LONGE DA ESTRADA
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É daqueles filmes que exigem que nos assumamos como “espectadores emancipados”, como diz Jacques Rancière. Porque o filme não nos entrega a narrativa pronta; não nos impõe um significado; não nos ensina – antes nos convoca. Esse repto torna-se muito óbvio logo no início do filme, e por isso cedo reagi: não vi o filme – imergi nele. A história de Longe da Estrada é fácil de contar: Victor Segalen, médico naval, romancista, poeta, etnógrafo, sinólogo e arqueólogo, chega, em 1903, a Hiva’AO, na Polinésia Francesa, com o objetivo de conhecer Paul Gauguin. O pintor morrera, contudo, três meses antes. O filme aproxima-se, a partir daí, do registo de um documentário sobre o trabalho etnográfico de Segalen, que, enquanto dá consultas à comunidade local, recolhe telas e escritos de Gauguin, analisa vestígios documentais, realiza entrevistas, investe numa observação participante e regista experiências. Seguimos Segalen espreitando sempre por cima do seu ombro, a uma distância suficiente para nos apercebermos de que, para ele, compreender Gauguin é tentar entender-se a si próprio.
À projeção do filme seguiu-se uma conversa com os realizadores. Bernardo Pinto de Almeida, convidado a tecer um primeiro comentário, ofereceu uma imagem interpretativa que seria revisitada ao longo da conversa. “O filme”, afirmou o professor catedrático da Faculdade de Belas Artes, “é construído à volta de um vazio que não chega nunca a ser preenchido. Faz um contorno à volta de Gauguin, replicando o contorno que Gauguin fazia das mulheres que pintava. Victor Segalen é alguém que fugiu e bateu no fundo de si mesmo, sem saber voltar para trás, mas não sabendo, tão-pouco, seguir em frente”. O realizador do filme, Hugo Vieira da Silva, confirmou que fora essa a sua intenção: oferecer excertos, vozes dos outros, um mosaico de impressões e sensações, e trabalhar a partir do resquício, do negativo – do que já não está lá. E corroborou o diagnóstico de Pinto de Almeida: “Victor Segalen tem, nesta altura, 25 anos, está na fase da descoberta, do interesse pela escrita, do fascínio pela arte. Mas vive, também, uma crise interna. Vampiriza a figura de Gauguin para um processo de auto-descoberta; vive o lugar do pintor, é a sua corporalidade que ocupa a ausência de Gauguin”.
Paulo MilHomens, co-realizador do filme, ofereceu-nos chaves para a compreensão de duas outras ausências. Por um lado, a escassez de quadros mostrados (no filme, a obra de Gauguin é mais sugerida do que apresentada). “Nunca foi nossa intenção”, declarou, “fazer uma biografia do pintor”. Por outro lado, a resistência a exibir a paisagem exótica, o postal ilustrado que quase sempre acontece quando falamos do Taiti. “Quisemos mostrar o lado mais duro do local, montanhas gigantescas, ventos impossíveis, uma paisagem áspera. O formato por que optámos, 4:3, procura explorar um nível de proximidade e intimidade que não seria possível num formato mais largo, mais utilizado para realçar o exotismo das paisagens”, esclareceu.
Seguiram-se comentários do público. Entre outras intervenções, o pintor Albuquerque Mendes observou que, embora não mostrando as telas de Gauguin, o filme, pela forma como as câmaras se movimentam, se encosta à pintura”. E a poeta, dramaturga e tradutora Regina Guimarães sublinhou a crueldade do filme: “Este é um filme violento. A sua violência decorre precisamente da ausência de Gauguin”.
No final da sessão, troquei impressões com Pedro Madeira, Assistente de Realização do filme, que me falou da sua experiência em Hiva’AO e da percepção de impenetrabilidade que teve da ilha, a vegetação maciça a impedir o seu conhecimento pleno. Achei que era a imagem perfeita para representar o convite que o filme nos faz. Este é um desafio a que nunca conseguiremos responder por completo, pensei. Como Segalen, enquanto espectadores, trabalhamos com vestígios, traçamos contornos e fazemos meras tentativas de incursão. E – ainda bem.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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A Aula do Visível inspira novos laboratórios artísticos da U.Porto
Novos Laboratórios do Programa Arte, Cultura e Bem-Estar decorrem de março a maio, em torno da exposição patente no Edifício Abel Salazar. Inscrição gratuita. São laboratórios artísticos de expressão plástica, performance e escrita. A Universidade do Porto volta a oferecer à cidade um conjunto de iniciativas que desafiam a criatividade, promovem bem-estar e convidam à experiência de um novo espaço: o renovado Edifício Abel Salazar. Aponte na agenda: o primeiro arranca no dia 1 de março e a inscrição é gratuita. Arte, Cultura e Bem-Estar é o nome do programa que tem vindo a transformar os espaços culturais da Universidade do Porto em espaços de aventura criativa. Para quem não teve oportunidade de se inscrever na edição anterior, estão de volta, as oficinas de escrita e leitura, mas também os laboratórios de expressão plástica e de expressão dramática/corporal.
Mais ainda, este é um convite à experiência do corpo num espaço que talvez ainda não conheça: O edifício Abel Salazar, onde se encontra patente a exposição a Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho. São mais de 120 obras de arte moderna e contemporânea portuguesas que, de março a maio, os diferentes workshops vão ajudar a ver de uma outra perspetiva. Vamos a eles?
Oficinas de Performance
Rodeado de pinturas de arte contemporânea portuguesas, este será o momento de fazer uma autoconexão. Refletir sobre arte é dar início a um movimento circular que nos vincula ao nosso próprio universo emocional. Como? Começaremos de forma bem simples: a respiração consciente. Depois, a atenção à postura. Aos gestos e expressões faciais. Auscultar a expressão emocional do nosso corpo e o dos outros. Perceber, afinal, como comunicamos através do corpo, ter essa autoperceção também nos permite aprimorar o processo de partilha com o outro. Mais do que uma partilha coletiva, este workshop pretende mostrar que a arte não é só um direito de todos. É um recurso para cultivar a perceção de si mesmo e do espaço, a noção de identidade e a comunicação com quem nos rodeia. A experiência performativa encarada como um facilitador de bem-estar.
Baseados no método científico Alba Emoting, introduzido por Sussan Bloch, e a partir de dinâmicas de jogo, serão realizados padrões respiratórios e de postura, condutores de emoções básicas. Durante as sessões, cada participante poderá conectar-se com uma peça, explorando as emoções que ela lhe sugere. Recomenda-se o uso de roupas confortáveis ou desportivas.
Estas oficinas decorrerão aos sábados, das 14h00 às 15h30 (para maiores de 16 anos) e das 16h00 às 17h30 (para famílias). Agora sim, o calendário: 1, 8, 15, 22 e 29 de março; 5, 12 e 26 de abril; 3, 10, 17, 22 e 31 de maio.
As oficinas serão conduzidas por Josefina Fuentes, artista chilena que se dedicou ao teatro, à encenação e à pedagogia teatral ao longo da sua carreira na Universidade de Chile. Entre 2016 e 2018, viajou para o Vietname, onde estudou teatro tradicional vietnamita – “Cai Luong” – , que combina dança, teatro e canto. Concluiu, em 2022, o mestrado em Criação Artística Contemporânea pela Universidade de Aveiro.
A exposição Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho vai servir de inspiração para os novos laboratórios artísticos do programa Arte, Cultura e Bem-Estar. (Foto: U.Porto)
Laboratórios de Expressão plástica
Ao longo dos próximos meses, e recorrendo às diferentes peças que se encontram em exposição no edifício Abel Salazar, os Laboratórios de Expressão Plástica vão trabalhar a relação do eu com o objeto e o seu significado. Nas duas primeiras sessões abordaremos a questão do uso da máscara. Esse “segundo rosto” que, de resto, é uma das mais antigas práticas humanas, transversal a diversas culturas e servindo diferentes propósitos. O que esconde? De quem nos esconde? Do outro, ou de nós próprios? Nas duas primeiras sessões, que acontecem dias 11 e 18 de março, fixaremos o olhar esfíngico de 15 máscaras. São peças da série Antropofobias e Etolomanias (Troféus), da artista Susanne Themlitz (1968). Será a partir desta obra que iremos explorar, de forma criativa, o lado da sombra. Esta será também uma oportunidade para espreitarmos para o nosso interior, deixando-nos pistas para um melhor conhecimento de nós mesmos. Sem máscaras.
Para estes laboratórios, é aconselhável o uso de vestuário confortável ou desportivo. Vamos saber quando? Às terças-feiras, das 18h00 às 19h30. Em que dias? 11, 18 (sessões das máscaras) e 25 de março; 1,8, 15, 22 e 29 de abril; 6, 13, 24 e 27 de maio.
Os Laboratórios de Expressão Plástica serão conduzidos por Abigail Ascenso, licenciada em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), onde se encontra a concluir o mestrado em Artes Plásticas/Pintura, e Arte-Terapeuta, pela Sociedade Portuguesa de Arteterapia.
Oficinas de Escrita e Leitura
A exposição Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho será também palco para a escrita e a leitura de textos. Ao longo das diversas sessões, a escrita e a leitura serão pretexto para um exercício de cruzamento com os temas sugeridos pelas obras da coleção. Como? É vir. Para ler e escrever. Quando? É fácil de memorizar: Sempre às quintas-feiras, das 18h00 às 19h30. Basta apontar os dias no calendário: 6, 13, 20 e 27 de março; 3, 10, 17 e 24 de abril; 8, 15, 22 e 29 de maio. Ao comando desta Oficina de Escrita e Leitura está Rita Rodrigues, mestre em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras da U.Porto e autora do conto Casa Transparente, vencedor do Prémio Literário Manuel Alegre. É revisora literária e colaborou nos projetos Coimbra Coolectiva, Sinal Aberto, revista emersa, revista AZAR e The Circle (revista Are We Europe).
Estes laboratórios artísticos têm a duração média de 1h30 minutos e são abertos a toda a comunidade, mediante inscrição prévia e limitada a 12 participantes por sessão.
Fonte: Notícias U.Porto
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Clube de Leitura Italiano viaja até à Tasmânia
Livro de Paolo Giordano vai estar em destaque na próxima sessão do Clube de Leitura Italiano, marcada para dia 2 de abril, na Casa Comum. Promover a troca de ideias e reflexões em torno dos livros propostos é o grande objetivo das sessões do Clube de Leitura Italiano. Foto: DR
É uma sugestão para que leia mais literatura italiana. O pretexto para o próximo encontro do Clube de Leitura Italiano é Tasmânia, livro de Paolo Giordano. Desta vez, a comunidade de leitores irá sentar-se à conversa no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, no dia 2 de abril. Calha a uma quarta-feira, às 19h00. Sendo obrigatória, a inscrição é também gratuita. Estará ainda vivo na memória de muitos o ataque ao Teatro Bataclan. Assim como as explosões, os atentados e a tomada de reféns em diferentes partes da cidade. Foi uma noite de terror, aquela que se viveu a 13 de novembro de 2015. Ora é, precisamente, o rescaldo deste cenário que um escritor e jornalista com formação científica encontra, quando chega a Paris.
O narrador da nossa história viajou para a capital francesa para assistir à Cimeira do Clima (COP21) quando passavam ainda poucos dias sobre os atentados jihadistas. A crise que paira sobre a cidade parece, no entanto, espelhar uma outra crise mais íntima: aquela que atravessa a sua relação com Lorenza.
Enquanto prepara um livro sobre os efeitos radioativos da bomba atómica, o “nosso” escritor cruza-se com várias personagens atípicas que revelam ser mais importantes do que se poderia imaginar. Na procura de um sentido para tudo o que está a viver, inclusivamente para os seus medos e dúvidas, acaba por descobrir que, caso aconteça uma grande catástrofe mundial, a Tasmânia será um dos melhores lugares para procurar refúgio. Daí que este seja também um romance sobre um futuro que, embora estejamos a construir, tememos tanto quanto desejamos.
As alterações climáticas, o terrorismo religioso, a fragilidade dos relacionamentos, a paternidade falhada e a ameaça da bomba atómica são também temas transversais a este Tasmânia.
Ao longo do livro, percebemos que o medo, tal como a surpresa perante a perda de controle são, na realidade, sentimentos do nosso tempo - daí que a crise do narrador não seja só sua. Seja de todos nós, das nossas vidas e do planeta.
Sobre Paolo Giordano
Nascido em Turim em 1982, Paulo Giordano é um dos mais importantes escritores italianos da atualidade. Licenciou-se em Física na Universidade de Turim, onde ganhou uma bolsa de doutoramento em Física de Partículas, e é o autor dos romances A Solidão dos Números Primos (2008, Prémio Strega e Prémio Campiello Opera Prima), O Corpo Humano (2012), Negro e Prata (2014) e Devorar o Céu (2018). Publicou ainda os ensaios Frente ao Contágio (2020) e Le cose che non voglio dimenticare (2021). Escreveu para teatro e para cinema, e é um colaborador regular no jornal Corriere della Sera.
Tasmânia é o seu mais recente romance e foi considerado o melhor livro de 2022 em Itália.
Clube de Leitura Italiano 2025
O desejo de aumentar a comunidade de leitores e de fazer com que a literatura seja o ponto de partida para uma troca de ideias e reflexões é o grande objetivo destas sessões que acontecem em “língua híbrida”, entre o italiano e português, indo ao encontro das preferências de cada participante. O convite a participar é aberto a todos, a quem já leu, a quem vai ler, e a quem quer descobrir os livros antes de os ler. No fundo, este é um desafio para entrar nesta viagem pelos livros, acompanhado.
Fruto de uma parceria entre a Casa Comum e a ASCIP Dante Alighieri, esta iniciativa visa promover a literatura italiana, com particular atenção à produção contemporânea, sem esquecer os clássicos mais recentes.
A entrada na sessões é gratuita, embora sujeita a inscrição obrigatória.
Mais informações.
Fonte: Notícias U.Porto
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Arranque das visitas orientadas à exposição Aula do Visível
O programa paralelo à exposição Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho, inclui um conjunto de visitas guiadas gratuitas. Conduzida por Susana Pacheco Barros, no passado dia 22 de fevereiro decorreu a primeira visita guiada com um grupo de estudantes sénior.
Inaugurada no passado dia 11 de fevereiro, Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho é o título da exposição de arte moderna e contemporânea portuguesa que pode visitar gratuitamente, no renovado edifício Abel Salazar, e que passará, agora, a contar com um programa, também gratuito, de visitas orientadas. São dois andares que contam a história da arte portuguesa dos últimos 145 anos. Quer apontar na agenda? Vamos ter visitas semanais, com a historiadora de arte e mediadora cultural Susana Pacheco Barros, à segunda-feira às 15h00 e à sexta-feira às 17h00. Não tem disponibilidade? Pensámos nisso. Podem ainda ser agendadas outras visitas por marcação.
Fará parte do programa um conjunto de atividades de mediação direcionadas para escolas, nomeadamente para o Pré-escolar (dos 3 aos 5 anos de idade), para o 1.º Ciclo (dos 6 aos 9 anos de idade), para os 2.º e 3.º Ciclos (dos 10 aos 15 anos de idade), para o Secundário (dos 16 aos 18 anos de idade) e ainda para as Universidades Seniores. E haverá, claro está, sempre disponibilidade para a marcação de visitas de toda a comunidade da U.Porto: estudantes, investigadores, docentes, colaboradores e alumni (a primeira visita marcada para este grupo será lá no dia 12).
Teremos ainda para oferecer visitas guiadas com o curador, Miguel von Hafe Pérez, com o colecionador, Ilídio Pinho, com os artistas representados e ainda algumas personalidades convidadas, com datas a anunciar em breve.
Todas as atividades requerem inscrição prévia através de envio de e-mail para cultura@reit.up.pt
Para que possa ter uma outra experiência de lugar, de verdadeira exploração criativa, organizámos, em simultâneo, um programa de Laboratórios Artísticos. Contamos-lhe tudo aqui: A Aula do Visível" inspira novos laboratórios artísticos da U.Porto.
A exposição Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho encontra-se patente no renovado edifício Abel Salazar (Largo do Prof. Abel Salazar) e poderá ser visitada de segunda-feira a sábado, das 10h00 às 17h30. A entrada é livre.
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Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Aula do Visível | Exposição de Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho
Exposição | Edifício Abel Salazar Entrada livre. Mais informações aqui
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Histórias para Salvar – 10 Anos do Banco Português de Cérebros
Entrada Livre. Mais informações aqui
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7 contos esculturas | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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AC/BC: Ciclo de cinema húngaro (antes e depois do Covid )
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Vivências de Camilo Castelo Branco a partir da sua correspondência | Apresentação do livro de José Manuel Oliveira
Apresentação de livro | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Apresentação do projeto METAMÓRṖHOSIS | exibição de documentário + apresentação de livro
Apresentação de livro e Exibição de documentário | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Club di Lettura Italiano 2025 | Clube de Leitura Italiano 2025
20 FEV, 02 ABR, 12 JUN, 17 SET, 29 OUT e 11 DEZ'25 | 19h00 Literatura | Casa Comum e ASCIPDA Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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PAISAGENS CONSTRUÍDAS
Exposição | Fundação Marques da Silva
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Ensaios | Exposição
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Corredor Cultural
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Artistas representados na exposição Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho
Eduardo Viana
Eduardo Viana (Lisboa 1811-1967)
Entre 1896 e 1905, Eduardo Viana frequentou o Curso Geral de Desenho e o Curso Especial de Pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa, onde foi discípulo, entre outros, dos pintores Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) e Veloso Salgado (1864-1945). Em 1905, Viana partiu para Paris para frequentar o ateliê de Jean-Paul Laurens (1838-1921), na Académie Julian.
O início da I Guerra Mundial ditou o seu regresso a Portugal. Em Vila do Conde reencontrou Robert (1885-1941) e Sonia Delaunay (1885-1979), que muito influenciaram a sua pintura, que apesar de manter uma base tradicionalista evoluiu com as lições de de Paul Cézanne (1839-1906). Nos anos seguintes, as pinturas que assinou, refletem a sua maturidade enquanto artista e denotam o prazer da pintura e o gosto pelos géneros tradicionais (1919-1926).
Em 1925 voltou a Paris, viajou por Inglaterra e pela Holanda, e fixou-se na Bélgica (até 1940).
Eduardo Viana é autor de pinturas para o café A Brasileira (Chiado) e para o Bristol Club em Lisboa e foi colaborador artístico na revista Contemporânea (1915-1926). Participou, desde 1905, em mostras coletivas, como a “Exposição dos Livres” (Salão Bobone, 1911), as exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes (décadas de 1900 a 1920) e do Secretariado da Propaganda Nacional/Secretariado Nacional da Informação (dos anos 30 aos 50), e as Bienais de Veneza (1957) e São Paulo (1955 e 1971). Teve três exposições individuais: na Santa Casa da Misericórdia do Porto (1920), na Casa de Antiguidades (Lisboa, 1921) e na Galeria Contemporânea (Lisboa, 1923), e foi responsável pela organização do 1.º Salão de Outono (Sociedade Nacional de Belas Artes, 1925).
Ao longo da sua carreira, foi distinguido com diversos prémios tais, como o Prémio Columbano (do Secretariado Nacional da Informação, 1941 e 1948), o Grande Prémio de Pintura da I exposição de artes plásticas (1957) e o Prémio Nacional de Pintura (Secretariado Nacional da Informação, 1965).
A sua obra está representada em coleções privadas e públicas, como a do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e a do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em Lisboa, a do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, e a do Museu Grão Vasco, em Viseu.
Postumamente, foram-lhe dedicadas várias exposições, de que se destacam a exposição retrospectiva da obra do pintor Eduardo Viana (Secretariado Nacional da Informação, 1968), Eduardo Viana, 1881-1967 (Musée des Beaux-Arts, Mons, 1991) e Eduardo Viana, 1881-1967 (Fundação de Serralves, 1992).
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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141. Cerne, Paulo José Borges
“Cerne”, de Paulo José Borges, in Um ócio todo estendido, dezembro de 2019
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Conheça o fundador da Castelbel, do Neonia e do Castêlo da Maia Ginásio Clube: conversámos com Aquiles Barros, que se doutorou em Química Analítica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) em 1986, onde também realizou a Agregação em Química em 1999 e onde, durante 40 anos, foi docente e investigador. Em 1999, fundou a Castelbel, uma empresa especializada na produção de sabonetes e produtos perfumados de luxo, que se tornou uma referência no setor, exportando 80% da produção para mais de 50 países e empregando cerca de 200 colaboradores. Em abril de 2024, Aquiles Barros, juntamente com Marta Araújo e Vera Mata, inaugurou o Neonia, um museu interativo no Porto que oferece uma experiência imersiva e retrofuturista da cidade. Apaixonado pelo voleibol, foi campeão nacional na categoria de juvenis em 1966, ao serviço do FC Porto. Em 1969, criou uma equipa de voleibol no Castêlo da Maia e, em 1973, cofundou o Castêlo da Maia Ginásio Clube, sendo o sócio n.º 1 e atual presidente da Assembleia Geral. Uma trajetória diversificada que reflete a visão de um sonhador, que acreditou sempre com garra e entusiasmo na sua veia de empreendedor.
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Alunos Ilustres da U.Porto
Armanda Passos
Armanda Passos (1944-2021)
Armanda Passos nasceu a 17 de fevereiro de 1944. Apesar de toda a sua família viver na cidade do Porto, e de aí terem nascido os seus irmãos, por vontade da sua avó materna o parto aconteceu no Douro, no Peso da Régua. Poucos dias depois do nascimento, veio para o Porto, cidade onde cresceu e estudou. E escolheu o Porto para viver e morrer. Licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), com a classificação de 19 valores em Pintura, disciplina então regida por Júlio Resende. Ainda como aluna, foi convidada por Ângelo de Sousa para monitora de Gravura, disciplina que lecionou durante quatro anos. Expôs regularmente desde 1976, ano em que fez a sua primeira exposição no Museu de Aveiro.
Das suas exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, destacam-se Paintings and drawings (Londres, 1989); Ibériques, Galerie du Cygne (Genebra, 1993); Reservas, na Casa Andresen, e Obra Gráfica, na Reitoria da Universidade do Porto, as únicas dedicadas a um artista plástico por ocasião das comemorações do Centenário da U.Porto (2011); Sublinhe-se ainda Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas, realizada por ocasião do seu do seu 75.º aniversário, no edifício histórico da Universidade do Porto, (2019). Representou Portugal em vários certames internacionais, de que são exemplo a exposição Portuguese Contemporary Artists, no World Trade Center (Nova Iorque, 1985), a V Biennal of European Graphic Art (Heidelberg, 1988), a Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91 (Katowice, Polónia, 1992) e a mostra no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, (La Louvière, Bélgica, 1992).
Intensa e complexa, a sua obra suscitou textos produzidos não apenas por críticos da especialidade, mas também por escritores e historiadores, como Fernando Pernes, José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Mário Cláudio, Armando Silva Carvalho, Mia Couto, Raquel Henriques da Silva, Luís de Moura Sobral ou José-Augusto França.
Os seus óleos estão representados em coleções do país como o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Champalimaud, Fundação Oriente, o Museu Coleção Berardo/Centro Cultural de Belém, a Coleção Millennium BCP, a Coleção de Arte Contemporânea do Estado, a Assembleia da República, a Reitoria da Universidade do Porto, o Museu FBAUP, o Museu de Serralves, Universidade Católica do Porto, o Museu do Douro, o Museu Amadeo de Souza-Cardoso, o Tribunal de Contas, o Tribunal Constitucional, a Procuradoria Geral da República e a Presidência da República - sala do Conselho de Estado.
Em 2022, para assinalar o aniversário do nascimento da artista, o quadro Nu, da coleção do Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, esteve exposto nos corredores do 3.º piso do edifício histórico da Reitoria, entre 17 de fevereiro e 31 de março.
Ao longo da sua vida, Armanda Passos alcançou importantes distinções: em 2012, no Dia de Portugal, a atribuição da Comenda da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa; a inauguração da pintura "Arca de Noé", nas comemorações dos 50 anos do Palácio da Justiça do Porto (2012), numa cerimónia que contou com a presença da então Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz. A pintora também conquistou diversos prémios, como o Prémio do Ministério da Cultura, entregue pelo Primeiro-Ministro Mário Soares e pelo Vice-primeiro-ministro Carlos Mota Pinto (1984, Lisboa) na exposição Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros, ou o Prix Octogne (1997, Charleville, França). Em 2005, idealizou e construiu no Porto a Casa Armanda Passos, projetada por Álvaro Siza. Uma Casa-ateliê destinada a reunir, conservar e tornar acessíveis ao público as obras guardadas pela pintora ao longo da vida. "Enquanto viveu – a Casa era a Armanda. E assim continuará." (Álvaro Siza, 2022).
Antes de morrer, a Autora fez doações de grande significado: 84 obras ao Museu do Douro, sediado no Peso da Régua, lugar do seu nascimento; e para a sua cidade do Porto, deixou 6 óleos de grande presença, ao seu vizinho Museu de Serralves, obras que muito estimava e mantinha expostas na sua Casa-atelier.
Armanda Passos encontrou-se com o cancro. Lutou sem uma queixa. Foi uma mulher estóica. A 19 de outubro de 2021 deixou de viver. Estava em sua Casa, rodeada pelos seus companheiros inseparáveis, a sua filha Fabíola e o seu cão Goji. O seu último desenho foi gravado na parede principal da capela onde se encontra sepultada, no Cemitério da Lapa, no Porto.
Armanda Passos foi uma das maiores pintoras portuguesas. Escolheu viver sempre em Portugal. Independente, solitária, alheia a modismos, a sua pintura foi uma forma de resiliência e vanguarda nos finais dos anos 70, num país que não era aberto a mulheres pintoras: as suas telas inconfundíveis revelam a força de um imaginário portentoso, a originalidade da criação, as proporções míticas da Mulher e do Animal. Cada quadro torna-se por isso tão identificável que lhe dispensaria assinatura. Mais do que uma extraordinária pintora, foi uma extraordinária criadora. Nas palavras de Lídia Jorge (2022), Armanda Passos "não tinha modelo, não pertencia a movimentos, não alimentava estratégias, não tinha outra finalidade que não entregar-se ao mundo que a habitava". Não teve marido artista que a impulsionou no meio das artes, como outras pintoras. Com uma personalidade aberta à intuição pura, criou um planeta de seres, paralelo ao nosso, habitado por mulheres-fronteira e animais sem catalogação biológica, deixando-nos o desafio de decifrar os códigos da sua imaginação poderosa. A obra inquieta-nos, sem nos violentar "É terapêutica pura: liberta, fascina, faz bem. E é intemporal" (Leonor Beleza, 2022).
A título póstumo, Armanda Passos recebeu, através da sua filha, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Presentes na cerimónia solene, realizada no Palácio de Belém, estiveram Leonor Beleza, o general António Ramalho Eanes e sua mulher, o professor Aníbal Cavaco Silva e sua mulher e, ainda, António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, em dezembro de 2022.
Um Mundo à parte, obra cedida pela Universidade do Porto para a primeira retrospetiva de Armanda Passos, na Fundação Champalimaud.
Um ano após a sua morte, foi homenageada em Lisboa, pela Fundação Champalimaud, com a primeira retrospetiva de pintura a óleo. Nunca lhe tinha sido feita uma retrospetiva da sua obra. A inauguração contou com os discursos de Lídia Jorge, Miguel Cadilhe e da curadora Fabíola Passos, sua filha. "A primeira retrospetiva de Armanda Passos confirma a força da sua obra e o que perdemos em não a ter visto até hoje assim", escreveu Cristina Margato ("Além do Cérebro Racional", Expresso, Revista 23.12.2022). (Reitoria da U.Porto / Unidade de Cultura, Fabíola Passos, 2023)
Sobre Armanda Passos (up.prt)
Universidade do Porto exibe quadro raro de Armanda Passos
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