ANTI-SOLUCIONISMO
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Recentemente, um amigo emprestou-me um livro que lhe tinha sido oferecido por um outro amigo. Gosto desta ideia de rede de leituras: só oferecemos livros de que gostamos e quando os emprestamos a alguém é porque sabemos que lhe vai acrescentar valor. Peguei no livro para o ler, sentindo a presença desses amigos. Éramos três: uma pequena comunidade de leitores. Nunca tinha lido nada da filósofa espanhola Marina Garcés e sentia-me entusiasmada pelo título – Novo Iluminismo Radical – que lhe valeu, em 2018, o Prémio Cidade de Barcelona, na categoria Ensaio, Ciências Socias e Humanidades. Logo nas primeiras páginas, percebi que aquele livro amarelo e esguio condensava uma nova forma de pensar. Detive-me nas linhas em que Garcés descreve o “desprestígio” em que caíram, nos nossos dias, “a educação, o saber e a ciência” – uma situação de que só se salvam quando apresentam “soluções concretas para a sociedade: soluções laborais, soluções técnicas, soluções económicas”.
“O solucionismo”, defende Garcés, “é a justificação de um saber que perdeu o apanágio de nos tornar melhores, como pessoas e como sociedade. Já não acreditamos nisso e, por essa razão, pedimos soluções e mais soluções.”
No sofá, com o livro aberto encostado ao peito, percebi que a crítica da filósofa faz sentido: é por não conseguirmos já equacionar a hipótese de nos “tornarmos melhores enquanto pessoas e enquanto sociedade” que nos sentimos obrigados a dar um sentido à educação, encarando-a como um instrumento para obtermos soluções. Estava a pensar em como esta instrumentalização do saber afeta, em particular, as Artes e as Humanidades, quando fui distraída por uma mensagem de Whatsapp de um amigo físico com um link para um vídeo. “De forma muito levezinha, como sabes, tenho abordado isto”, dizia-me este amigo na mensagem. O link conduziu-me a um excerto de uma sessão do Institute of Arts and Ideas, que anualmente organiza, no Reino Unido, o Festival HowTheLightGetsIn, com músicos e filósofos de todo o mundo. Nesta sessão, em particular, o tema era a física e a sua capacidade para explicar a realidade.
“Podemos imaginar uma teoria final? Não podemos”, ouvimos Avshalom Elitzur afirmar no vídeo. “Antes, pensava-se que a teoria do Big Bang explicava tudo. Mas depois de termos a teoria, começámos a pensar: o que será que havia antes do Big Bang? Para os cosmologistas, essa é uma questão em que não podemos pensar, pois o tempo terá sido criado naquele momento, mas esse facto não retira mistério à questão. Na verdade, torna-a ainda mais misteriosa.” Mais adiante, no vídeo, vemos Claudia de Rham defender: “Aceitamos hoje a ideia de que atingimos um ponto em que a nossa capacidade para compreendermos a realidade é apenas uma aproximação à realidade e não uma explicação definitiva”.
Confortou-me constatar que a investigação que é promovida nas ciências fundamentais não tem como objetivo a obtenção de respostas definitivas, mas modelos de aproximação à realidade. É que é precisamente o mistério – perguntas como “o que haveria antes do Big Bang?” – que continua a maravilhar físicos e filósofos e os faz continuar a procurar. Pousei o telemóvel. Afinal, a mensagem de WhatsApp não me distraíra do livro, antes iluminara o sentido da crítica de Garcés.
Claro que precisamos de soluções (técnicas, laborais, económicas) para a nossa vida, refleti, mas a nossa capacidade para pensarmos para lá das questões práticas é uma característica fundamental da nossa humanidade. Tenho de recomendar a leitura de Garcés ao meu amigo físico, pensei. E regressei ao livro amarelo e esguio, satisfeita com a ideia de que, em breve, seremos quatro – e assim, aos poucos, se irá alargando a nossa pequena comunidade.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus .
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Vamos ler literatura italiana?
O Clube de Leitura Italiano 2025 , iniciativa da ASCIP Dante Alighieri, em parceria com a Casa Comum, vai decorrer de fevereiro a dezembro, nas duas instituições. Inscrição gratuita. As sessões do Clube de Leitura Italiano visam promover a troca de ideias e reflexões a partir das seis obras propostas. Foto: DR
O comboio das crianças, de Viola Ardone, Tasmânia, de Paolo Giordano, Mais alto do que o mar, de Francesca Melandri, Vita, de Melania G.Mazzucco, Cristo parou em Eboli, de Carlo Levi, e Alma, de Federica Manzon, são as seis propostas do Clube de Leitura Italiano que vai decorrer de fevereiro até dezembro. A iniciativa é da ASCIP Dante Alighieri, em parceria com a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. São seis títulos de autores italianos publicados em português, entre eles Cristo parou em Eboli, de Carlo Levi. Neste ano em que assinalamos 50 anos sobre a morte do autor, é pertinente recordarmos este que é um dos mais importantes romances do cânone italiano de literatura realista contemporânea. A mais recente edição portuguesa (Livros do Brasil, 2022) tem tradução de Jacinto Lucas Pires, galardoado com o Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães. Mas esta é uma proposta que fica mais para a frente. Para já, damos-lhe tempo para que se possa concentrar no livro do mês de fevereiro.
O comboio das crianças será o pretexto para o encontro do próximo dia 20 de fevereiro, às 19h00, na sede da ASCIPDA (à Rua da Restauração, 409, Porto 44050-506). Através do olhar de um menino de sete anos, este livro de Viola Ardone coloca-nos perante o cenário do pós-segunda Grande Guerra.
Decorre o ano de 1946 e Amerigo está de partida. Juntamente com milhares de outras crianças do sul de Itália, vai deixar Nápoles, a cidade onde sempre viveu, para fazer uma viagem de comboio em direção ao norte. Integra, tal como tantas outras crianças desfavorecidas, um programa de adoção por famílias de classe média-alta do norte de Itália. É com ele que iremos assistir a uma Itália que renasce da guerra, mas não só. Este é também um livro sobre a tomada de decisões. E a descoberta de novos destinos.
Nascida em Nápoles, em 1974, Viola Ardone é professora de italiano e latim. Publicou o primeiro livro, La ricetta del cuore in subbuglio, em 2012, seguido por Una rivoluzione sentimentale em 2016. Foi, no entanto, em 2019, com O comboio das crianças que alcançou sucesso internacional.
O livro já foi traduzido para mais de trinta línguas e venceu o Premio Letteratura em 2020. Foi, entretanto, adaptado para o cinema, em 2024, com um trabalho de realização de Cristina Comencini.
O comboio das crianças, de Viola Ardone, vendeu mais de 145 mil exemplares em Itália. (Foto: DR)
Clube de Leitura Italiano 2025
O desejo de aumentar a comunidade de leitores e de fazer com que a literatura seja o ponto de partida para uma troca de ideias e reflexões é o grande objetivo destas sessões que irão acontecer em “língua híbrida”, entre o italiano e português, indo ao encontro das preferências de cada participante. O convite à participação é aberto a todos, a quem já leu, a quem vai ler, e a quem quer descobrir os livros antes de os ler. No fundo, este é um desafio para entrar nesta viagem pelos livros, acompanhado.
O Clube de Leitura da ASCIP Dante Alighieri existe desde 2019 e visa promover a literatura italiana, com particular atenção à produção contemporânea, sem esquecer os clássicos mais recentes.
A entrada na sessões é gratuita, embora sujeita a inscrição obrigatória.
Mais informações
Fonte: Notícias U.Porto
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Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Pedra, Papel, Guerra — Arqueologia da Litografia em Portugal
Exposição | Reitoria da U.Porto Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui
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7 contos esculturas | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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AC/BC: Ciclo de cinema húngaro (antes e depois do Covid )
07, 14, 21 e 28 FEV'25 | 18h00 Entrada Livre. Mais informações aqui
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O Design em Portugal, Trabalho e Economia Criativa, de Pedro Quintela
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Club di Lettura Italiano 2025 | Clube de Leitura Italiano 2025
20 FEV, 02 ABR, 12 JUN, 17 SET, 29 OUT e 11 DEZ'25 | 19h00 Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui
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AstroGeoFest – Feira de Minerais, Fósseis e Meteoritos
Feira, atividades de serviço educativo| Planetário do Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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PAISAGENS CONSTRUÍDAS
Exposição | Fundação Marques da Silva
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Ensaios | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Corredor Cultural
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Planetário do Porto acolhe o AstroGeoFest - Feira de Minerais, Fósseis e Meteoritos
A feira, que se realiza pela primeira vez nos espaços do Planetário do Porto, oferece também um diversificado programa paralelo de atividades e palestras. Pela primeira vez no Planetário do Porto, irá realizar-se de 13 a 16 de fevereiro, o AstroGeoFest, evento que pretende desenvolver e promover o interesse pelas geociências, a paleontologia e a astrogeologia, a partir de atividades didáticas, palestras, exposições e com a possibilidade de aquisição de amostras. Pretende-se que seja um evento que divulgue a beleza natural e geológica do nosso país, do nosso planeta e as origens do nosso Sistema Solar. Neste evento, participam ainda geoparques, empresas de geoturismo e de desenvolvimento sustentável, atividade mineira e de exploração de água. Dirigida a escolas e ao público em geral, a feira oferece uma grande diversidade de património natural — minerais, fósseis e pedras preciosas —, sendo ainda possível encontrar objetos manufaturados de ourivesaria, gemas, assim como instrumentos e ferramentas de trabalho.
O AstroGeoFest reunirá especialistas, colecionadores e entusiastas de vários países, dando a conhecer a fascinante história do nosso planeta através de minerais incríveis, fósseis únicos e rochas extraterrestres, convidando o público a explorar a riqueza geológica, paleontológica e astrogeológica. Programa paralelo
A AstroGeoFest oferece ao público um programa paralelo muito diversificado, para todas as idades e interesses, desde atividades experimentais ao ar livre e palestras a filmes imersivos na cúpula do Planetário. Os visitantes poderão aprender a batear ouro com o geólogo Miguel Couto, numa atividade ao ar livre que decorrerá diariamente de manhã e ao princípio da tarde. A programação contará também com várias palestras e workshops, onde especialistas irão partilhar os seus conhecimentos sobre temas como O turismo em espaços rurais e naturais (por Ana Filipa Rainho, da APTERN), O património geológico (por Mónica Sousa, da Associação Portuguesa de Geólogos), A importância dos recursos minerais para a sociedade (por Igor Morais, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia), Os metais do futuro e a sua importância na transição energética (por Alexandre Lima, da Faculdade de Ciências da U. Porto), A escala de Mohs e as aplicações dos minerais (por Marta Mateus, geóloga), As rochas ornamentais e industriais no nosso dia-a-dia (por Martim Vilas Moranguinho, geólogo), Os fósseis de Valongo e Arouca (por Helena Couto, da Faculdade de Ciências da U. Porto), As mudanças climáticas ao longo da história da Terra (por Luís Vítor Duarte, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da U. Coimbra), As arribas e a erosão costeira (por João Russo, da Agência Portuguesa do Ambiente), Os segredos magnéticos da Terra (por Helena Sant'Ovaia, da Faculdade de Ciências da U. Porto), As histórias por detrás dos minerais (por Frederico Sodré Borges, da Faculdade de Ciências da U. Porto) e Uma "caça" aos micrometeoritos (atividade experimental para famílias dinamizada por Filipe Pires, do Planetário do Porto – CCV). Para terminar, os visitantes poderão assistir ao surpreendente filme imersivo de planetário Vida: uma história Cósmica.
O programa inclui também uma exposição de coleções de minerais e fósseis provenientes de diversas partes do mundo e de meteoritos provenientes da formação do nosso Sistema Solar. Será também promovido um concurso para escolas, que desafia professores e alunos a criarem um poster alusivo a um percurso de interesse geológico, paleontológico ou astronómico.
O programa e os horários das atividades paralelas poderão ser consultados AQUI.
O Planetário do Porto – CCV irá acolher o AstroGeoFest nos dias 13, 14, 15 de fevereiro, das 10h00 às 19h30 e no dia 16 de fevereiro (domingo), das 10h00 às 17h30.
A entrada na feira e nas atividades do programa paralelo é gratuita.
Mais informações em: https://www.planetario.up.pt/pt/evento/AstroGeoFest25
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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137. Os Bens que Vêm por Mal?, Regina Guimarães
“Os Bens que Vêm por Mal?”, de Regina Guimarães, in Levantamento, 29 de janeiro de 2024 – 29 de fevereiro de 2024. 138. Microcosmética, Regina Guimarães
“Microcosmética”, de Regina Guimarães, in Levantamento, 29 de janeiro de 2024 – 29 de fevereiro de 2024.
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93. L “Nabarrico”: Marie Stebes, de Pruoba
J"Sabeis que se dában las roscas nos casamentos? L miu tiu ganhaba-las todas, corrie muito. Apuis anton, quando bieno a ber l “Nabarrico” – el staba an Pamplona a trabalhar i you tamien, apuis bin a tener l garoto an casa de mie mai – Caramona i Salazar nun deixában passar a naide pa la Spanha. Isto era la PIDE. Apuis l garoto naciu i el bieno, mas nun podie passar. Tubo que passar na raia de Fornielhos a pie, i you tamien, cula barriga grande, passemos por un cerrado que teniemos nos nagonalhos, a passar para Costantin, a pie.”Antrebista a Marie Stebes, de Pruoba (Maria Esteves, de Póvoa, Miranda do Douro), abril de 2022 – Porjeto Ourrieta las Palabras
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Alunos Ilustres da U.Porto
António Teixeira Lopes
António Teixeira Lopes (1866-1942)
António Teixeira Lopes nasceu em Vila Nova de Gaia a 27 de outubro de 1866, numa modesta casa próxima da Fábrica Cerâmica das Devesas. Era filho de José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), ceramista e escultor, e de Raquel Pereira Meireles Teixeira Lopes, naturais da freguesia de São Mamede de Ribatua do concelho duriense de Alijó. Foi batizado a 12 de novembro de 1866, na Igreja Matriz de Santa Marinha, tendo por padrinho o industrial António de Almeida Costa. Iniciou a aprendizagem de escultura na oficina paterna e teve o seu primeiro emprego na Fábrica de Cerâmica das Devesas.
Em 1881, numa visita com pai à I exposição coletiva do Centro Artístico Portuense, no Palácio de Cristal, descobriu a sua vocação, quando viu a escultura Flor Agreste de Soares dos Reis.
No ano seguinte ingressou na Academia Portuense de Belas Artes, sem, no entanto, deixar de trabalhar. Nesta escola foi aluno dos mestres Marques de Oliveira e Soares dos Reis.
Depois de terminar o curso, em 1884, com a classificação de dezassete valores, concorreu ao pensionato em Paris, em 1885, mas estranhamente perdeu o concurso para Tomás Costa. Apesar deste contratempo, acabou por prosseguir os estudos na cidade luz, na companhia de José de Brito. António beneficiava de uma subscrição particular para estudar Escultura, enquanto José detinha uma bolsa do rei, para o aperfeiçoamento de Pintura. O seu pai acompanhou-o.
Em Paris recebeu ensinamentos de Paul Berthet e no Salon admirou as obras de Rodin, Merci, Falguière e Barrias. Frequentou a Escola de Artes Decorativas, dirigida por Gautier, mas o ensino aí praticado desiludiu-o. Por esse motivo realizou as provas de admissão às Belas-Artes, nas quais se classificou em primeiro lugar. Inscreveu-se então no curso de Escultura, onde teve aulas com Matias Duval e Ivan. Em 1886 alcançou um primeiro prémio num concurso de ronde-bosse e fez férias em Portugal.
Infância de Caim, escultura de António Teixeira Lopes (1866-1942), em mármore de Carrara, datada de 1890, da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis.
De volta à capital francesa participou no Salon com Retrato de criança, em 1887. No ano seguinte repetiu a experiência com Ofélia e o botão de Rosa. Em 1889 ganhou menções-honrosas com as obras Comungante e Caim, e com A Viúva obteve uma medalha de ouro de terceira classe, no Salon de 1890. No Salon de 1891 apresentou Criança napolitana, no de 1892 os bustos da Condessa de Valenças e de Madame Michon, e no de 1893 expôs a versão em bronze de A Viúva, obra que em 1896 recebeu uma medalha de ouro em Berlim. As suas influências artísticas foram predominantemente francesas, mas também seguiu a escultura de Donatello.
Em 1891 estreou-se a expor individualmente no Palácio da Bolsa, no Porto, lugar onde voltou a mostrar a sua obra com Veloso Salgado, em 1892. Nos anos seguintes continuou a expor, também em Lisboa, e a sua obra foi novamente premiada.
Em 1893 o escultor casou com Adelaide Fontes. Mas este enlace, contudo, durou apenas um dia, após o qual devolveu a esposa à família. Mais tarde, a partir de 1903 desenvolveu uma relação mais feliz com Aurora, a sua principal modelo.
O sucesso alcançado pelas suas obras permitiu-lhe contactar e conviver com a nobreza, nomeadamente com o rei D. Carlos e o seu irmão D. Afonso, e com a duquesa de Palmela, camareira de D. Amélia, que lhe encomendou uma escultura da Rainha Santa, em 1895, destinada a Santa Clara-a-Nova de Coimbra.
Nesse ano, o seu irmão, José Teixeira Lopes (1872-1919), projetou a seu pedido uma Casa-Atelier, na Rua Marquês Sá da Bandeira, no centro de Vila Nova de Gaia, solenemente inaugurado a 27 de Junho de 1896 com a exposição da estátua de madeira pintada da Rainha Santa.
Em 1897 recebeu do Brasil uma grande encomenda. Foi incumbido de produzir as três portas da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, do Rio de Janeiro.
Entre 1899 e 1904 executou três obras de inegável qualidade e impacto: o monumento fúnebre de Oliveira Martins — A História — para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa; o monumento de homenagem ao horticultor e floricultor José Marques Loureiro, colocado no Jardim da Cordoaria, no Porto, e composto por uma alegoria, a Flora, e um busto do homenageado; e o monumento de Eça de Queiroz, para o Largo Barão de Quintela em Lisboa.
Em 1900 criara Santo Isidoro e uma Agricultura para a Exposição Universal de Paris. Nessa exposição expôs também A Dor, A História e Raquel, tendo obtido um grand prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra.
O triunfo em Paris fortaleceu o seu sucesso e fez dele o natural sucessor de Soares dos Reis. Por isso, em 1901 assumiu o lugar de professor da academia portuense, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação), embora tenha, temporariamente, sido interrompido entre 1916 e 1918.
A sua carreira, no entanto, não se fez somente de sucessos. O escultor lamentou a perda do concurso para o monumento do Infante D. Henrique, a projetar na praça portuense do mesmo nome, ganho pelo eterno rival Tomás Costa, e o chumbo da sua proposta para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, preterida pela obra do santeiro José Ferreira de Tedim também não o deixou indiferente.
Em 1933, a Casa-Atelier de Teixeira Lopes foi doada à Câmara Municipal de Gaia, com a condição de o artista aí residir até ao fim dos seus dias.
Morreu em São Mamede de Ribatua, no dia 21 de junho de 1942.
O testamento de 1939 fez seu principal herdeiro o sobrinho José Marcello Teixeira Lopes, filho do irmão José e de Joana Maria Emília Bégaut. Naquele documento também constituía como herdeiras as irmãs (Adelaide, Emília e Maria Raquel), outros dois sobrinhos (António Júlio e Manuel Ventura Teixeira Lopes), a cunhada Emília Ernestina, e determinou que se entregassem 3 contos à Academia de Belas Artes do Porto, para premiar anualmente o melhor aluno de escultura; contemplou ainda o caseiro das propriedades durienses, Joaquim Manuel de Castro, as serviçais da casa de Gaia, e os pobres das freguesias de Mafamude e de São Mamede de Ribatua, a quem doou 1000$00.
Sobre António Teixeira Lopes (up.pt) Retrato de António Teixeira Lopes (cm-gaia.pt)
Infância de Caim (mnsr.museusemonumentospt.pt)
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