ABRIR AS PALAVRAS
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Estávamos na Sala do Fundo Antigo, no quarto andar do edifício histórico da Reitoria, para a inauguração da exposição Pedra, Papel, Guerra – Arqueologia da Litografia em Portugal. Tratava-se de mais uma iniciativa do projeto Pure Print Archeology, do i2ADS (FBAUP), que tem como objetivo recuperar, seguindo a lógica da arqueologia tecnológica, formas de reprodução da imagem utilizadas no passado, mas cujo conhecimento se foi perdendo com o tempo. No início da sessão, Graciela Machado, coordenadora do projeto, explicara que a exposição havia sido montada por estudantes de doutoramento da FBAUP que haviam trabalhado a partir da coleção de Cartografia Histórica da Universidade do Porto. A litografia em Portugal – esclarecera então – desenvolveu-se na década de 1830, no contexto do Cerco do Porto, com o patrocínio de D. Pedro IV. Ouvíamos agora David Lopes falar da investigação artística que desenvolveu, no âmbito do seu projeto de doutoramento, sobre dois mapas expostos nas duas extremidades da comprida mesa. Para cada um deles, além da investigação das técnicas originalmente utilizadas e da tentativa de recuperação do vocabulário associado, criara objetos artísticos, que apresentava em homenagem à sua mãe e ao seu pai. David Lopes apontou então para as estantes da sala, onde dispusera “gomos de globos”, trechos da narrativa mais global que se propunha evocar. E remeteu-nos para dois vídeos que dilucidariam as dúvidas que pudéssemos ter quanto ao processo de impressão litográfica. Na sala, relativamente cheia de colegas, docentes e visitantes, todos aplaudimos a intervenção do doutorando – até sermos interrompidos por um visitante, um homem mais velho, possivelmente reformado, que estivera a ouvir o jovem com interesse.
“Está muito bem tudo o que disse, mas pode por favor explicar de forma que sejamos capazes de compreender? Afinal, como é que se faz uma litografia? Não leve a mal, é que queria mesmo perceber”. Sentiu-se um incómodo na sala, mas apenas por breves instantes. David Lopes respondeu “Sim, claro”, e Graciela Machado pegou no visitante pela mão e conduziu-o até uma vitrine onde estavam expostas pedras. “A exposição conta todo o processo. A litografia começa na pedra calcária, que tem de ser polida para ficar completamente plana. Depois, o desenho é feito com um lápis gorduroso”, esclareceu a coordenadora. David Lopes continuou a explicação: “Para obtermos o desenho, temos de acumular gordura na superfície da matriz. Na xilogravura e na gravura em metal, o desenho faz-se através de fendas e sulcos, mas na litografia a base da técnica é o princípio da repulsão entre água e óleo”. A conversa entre o doutorando e o visitante desenvolveu-se fluída, com perguntas e respostas claras. “E não há máquinas hoje para fazer isto?”; “Sim, a partir de chapas de metal”. “E fez desenhos em algumas destas pedras?”; “Esta é antiga, mas fiz nestas duas, e imprimi em papel a partir de uma delas.”
O homem olhou para o jovem com admiração. “Muito obrigada”, disse-lhe. “Agora fiquei com uma noção. Não me leve a mal”, voltou a desculpar-se, “queria mesmo compreender o que estava a dizer”. “Pois”, respondeu o jovem, vejo agora que transmiti muita informação, com palavras que precisavam de ser abertas”.
Olhei de novo para a exposição. No início da sessão, sentira-me tocada pela forma harmoniosa como as peças se encontravam dispostas. Contudo, o que compreendia agora era mais profundo: ao abrir as palavras, David Lopes desvelara algo de belo e mesmo místico na relação organizada entre, por um lado, velhos mapas e pedras, e, por outro lado, as criações plásticas contemporâneas dos doutorandos da FBAUP que se tentavam exprimir num idioma antigo.
“Abrir as palavras!”, pensei, “Que útil seria uma Unidade Curricular Transversal com este conteúdo programático!”. E dei comigo a contar pelos dedos várias pessoas que conheço e que muito beneficiariam de umas aulas assim.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
Nota: Encerraremos as atividades da Casa Comum a partir do dia 22 de dezembro. As exposições manter-se-ão, contudo, abertas ao público nos dias 23, 26, 27, 28 e 30 de dezembro de 2024 e 2, 3 e 4 de janeiro de 2025. As atividades retomarão no dia 6 de janeiro.
Contamos consigo para, em 2025, continuarmos a celebrar a arte, a criatividade e o poder transformador da cultura. Boas Festas e um Feliz Ano Novo!
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O Dia Mais Curto: U.Porto entra na Festa da Curta-Metragem!
Iniciativa vai passar pelo Planetário do Porto, Galeria da Biodiversidade e Casa Comum (Reitoria) na tarde/noite de 20 de dezembro. Inscrição gratuita. A programação já está definida e este ano não há um, mas três programas gratuitos para celebrar O Dia Mais Curto na Universidade do Porto. A festa está marcada para o final da tarde/noite do dia 20 de dezembro e vai passar por três espaços distintos da U.Porto: o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, a Galeria da Biodiversidade e a Casa Comum (à Reitoria). Todos os anos, entre 21 e 22 de dezembro, o Inverno chega ao hemisfério Norte do globo terrestre. Esta transição, que dá pelo nome de Solstício de Inverno, assinala também o dia mais curto do ano, que inspirou a celebração do formato mais curto e original do Cinema: a curta-metragem.
Esta é a quarta vez que a U.Porto adere à iniciativa promovida pela Agência da Curta Metragem. Confortavelmente sentados e com as luzes apagadas daremos as boas-vindas a mais um inverno.
Começamos com o Planetário do Porto, que, no dia 20 de dezembro, às 17h00, apresenta Curtinhas para Todos. Pensadas para toda a família e recorrendo a personagens e momentos peculiares, são curtas-metragens de animação que exploram temas como a distração, a amizade e a coragem. Exploram universos emblemáticos do cinema de animação.
Estrela cadente passa dia 20 de dezembro no Planetário do Porto. (Foto: DR)
No mesmo dia, mas pelas 18h30, não muito longe, na Galeria da Biodiversidade, serão exibidas Curtas do Mundo. Trata-se de uma seleção de cinco curtas-metragens internacionais que competem para o prémio ESFAA (European Short Film Audience Award) 2023. Pela mão de realizadores novos ou já consagrados, o público será levado a viver diferentes histórias, algumas do mundo de hoje e outras que nos levam a viajar até ao passado. Ainda no dia 20 de dezembro, às 21h30, a Casa Comum convida a conhecer as Novas Curtas Portuguesas, em plena Reitoria da U.Porto Entre animação, ficção e documentário, foram selecionadas quatro estreias recentes. São diferentes olhares de realizadores emergentes que nos levam numa viagem por dramas familiares e histórias que abrangem um arco temporal que vai da infância à adolescência, incentivando à reflexão sobre problemas da sociedade contemporânea. Com emoção e humor.
No Planetário do Porto – Centro Ciência Viva e na Casa Comum da U.Porto, a entrada é livre e limitada à lotação dos espaços. Já o acesso às sessões na Galeria da Biodiversidade requer marcação prévia, através do e-mail galeria@mhnc.up.pt.
A programação completa da edição 2004 d’O Dia Mais Curto pode ser consultada no website oficial da iniciativa.
Fonte: Notícias U.Porto
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O Nome Igual nos Dois?
Manuel, de Maria Helena Vieira da Silva
No âmbito da exposição O nome igual nos dois?, o colecionador Manuel Brito escolheu as 6 obras que mais significado têm para si.
Manuel Brito fala sobre o quadro Manuel, de Maria Helena Vieira da Silva
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Casa Comum apresenta ciclo de cinema Territórios, Brasil e Portugal
O ciclo de cinema, organizado pela U.Porto em conjunto com a UNICAMP, inicia esta semana e prolonga-se até ao final de janeiro de 2025. O filme Branco sai, preto fica, marca o arranque do ciclo na Casa Comum. Foto: DR
Organizado pela Universidade do Porto e pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o ciclo de cinema Territórios, Brasil e Portugal apresenta-se como uma iniciativa cultural e académica que, ao estabelecer uma relação entre instituições e países, está, igualmente, a promover um diálogo visual e narrativo. Territórios, Brasil e Portugal propõe-se estabelecer semelhanças e identificar particularidades entre os territórios, comunidades, expressões suburbanas e as tradições culturais de ambos os contextos.
O ciclo arranca com o filme Branco sai, preto fica, no dia 16 de dezembro pelas 21h30, na Casa Comum. Este filme, realizado em 2014 por Adirley Queiroz, coloca-nos dentro de um baile de “black music”, da periferia de Brasília, um ambiente de festa que, de repente, com uma troca de tiros, se transforma num cenário caótico. O balanço aponta para dois feridos com sequelas que os vão marcar para sempre. A investigação que se sucede poderá apenas comprovar que a culpa é de uma sociedade demasiado repressiva. A entrada é livre, limitada à lotação da sala.
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Dezembro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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O nome igual nos dois? Um receituário para a Liberdade na coleção Manuel Brito
Entrada Livre. Mais informações aqui
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O Nome Igual Nos Dois? | Visitas guiadas à exposição
Até 25 JAN'25 | Quartas e Sextas-feiras às 15h00 Visita Guiada | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Pedra, Papel, Guerra — Arqueologia da Litografia em Portugal
Exposição | Reitoria da U.Porto Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui
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7 contos esculturas | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Territórios, Brasil e Portugal | Ciclo de Cinema
16 DEZ'24, 10, 17, 24 e 31 JAN'25 | 21h30 Entrada Livre. Mais informações aqui
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CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Colectivo de Poesia - Poetas a várias vozes na Casa Comum | Adélia Prado
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Salon Littéraire de La Belle Époque de la Vinothérapie
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui
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O nome igual nos dois? | Evento Making-of com quem projetou, organizou, produziu e comunicou a exposição
Vista guiada | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui
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O Dia Mais Curto: a Festa da Curta-Metragem 2024
Cinema | Casa Comum, Galeria da Biodiversidade, Planetário do Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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KILL'EM WITH MUSIC III DEMO.M.U.SIC | Congresso Internacional da IASPM-Portugal
Entrada Livre. Mais informações e programa aqui
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Concerto de Natal U.Porto
Música | Igreja dos Clérigos Entrada Livre. Mais informações aqui
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A Ilha À Procura Do Seu Fim de Joana de Bastos Rodrigues - Lançamento e Apresentação
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ensaios | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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A Arte no Ensino da Anatomia | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Corredor Cultural
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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131. Canção Fúnebre [Auden], Jorge Reis-Sá
“Canção Fúnebre [Auden]”, de Jorge Reis-Sá, in Prado do Repouso, A Casa dos Ceifeiros, março de 2024.
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“L padre ne l cunfessionairo nun oube más que you ne l miu oufício. Conheço estes pobicos todos de la tierra de Miranda. Las praças i las caleijas, Is chabolos i las casas de buiada. I la giente: Is ricos i Is probes, I nome de batismo i la nomeada; ls que se morrírun i Is que stan bibos, las alegries i ls delores, l’armana que se morriu ou la sobrina que nace l més que ben, I filho que pide denheiro ou l outro que yá fizo casa, este que se çcasou ou aquel que yá ten cumbersada.” Ua cuonta de Alfredo Cameirão
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Silva Cardoso
Foto Egídio Santos / U.Porto
António da Silva Cardoso nasceu em 1955. Licenciou-se (1977) e doutorou-se (1988) em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), onde encetou atividade docente em 1976.
Catedrático desde 2002, investigador e consultor na área da Engenharia Civil, particularmente na área da Geotecnia, foi autor de mais de cem publicações, nacionais e internacionais, algumas das quais premiadas; e participou em projetos de investigação portugueses e europeus.
Na Universidade do Porto foi membro do Conselho Geral e do Conselho de Gestão, Pró-Reitor (1998-2006) e Vice-Reitor, em dois reitorados (2006-2014 e 2018-2022), responsável pelos pelouros das obras e do património edificado. No exercício dessas funções foi um dos principais obreiros da requalificação do campus universitário, da modernização dos seus equipamentos e infraestruturas e da recuperação do património edificado da Universidade.
Do rol de obras construídas ou requalificadas durante os seus mandatos enquanto Vice-Reitor podem salientar-se: as sedes da Faculdade de Engenharia, da Faculdade de Medicina Dentária e da Faculdade de Psicologia e das Ciências da Educação; o Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina; o polo central da UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da U.Porto; o complexo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e da Faculdade de Farmácia e ainda os edifícios da Faculdade de Direito, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação.
Destacou-se igualmente em cargos dirigentes na FEUP e na UPTEC, a que presidia desde 2020.
Na sua área de especialidade, integrou comissões para a normalização geotécnica nacional e dirigiu a Revista Geotecnia da Sociedade Portuguesa de Geotecnia.
Admirador confesso de Abel Salazar, era membro da Associação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar (2005), instituição na qual assumiu o cargo de vice-presidente, entre 2006 e 2015.
O Professor António Silva Cardoso morreu a 19 de janeiro de 2022, aos 66 anos de idade, vítima de doença prolongada. O seu corpo esteve em câmara ardente, na noite dessa quarta-feira, no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto.
A missa de corpo presente teve lugar na Igreja do Foco, no Porto, no dia 20 de janeiro pelas 13h30, e o funeral realizou-se nessa tarde, em Murtosa, Aveiro.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Primeiro Ministro, António Costa, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e em particular, o Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, lamentaram profundamente seu falecimento.
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