interstícios das histórias dos que trabalharam nas obras do edifício – roupas penduradas, imagens captadas durante o almoço –, e também interstícios na sequência de obras – são múltiplas as imagens que mostram as “vísceras” do prédio e textos que evocam a fugacidade de cada momento. Entre os capítulos que compõem o livro, há um outro interstício: um texto sobre a história do edifício A Nacional, redigido por António Cardoso em 1997, a provar que um interstício também pode ser um flashback.
                 

Após quase quatro anos de requalificação, livre dos panos e tapumes que o ocultavam, o edifício A Nacional revela-se à cidade. Livro de Obra, concebido / fotografado / desenhado / escrito num registo poético sobre a existência intersticial do edifício, dá-nos os instrumentos para reconhecermos, nessa revelação, um suspiro de alívio e de prazer.


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura a Museus

Universidade do Porto oferece experiência multissensorial

A instalação Embrace, que cruza arte com  ciência, pode ser "experimentada" de 3 a 11 de dezembro, no edifício da  Reitoria. Inscrição gratuita.

Foto: DR

É uma obra de arte multissensorial, resulta de um projeto de  cooperação transdisciplinar e pretende proporcionar sensações de  harmonia, equilíbrio e bem-estar a quem visite a “casa mãe” da  Universidade do Porto. Chama-se Embrace e e vai ficar disponível de 3 a 11 de dezembro, numa das salas do edifício da Reitoria da U.Porto.


Imagine que se deita numa poltrona insuflável que o faz sentir  amplamente envolvido. Para ser parte integrante desta “performance”, vai  “vestir-se” com uns tecidos vaporosos que o/a vão deixar ainda mais  aconchegado. Tal como se estivesse dentro de uma espécie de cápsula. Ou  útero, se preferir… Sendo que a experiência não se ficará por aqui.


Será a partir de estímulos táteis, olfativos, sonoros e visuais que o Embrace pretende evocar memórias afetivas positivas e suscitar sentimentos de  acolhimento, bem-estar, harmonia e tranquilidade. Que esta seja, no  fundo, uma experiência afetiva, abrindo espaço (e tempo) para a redução dos níveis de stress, para o autocuidado, mas não só. Também para uma  maior consciência de si.

Embrace pretende proporcionar sensações de harmonia, equilíbrio e  bem-estar aos visitantes da “casa mãe” da U.Porto. (Foto: DR)

A instalação tem cerca de 3 metros de altura e quase outro tanto de  largura. No entanto, o processo criativo desta instalação teve como  ponto de partida uma pequena água-viva de cerca de dois centímetros de  diâmetro. A Turritopsis nutricula, ou Turritopsis dohrniida  pertence à classe dos hidrozoários e tem uma elevada capacidade de  regeneração. Morre por ação do predador, mas não por causas naturais.  Uma característica que já lhe valeu o título de “medusa imortal”.


Sendo este um projeto subsidiado por estudos das Neurociências  Cognitiva e Comportamental, todas as formas (arredondadas), os aromas,  os tons de luz e a natureza das texturas remetem para a natureza e para o  favorecimento do equilíbrio físico e mental de quem embarca nesta  experiência.


O acesso a esta experiência multissensorial é gratuito, mediante inscrição prévia.


O projeto foi concebido através do cruzamento entre diferentes áreas  (Ciências do Projeto-Neurociências-Ciências da Saúde pelo  GAADH-DASMind-UNICAMP  – Grupo Arte, Arquitetura, Design Homodinâmicos  -, vinculado à Rede Internacional de Cooperação Transdisciplinar em  Pesquisa, Inovação e Extensão em Design, Arte, Espaço e Mente, da  Universidade Estadual de Campinas). 


Fonte: Notícias U.Porto

Teatro Universitário do Porto premeia novos talentos da dramaturgia

As inscrições para a nova edição do Concurso de Textos Teatrais do TUP encontram-se abertas até 14 de março de 2025.

A celebrar os seus 75 anos, O TUP é a companhia de teatro mais antiga do Porto em atividade. Foto: TUP

O TUP – Teatro Universitário do Porto está a organizar uma nova edição do Concurso de Textos Teatrais,  iniciativa que tem como objetivo “apoiar a produção de nova dramaturgia  em língua portuguesa, incentivando-a e divulgando-a junto do público”.


Inserido nas comemorações do 75.º aniversário do TUP,  este Concurso é aberto a qualquer pessoa ou grupo de pessoas,  residente(s) ou não em Portugal. As obras a concurso têm tema livre e  devem ser obrigatoriamente inéditas, originais e escritas em português (ver Regulamento).


As inscrições para o Concurso de Textos Teatrais do TUP 2024 estão abertas até 14 de março de 2025, mediante o preenchimento do respetivo formulário.


O prémio para o texto vencedor será a apresentação pública e/ou publicação.


O júri desta edição é constituído por Miguel Amorim (TUP), pela  escritora, dramaturga e atriz Mariana Ferreira (Cooperativa Dramatúrgica), pelo escritor e professor da Faculdade de Letras da  U.Porto (FLUP), Pedro Eiras, e pela programadora Maria Inês Marques  (Theatro Circo e coletivo artístico UMA).


Mais informações no portal do TUP ou através do e-mail producao.tup@gmail.com e/ou do telefone 918 460 085.

Sobre o TUP

Fundado a 13 de dezembro de 1948, por um grupo de estudantes da  Universidade do Porto, sob orientação de Hernâni Monteiro, histórico  professor da Faculdade de Medicina (FMUP), o Teatro Universitário do  Porto é a companhia de teatro mais antiga da cidade Invicta, em  atividade.


Até aos dias de hoje, o TUP tem  desenvolvido a sua atividade sem interrupções, afirmando-se como um  espaço privilegiado de criação e experimentação teatral e berço de  vários espetáculos originais escritos e encenados pelos membros da  companhia. Alguns destes espetáculos foram premiados em festivais  nacionais e internacionais de teatro universitário, como o FATAL, em Lisboa, e o MITEU, em Ourense.


O TUP mantém ainda uma atividade relevante ao nível da formação, nomeadamente através do seu Curso de Iniciação à Interpretação. 


Fonte: Notícias U.Porto

O Nome Igual nos Dois?

Casamento, de Marcelino Vespeira

No âmbito da exposição O nome igual nos dois?, o colecionador Manuel  Brito escolheu as 6 obras que têm mais significado para si.  


Manuel Brito fala sobre o quadro Casamento, de Marcelino Vespeira.

o nome igual

Dezembro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

O nome igual nos dois? Um receituário para a Liberdade na coleção Manuel Brito

Até 25 JAN'25 
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Nome Igual Nos Dois? | Visitas Guiadas à Exposição

Até 25 JAN'25 | Quartas e Sextas-feiras às 15h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão

03, 10, 17 DEZ'24 | 18h00
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Sitar Jugalbandi | Música Clássica da Índia

13 DEZ'24 | 19h00
Música |Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Embrace | Exposição Sensorial

03 a 11 DEZ'24 
Exposição | Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações  e inscrições aqui

IV Norte Tradições - Encontro de Grupos Etnográficos

07 DEZ'24 | 17h00
Música, Dança | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Contrast III: A Fotografia no Ensino Superior | Apresentação de livro e mesa-redonda

11 DEZ'24 | 18h00
Apresentação de livro, mesa-redonda  |Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Dia Mais Curto: a Festa da Curta-Metragem 2024

20 DEZ'24 
Cinema | Casa Comum, Galeria da Biodiversidade, Planetáruio do Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Pedra, Papel, Guerra — Arqueologia da Litografia em Portugal

10 DEZ'24 a 21 FEV'25
Exposição | Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui 

Gemas, Cristais e Minerais

A partir de 20 SET'23
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Ensaios | Exposição

De 19 NOV'24 a 21 MAR'25
Exposição | FCUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

 A Arte no Ensino da Anatomia | Exposição

De 25 NOV'24 a 10 JAN'25
Exposição | FMUP
Entrada Livre. Mais informações aqui

Corredor Cultural

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

Concertos de jazz dão ritmo às tardes da FMUP

Ciclo de concertos Upbeat vai proporcionar  encontros informais através de estilos musicais que vão desde o jazz às  músicas do mundo.

O trio de músicos “MAU” será o primeiro a subir ao palco do Auditório CIM, na tarde de 11 de dezembro. Foto: Miguel Estima

Chama-se Upbeat o ciclo de concertos de jazz que, ao longo dos próximos meses, vai “embalar” os finais de tarde na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). O primeiro espetáculo ocorre no próximo dia 11 dezembro, às 17h00 , no Auditório CIM.


“O Upbeat é um programa de concertos para a comunidade FMUP e não só. O seu objetivo é “facilitar encontros informais e proporcionar  inspiração através de estilos musicais que incluem jazz e músicas do  mundo”, adianta Willem van Meurs, professor da FMUP e responsável pela programação.


Esta nova iniciativa, que vem reforçar a vasta programação cultural em que a FMUP tem apostado ao longo dos últimos anos, estreará com a  participação do trio MAU, constituído pelos músicos Miguel Ângelo (contrabaixo e composição), Miguel Moreira (guitarras) e Mário Costa (bateria).


A banda “centra a sua atenção na música e assume como ponto de  partida que tudo é possível e que, quem define as regras, é sempre a  música e o conceito estético de cada um dos elementos do trio”.


O conceito surgiu a partir de Utopia, obra literária a quem o trio  foi buscar inspiração filosófica para a criação do próprio grupo e que  deu nome ao seu primeiro disco, com a ambição de ter “a liberdade  criativa e a individualidade combinadas e a funcionar de forma utopicamente perfeita”, como a que foi idealizada pelo escritor Thomas  More.


O concerto de 11 de dezembro tem entrada gratuita, mediante inscrição prévia.


A programação do ciclo de concertos Upbeat está integrada nas comemorações do bicentenário da FMUP e continuará em 2025. 


Fonte: Noticias U.Porto

U.Porto Press propõe boas leituras em campanha de Boas Festas

A campanha de Boas Festas promovida pela Editora da U.Porto, na sua loja online, decorre de 2 a 15 de dezembro e oferece descontos especiais, mesmo em novidades.

 “Abra a porta ao conhecimento. Nestas festas ofereça boas leituras” é o desafio lançado pela Editora da U.Porto. /ILUSTRAÇÃO: João Janeiro

Está a chegar mais uma época festiva e a U.Porto Press vai presentear os seus leitores.


De 2 a 15 de dezembro, a Editora da U.Porto promove uma campanha de Boas Festas na sua loja online, oferecendo um desconto de 20% em coleções selecionadas, incluindo as novidades editoriais.


“Abra as portas ao conhecimento. Nestas festas ofereça boas leituras” é o mote para esta campanha, que abrange as coleções Estudos e Ensino, Pensamento, Arte e Ciência e Transversal.

 O  desconto promocional está garantido em todos os títulos das coleções em  campanha e os portes são gratuitos para Portugal Continental. / ILUSTRAÇÃO:  João Janeiro

A coleção Estudos e Ensino,  especialmente destinada a estudantes, investigadores e docentes do  ensino superior, acolhe ensaios e textos associados às áreas de  investigação e ensino. Dois dos mais recentes títulos da U.Porto Press –  Protejam as Crianças da Meritocracia: uma Questão de Sobrevivência da Humanidade e Ciência Cidadã na Educação em Ciências pertencem a esta coleção.


A coleção Pensamento, Arte e Ciência é  dedicada à edição e reedição de obras de Abel Salazar, histórico  médico, escritor, investigador e professor catedrático da U.Porto. Em  2024 foi publicado Um Estio na Alemanha.


A coleção Transversal reúne  publicações coeditadas pela U.Porto Press, em parceria com as  faculdades e centros de investigação da U.Porto, com o intuito de  valorizar o conhecimento produzido na Universidade e consolidar a fixação de terminologia científica em áreas fundamentais do ensino e da  investigação. One Health – Uma Saúde, Um contributo da Universidade e Porto: Territórios da invisibilidade são as novidades desta coleção. O último será lançado no próximo dia 16 (Reitoria da U.Porto).


A campanha de Boas Festas da U.Porto Press está disponível na sua loja online. A partir da homepage é possível aceder a esta campanha e respetivas condições.


Mas não só: uma visita ao site da Editora permite, também, ficar a  conhecer melhor o seu projeto editorial, eventos programados, autores,  coleções e publicações.


Boas leituras! 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

129.  Sem título, Jorge Reis-Sá

“Sem título”, de Jorge Reis-Sá, in Prado do Repouso, A Casa dos Ceifeiros, março de 2024, p. 46.

12. Diana Couto

Neste episódio do Alumni Mundus, conhecemos Diana Couto, nascida em 1987 em Espinho, tendo concluído em 2010 o mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).  Durante o curso, como estudante Erasmus, realizou um estágio de  investigação na Escola de Farmácia da Universidade de Londres (hoje integrada na University College London). Também na FFUP, iniciou os seus  estudos de doutoramento em Ciências Farmacêuticas, que desta vez a  levaram a conduzir em 2014 trabalhos de investigação na Universidade de  Paris Saclay, onde conheceu o seu futuro marido. Mas, durante os anos em  que trabalhou no seu doutoramento, ainda teve tempo para conviver,  aprender línguas e viajar sempre que tinha oportunidade. O impacto da  crise económica portuguesa, aliado aos baixos salários e à necessidade  que sentia de viver de novo numa grande metrópole, levaram-na a querer  tentar a sorte no estrangeiro e, depois de regressar a Portugal em 2015  para concluir o doutoramento, voltou para a região de Paris, onde até  hoje reside, trabalhando na área de farmácia comunitária. Vem a Portugal muitas vezes e espera um dia poder regressar ao seu país… embora talvez só daqui a muitos anos…


16. Inês Maia

Inês Maia é investigadora integrada do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto e atualmente integra a equipa do Observatório Social de Gaia. A sua tese de doutoramento centrou-se no fenómeno da  praxe no ensino superior. Com base nessa experiência e também na sua  militância na ABIC – Associação de Bolseiros de Investigação Científica  –, Inês reflete sobre a precariedade, a competitividade e as relações de poder na academia, reafirmando a importância da democracia, da igualdade e da dignidade. Inspirada por Eduardo Galleano, entende a utopia como um horizonte que nos orienta e nos convida a caminhar. Idealiza, assim, uma universidade mais democrática e livre, onde o diálogo e o pensamento crítico sejam permanentemente estimulados.

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Livro sobre adaptações de O REI LEAR, de William Shakespeare, apresentado na U.Porto

A obra Quando é que Rei Lear não é Rei Lear?, publicada em português pela U.Porto Press e pelo CETAPS, será lançada no próximo dia 4 de dezembro, pelas 18h00, na Reitoria da U.Porto (Auditório da Casa Comum). A entrada é livre.

Quando é que Rei Lear não é Rei Lear? é o título inaugural da coleção New Perspectives | Novas Perspetivas da Editora da U.Porto. / FOTO: U.PORTO PRESS

Em Quando é que Rei Lear não é Rei Lear?, Peter Holland, docente da Universidade de Notre Dame e um dos maiores especialistas  contemporâneos na obra de William Shakespeare, explora os estudos de  adaptação das peças do dramaturgo inglês – em especial O Rei Lear.


Publicada em português pela U.Porto Press e pelo CETAPS – Centro de Estudos Ingleses, de Tradução e Anglo-Portugueses, esta obra inaugural da Coleção New Perspectives|Novas Perspetivas da Editora da Universidade do Porto (U.Porto) será apresentada publicamente a 4 de dezembro, a partir das 18h00, no Auditório da Casa Comum (à Reitoria da U.Porto).


A apresentação ficará a cargo de Rui Carvalho Homem,  Professor Catedrático, Diretor do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) e coordenador  da área de investigação “Relational Forms” do CETAPS.


A entrada é livre.

A obra

Nas palavras de Peter Holland, logo nas primeiras linhas deste seu ensaio, “Adaptando e não adaptando O Rei Lear para o cinema” ou “Quando é que uma adaptação de Rei Lear não é uma adaptação de Rei Lear” poderiam ter-lhe servido de subtítulo.


Em Quando é que Rei Lear não é Rei Lear? o autor debruça-se, em especial, sobre as adaptações desta icónica  tragédia de William Shakespeare, abordando as suas implicações e atrativos e problematizando os seus limites.


No seu breve enquadramento a este ensaio, Rui Carvalho Homem, que  organizou a publicação, clarifica o sentido de “adaptações” para Peter  Holland: “as muitas instâncias de apropriação e recriação,  maioritariamente por escritores e artistas do nosso tempo, de obras em  regra canónicas – ou seja, de autores com lugares consagrados na  história da literatura, do teatro ou de outras artes”.

Este  ensaio explora os estudos de adaptação das peças de William Shakespeare,  em especial O REI LEAR, bem como as suas implicações, atrativos e  limites. / FOTO: U.Porto Press

O também investigador do CETAPS salienta o facto de esta ser “uma das  peças do cânone shakespeariano que de modo mais evidente nos confrontam  com as incertezas textuais desse cânone”. Alude, assim, a edições  divergentes e a um elevado número de variantes textuais que, contudo,  “têm beneficiado do favor concedido pelo nosso tempo cultural e  intelectual a objetos marcados pela incompletude ou truncamento”, dado  serem perspetivados como “imaginativa e criticamente mais produtivos” do  que se de textos “plenamente ‘acabados’, unos e íntegros” se tratasse.


Para além de explorar os atrativos de algumas adaptações, nesta obra  Peter Holland debate “os termos em que pode (…) imputar-se um nexo de  derivação e consequência entre dois objetos – especificamente, entre uma  peça de Shakespeare e um artefacto definido pelas condições  plurimediais próprias do cinema”.


Salienta, ainda, a “valia cultural e criativa de uma adaptação,  autonomamente considerada face ao objeto que lhe está na origem”,  defendendo que “o estudo de adaptações é também fonte de uma compreensão  mais profunda daquilo que foi objeto de adaptação; estudar adaptações  de Shakespeare é também e fundamentalmente estudar Shakespeare em  condições que maximizam, diversificam e (portanto) transformam a sua  obra”.


Quando é que Rei Lear não é Rei Lear? está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%. 


Fonte: U.Porto Press

Alunos Ilustres da U.Porto

António Sampaio

Fotografia com Almada Negreiros e João de Vasconcelos (sobrinho de Teixeira de Pascoaes) e António Sampaio em casa de Pascoaes, em 1969. Foto DR

António de Assunção Sampaio nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1916. Era filho de Armando Sampaio e de Zélia de Assunção Sampaio e irmão de Armando Artur, Vítor, Maria Lígia e José Heitor. O pai foi oficial do exército e Administrador de Caconda, em Angola e quando regressou a Portugal desenvolveu a atividade de comerciante, tendo sido o proprietário da Pensão Aviz, no Porto.


Durante a infância, António Sampaio frequentou a "Escola das Palhacinhas", situada na Rua Direita, em Vila Nova de Gaia (1923-1927) e também estudou no Colégio Universal (1928-1929), no Porto.


Com 14 anos de idade inscreveu-se no curso Preparatório da Escola de Belas Artes do Porto (ESBAP), sem o conhecimento do pai, para cursar Pintura. Nesta Escola conviveu com outros futuros artistas plásticos e arquitetos como Abel Moura, Guilherme Camarinha, Januário Godinho, Fernando Távora, Nadir Afonso e Dominguez Alvarez.


Em 1932 ingressou no Curso Especial de Pintura da ESBAP. Durante a licenciatura realizou decorações murais para estabelecimentos comerciais e equipamentos culturais, assim como obras oficiais, nomeadamente os trabalhos em parceria com Abel Moura para a Exposição Colonial do Porto.


Depois fez o Curso Superior de Pintura (1937-1944), também na ESBAP, no qual foi discípulo de Dórdio Gomes e de Joaquim Lopes; nesse tempo, conciliou os estudos com o trabalho na "Cerâmica Lusitânia" (1937-1944).


Em 1938 vendeu as suas primeiras pinturas a destacadas personalidades portuenses. No ano seguinte, associou-se a uma tertúlia cultural de oposição política ao Estado Novo, que reunia no Café Majestic, na Rua de Santa Catarina, Porto, e era frequentada por personalidades como Eduardo Santos Silva, Virgínia Moura, Artur Vieira de Andrade e Januário Godinho.


Em 1940, fundou com outros tertulianos a Sociedade Editora Norte, que publicou um jornal clandestino. Continuou os estudos como pensionista do legado Ventura Terra e venceu o primeiro de vários galardões: o Prémio Rodrigues Soares.


Em 1941 estreou-se a expor de forma individual, no Salão Silva Porto, no Porto. Desde essa data até 1993 não deixou mais de o fazer. Fez-se representar em numerosas exposições individuais em Portugal (Porto, Vila Nova de Gaia, Amarante, Viana do Castelo, Braga, Póvoa de Varzim, Ofir, Vila Praia de Âncora e Leiria), em Londres e Nova Iorque.


Entre 1943 e o início dos anos 90 participou, com frequência, em exposições coletivas, patentes ao público em instituições como a Sociedade Nacional de Belas Artes, o Secretariado Nacional de Informação, o Museu Nacional Soares dos Reis e o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso e associou-se às mostras dos "Independentes" e às Bienais de Cerveira.


Entre 1944 e 1947 partilhou atelier com os arquitetos Paulo Alijó, Moura da Costa e Sequeira Braga.


Entretanto, em 1945 apresentara a tese na ESBAP, casara com Marie Thérèse Beyer de quem teve duas filhas (Maria Antónia, 1949 e Maria Teresa, 1951) e iniciara uma longa carreira de docente do ensino secundário.


Em dezembro de 1947 partiu para Paris, cidade onde se manteve até ao verão de 1948. Durante esse período frequentou as academias La Grande Chaumière e Julian, os ateliers dos pintores André Lhote e Fernand Léger e o atelier de fresco de Duco de La Haix, assim como gravura na Escola de Belas Artes. Conviveu com Júlio Resende, Nadir Afonso, com o poeta André Figueiras. Passou pelo atelier de Vieira da Silva e Arpad Szenes e fez gravura, estudos de nus, cenas de interior e vistas citadinas, para além de pequenos trabalhos (assinados "Jean Luc" e "AS") que enviou para serem vendidos em Portugal.


Durante os anos cinquenta, instituiu a Academia Alvarez com Jaime Isidoro, no n.º 171, 1.º andar, da Rua da Alegria, no Porto (1954), organizou as atividades culturais do Carnaval para o Clube Nacional de Montanhismo (1957), criou um Atelier Livre na Rua Formosa (1954) e ajudou a criar o efémero grupo "Ceramistas Modernos" (1961).


Durante os cerca de 30 anos de ensino trabalhou em diversas escolas, como na Escola Industrial Infante D. Henrique e na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, na Escola Industrial de Viana do Castelo, na Escola Industrial de Oliveira de Azeméis, na Escola de Cerâmica de Viana do Alentejo, em escolas da Covilhã, de Faro e de Lisboa e na Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo, onde se reformou em 1986.


No decurso da sua carreira artística ilustrou a obra Sede de António Ramos de Almeida (1942), livros escolares de Pedro Homem de Melo e postais de sabor etnográfico (1944). Com o arquiteto António Neves desenhou brasões para ornar reposteiros de solares (1938). Decorou casas comerciais da baixa portuense, tendo, entre outros, pintado os frescos da pastelaria Bocage, na Rua de Santo Ildefonso, e um fresco para o Cinema Batalha. Em 1954, realizou trabalhos de motivos alentejanos (cerâmica, aguarelas e desenhos). Retratou figuras da sociedade como Joaquim Carvalho, benemérito do Coliseu (1941), Maria José Mariani (1944) e a sobrinha-neta de Teixeira de Pascoaes (1950). Explorou as potencialidades artísticas da cerâmica, tendo, por exemplo, executado painéis cerâmicos para uma fábrica (1964) e para um hotel (1972) em Espinho. Pintou e desenhou paisagens, designadamente de Sintra, do Minho, do Marão e lugares sossegados e enigmáticos, numa fase de afastamento da vida pública (1975). Foi autor de telas naïf e associou-se ao Instituto de Apoio à Criança, nos anos 90. Produziu cartões para tapeçarias executadas na "Manufactura de Tapeçarias Muro" e para o Hotel Praia-Golfe de Espinho.


António Sampaio teve muitas moradas. Depois do casamento trocou Vila Nova de Gaia pela Quinta do Mirante, em Águas Santas, propriedade dos seus sogros. Entre 1950 e 1952 alugou casa em Ofir, onde passou várias temporadas. Dois anos depois transferiu-se para Viana do Alentejo. Em 1955 voltou ao Porto e, em 1958, depois da venda da quinta na Maia, alugou uma casa na Rua de S. Crispim. Em 1961 mudou-se para a Rua do Seixal. No ano seguinte edificou a "Casa do Rio", em Gondomar, riscada por Fernando Tudela e para a qual se mudou em 1963. Mais tarde, em 1978, adquiriu uma casa em Gouvim, Gondarém, nas proximidades de Vila Nova de Cerveira, que começou a restaurar em 1979, numa altura em que residia simultaneamente em Gondomar e Afife. Aí se veio a fixar na década de oitenta.

A100 anos do nascimento de António Sampaio, Museu Bienal de Cerveira, Fórum Cultural de Cerveira.


Em todos os locais onde estudou, trabalhou e habitou, ao longo da sua vida, rodeou-se sempre de amigos, como os pintores Dominguez Alvarez e Carlos Carneiro, o escultor Arlindo Rocha, os poetas Pedro Homem de Melo, Teixeira de Pascoaes, Sebastião da Gama, Júlio/Saúl Dias e António Porto-Além, o violinista Herberto de Aguiar, a escritora Luísa Dacosta, os irmãos Ernesto e Eduardo Veiga de Oliveira, Alexandre e Júlia Babo e o mestre ceramista Lagarto. Entre os anos 60 e o 25 de Abril de 1974 recebeu gente das artes e do jornalismo no seu atelier da casa de Gondomar.


António Sampaio foi também um curioso viajante. Conheceu profundamente o Minho e, após o casamento, visitou S. Pedro do Sul, Lisboa, Sintra, Arrábida e o Algarve. Deslocou-se aos grandes museus de Espanha e da França. Percorreu a Alsácia, terra natal da sua mulher, a Bélgica, a Itália e a Inglaterra, e regressou várias vezes a Espanha e a França.


Morreu na sua casa de Gouvim, em 1994.


Em 2016 foram-lhe dedicadas duas exposições póstumas: 100 anos do nascimento de António Sampaio, patente no Fórum Cultural de Cerveira (Vila Nova de Cerveira), e António Sampaio: do Douro ao Mar, no Museu do Vinho do Porto (Porto). 


Sobre António Sampaio (up.pt)

100 anos do nascimento de António Sampaio (Bienal de Cerveira)


100 Anos do Nascimento de António Sampaio (cm-vncerveira.pt)

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