HOSPITALIDADE INTELECTUAL
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Como defendeu Jacques Derrida, a hospitalidade é uma cultura, uma forma de vivermos e habitarmos um espaço, a maneira como nos relacionamos com os outros; nesse sentido, é, fundamentalmente, uma questão ética. Na Academia, a hospitalidade traduz-se na forma como nos dispomos a acolher, de forma ativa, sugestões e informações relevantes que nos chegam de diferentes origens – e que sabemos poderem vir a afetar as nossas perspetivas e convicções –, mas também nos comentários que nos disponibilizamos a fazer a trabalhos dos nossos pares, contribuindo para a sua melhoria. A hospitalidade intelectual é essencial para a democracia, mas também para o desenvolvimento da ciência. A ideia de hospitalidade intelectual não é nova: há mais de 100 anos, o pragmatista americano John Dewey realçou a sua recompensa mais evidente: a retenção da nossa capacidade de crescimento intelectual. A verdade é que esta ideia, embora nem sempre tendo o pensamento de Dewey como referente, informou o debate intelectual europeu das primeiras décadas do século XX – e, em particular, o pensamento dos homens que, a partir da Biblioteca nacional, fundaram em 1921 a revista Seara Nova, com particular destaque para Raul Proença, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro.
Como realçou Guilherme d’Oliveira Martins na conferência de abertura do Colóquio “Elites e Utopia: Nos 100 anos da Seara Nova”, realizado na Faculdade de Economia esta sexta-feira, os grupos da Biblioteca Nacional que estiveram na génese da revista aspiravam à formação de uma sociedade plural: Raul Proença terá dito muitas vezes não pretender construir uma sociedade perfeita, mas uma sociedade hospitaleira, onde todos tivessem lugar, mesmo com a consciência da necessidade de regulação de conflitos. Por essa razão não nos deverá surpreender a variedade das sensibilidades políticas dos intelectuais que contribuíram para a revista. Esta é, segundo Oliveira Martins, a mensagem mais importante que os fundadores da Seara Nova nos legaram e que nos compete preservar. [E preservamos: o colóquio, organizado pelo Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras, foi acolhido, juntamente com uma exposição, pela Faculdade de Economia; deste encontro, a consequência inevitável só poderá ter sido mesmo crescimento intelectual.]
Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora U.Porto
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Nova exposição da CMAS revisita método científico de Abel SalazarComposta por trabalhos da artista Martinha Maia, Anatemnõ vai estar patente de 19 de fevereiro a 16 de abril, na Casa-Museu Abel Salazar. Ir para além da pele que nos impede de ver. Espreitar o avesso. Olhar pela frincha para dentro de nós. E, pelo caminho, prestar homenagem ao Método Tano–Férrico celebrizado pelo médico que foi também professor, investigador e artista. O convite parte da artista Martinha Maia e traduz-se em Anatemnõ, título da exposição que vai estar patente de 19 de fevereiro a 16 de abril, na Casa-Museu Abel Salazar, no âmbito do ciclo O desenho contemporâneo em diálogo com a obra de Abel Salazar. Anatemnõ é uma palavra que não existe em português. É um conceito grego que Martinha Maia foi buscar para dar uma ideia de pele densa e espessa que é preciso atravessar para perceber, afinal, de que material somos feitos. Para nos lembrar este jogo entre o visível e o invisível que o (nos) acompanha. O exterior que se impõe, naturalmente, e o (ausente, mas presente) interior que nos constitui. É, de resto, entre estes paradoxos que Martinha Maia tem trabalhado.
Composta por cerca de 30 trabalhos que recorrem a carvão, grafite, linho, sisal, chá e leite de soja, inspirados nos desenhos científicos de Abel Salazar, Anatemnõ é também uma forma de homenagear o trabalho de observação e o processo de investigação do histórico professor da Universidade do Porto. Como? Já lá vamos!
S/ Título. Martinha Maia. Exposição Anatemnõ A analogia com Abel SalazarGraças à capacidade de coloração, pelo uso do ferro, o Método Tano – Férrico de Abel Salazar, que identificava e corava proteínas, veio permitir a caracterização de processos de degenerescência. Permitiu discernir, ou por outras palavras, tornar visível o modo como os folículos ováricos de várias categorias degeneravam ou evoluíam. Ora, em vez do ferro, Martinha Maia recorreu ao chá. Para além de materiais como o carvão e o grafite, a artista trabalhou com materiais como leite de soja e o chá. Passamos a explicar: Derramado no papel, o leite de soja fica invisível quando seca. Como tornamos, então, este liquido visível? Recorrendo ao pigmento do chá. Em contacto com este elemento, o leite de soja, aplicado previamente, torna-se, assim, visível. No processo artístico de Martinha Maia é o chá, em vez do ferro, o elemento que denuncia a informação que estava oculta. Esta é, diz-nos a artista “uma espécie de analogia ao método de trabalho utilizado por Abel Salazar”.
Familiarizada com a obra de Abel Salazar e com o trabalho artístico de Martinha Maia está Inês Nunes. A investigadora do CINTESIS e Professora Auxiliar do ICBAS recorda que “Abel Salazar dissecou ao pormenor a anatomia humana e registou-a em textos e desenhos, numa tentativa concreta de compreender intimamente o seu funcionamento, abrindo caminhos para novas questões conducentes a trabalhos de investigação pioneiros em diversas áreas do conhecimento médico”.
A ginecologista obstetra, que também acompanhou Martinha Maia na gravidez e no parto, afirma que a artista reinterpretou a obra de Abel Salazar devolvendo-a “a cada um de nós em desenhos repletos de movimento que nos provocam e convidam a parar e a ficar para descobrir o que em cada um (de nós?) podemos encontrar”. A investigadora acrescenta que, ao mesmo tempo, os desenhos “encerram e abrem, contêm e libertam, ocultam e revelam o nosso imaginário!”
Sobre Martinha MaiaMartinha Maia vive e trabalha no Porto. Nasceu em São Mamede do Coronado (freguesia da Trofa) em 1976. Licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD das Caldas da Rainha e tem vindo a trabalhar nas áreas da performance, vídeo, instalação e desenho. É de sua autoria a fachada do Teatro Carlos Alberto, no Porto. Ao longo do seu percurso artístico participou em inúmeras exposições a nível nacional e internacional, tais como: 30 artists under 40, Stenersen Museum, Oslo, 2004; j´en rêve, Foundation Cartier pour l’art Contemporain, Paris, 2005; Sobre Barroco, Casa de Velázquez, Madrid, 2007; Muyethlek, Museu de Arte Maputo, Maputo, 2008; 30 anos dos CAM, Ciclos de performance, CAM, Lisboa, 2013; Coleópteros, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, 2019; Bienal Internacional de linho de Portneuf, Quebec, Canadá, 2021, entre outras.
O cicloEsta é a sétima e última exposição do ciclo O desenho contemporâneo em diálogo com a obra de Abel Salazar, iniciado em fevereiro de 2020. Sílvia Simões, professora da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP) e curadora do ciclo, pretende assim colocar a obra artística do antigo investigador e professor da Universidade do Porto numa relação dialógica com o trabalho de artistas contemporâneos, salientando a relevância dos desenhos na atualidade. Com entrada gratuita, Anatemnõ pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00. Aos sábados, abre portas das 14h30 às 17h30. Encerra aos domingos e feriados.
Fonte: Cultura U.Porto
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Universidade do Porto exibe quadro raro de Armanda Passos
Um dos mais raros quadros de Armanda Passos ficará exposto até ao final de março, no edifício da Reitoria, como forma de assinalar o aniversário do nascimento da artista. O quadro Nu vai ficar em exibição nos corredores do 1.º piso do edifício da Reitoria. Foto: DR
É uma homenagem da Universidade do Porto a um dos nomes mais conceituados das artes plásticas portuguesas, nascido há 78 anos, no dia 17 de fevereiro. Por isso, a partir desta data e até ao final do próximo mês de março, será nos corredores do primeiro piso do edifício da Reitoria que vai poder encontrar o quadro Nu, de Armanda Passos. A obra pertence à coleção do Museu da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP). Nascida no Peso da Régua, Armanda Passos morreu em outubro de 2021, com 77 anos. Para trás, deixou um legado marcado pela participação em inúmeras exposições nacionais e internacionais e pela ligação à Escola Superior de Belas Artes, precursora da atual FBAUP, onde fez a sua formação e foi docente.
A Universidade acabaria, de resto, por assumir um papel importante na divulgação do trabalho de Armanda Passos, através do acolhimento de várias exposições dedicadas à pintora. Entre elas incluem-se as duas – “Reservas” e “Obra Gráfica” – que integraram a programação do Centenário da Universidade, celebrado em 2011.
Em 2015, foi também no edifício da Reitoria da U.Porto que Armanda Passos apresentou a sua primeira exposição dedicada exclusivamente ao desenho.
Mais recentemente, em 2019, a academia celebrou os 75 anos da pintora com a exibição de Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas, uma exposição composta por um conjunto de obras invulgares, onde a figuração da pintora se conjugou com a escrita que a sua obra gerou e inspirou ao longo dos tempos. Uma lógica que foi invertida através de 75 obras concebidas em guache, como forma de homenagear os autores que se debruçaram sobre o seu trabalho.
Intensa e complexa, a obra de Armanda Passos tem suscitado reflexões e textos produzidos não apenas por críticos da especialidade, mas também por escritores de várias sensibilidades, artistas e até historiadores. Entre os muitos intelectuais que se debruçaram sobre o seu trabalho podem citar-se Fernando Pernes, Mário Cláudio, José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Armando Silva Carvalho, José-Augusto Seabra, Lídia Jorge, Luís de Moura Sobral, Raquel Henriques da Silva e José Augusto-França.
Ao longo da sua carreira, Armanda Passos alcançou importantes distinções, tais como o 2.º Prémio do Ministério da Cultura na Exposição Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros, Lisboa, 1984, a Menção Honrosa no VIII Salão de Outono – Paisagem portuguesa, Galeria do Casino de Estoril, 1987, a Menção Honrosa no III Prémio Dibujo Artístico J. Pérez Villaamil, Museu Municipal Bello Piñeiro, Ferrol, Corunha, 1990 e o Prix Octogne, Charleville (Mezières, França), 1997.
Armanda Passos representou Portugal em vários certames internacionais, por exemplo em Heidelberg, na V Biennal of European Graphic Art (1988); na Polónia, na Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91, no Pawilon Wystawowy Bwa, Katowice; e, em 1992, no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, La Louvière, na Bélgica.
Por ocasião da sua morte, a artista vivia e trabalhava no Porto, na casa-atelier projetada pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.
Fonte: Notícias U.Porto
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Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Despojos. Prolongamento da MemóriaEntrada livre. Mais informações aqui
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CAPRICHOS de Manuel Casimiro, com textos de Michel Butor Entrada live. Mais informações aqui
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SEARA NOVA, 100 anos de ação e pensamento críticoExposição, colóquio, filme | Casa Comum, FEP Entrada livre. Mais informações aqui
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CHÃ
Exibição de documentário, debate | Casa Comum Entrada livre. Mais informações aqui
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Fraternidade: uma utopia? | MEERU convida amigosEntrada livre. Mais informações e streaming aqui
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Conversas Urbanas | Que desafios se colocam ao Urbanismo em Portugal?Entrada livre. Mais informações e streaming aqui
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Trânsitos, Marcas, Representações e o GolgiWorkshop e colóquio | Casa Comum Entrada livre. Mais informações e inscrições aqui
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Anatemnõ Exposição | Casa-Museu Abel Salazar
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UMA HOMENAGEM A MARIA ARCHER NO 40.º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTEExposição | Galeria da Biodiversidade
Entrada livre. Mais informações aqui
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FROM DATA TO WISDOM Exposição | Galeria da Biodiversidade
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Depositorium 2 Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
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Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construçãoExposição | Fundação Marques da Silva
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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27. A Sátira das Primeiras Filas Agustina, com o seu olhar crítico e entediado, mas sempre atento, lembra uma conferência a que assistiu no Porto, numa sala que os mais atentos reconhecerão. Era uma noite de chuva. De Ensaios e Artigos, Fundação Calouste Gulbenkian, Volume I.
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12. Vozes que (se) contam: olhares cruzados sobre cuidados paliativos Os cuidados de saúde constroem‑se pela raiz e precisam de se alicerçar com sentido, sem o qual correm o risco de se esvaziar, transformando‑se numa prescrição de gestos e procedimentos que atentam na doença, mas não na pessoa. Neste podcast Germen conversamos sobre o livro Vozes que (se) contam: olhares cruzados sobre cuidados paliativos, com a organização de Elga Freire e Susana Magalhães, publicado pela editora Parsifal com o apoio de Angelini Pharma. Trata-se de uma obra singular, composta por narrativas que revelam a importância da escuta atenta, da presença, da relação terapêutica em cuidados paliativos. Cada texto é janela, ponto de partida para conhecimento co‑construído, para o lugar onde as humanidades e as ciências biomédicas se intersetam: a pessoa, que habita romances e poemas, filmes e pinturas, música e ensaios clínicos, arte e ciência. As Vozes que (se) contam são de profissionais de saúde, doentes e cuidadores, olhares que se cruzam para revelar a essência do cuidado. Para sabermos mais sobre esta obra, que será apresentada na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no Porto, no próximo dia 24 de fevereiro de 2022, contamos com a participação de Elga Freira, médica internista com competência em cuidados paliativos, coordenadora da equipa intrahospitalar de suporte em cuidados paliativos do CHUPorto, coordenadora do Núcleo de Estudos e Medicina Paliativa (NEMPAL) e professora auxiliar convidada do ICBAS; Carmen Carvalho, neonatologista, CMIN, presidente da direção da Sociedade Portuguesa de Neonatologia; Júlia Alves, enfermeira responsável da equipa intrahospitalar de suporte em cuidados paliativos do CHUPorto; Sara Moreira, psiquiatra, do Serviço de Psiquiatria de Ligação do CHUPorto; e Teresa Moreira, cuidadora e coordenadora da Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA). Moderação: Susana Magalhães e Manuela Vidigal Bertão
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Orfeão Universitário do Porto promove audições para novos elementosAudições abertas a todos os estudantes da U.Porto decorrem às segundas e quintas, na sede do OUP. Inscrições abertas. A Tuna Universitária do Porto é um dos grupos mais antigos do OUP. Foto: OUP
O Orfeão Universitário Porto (OUP) está a promover audições destinadas a todos os estudantes da Universidade do Porto que pretendam integrar os 11 grupos do OUP já a partir deste segundo semestre do ano letivo. A decorrer às segundas e quintas-feiras, pelas 21h00, na sede do Orfeão (Rua dos Bragas, 289, junto à Faculdade de Direito da U.Porto), estas audições consistem num pequeno e simples exercício vocal/instrumental/de dança. Segue-se um ensaio de grupo coral ou de danças, com a duração de 1h30.
Aos “candidatos” a orfeonistas não é exigida qualquer tipo de formação musical ou preparação de repertório.
Os interessados devem inscrever-se previamente. O OUP entrará depois em contacto.
Mais informações aqui, ou através do e-mail orfeao@orfeao.up.pt.
As digressões anuais são uma das imagens de marca do Orfeão Universitário do Porto. (Foto: OUP)
Sobre o Orfeão Universitário do PortoFundado em 1912, apenas um ano após a criação da U.Porto, o Orfeão Universitário do Porto é uma organização sem fins lucrativos, composta por estudantes da Universidade dedicados à prossecução de valores musicais, culturais, académicos e beneméritos. Desenvolvida por mais de uma centena de sócios inscritos, a oferta artística do OUP inclui atualmente um Coro Clássico e Popular, grupos de Danças e Cantares Etnográficos , Cante Alentejano, Cantares de Maçadeiras, Fado Académico, Fados de Lisboa, Jograis, Pauliteiras de Miranda, Pauliteiros de Miranda, a Tuna Feminina do OUP e a Tuna Universitária do Porto.
Fonte: Notícias U.Porto
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Doutores Honoris Causa da U.Porto
Maurice Mercadier
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Em 1979 o cirurgião gastrointestinal Maurice Mercadier (1917-2002) recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, por proposta da Faculdade de Medicina, durante a Reunião Internacional de Cirurgia Digestiva, uma iniciativa organizada pelo Serviço de Cirurgia II, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Hospital de S. João, dirigido pelo Professor Araújo Teixeira.
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Maurice Paul Armand Mercadier nasceu em Rignac, Aveyron, no seio de uma família modesta. Os seus pais eram proprietários de um pequeno restaurante no 18.º Bairro parisiense. Aos 6 anos de idade Maurice foi encaminhado, enquanto pensionista, para uma escola privada em Pierrefitte e aos 8 ficou órfão de pai, um ex-combatente na Grande Guerra (1914-1918) que se debatia com graves problemas respiratórios. A partir desse acontecimento funesto, a mãe e a irmã mais velha tomaram conta do negócio de restauração para sustento da família.
Depois de terminar os estudos secundários no College Colbert, Maurice Mercadier quis tornar-se oficial da Marinha. Problemas de visão impossibilitaram o cumprimento do seu desejo e acabaram por conduzi-lo ao ingresso na Faculdade de Medicina de Paris.
No decurso da II Guerra Mundial foi destacado, em 1939, como Médico-Assistente para o 2.º Regimento de Exército Francês, na região de Lyon. Após a tomada da capital francesa pelos nazis foi trabalhar para os Hospitais de Paris, onde iniciou o Internato Médico, interrompido, em 1944, após o desembarque dos Aliados, para ingressar na Cruz Vermelha Francesa e juntar-se à frente de batalha na Normandia. Apesar de se ter ferido em Avranches, na sequência do rebentamento de uma mina, foi incorporado no 7.º Regimento do Exército Norte-Americano, no qual prestou serviço como Tenente Médico e chefiou uma equipa cirúrgica.
Com o fim da guerra regressou a Paris para trabalhar no Hospital de La Salpêtrière, onde desenvolveu interesse pela área da Cirurgia Gastrointestinal. Em 1946 apresentou a sua tese de doutoramento, intitulada Le sphincter vésiculaire et les dyskinésies vésiculaires, premiada com a Medalha de Ouro do Internato Médico. Transferiu-se depois para o Hospital Bichat, como assistente de Jacques Hepp (1905-1995), ascendendo consecutivamente a Assistente de Cirurgia (1950) e a Cirurgião Hospitalar (1955). Em 1958 foi nomeado Professor Associado da Faculdade de Medicina de Paris, e em 1970 Professor Catedrático.
No Hospital La Pitié/Salpêtrière dirigiu o Departamento de Cirurgia e instituiu uma Unidade de Cirurgia Cardíaca, na qual Christian Cabrol (1925-2017) e Gérard Guiraudon(1931-2019) realizaram o primeiro transplante cardíaco na Europa (1968). Com o apoio da Unidade de Cirurgia Cardíaca, instituiu a Unidade de Cirurgia Gastrointestinal e Endócrina, onde se especializou em intervenções cirúrgicas às vias biliares, ao fígado e ao pâncreas.
Foi membro (1986) e Presidente (1995) da Académie Nationale de Médecine e associado de inúmeras instituições científicas mundiais, como a International Society of Surgery, a que presidiu (1982-1983), o American College of Surgeons e o Royal College of Surgeons (Grã-Bretanha), de que foi membro honorário. Foi ainda coeditor do World Journal of Surgery e membro do conselho editorial do American Journal of Surgery.
Foi ainda um requisitado Professor Visitante, sobretudo nos Estados Unidos da América, e estabeleceu, ao longo da sua carreira, ligações próximas com cirurgiões da Argentina, do Chile e do Brasil.
Foi distinguido com o grau de Cavaleiro da Legião de Honra.
Era casado, desde 1947, com a médica Liliane Junot, com quem teve 2 filhos.
Reformou-se em 1982 e veio a falecer em Paris a 9 de abril de 2002.
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