LUGARES DE CULTURAS
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 Quando estive em Belo Horizonte, no Brasil, no ano passado, os meus Colegas da Universidade Federal de Minas Gerais falaram-me dos festejos de São João: todo o Estado de Minas Gerais comemora o feriado – são mais de 850 municípios – com arraiais regionais, quadrilhas (coreografias inspiradas nas danças de salão europeias) e tradições afro-mineiras como as congadas (celebrações com dança, música, trajes típicos e encenação histórica, representando a luta do povo negro pela liberdade e fé). “Que grande misturada!”, comentei, rindo. Ao que um Colega explicou: “No Brasil é assim. Em Mato do Tição, em Jaboticatubas, cidade nossa vizinha, à meia-noite de 24 de junho os fiéis caminham descalços sobre brasas das fogueiras de São João, num ritual de fé e purificação que mistura elementos católicos e afro-brasileiros”. Não pensei mais no assunto, mas ele saltou-me à memória quando, na semana passada, no final de uma reunião Zoom com um Colega espanhol, ele me desejou um bom São João. “Vocês aí também festejam?”, perguntei-lhe. E ele falou-me da festa imensa que invade a cidade de Alicante, onde nascera, e das monumentais estátuas em papelão e madeira que são queimadas nas praças centrais. “Na Galiza, especialmente na Corunha, onde nasceu a minha mãe”, acrescentou, “há milhares de fogueiras nas praias e a tradição das nove ondas ao nascer do sol”. Quis saber como era essa tradição. “Milhares de pessoas entram no mar, na maré cheia, e mergulham nove ondas consecutivas. Esse ritual, acredita-se, trará sorte, saúde, fertilidade, amor e a realização de projetos pessoais.”
As Festas de São João sempre me fascinaram. Confesso que me dá um gozo especial martelar a cabeça de quem passa – Freud seria talvez capaz de explicar as minhas investidas ferozes nos transeuntes como uma compensação por todo o resto do ano, em que me “porto bem”. Essa é uma das características que o São João atual conserva dos festejos pagãos: a suspensão das normas sociais. Antes da cristianização, os festejos, que ocorriam no solstício de verão, eram vistos como uma celebração cíclica da vida e da fertilidade. A integração dos rituais pagãos nas festas cristãs redirecionou o simbolismo: o fogo, que antes representava o sol no seu auge (o dia mais longo do ano), a energia criadora da natureza e a proteção contra os maus espíritos, passou a representar o Espírito Santo; a água, que antes representava a fertilidade dos campos e do corpo, e a renovação da vida, tornou-se o batismo; e a fertilidade, erotizada de mil maneiras nos rituais pagãos, com os ciclos do corpo sendo associados aos da natureza, foi espiritualizada.
Mas não é apenas em Portugal, no Brasil e em Espanha que o São João é hoje festejado. Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Polónia, Rússia e Ucrânia celebram 24 de junho com grandes fogueiras e danças rituais; no Quebec, no Canadá, o dia é feriado, celebrado com procissões e rituais laicos. E até em Goa, na Índia, por via do legado português, se comemora o dia desde o século XVI, mas adaptado aos costumes e rituais locais: com o início das monções, a purificação pela água é celebrada com mergulhos em pontos de água naturais e artificiais, e todos usam coroas de flores e plantas, e instrumentos típicos – como o ghumot e o kansallem – e cantares em Konkani, a língua local, por vezes misturada com palavras portuguesas.
Pus-me a pensar em todas as áreas disciplinares que teriam de ser convocadas para o estudo das variações das festas joaninas em diferentes lugares do mundo. Necessitaríamos da Antropologia para o estudo dos rituais, símbolos, costumes e significados culturais das comunidades; da História para examinar a evolução das festividades desde as celebrações pagãs à cristianização e às versões contemporâneas; da Sociologia para investigar o impacto social das festas na identidade comunitária e o seu papel na construção de espaços de convivência; da Teologia para a compreensão dos sincretismos entre a simbologia cristã e crenças pagãs; da Geografia para analisar as dinâmicas urbanas e rurais das festas; da Etnomusicologia para avaliar o papel da música nas celebrações; da Literatura para analisar contos, cantigas e tradições orais associadas ao São João; das Artes Visuais para a interpretação e documentação das expressões visuais, simbólicas e estéticas das festas; da Economia para avaliar o impacto no turismo; da comunicação e dos média para a investigação da forma como a imagem de São João é construída nos média, nas redes sociais e no marketing.
E fiquei a pensar em como este seria um tema perfeito para ser discutido no âmbito do grande congresso LUGARES DE CULTURA, que, na Unidade de Cultura da Reitoria, estamos a organizar em parceria com a InterCult (Associação Internacional de Pesquisadores das Culturas). Reunindo 24 universidades portuguesas, brasileiras e moçambicanas, o XI Congresso Internacional, que acolheremos no Porto de 24 a 27 de novembro, convida à partilha de experiências e saberes culturais, nas suas mais variadas expressões em países lusófonos. As comunicações deverão ter um máximo de 10 minutos e desenvolver um dos sete temas definidos para o congresso: Políticas para a Cultura e a Democracia; Diversidade Cultural e Inclusão (Raça, Género e Sexualidade); Cultura, Ciência, Saúde e Bem-Estar; Culturas Urbanas e Expressões Artísticas; Educação para a Interculturalidade; e Universidade, Lugar de Cultura. Aceitam-se propostas de trabalhos até 15 de julho. A participação de docentes, investigadores e estudantes da U.Porto é gratuita, mas o congresso encontra-se naturalmente aberto a todas as comunidades académicas. Ora digam lá se não é um belo desafio para se pensar enquanto se salta a fogueira?
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Há seis Figuras Eminentes da U.Porto para celebrar em 2025
Foram arqueólogos, médicos, inventores e escritores e vão ser homenageados ao longo dos próximos meses com um vasto programa de atividades. José Leite de Vasconcelos, Júlio Dinis, António Plácido da Costa, Luís de Pina, Maria de Sousa e Daniel Serrão são as Figuras Eminentes da U.Porto 2025. Foto: DR
Da medicina à arqueologia, passando ainda pela literatura, a Universidade do Porto homenageia anualmente uma figura que deixou a sua marca na sociedade na qual se inscreveu. Mas, em 2025, a Academia decidiu eleger seis personalidades que, unidas pela formação em Medicina, se destacaram em diferentes áreas de atuação e cujo legado será assinalado com a comunidade através de um vasto e diversificado programa de atividades . Vamos saber quem são? A primeira das Figuras Eminentes da U.Porto 2025 leva-nos até Ucanha, uma das Aldeias Vinhateiras do Douro que, em 1858, viu nascer o médico, etnógrafo e arqueólogo José Leite de Vasconcelos. Formado em Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto – antecessora da atual Faculdade de Medicina da U.Porto – onde terminou o curso com a tese A Evolução da Linguagem: Ensaio Antropológico (1886), Leite de Vasconcelos completou o doutoramento em filologia na Universidade de Paris, com a tese Esquisse d’une Dialectologie Portugaise (1901). De regresso a Portugal, deu início à primeira campanha nacional arqueológica e etnográfica que culminaria no espólio do atual Museu Nacional de Arqueologia, em remodelação, no Mosteiro dos Jerónimos.
Em 1911, o “Mestre Leite de Vasconcelos” ou “Pai da Arqueologia Portuguesa” integrou o corpo docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, falecendo nesta cidade em 1941.
É todo este legado que será celebrado, já no próximo dia 26 de junho, a partir das 15h00, no Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa, palco do encontro que marca o arranque das comemorações desta Figura Eminente da U.Porto.
Uma data que não foi escolhida ao acaso. Foi neste dia que, há, precisamente, 100 anos, Leite de Vasconcelos regressou à FMUP para proferir uma palestra sobre A Figa – um estudo de etnografia comparativa. Esta obra foi editada no mesmo ano pela editora portuense Araújo e Sobrinho, Sucessores, e mais tarde repescada pelo autor na obra Etnografia Portuguesa, já com a chancela da Imprensa Nacional.
Seguidamente, será feita visita guiada à exposição-dossiê José Leite de Vasconcelos e a Medicina, organizada pelo MNA.
Há, no entanto, outras Figuras Eminentes para homenagear durante o ano de 2025. Vamos aos nomes?
Júlio DinisNascido no Porto em 1839, Joaquim Guilherme Gomes Coelho – mais conhecido pelo pseudónimo Júlio Dinis – entrou na Escola Médico Cirúrgica do Porto e fez-se médico em 1861 com a tese Da importância dos Estudos Meteorológicos para a Medicina e especialmente de suas Aplicações ao Ramo Operatório. Assistiu à morte, por tuberculose, da mãe e dos seus oito irmãos. A mesma doença fez com que que interrompesse a carreira académica e se refugiasse nos ambientes rurais de Ovar e na ilha da Madeira, de acordo com as orientações terapêuticas da altura para o bacilo tuberculoso. Datam de 1860 as primeiras poesias de Júlio Dinis, tendo depois continuado a produção literária com obras como As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais,
Uma Família Inglesa,
Serões da Província, Os Fidalgos da Casa Mourisca, entre outras. Morreu em 1871, com 31 anos.
António Plácido da CostaAntónio Plácido da Costa nasceu na Covilhã, em 1848, tendo-se depois matriculado na Escola Médico Cirúrgica do Porto. Concluiu o curso de Medicina em 1879, com a apresentação da dissertação Apontamentos de micrologia médica. Criou o Placido´s Disc, um queratoscópio (instrumento que permite avaliar a córnea) que foi batizado com o seu nome e ao qual se continua a fazer referência nos congressos científicos de Oftalmologia e em toda a ciência médica. Introduziu os estudos de histologia e oftalmologia no Porto. Foi lente proprietário de Fisiologia (1894-1911) e depois professor de Fisiologia Geral e Especial, Histologia e Embriologia (1911-1916). Dirigiu o Laboratório de Fisiologia (1894 a 1916). Violinista nos tempos livres, morreu na cidade onde se fez médico em 1916.
Luís de PinaLuís José de Pina Guimarães foi registado em Lisboa, mas nasceu em Luanda em 1901. Matriculou-se na FMUP em 1921, tendo-se doutorado com a tese Vimaranes, coletânea arqueológica, etnográfica, histórica, científica e médica. Tornou-se Professor Catedrático de História da Medicina e Deontologia Profissional e promoveu a criação do Museu de História da Medicina Maximiano Lemos, que dirigiu. Luís de Pina foi deputado, pelo Porto, à Assembleia Nacional e provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Como Presidente da Câmara do Porto, de 1945 a 1949, criou bairros sociais, redes de autocarro e serviços de leitura domiciliária. Participou na fundação do Centro de Estudos Humanísticos do Porto, de onde iria emanar a segunda vida da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), da qual foi diretor de 1961 a 1966.
Maria de SousaMaria Ângela Brito de Sousa nasceu em Lisboa em 1939, cidade onde obteve a licenciatura em Medicina. Foi docente na Universidade de Glasgow (Escócia), onde fez o doutoramento em Imunologia, na Escola de Estudos Pós-graduados de Cornell Medical College (Nova Iorque) e Diretora do Laboratório de Biologia Celular no Instituto Sloan Kettering de Investigação em Cancro (SKI), em Nova Iorque. Publicou artigos científicos fundamentais para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico, nomeadamente o que consagrou a descoberta da área timo-dependente (1966), hoje conhecida por área T. Em 1985, tornou-se Professora Catedrática de imunologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Em 2010, um ano após a sua jubilação, foi-lhe atribuído o título de Professora Emérita da Universidade do Porto.
Maria de Sousa foi das primeiras mulheres portuguesas a serem reconhecidas nacional e internacionalmente pelas descobertas científicas. Morreu em 2020, aos 81 anos, vítima de Covid-19.
Maria de Sousa, investigadora emérita do IBMC/i3S, Professora Catedrática Jubilada do ICBAS e Professora Emérita da U.Porto, é uma das Figuras Eminentes 2025. (Foto: DR)
Daniel SerrãoDaniel dos Santos Pinto Serrão nasceu em Vila Real, em 1928, e ingressou na FMUP onde concluiu o doutoramento em patologia hepática. Foi Professor Catedrático de Anatomia Patológica na FMUP e Diretor do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de S. João. Em 1975 foi saneado, tendo sido reintegrado um ano depois. Coordenou, juntamente com Sobrinho Simões, a instalação do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e promoveu a formação de patologistas em todo o país.
Dedicou-se à Bioética, sendo, ainda hoje, referência nacional e internacional. Fez parte do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Daniel Serrão morreu em 2017.
O programa da(s) Figura(s) Eminente(s) 2025 vai prolongar-se durante todo o ano, de forma a celebrar o legado deixado por estas figuras que se destacaram pela obra e impacto que deixaram na sociedade.
Fonte: Notícias U.Porto
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O Arquiteturas Film Festival 2025 vai passar pela U.Porto
O Arquiteturas Film Festival está de volta a 27 e 28 de junho com filmes e uma masterclass para fazerem refletir sobre... zonas de fronteira. Entrada livre. Russa, de Joao Salaviza e Ricardo Alves Jr, será exibido na noite de 28 de junho, no Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto. Foto: DR
Vamos ficar “Na Fronteira”? O que se pretende com esta expressão? Basta vir connosco ao cinema para ficar a perceber. Esta é a proposta da 12.ª edição do Arquiteturas Film Festival e vai passar, nos dias 27 e 28 de junho, pelo Edifício Histórico da Universidade do Porto. A edição 2025 deste festival de cinema propõe refletir sobre como as fronteiras (físicas e simbólicas) moldam o ambiente construído e influenciam o quotidiano, assim como as dinâmicas coletivas. Que contributos podem a arquitetura e o pensamento urbano oferecer para compreender este mundo em constante transformação?
No dia 27 de junho, às 10h15, a Biblioteca do Fundo Antigo (com entrada pela Reitoria), vai ser palco de uma masterclass com a diretora do festival, Sofia Mourato, sobre Fronteiras Internas.
Inspirando-se em filmes selecionados do programa deste ano, esta oficina convida os participantes a explorar como o cinema, tal como a arquitetura, pode funcionar tanto como ferramenta de separação quanto de conexão. Iremos explorar como as narrativas moldam o sistema nervoso coletivo – reforçando a exclusão e o medo, ou abrindo espaço para a empatia e a transformação.
A participação nesta masterclass está sujeita a inscrição prévia.
No dia 28 de junho, às 15h15, na Casa Comum, passa Memória Futura. Este documentário de 2025 integra uma iniciativa de investigação social e intervenção comunitária sobre o Bairro do Aleixo, no Porto, demolido entre 2011 e 2019. Através de histórias de vida de antigos moradores, reflete sobre as deslocações forçadas e respetivos impactos. O projeto visa (re)criar uma comunidade de memória e integra a iniciativa Deslocações, em parceria com o Instituto de Sociologia e o Museu da Pessoa.
Após a projeção, haverá espaço para um momento de partilha com Inês Santos Moura e Sérgio Araújo, moderado por João Queirós.
O documentário Memória Futura será exibido dia 28 de junho. (Foto: DR)
No mesmo dia, mas às 21h15, o Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (com entrada pela Cordoaria) abre as portas a duas sessões do Arquiteturas Film Festival. Iniciamos a noite com Russa, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr. Este filme de 2018 mostra-nos uma personagem que regressa ao Bairro do Aleixo no Porto para visitar a irmã, os amigos e celebrar o aniversário do filho. Um reencontro com a memória coletiva do seu bairro, onde três das cinco torres ainda se mantêm de pé.
Após a exibição do filme, haverá ainda espaço para uma conversa com Guilherme Blanc e Luís Vieira Campos, moderada por Paulo Moreira.
Bicicleta é o filme que se segue. Este trabalho de Luís Vieira Campos retrata a sobrevivência, a solidariedade e o quotidiano sob pressão económica no Bairro do Aleixo. Acompanha António e a sua família entre azares, humor e resiliência, refletindo a realidade precária dos trabalhadores desprotegidos. O bairro é apresentado como uma “cidade vertical”, onde o espaço partilhado gera interdependência, alimenta notícias e rumores, e molda tanto a dificuldade como a esperança – num mundo à parte do Portugal convencional.
Funcionar como uma plataforma para pensar criticamente o presente através do cruzamento entre cinema, arquitetura e práticas espaciais é o principal propósito do Arquiteturas Film Festival.
O Arquiteturas Film Festival é organizado pelo INSTITUTO, uma plataforma dedicada à discussão e divulgação da arquitetura nas suas interseções com as artes visuais e espaciais, o pensamento crítico e as colaborações interdisciplinares.
Com esta iniciativa, pretende-se disponibilizar uma plataforma para pensar criticamente o presente através do cruzamento entre cinema, arquitetura e práticas espaciais.
Para mais informações, consultar o programa completo do festival.
Fonte: Notícias U.Porto
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Junho e Julho na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Uma viagem pelo asfalto. O rock no Porto nos anos oitenta
Entrada livre. Mais informações aqui
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Laços que Unem [Ties that Bind] | Bienal’25 Fotografia do Porto
Entrada livre. Mais informações aqui
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Arquiteturas Film Festival
Cinema, conversas | Casa Comum
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Mudança de paradigma no século XX – De um para mil milhões de sistemas planetários | Palestra com Michel Mayor
Entrada livre. informações aqui
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Fanzine Instantâneo sobre "O Rock no Porto dos anos 80" | Workshop
Participação gratuita. Inscrições e mais informações aqui
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Confidências do Exílio | Apresentação do Fanzine
Apresentação de fanzine | Casa Comum Entrada livre. informações aqui
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Club di Lettura Italiano 2025 | Clube de Leitura Italiano 2025
12 JUN, 17 SET, 29 OUT e 11 DEZ'25 | 19h00 Literatura | Casa Comum e ASCIPDA Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui
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Exposição de Pintura: Do silêncio à cor
Entrada Livre. Mais informações aqui
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ARQUITECTAS DA LIBERDADE
Entrada Livre. Mais informações aqui
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FUGA PARA O TEMPO PRESENTE - O LEVE PODER DA LUA APENAS QUEIMA OS OLHOS
Entrada Livre. Mais informações aqui
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Gemas, Cristais e Minerais
Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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Corredor Cultural
Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
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Dança de cadeiras no Planetário do Porto e na Galeria da Biodiversidade
De 26 a 28 de junho, os Centros Ciência Viva "trocam" de direções para dar a conhecer melhor as dinâmicas, ofertas e os desafios da Rede. O Planetário do Porto vai levar a exposição ESPRESSO – Uma Aventura no Deserto do Atacama até Estremoz. (Foto: Alexandre Cabral)
Hoje quem manda sou eu é o título deste programa de “intercâmbio”. Dias 26, 27 e 28 de junho, os diretores do Centro Ciência Viva de Estremoz e do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva trocam de cadeiras, o mesmo acontecendo com as direções da Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva e do Centro Ciência Viva de Braga. E há todo um programa de atividades para acompanhar. A dirigir a Galeria da Biodiversidade passará a estar João Vieira, Diretor do Planetário – Casa da Ciência de Braga – Centro Ciência Viva. Para além de ações de capacitação da equipa da Galeria da Biodiversidade na criação de materiais educativos com recurso à impressão 3D, João Vieira vai dinamizar uma sessão de observação solar e uma palestra “do tamanho do universo”.
Por sua vez, durante estes dias, a Diretora da Galeria da Biodiversidade, Maria João Fonseca, promete ser “de Braga” e deixar a porta da Casa da Ciência bem aberta às ciências naturais, em particular à ecologia e à biologia, e a todos os que por elas se interessam. De entre as atividades que vai promover, destacam-se uma saída de campo para observação da entomofauna (fauna de insetos) noturna bracarense e uma atividade prática de monitorização da biodiversidade de um charco.
Do Planetário do Porto, Filipe Pires leva até Estremoz, dia 26 de junho, ESPRESSO – Uma aventura no deserto de Atacama. Desde a instalação no deserto de Atacama, no Chile, até aos resultados científicos para o qual está a contribuir, trata-se de uma exposição de fotografias e memórias do espectrógrafo de alta resolução ESPRESSO, montado no Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul.
Após a inauguração, às 18h00, haverá uma tertúlia com Alexandre Cabral, docente na FCUL, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço membro do consórcio nacional responsável pelo desenvolvimento e instalação do Coudé-Train no ESPRESSO.
Já Isabel Leal Machado vai lançar muitos desafios científicos ao público do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva. Serão as rochas todas iguais? Existirão rochas extraterrestres? Há mares na luz? Já falaste com um astronauta? O que nos poderá ele dizer da vida no espaço? As respostas serão fornecidas a quem aceitar participar nesta “aventura planetária”, repleta de atividades. A fechar o programa, uma experiência que nos vai levar aonde? À Lua!
Na senda da criação de um espírito de comunidade, durante três dias, o público vai poder aceder a diferentes experiências de maravilhamento que a ciência pode proporcionar, através de um conjunto de atividades em que os microrganismos são os protagonistas e a arte funciona como um estímulo à criatividade.
O programa completo da edição 2025 do Hoje quem manda sou eu ser consultado no portal da Ciência Viva.
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum |
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158. Amigos, Olívia Clara Pena
“Amigos”, de Olívia Clara Pena, in Amor e outros desencontros, 2024,
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106. “A Sociedade do Cansaço”, de Isabella Gresser (2015)
Comentário de Rui Martins (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC)
107. “Signal: Germany on the Air”, de Ernie Gehr (1985)
Comentário de Nuno Azevedo (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC)
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Alunos Ilustres da U.Porto
Belmiro de Azevedo
Em 2009, por proposta da FEUP, a U.Porto reconheceu o “notável percurso profissional” de Belmiro de Azevedo com a atribuição do título de Doutor Honoris Causa.
Belmiro Mendes de Azevedo nasceu em Tuías, Marco de Canaveses, em 17 de fevereiro de 1938. Era o mais velho dos oito filhos de Manuel de Azevedo, carpinteiro e agricultor, e de Adelina Ferreira Mendes, costureira. Do seu pai recebeu uma educação austera e de sua mãe, com quem manteve sempre uma relação afetuosa, o exemplo da diplomacia no relacionamento interpessoal. Começou mal a instrução primária. Chumbou na primeira classe, segundo o próprio, por culpa de um professor incompetente. No entanto, graças ao docente seguinte, Carlos da Silva, recuperou o tempo perdido, chegando a fazer os quatro anos letivos em apenas três. Uma vez que no seu concelho-natal não existia um liceu, Belmiro de Azevedo foi estudar para o Liceu Alexandre Herculano, no Porto.
Na cidade Invicta vivia com o tio e padrinho, Belmiro Pinto da Mota, fiscal de obras, que além do nome de batismo lhe deu alojamento nos estaleiros de obras onde trabalhava, primeiro no Hospital D. Manuel e, depois, no laboratório da Serra do Pilar.
Nesses tempos, que lhe traziam à memória boas recordações, brincava na Rua de Faria de Guimarães, frequentava os bailes de S. João, na Rua do Paraíso, e os cafés do Marquês.
Depois do liceu ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), em 1956, licenciando-se em Engenharia Química com a classificação de dezasseis valores, a segunda melhor média de 1964. O curso fora, no entanto, interrompido entre 1959-1960 para o cumprimento do serviço militar. A educação que buscou para si também procurou proporcioná-la aos seus irmãos, que alcançaram estudos médios. Na Universidade praticou desporto, nomeadamente andebol, no CDUP (Centro Desportivo Universitário do Porto) e, depois, no FCP (Futebol Clube do Porto).
Posteriormente, especializou-se na Universidade de Harvard (EUA) em Gestão de Empresas (1975) e concluiu, em 1985, na Universidade de Stanford (EUA), o "Finantial Management Programme".
Devido às suas modestas origens, desde cedo foi obrigado a conciliar os estudos com o trabalho. No início dos anos sessenta, quando frequentava o 6.º ano do curso, começou a trabalhar na EFANOR (Empresa Fabril do Norte), uma empresa têxtil localizada nos arredores do Porto, propriedade de Manuel Pinto de Azevedo, e na qual auferia um ordenado de 6500$00. Nesse ano casou com Maria Margarida Carvalhais Teixeira de Azevedo, licenciada em Farmácia, de quem teve três filhos: Nuno, Paulo e Cláudia. Ao fim de dois anos de trabalho, Belmiro abandonou a EFANOR, por considerar que esta empresa pecava por falta de estratégia. Em janeiro de 1965 passou a trabalhar como investigador na SONAE (Sociedade Nacional de Aglomerados e Estratificados), de Afonso Pinto de Magalhães, banqueiro, empresário e dirigente do FCP. Nesta empresa desencadeou rápidas e profundas mudanças que a transformaram num pequeno grupo empresarial. Para o desempenho das novas e exigentes funções fez um MBA em Harvard, financiado pela empresa. Com 35 anos obteve uma especialização em “Project Management Development".
No período revolucionário de 1974, Pinto de Magalhães partiu para o exílio e Belmiro de Azevedo assumiu o controlo da SONAE, que cresceu substancialmente nas décadas seguintes, abarcando novas áreas como a dos hipermercados (Continente e Modelo), a das comunicações (Jornal Público) e a das telecomunicações (Optimus). Posteriormente, o grupo procurou expandir-se internacionalmente e apostou no retalho especializado (Bonjour, Vobis, Worten, Sport Zone, etc.).
A partir de 1985, a SONAE passou a ser cotada na Bolsa de Valores e Belmiro tornou-se acionista maioritário do grupo. Em paralelo com a atividade empresarial, no ano de 1991 o engenheiro criou a Fundação Belmiro de Azevedo, que desenvolve a política de mecenato da empresa, nas áreas da Educação, das Artes, da Cultura e da Solidariedade, em ações de parceria com indivíduos e entidades e contando com os colaboradores da empresa em ações de voluntariado. Em 2008, esta fundação abriu em Matosinhos o Colégio Efanor, no lugar das velhas instalações fabris onde Belmiro dera início à sua carreira profissional.
Em 2007, depois de 18 anos na direção da SONAE, transferiu a liderança para o seu filho Paulo de Azevedo e reservou para si o cargo de presidente do conselho de administração (chairman).
Foi membro do "European Union Hong-Kong Business Cooperation Committee", do "World Business Council for Sustainable Development", do "European Advisory Board da London Business School", do Clube México-Europa 2000 e presidente do Conselho-Geral da EGP-Business School da Universidade do Porto.
Este emblemático empresário foi detentor de uma das maiores fortunas nacionais e internacionais (classificado no 350.º lugar da lista dos mais ricos do mundo, da revista "Forbes"), manteve uma disciplinada rotina diária. Levantava-se cedo, tomava o pequeno-almoço em casa e seguia para o ginásio depois do qual se entregava ao trabalho até cerca das oito da noite. Por norma, não levava grande volume de trabalho para casa.
Manteve a sua paixão pelo desporto, lia sobretudo livros e trabalhos da área de Gestão, mas versando também sobre temas diversos, como História Moderna da Europa. Gostava de música clássica e brasileira e também um pouco de fado, em especial Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro. Via pouca televisão por considerar fracos os seus conteúdos, centrando as suas atenções em canais como a RTP2 e o National Geographic. Aos fins-de-semana, quando possível, juntava a família em Tuías.
Vivia perto do Porto, cidade onde cresceu e que o entristecia por a achar, cada vez mais, um dormitório velho, desprovido de modernos equipamentos, sem poder decisório, e onde muitas instituições, como o Museu Nacional de Soares dos Reis ou o Palácio de Cristal, haviam perdido o fulgor de outros tempos.
Belmiro de Azevedo morreu no Porto, a 29 de novembro de 2017, aos 79 anos de idade.
U.Porto - Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto: Belmiro de Azevedo
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