O OVÓIDE QUE É MAIS DO QUE UM OVO
|
|
É conhecido pelo seu ímpeto invasor e pelo seu comentário inteligente – frequentemente sarcástico, mas sempre com grande lucidez crítica. Nascido em 1968, é sobretudo a partir de 1974 que se torna conhecido pela intrusão em imagens de outros artistas. Refiro-me ao Ovóide com que Manuel Casimiro tem vindo a contaminar as artes visuais. Ilude-se quem pensa que o Ovóide é apenas um ovo. Manuel Casimiro fez dele personagem. Em primeiro lugar, deu-lhe um nome: partiu do adjetivo (ovóide) e substantivou-o. Ao mudar-lhe a classe gramatical, transformou-o numa outra coisa, reconheceu-lhe estatuto, humanizou-o. A partir daí, ofereceu-lhe a história inteira das artes visuais como palco. E o Ovóide não se cansa de passear e tomar de assalto novas paragens.
Na Galeria II da Casa Comum, temos prova das suas conquistas. O território invadido é o que foi inventado pelo pintor espanhol Francisco Goya nos seus Caprichos – um conjunto de gravuras publicadas em 1799. Desta feita, Manuel Casimiro teve um aliado: o romancista e ensaísta francês Michel Butor. Butor inscreveu nas gravuras de Goya frases que, mais do que uma interpretação das imagens, nos convidam a descobrir histórias por elas subtilmente sugeridas; e o Ovóide de Manuel Casimiro mostra, ao mesmo tempo que esconde, novas perspetivas e desafios.
Vale a pena ir à Casa Comum para ver a exposição Caprichos de Manuel Casimiro, com textos de Michel Butor. Pois é, já não são os Caprichos de Goya – a História ensina-nos que um território, ao ser conquistado, passa a ser conhecido pelo nome do conquistador.
Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora
|
|
|
|
|
|
Quem quer fazer parte de uma brigada de intervenção poética PoppeResidência artística de poesia liderada pelo poeta António Poppe vai repetir-se durante três semanas de março e culminará com uma apresentação pública no Dia da Universidade. Não há que enganar: São três dias de residência artística de poesia, sob a batuta do poeta António Poppe. Acontece sempre à quinta, sexta e sábado. E vai repetir-se durante três semanas do mês de março, em diferentes locais da Universidade. A inscrição é gratuita para toda a comunidade, mas o número de lugares é limitado. Por isso, é escolher já! No final, está prevista uma apresentação pública. Vamos chamar-lhe Brigada de Intervenção Cultural. E a data não podia ser mais especial: 22 de março. Claro que lhe é familiar. É o Dia da Universidade do Porto. A dançadeira adensante e o Dizedor Indecente. Outra vez: A dançadeira adensante e o Dizedor Indecente. Sabe bem dizer. Pois sabe! Estes foram dois dos projetos que António Poppe desenvolveu com a coreografa e bailarina Vera Mantero. Da dança à palavra dita, da comunicação visual à meditação…. São assim as empreitadas que António Poppe aceita e assume…. Espraiam-se entre territórios. Ou será que as fronteiras não existem e nós é que as inventamos? Vamos desarrumar ideias? E depois virá-las do avesso? Esticar a mão para além das costuras? É isto! Preparado para puxar os galões à palavra e entrar num sonho Poppe?
O que podemos antecipar? No mínimo, contágios!“Here am I knowing no death”. É assim que António Poppe nos acolhe na primeira página do seu website. É um propósito que soa a duplo desafio. Para quem a centrifugação dos dias faz esquecer propósitos existenciais maiores (e quem não?) este rumor, que flutua e atravessa estádios de consciência, pode ser um anzol que puxa desde o fundo da corrente e resgata para o outro lado da espuma dos dias. Faz-nos aterrar no aqui e agora e saltar para cima da secretária a plenos pulmões: Carpe diem! O segundo desafio fica a marinar para daqui a pouco. Por enquanto, apenas uma garantia: vai haver contágios! Entre a escrita e outros suportes de comunicação, nomeadamente a comunicação visual como o desenho e as colagens, António Poppe assume uma relação de contágio. Tudo é a mesma voz que se projeta à descoberta de novas órbitas ou sistemas solares. Das “canções de Camões” às “metamorfoses de Ovídio”, nesta residência artística de poesia “vamos ler poemas em voz alta”, naturalmente, diz-nos o poeta, em nobre “melopeia para contemplar a voz que nunca para a revelação da natureza”.
Também se vai copiar poemas à mão. “Memorizar alguns versos para coreografar um recital coral, em conjunto”. Vamos “ouvir diferentes vozes, escritas e gravadas, a recitar idiomas vários”, mas fundamental, mesmo, diz-nos o performer, é “ouvir a língua de água de Camões” e assistir à “transformação ininterrupta das imagens de Ovídio”.
A fisicalidade de todo este exercício da poesia ouvida, dita e escrita pela mão dos participantes está também na caligrafia. “Vamos escrever à mão desenhos verbais como escreve o poeta Manoel de Barros – Os Desenhos Verbais“, sublinha.
Quando, onde e como?A primeira destas residências artísticas vai realizar-se de 3 a 5 de março, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). O evento repete-se posteriormente na Faculdade de Ciências (FCUP), de 10 a 12 de março, e na Faculdade de Economia (FEP), de 17 a 19 de março. As sessões vão decorrer de quinta a sexta-feira, das 18h30 às 20h30, e ao sábado, das 10h00 às 17h00.
“Here am I knowing no death” deixa-nos ainda outro desafio, dizíamos, no início do texto, que é, neste caso, mais uma pergunta a soar baixinho ao ouvido: pode a arte em geral, e a poesia em particular, turvar a noção de inevitabilidade da morte? Carpe Diem! As inscrições são abertas a toda a comunidade académica da U.Porto – incluindo alummi – e devem ser feitas aqui.
Sobre António PoppeArtista visual, poeta, performer, António Poppe vive e trabalha em Lisboa. Estudou no Ar.Co (Centro de Arte e Comunicação Visual), no Royal College of Arts, em Londres, e na School of the Art Institute of Chicago como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, onde realizou um Mestrado em Arte Performativa e Cinema. Tem desenvolvido um trabalho híbrido de poesia, artes visuais e performance com inúmeras apresentações. Olhando apenas para os últimos anos, em 2017 expôs Watercourse na Galeria 111, com Joana Fervença, e participou em Encontros para Além da História, sob o tema As Magias (no Centro Internacional de Artes José de Guimarães). Em 2019, realizou uma exposição/retrospetiva individual na galeria ZDB em Lisboa, com a curadoria de Natxo Checa.
Já em 2020, publicou o quinto livro de poesia, O Agitador e a Corrente, escrito a quatro mãos, com a artista e poeta Mumtazz, na editora Mariposa Azual. Participou também na exposição coletiva: Festa.Fúria.Femina obras da coleção FLAD. No museu MAAT.
Em 2021, participou no festival BOCA, bienal de arte contemporânea (performance, artes visuais, música) com António Poppe e La Familia Gitana música e performance, e ainda, com Andréia Santana também numa performance overlaps riddles and spells. Já atuou e/ou expôs em múltiplos espaços como o Museu de Serralves, a Galeria ZDB, a Galeria 111, a Culturgest, a Fundação Carmona e Costa, entre outros. Para além da escrita de livros e dos recitais de poesia, dá aulas de desenho e faz meditação.
Fonte: Notícias U.Porto
|
|
|
|
|
|
|
|
From Wisdom to Data: Depois da exposição, o livroFrom Wisdom to Data foi lançado no dia 21 de fevereiro, na Galeria da Biodiversidade - Centro Ciência Viva do MHNC-UP. Obra reúne as diferentes abordagens, perspetivas e contextos em que se desenvolveu o projeto From Data to Wisdom. Foto: DR
A Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (U.Porto) acolheu, no passado dia 21 de fevereiro, a sessão de lançamento do livro From Wisdom to Data. Philosophical Atlas on Visual Representations of Knowledge. Editado pela U.Porto Press, o livro surge no enquadramento do projeto de investigação e da exposição From Data to Wisdom, que está patente, até 31 de março, na Galeria da Biodiversidade. Nele, reúne-se, num único volume, a multiplicidade de abordagens, perspetivas e contextos em que o projeto de investigação foi desenvolvido no Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras U.Porto.
Um dos resultados teóricos alcançados é a ideia de que as visualizações contemporâneas abandonaram o desejo de uma representação absoluta, sintetizadora, em favor de uma representação que é imperfeita, ou seja, está sempre “em construção”. A própria ideia de que as visualizações de dados são representativas, isto é, que se referem à “realidade,” também tem sido amplamente discutida e criticada.
A apresentação da obra esteve a cargo de José Meirinhos, Professor Catedrático e diretor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) e coinvestigador principal do projeto, e de Alberto Romele, um dos editores do livro e investigador pós-doutorado no Instituto de Filosofia da U.Porto. Durante a sessão, Dario Rodighiero, também editor da obra, entrevistou Manuel Lima, membro da Royal Society of Arts, fundador de Visualcomplexity.com, User Experience Senior Manager na Google e professor de visualização de dados na Parsons School of Design. Seguiu-se uma conversa informal entre os editores do livro, os curadores da exposição e a assistência.
Os editoresJosé Higuera é investigador do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigador principal do projeto From Data to Wisdom. Estuda as transformações concetuais na história da ciência e da filosofia a partir de uma perspetiva de longo prazo. Publicou obras nas quais trabalhou os fatores da “continuidade regressiva” – do moderno ao medieval – em temas como a matematização da natureza, a teoria do conhecimento, a representação das ciências e a divisão das disciplinas e a sua transformação performativa. Alberto Romele é investigador associado do International Center for Ethics in the Sciences and Humanities, na Universidade de Tübingen, na Alemanhã, e investigador pós-doutorado no Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. Foi professor associado de filosofia na Universidade Católica de Lille. A sua investigação centra-se em filosofia da tecnologia, hermenêutica digital e imaginários tecnológicos. É autor da monografia Digital Hermeneutics.
Dario Rodighiero é designer. Trabalha na interseção entre design de conhecimento, humanidades digitais e inteligência artificial. É afiliado sénior do MetaLab, um laboratório orientado para o design e para a experimentação em artes e humanidades, e afiliado do Berkman Klein Center for Internet & Society da Universidade de Harvard.
Celeste Pedro é designer de comunicação formada na Faculdade de Belas Artes da U.Porto, com um mestrado em Design e Intermédia pela Universidade de Barcelona. Atualmente é investigadora de pós-doutoramento no projeto From Data to Wisdom, no Instituto de Filosofia. Nos últimos anos especializou-se em livros impressos antigos e paleografia, no contexto da sua investigação de doutoramento.
Fonte: Notícias U.Porto
|
|
|
|
|
|
|
Fevereiro | Março na U.Porto
|
Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
|
|
|
|
|
Despojos. Prolongamento da MemóriaEntrada livre. Mais informações aqui
|
|
|
|
Música na Cidade | Concerto Kla-Vier DuoEntrada livre. Mais informações aqui
|
|
|
|
|
|
CAPRICHOS de Manuel Casimiro, com textos de Michel ButorEntrada live. Mais informações aqui
|
|
|
|
Residência Artística de Poesia com António PoppeResidência Artística | ICBAS, FCUP, FEP Mais informações e inscrições aqui
|
|
|
|
|
|
UMA HOMENAGEM A MARIA ARCHER NO 40.º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTEExposição | Galeria da Biodiversidade
Entrada livre. Mais informações aqui
|
|
|
|
FROM DATA TO WISDOM Exposição | Galeria da Biodiversidade
|
|
|
|
|
|
Depositorium 2 Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
|
|
|
|
Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construçãoExposição | Fundação Marques da Silva
|
|
|
|
|
|
Anatemnõ Exposição | Casa-Museu Abel Salazar
|
|
|
|
CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
|
|
|
|
|
|
Rui Moreira veio conhecer os "tesouros" da Universidade
|
Visita do Presidente da Câmara do Porto ao Polo Central do MHNC-UP serviu para acertar futuras parcerias com o Museu da Cidade.
|
O Presidente da Câmara do Porto (CMP), Rui Moreira, visitou no passado dia 10 de fevereiro o Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Acompanhado pelo Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, o autarca conheceu parte do acervo do MHNC-UP e visitou o Laboratório Ferreira da Silva. Pelo caminho, acertaram-se futuras parcerias entre o MHNC-UP e o Museu da Cidade. Fonte: Notícias U.Porto
|
|
|
|
Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
|
|
|
|
“Esta cultura de rejistença i ls pedamiegos que la aguántan, son ardança nuossa i frol de la denidade de la nuossa giente.”
|
|
|
|
|
Doutores Honoris Causa da U.Porto
D. Ximenes Belo, José Luís Ramos-Horta e Xanana Gusmão
|
A 31 de outubro de 2000, por proposta da Faculdade de Letras, três personalidades timorenses fulcrais no ato de autodeterminação de Timor Leste que conduziu à formação de um estado soberano – D. Ximenes Belo, bispo de Timor; o político e jurista Dr. José Ramos Horta e o político Kay Rala Xanana Gusmão – receberam o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto.
O elogio de D. Ximenes Belo foi proferido pelo Professor Doutor Luís de Oliveira Ramos, e o do seu padrinho, sua Excelência Reverendíssima D. José Policarpo, pelo Professor Doutor Custódio Gonçalves.
O elogio do Dr. José Ramos Horta foi apresentado pelo Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva e o do padrinho do doutorando, o Dr. José Manuel Durão Barroso, pelo Professor Dr. Manuel Gomes da Torre.
O Professor Doutor Ivo Carneiro de Sousa, por sua vez, proclamou o elogio de Xanana Gusmão, e o do seu padrinho, Sua Excelência o Primeiro Ministro Eng.º António Guterres, foi realizado pelo Professor Doutor António de Sousa Pedrosa.
|
Carlos Filipe Ximenes Belo, filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, nasceu em Wailacama-Venasse, Baucau, Timor Oriental, a 3 de fevereiro de 1948. Nos anos 50 e 60 estudou na Escola Masculina da Missão de Baucau, no Colégio de Ossu e no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Díli. Já em Portugal, continuou os estudos e seguiu a vida religiosa nos salesianos (aspirante em Mogofores, 1969-1970, postulantado na Escola Salesiana do Estoril 1971-1972, profissão religiosa salesiana em 1973 e profissão perpétua em 1978).
Estudou filosofia no ISET, em Lisboa (1973-1974). Realizou estágios pedagógicos em Fatumaca, Timor (1975) e Macau (1976). Estudou Teologia na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa (1977-1979), e licenciou-se na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma (1979-1981).
Foi ordenado sacerdote em 1980, em 1981 era Mestre de Noviços, em 1983 foi nomeado Administrador Apostólico de Díli e, em 1988, foi ordenado bispo. Entre 1981 e 1983, lecionou em Fatumaca.
Na homenagem da cidade de Díli a Nossa Senhora de Fátima (1983) e na Conferência Episcopal da Indonésia (1984), D. Ximenes Belo denunciou as atrocidades cometidas pelos invasores indonésios em Timor. Solicitou a intervenção do secretário-geral das Nações Unidades em defesa do povo timorense e, na sequência do massacre de Santa Cruz (12 de novembro de 1991), acolheu inúmeros fugitivos das tropas indonésias. Em consequência destes atos deram-se vários atentados contra a sua vida.
A violência aumentou depois do referendo sobre a autodeterminação dos timorenses, em agosto de 1999, que decidiu em favor da independência do território. Multiplicaram-se os ataques de milícias integracionistas à residência de D. Ximenes Belo, que acabaram por conduzir à sua saída de Timor Leste.
As distinções que D. Ximenes Belo tem recebido ao longo das últimas décadas são demonstrativas da reputação que goza a nível internacional. Foi galardoado com o prémio John Humphrey (Montreal, 1995), o prémio Óscar Romero (Roma, 1996), o prémio Nobel da Paz (Oslo, 1996), os prémios Della Pace (Taranto, 1997 e Ostuni, 1998) e o prémio Internazionale della Testimonianza (Vibo Valentia, 1998) e ainda com a Grã-cruz da Ordem da Liberdade da República Portuguesa (1998), as chaves de ouro das cidades de Leiria (1997) e de Lisboa (2000) e as medalhas de ouro de Alcoutim (1997) e de Ovar (2000).
É cidadão honorário de Florença (2000), Doutor honoris causa pelas universidades de Yale (E.U.A, 1997), Pontifícia Salesiana (Roma, 1998), Federal do Rio de Janeiro (2000), Católica de Brasília (2000), Pontifícia de Campinas (2000), Católica de Providence (Taichung, Formosa, 2000) e pela Universidade do Porto.
José Luís Ramos-Horta nasceu a 26 de dezembro de 1949 em Díli, Timor-Leste. É filho de um sargento português da Figueira da Foz, deportado para Timor, e foi educado numa missão católica. É formado em Direito Internacional pela Academia de Direito Internacional de Haia, Holanda, e pela Universidade de Antioch, nos E.U.A.
Em 1974 fundou a Associação Social-Democrata Timorense (ASDT), depois transformada na Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), de que foi Secretário para as Relações Externas e Informação.
Durante a independência de Timor-Leste, declarada unilateralmente pela FRETILIN em 1975, ocupou o cargo de ministro das Relações Externas e Informação. A 7 de dezembro desse ano deu-se a invasão Indonésia, a que Ramos-Horta não assistiu por se encontrar ausente, em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, onde representava a FRETILIN.
Desde 1976 que se dedica ao estudo dos Direitos Humanos, das Relações Internacionais e da Diplomacia, tendo frequentado universidades norte-americanas, francesas, inglesas e australianas.
Representou o Conselho Nacional de Resistência Maubere (CNRM) entre 1991 e 1998, depois da prisão do presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense, Alexandre Gusmão (Xanana Gusmão). Em 1992 tornou-se seu representante e, em 1998, assumiu a vice-presidência do CNRT.
Viveu no exílio entre 1975 e 1999 – em Portugal, na Austrália e nos E.U.A – como porta-voz da resistência timorense à ocupação indonésia. Em 1992 apresentou ao Parlamento Europeu um plano do CNRM para a paz, que previa o processo de transição para a autodeterminação do povo timorense, na sequência do qual foi indigitado ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de transição em Timor-Leste (2000- 2006).
Fixou residência na Austrália em 1990, onde lecionou e dirigiu o Centro de Formação Diplomática na Universidade de Nova Gales do Sul, em Sidney.
Em 2007 foi eleito presidente da República de Timor-Leste, sem o apoio da FRETILIN (partido que abandonou em 1989), e, no ano seguinte, foi vítima de um atentado perpetrado a 9 de fevereiro por um grupo rebelde liderado por Alfredo Reinaldo, que o deixou gravemente ferido.
Em 1996 foi distinguido, juntamente com D. Ximenes Belo, com o Prémio Nobel da Paz.
Ramos-Horta tem cidadania portuguesa e é católico. Fala Tetun, Português, Inglês, Francês e Mandarim e compreende outras línguas faladas em Timor-Leste. É apreciador de cinema, de música clássica e jazz, de ténis, do campo e de vilas pequenas.
Xanana Gusmão, filho do professor Manuel Gusmão, nasceu a 20 de junho de 1946, em Laleia, distrito de Manatuto, Timor-Leste, onde passou a infância. Frequentou a Escola Primária Santa Teresa, em Ossu, Viqueque, o Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Dare, e o Liceu Dr. Francisco Vieira, em Díli. Enquanto fazia os estudos liceais começou a trabalhar como topógrafo e a ensinar na Escola Chinesa de Díli.
Em 1966 ingressou na Administração Pública e, entre 1968 e 1970, serviu o Exército Português. Em 1974 passou a colaborar com o periódico A Voz de Timor e aderiu à Associação Social Democrata (ASDT), que rapidamente se transformou na Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), na qual desempenhou as funções de diretor adjunto do Departamento de Informação.
Depois da invasão militar de Timor-Leste pela Indonésia, em 1975, e da morte do presidente da FRETILIN, em 1978, Xanana Gusmão assumiu a reorganização da luta pela independência. Em 1981, organizou a I Conferência Nacional da FRETILIN, que o elegeu Líder da Resistência e Comandante em Chefe das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL) e, em Março de 1983, iniciou negociações com as Forças Armadas Indonésias (ABRI/TNI), que possibilitaram o cessar-fogo que se manteve até agosto desse ano. Lançou então a Política de Unidade Nacional, desenvolveu a Frente Clandestina e instituiu o Conselho Nacional de Resistência Maubere (depois renomeado Conselho Nacional de Resistência Timorense).
Xanana Gusmão foi aprisionado pelas Forças Armadas Indonésias, em Díli, depois de 17 anos de guerrilha e do Massacre de Santa Cruz (1991). Na sequência do seu julgamento, que teve lugar em 1993, foi transferido para a cadeia de Semarang, na Indonésia e, depois, para Cipinang. Durante o período passado no cárcere, desenhou estratégias de resistência, estudou línguas (indonésia e inglesa) e Direito e dedicou-se à poesia e à pintura.
Em 1988, na Convenção Nacional Timorense, foi reafirmada a sua liderança da Resistência Timorense e foi aclamado Presidente do CNRT. Em fevereiro de 1999 passou ao regime de prisão domiciliária, tendo sido libertado no mês de setembro desse ano.
No I Congresso Nacional do CNRT (Díli, 2000), Xanana Gusmão foi eleito presidente do CNRT / Congresso Nacional e, entre novembro de 2000 e abril de 2001, foi porta-voz do Conselho Nacional. Depois da dissolução do CNRT (junho de 2001), colaborou com a Associação de Veteranos da Resistência. Foi presidente de Timor-Leste entre abril de 2002 e maio de 2007 e é primeiro-ministro desde 2007.
Xanana Gusmão tem sido agraciado com vários prémios e condecorações - o prémio Timorense de Poesia (1975), o prémio Sakharov do Parlamento Europeu (1999), o prémio da Paz de Kwangju (Coreia do Sul, 2000), o prémio da Paz de Sydney (2000), o prémio Norte-Sul (União Europeia, 2002), o prémio da Paz Félix Houphouët-Boigny (UNESCO, 2002), o prémio das Crianças Amigo Adulto Honorário (Suécia, 2002), o prémio Caminho para a Paz (Fundação Caminho para a Paz, 2003), o prémio Liderança com Integridade (“International Herald Tribune”, 2003), o Prémio Estrelas da Ásia (Business Week, 2003).
É “Cidadão Honorário” do Brasil (1995), de S. Paulo (1998) e de Lisboa (2000); membro da “Ordem da Liberdade” (Portugal, 1998) e da “Ordem de Mérito” (Nova Zelândia, 2000); oficial da “Ordem de Mérito José Bonifácio”, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2000); cavaleiro honorário da “Grã Cruz da Ordem de S. Miguel e S. Jorge” (2003); Doutor honoris causa pela Universidade Lusíada (1999), pela Universidade do Porto (2000), pela Universidade de Victoria (2003), pela Universidade de Takushoku (2006) e pela Universidade Nacional Suncheon (2004); Grande Colar da “Ordem do Cruzeiro” (Brasil, 2002) e da “Ordem do Infante” (Portugal, 2006) e detentor da medalha da Vice-presidência da Republica Federal do Brasil (2000).
Sobre D. Ximenes Belo (up.pt) Sobre José Luís Ramos-Horta (up.pt)
Sobre Kay Rala Xanana Gusmão (up.pt) Repositório Aberto da Universidade do Porto: Doutoramento Honoris Causa de D. Carlos Filipe Ximenes Belo (up.pt)
Repositório Aberto da Universidade do Porto: Doutoramento Honoris Causa do Dr. José Ramos Horta (up.pt)
Repositório Aberto da Universidade do Porto: Doutoramento Honoris Causa de Kay Rala Xanana Gusmão (up.pt)
|
|
|
|
|
Copyright © *2020* *Casa Comum*, All rights reserved. Os dados fornecidos serão utilizados apenas pela Unidade de Cultura da Universidade do Porto para o envio da newsletter da Casa Comum, bem como para divulgação futura de iniciativas culturais. Se pretender cancelar a recepção das nossas comunicações, poderá fazê-lo a qualquer momento para o e-mail cultura@reit.up.pt, ou clicar em Remover. Após o que o seu contacto será prontamente eliminado da nossa base de dados. Quaisquer questões sobre Proteção de Dados poderão ser endereçadas a dpo@reit.up.pt.
|
|
|
|
|