PEDI A MINHA MULHER EM CASAMENTO NUMA LÍNGUA QUE NÃO ERA A NOSSA

​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Estava muito calor. Pedi ao motorista do Uber em que viajava – da Estação do Oriente em direção à Biblioteca Nacional – para abrir a janela, mas ele parecia não ouvir. Do banco de trás, espreitando para o espelho retrovisor, pude ver refletido um rosto atento. Falei mais alto. “Pode abrir a janela, por favor?”. O motorista reagiu, desligando o aparelho de rádio. “Desculpa, aprendo português”, explicou. Perguntei-lhe que estação radiofónica ouvia. Ele voltou a ligar o rádio e anunciou: “Rádio Festival. Todos nós ouvimos”.


Com “todos nós” referia-se à comunidade indiana de motoristas e estafetas de entrega de comida. Agora que o volume estava mais alto, eu conseguia perceber o que diziam. Estava a ser transmitida uma conversa entre dois locutores com uma pronúncia marcadamente do Norte. Comecei a rir. Como ele quis saber a razão, engolindo uma gargalhada para não parecer ofensiva, perguntei: “Sabe que esta estação é do Porto?” “Muito bom, muito bom, gostamos muito”. E acrescentou num português hesitante. “Muito... alegres!”


Passei os minutos seguintes a explicar ao motorista que a pronúncia do Porto é distinta da de Lisboa, e que era engraçado perceber que ele e os Colegas, vivendo em Lisboa, estavam a aprender a falar português com sotaque nortenho. Ele não pareceu perceber a relevância dos meus esclarecimentos (talvez não tenha percebido sequer o meu português) e, abrindo o sorriso, repetiu: “Muito alegres!”.


Este episódio passou-se há um ano (entretanto, a Rádio Festival, comprada pelo grupo Medialivre, mudou o nome para “CMR / Correio da Manhã Rádio”), mas lembrei-me dele agora por causa do congresso da RNEC / Rede Nacional em Estudos Culturais em que fui convidada a participar, moderando uma mesa sobre políticas de língua e de comunicação. A mesa, que reunia oradores da Universidade do Minho, da Universidade de Aveiro e da Universidade Sociotécnica da Cidade da Beira, Moçambique, convidava a uma reflexão sobre a exclusão simbólica de algumas línguas ou de algumas pronúncias e variantes de línguas em detrimento de outras línguas e registos considerados “a norma”, e que dão acesso a mais oportunidades.


A primeira oradora, Madalena Oliveira, introduziu o tema da imposição do inglês enquanto língua científica comum como uma forma de imperialismo de um sistema científico global que promove a comercialização do saber. “Cada vez temos menos a surpresa da descoberta”, afirmou. Walter Benjamin falava da estandardização, da reprodutibilidade técnica da arte. Acho que hoje podemos falar de ‘reprodutibilidade científica’. Todos os papers científicos obedecem a um mesmo esquema: introdução, metodologia, resultados e discussão – até mesmo os das Humanidades e Ciências Sociais. Além disso, temos de perceber que a língua não é apenas um meio de comunicação, mas sobretudo um agente de compreensão. Não conseguimos a mesma profundidade de pensamento em inglês. Temos de assumir o português como “plasticina” do nosso pensamento. O que não quer dizer, claro está, que não possamos publicar também em inglês.”


A segunda oradora, Maria Manuel Baptista, depois de uma argumentação sólida defendendo que não há identidades (individuais ou coletivas) fixas, estando estas em constante negociação, lembrou-nos que não há tão-pouco línguas puras: todas são objeto de permanente hibridização. E referindo-se à imposição do inglês como língua global, lamentou o processo de simplificação que essa língua tem sofrido por falantes cujo nível de proficiência não é nativo. Mas não é só a língua: o nosso pensamento perde complexidade quando nos exprimimos com um vocabulário limitado.


A intervenção do terceiro orador, o moçambicano Martins Mapera, Reitor da Universidade Sociotécnica, proporcionou-nos um testemunho do que é viver num país pós-colonial em transformação, onde o português é imposto como “língua legítima” (como diria Pierre Bourdieu) e onde as mais de vinte línguas da família Bantu têm mais de seiscentas variações. E ilustrou a dificuldade com números: apenas 10% dos moçambicanos têm o português como língua materna; e se, nas zonas urbanas, 80,3% dos habitantes falam português, a língua é dominada apenas por 36,3% dos habitantes das zonas rurais. A sua história pessoal deu-nos mais elementos para compreendermos a complexidade do problema: “Fiz a 1.ª classe com 10 anos – não havia escolas perto de minha casa, não pude ir antes disso –, e foi aí que aprendi português. Mas ainda hoje falo com a minha mãe numa língua diferente. A minha mulher é de uma outra região, fala uma língua distinta. Quando a pedi em casamento, tive de o fazer em português, pois de outro modo não conseguiríamos comunicar.” E por isso Martins Mapera, apesar de reconhecer a língua portuguesa como uma ferramenta da colonização de Moçambique, caracteriza-a também como a língua da libertação, aquela que permite criar relações entre as pessoas, entre os moçambicanos e entre estes e as outras nações.


Vim para casa a pensar no poder das línguas – nos caminhos que abrem ou vedam, mas também na forma como evoluem, como se hibridizam. E pensei em todos os vocábulos estrangeiros que a nossa língua acolheu, ao longo dos séculos, e de cuja origem linguística perdemos a memória. Veio-me então à mente o motorista de Uber indiano, e pus-me a imaginar como seria se, num breve futuro, os migrantes do Indostão fizessem penetrar em Lisboa a pronúncia nortenha. Uma ironia deliciosa, concluí com um sorriso.   


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus 

Música, dança e poesia para as noites de julho no Pátio do Museu

Os concertos de BAN, Trabalhadores do Comércio e Rão Kyao são "os nomes fortes do cartaz" das Noites no Pátio do Museu de 2025. 

O reencontro da formação original dos BAN é um dos pontos altos das Noites do Pátio do Museu 2025.  Foto: DR

Tal como já vem sendo hábito, está a aproximar-se o mês em que passamos as noites ao luar, a assistir a um espetáculo de dança, a fazer uma prova de vinhos, a participar de um workshop, ou a testemunhar o regresso aos palcos de uma banda rock dos anos 80 num tríptico de concertos. Estas são apenas algumas das propostas do programa das Noites no Pátio do Museu 2025, uma oferta da Universidade do Porto a toda a cidade, com entrada gratuita, sempre às 21h30, no Edifício Histórico da Reitoria.

Um dos momentos mais aguardados do programa deste ano é a reunião em palco de João Loureiro (voz), Ana Deus (voz e vídeo) e Rui Fernandes (teclas, saxofone, guitarra, programações e acordeão), ou seja, três dos elementos da formação original dos BAN. Um reencontro inédito da banda portuense que irá revisitar alguns dos seus temas mais emblemáticos num concerto agendado para 24 de julho, cuja primeira parte ficará a cargo da banda portuense Conferência Inferno.

No dia seguinte, 25 de julho, sexta-feira, outra reunião do rock portuense dos anos 80. É com um assumido sotaque nortenho que os Trabalhadores do Comércio se apresentam em palco no ano em que celebram o 45.º aniversário do lançamento do seu primeiro single, Lima 5. Este e tantos outros clássicos da banda marcarão presença neste concerto das Noites no Pátio do Museu, que certamente irá colocar a audiência a cantar “Chamem a Polícia, chamem a polícia…”.

No dia seguinte, 26 de julho, será a vez de subir ao palco um outro notável da música portuguesa. Rão Kyao, celebrizado como intérprete de flauta de bambu e de saxofone, desde cedo se deixou seduzir pela confluência entre a música portuguesa e as sonoridades que nos chegam do Oriente, uma união que será certamente tema central deste concerto. 


Mas o programa musical das Noites no Pátio do Museu é mais extenso. É já no dia 5 de julho que duas bandas fazem a sua estreia na cidade invicta. Luís Campos, também conhecido como Mr. Feelds, é um cantautor de indie folk acústico. Lançou o seu EP de estreia, Peninsula, em 2022 e está atualmente a trabalhar no seu primeiro álbum, Dō, com lançamento previsto para o outono de 2025. Neste concerto nas  Noites no Pátio do Museu, contará com o acompanhamento de Henrique  Oliveira (baixo) e Gonçalo Almeida (bateria). Menino Manequim é um quarteto formado por Henrique Oliveira (baixo elétrico e voz),  Guilherme Sequeira (guitarra elétrica e voz), Kenny Caetano (saxofone e  voz) e Gonçalo Almeida (bateria e voz). Mais do que uma banda, Menino  Manequim é uma brincadeira sonora entre amigos que gostam de explorar os  seus brinquedos barulhentos.

No dia 12 de julho, a noite começa com uma simples questão: Quem é o José Valente? Navegando entre o violino e o violoncelo, o homónimo autor e intérprete  deste álbum é considerado um dos compositores mais inovadores da sua geração. Já no dia 18 de julho, será a vez de cantarolar em francês com Clélia Colonna, que irá revisitar temas de Édith Piaf e Serge Gainsbourg, entre outros.

Os Trabalhadores do Comércio vão atuar nas Noites do Pátio do Museu, no próximo dia 25 de julho. (Foto:DR)

Um mês inteiro de espetáculos ao ar livre

O “programa das festas” das Noites no Pátio do Museu começa, no entanto, bem antes, a 2 de julho. Será com dança contemporânea que abriremos as portas do edifício histórico da Reitoria da U.Porto (entrada pela Cordoaria), para o primeiro dia deste festival de verão. Fuga Para O Tempo Presente–O Leve Poder Da Lua Apenas Queima Os Olhos é o título do espetáculo da NUISIS ZOBOP, uma associação cultural de criação, investigação e formação no domínio das artes performativas. Promete abordar “o conflito Instante-Eternidade, Permanência-Impermanência, Ethos-Pathos-Logos, com movimentos de ocupação do instante”, conferindo pertinência ao “presente frágil, via crucial de resiliência, em desfragmentação da identidade por todos os entes (im)possíveis na fragilidade do agora”.

Dia 3 de julho vamos falar de sotaques e pronúncias e, provavelmente, perceber que nem sempre conhecemos a língua que falamos todos os dias. E vamos descobrir palavras que vieram de línguas improváveis, perdidas noutros mares, de ideias falsas sobre o português, ou até de falantes a tentar mudar à força a sua própria língua, entre outros segredos e maravilhas. Marco Neves, o linguista com mais de 60.000 seguidores no TikTok, onde faz publicações sobre a nossa língua, combinando rigor académico com uma abordagem acessível e divertida, vem ao Pátio do Museu contar-nos Sete Segredos do Português. 


No dia 11 de julho vamos "dançar o Folclore Miudinho. A associação cultural Aurum et Purpura convida o  NEFUP – Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto para um espetáculo que remete à nossa infância e recorda a vida das "crianças de antigamente", sob a forma forma de danças, lengalengas, jogos e canções.

Marco Neves vem ao Pátio do Museu partilhar “Sete Segredos do Português” (Foto: João Octávio Peixoto / TMP)

Este programa terá também sessões dedicadas ao bem-estar e à ligação entre emoção, corpo e expressão. Com base em técnicas inspiradas no método científico Alba Emoting, serão trabalhados elementos como a respiração, a postura e a expressão facial, permitindo reconhecer e mobilizar emoções de forma consciente e saudável. Este Workshop Performance e Bem-Estar, com Josefina Fuentes, agendado para dia 4 de julho, vai demonstrar como as artes performativas podem ser um recurso para fortalecer a comunicação e a identidade pessoal e coletiva. E como a criação artística é também um veículo de promoção de bem-estar, Telmo Castro, arquitecto e artista plástico, propõe para o dia 10 de julho uma oficina de arte colaborativa sob o mote de Paul Klee, “A line is a dot that went for a walk”.

“Da dança à música e da poesia à performance, passando pela partilha de conhecimentos sobre temas como língua portuguesa e a enologia, apresentamos um programa eclético que se dirige a um conjunto de públicos muito variado”, afirma a vice-reitora para a Cultura e Museus da U.Porto, Fátima Vieira. “É mais uma oferta à cidade e a todos aqueles que se quiserem juntar a esta comunidade que se quer plural. Uma proposta que se alinha com a missão que tem guiado a atuação da U.Porto, ou seja, a de democratizar o acesso à cultura”, reforça.

O programa das Noites no Pátio do Museu vai prolongar-se durante o mês de julho, no edifício histórico da Reitoria, sempre com entrada gratuita. 


Fonte: Notícias U.Porto

Ioan Mihăilescu vai estar ao vivo na Casa Comum

O concerto do premiado pianista romeno acontece  no dia 3 de julho, às 18h00, e incluirá obras de, entre outros, Liszt,  Debussy e Philip Glass

Obras de Claude Debussy, Philip Glass e Franz Liszt, entre outros compositores, compõem o programa do concerto que o pianista romeno Ioan Mihăilescu protagonizará no próximo dia 3 de julho, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto. A récita, com início marcado para as 18h00. incluirá ainda composições de Alberto Ginastera e Petra Pál.


O concerto será de entrada livre, sujeita à lotação do espaço.


Convidado por Constantin Sandu, concertista e coordenador da área de  piano/teclas do Departamento de Música da Escola Superior de Música e  Artes do Espetáculo (Politécnico do Porto), Ioan Mihăilescu interpretará  a célebre Suite bergamasque, de Claude Debussy, cujo terceiro andamento, Clair de lune, é presença habitual em filmes e programas de televisão. De Franz Liszt  escutar-se-á a Rhapsodie espagnole, composta em 1858 e inspirada numa passagem do compositor por Espanha e Portugal.


Entre Debussy e Liszt, o concerto incluirá o Etude No. 6, peça minimalista romântica do contemporâneo Philip Glass, trabalhos de  juventude do argentino Alberto Ginastera inspirados pela procura de um  certo espírito nacional e a composição Eskimo Nebula, da húngara Petra Pál.

Sobre Ioan Mihăilescu

Ioan Mihăilescu formou-se no Colégio Nacional de Artes Ion Vidu, em  Timișoara, na Roménia, e continuou os estudos universitários na  Universidade Nacional de Música Gheorghe Dima, em Cluj-Napoca. Durante o  ano letivo de 2019-2020, com a bolsa Erasmus+, estudou na Universidade  de Música Frederic Chopin, em Varsóvia (Polónia), com Anna Jastrzębska-Quinn. Atualmente, é assistente universitário na Faculdade  de Música e Teatro da UVT, em Timișoara.


O jovem pianista foi já premiado em várias competições nacionais e  internacionais: 1.º Prémio nas Olimpíadas Escolares, 2.º Prémio e Prémio Carl Filtsch no Concurso Internacional Carl Filtsch, 3.º Prémio no Concurso Internacional Giulio Rospigliosi – Prémio Rospigliosi, Prémio  Constantin Silvestri no Concurso Internacional Târgu Mureș /  Marosvásárhely, Prémio do Público no Festival de Música Húngaro, 1.º  Prémio no Concurso Internacional ProPiano, 1.º Prémio e Prémio Especial no Concurso Nacional de Interpretação Eduard Caudella, entre outras distinções.


Para além dos concertos e recitais a solo, Ioan Mihăilescu atua  regularmente com diversos ensembles de música de câmara, tanto na  Roménia (Timişoara, Bucareste, Cluj-Napoca e Braşov) quanto no exterior (Alemanha, Itália, Suíça e Sérvia). 


Fonte: Notícias U.Porto

A Universidade do Porto “inaugura” dois planetas

Um é a Casa Comum da Humanidade, o outro, uma nova fronteira do conhecimento

Na galeria exterior do edifício histórico da Reitoria da Universidade do Porto, orbitando a Lua instalada em 2019 para as celebrações dos 50 anos das Missões Tripuladas à Lua, serão “inaugurados”, no dia 1 de julho, dois planetas formando um astro-tríptico que entrelaça conhecimento, história e responsabilidade humanista. Com a instalação de uma representação do planeta Terra e do primeiro exoplaneta descoberto 51 Pegasi b, fica composta uma tríade narrativa que irá propor uma leitura do conhecimento como jornada que parte do familiar em direção ao desconhecido. Simultaneamente, estabelece um diálogo entre o passado (alunagens), o presente (a urgência ecológica terrestre) e o futuro (a exploração de novos mundos e fronteiras do conhecimento), consolidando o papel da Universidade como instituição que preserva, produz e projeta conhecimento através do tempo. 


Às 18h15, nas arcadas da galeria exterior do edifício da Reitoria, contaremos com a presença de António de Sousa Pereira, Reitor da U.Porto, e de Paulo Magalhães (da Casa Comum da Humanidade), para a inauguração de uma representação do planeta Terra. Às 18h30, o Reitor da U.Porto e o Professor Michel Mayor, Prémio Nobel da Física 2019, inauguram uma representação do primeiro exoplaneta 51 Pegasi b, que descobriu há 30 anos com a colaboração de Didier Queloz e que inaugurou uma nova fronteira do conhecimento.


A esta “inauguração” suceder-se-á a palestra pública (em inglês) pelo Professor Michel Mayor: “Change of paradigm during the 20th century – From one to billions of planetary systems”, no Salão Nobre da Reitoria, às 18h45.

Julho na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Uma viagem pelo asfalto. O rock no Porto nos anos oitenta

Até 08 NOV'25 
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui 

Noites no Pátio do Museu 2025

De 02 a 26 JUL' 25 | 21h30
Festival | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada livre. informações aqui 

Fuga Para O Tempo Presente- O Leve Poder Da Lua Apenas Queima Os Olhos

02 JUL'25 | 21h30
Dança Contemporânea | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada livre. Mais informações aqui

Sete Segredos do Português, com Marco Neves

03 JUL' 25 | 21h30
Palestra | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada livre. informações aqui 

Workshop “Performance e Bem-estar”, com Josefina Fuentes 

04 JUL' 25 | 21h30
Workshop | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada livre. Mais informações aqui

Mr. Feelds + Menino Manequim | Concerto  

05 JUL' 25 | 21h30
Música | Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada livre. informações aqui 

Mudança de paradigma no século XX – De um para mil milhões de sistemas planetários | Palestra com Michel Mayor

01 JUL' 25 | 18h45
Palestra | Salão Nobre
Entrada livre. informações aqui 

Ioan Mihăilescu, piano

03 JUL' 25 | 18h00
Música | Casa Comum
Entrada livre. Mias informações aqui 

Fanzine Instantâneo sobre "O Rock no Porto dos anos 80" | Workshop

05 JUL'25 ! 11h00
Workshop | Casa Comum
Participação gratuita. Inscrições e mais informações aqui 

Confidências do Exílio | Apresentação do Fanzine

05 JUL' 25 | 17h00
Apresentação de fanzine | Casa Comum
Entrada livre. informações aqui 

Poesia de "Astrolábio", de David Rodrigues, apresentada na Casa Comum 

09 JUL'25 ! 18h00
Apresentação de livro | Casa Comum
Entrada livre. informações aqui 

Haiku: a poesia do instante | Oficina

10 JUL' 25 | 18h00
Oficina | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui 

Club di Lettura Italiano 2025 | Clube de Leitura Italiano 2025

17 SET, 29 OUT e 11 DEZ'25 | 19h00
Literatura | Casa Comum e ASCIPDA
Entrada Livre. Mais informações e inscrição aqui 

Gemas, Cristais e Minerais

Exposição | Museu de História Natural e da Ciência U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui 

Corredor Cultural

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Mais informações aqui

"Diálogos Euroasiáticos"regressa em julho à U.Porto

Cinema, oficinas de ilustração, conferências e concertos compõem este programa multidisciplinar que decorrerá durante o mês de julho

O Herói, de Satyajit Ray vai passar na Casa Comum no dia 18 de julho

Um Ciclo de cinema dá início ao programa de julho do programa Ásia e Europa – Um futuro partilhado, que contará também com uma oficina de ilustração, conferências sobre banda desenhada asiática e música da China, encerrando-se com um concerto de Rão Kyao em diálogo com Lu Yanan.


O mês de julho será marcado, na Universidade do Porto, por um programa cultural dedicado às artes de origem ou de influência asiática. O ciclo de cinema Gendai! A modernidade no cinema asiático dos anos 60, comissariado por David Pinho Barros, propõe quatro importantes filmes realizados na Coreia do Sul, no Japão, na Índia e na Turquia, e cujo contexto será sucintamente abordado em conversas prévias entre o curador e quatro especialistas da área: Pedro Moura, Miguel Patrício, Clara Rowland e Elif Toprak Sakiz. A decorrer em todas as sextas-feiras de julho (4, 11, 18 e 25), às 18h00, na Casa Comum, este ciclo prenuncia uma semana intensa de atividades que se realizarão entre 22 e 24 de julho no belo espaço da Galeria da Biodiversidade (Jardim Botânico do Porto).


No dia 22, Élio de Souza, o etnomusicólogo que é o principal responsável pela organização das Conferências de Lisboa: Música e Instrumentos Chineses abordará – numa conferência orientada para um público geral – as diferentes formas e estilos da música da China e os instrumentos que nela são usados, mas também se referirá à história conjunta sino-portuguesa. No mesmo dia, a concertista chinesa Lu Yanan explicará as diferenças e semelhanças que existem entre a música europeia e a música chinesa, antes de, quatro dias depois (a 26), mas já no Pátio do Museu (edifício da Reitoria), subir ao palco com Rão Kyao para um interessante diálogo que combina elementos das tradições musicais dos dois extremos da Eurásia.


Regressemos à Galeria da Biodiversidade para completar o programa que aí continua a decorrer: a 23 de julho, Pedro Moura regressa à U.Porto para falar não sobre cinema, mas sobre banda desenhada, de que é um dos maiores especialistas portugueses, debruçando-se sobre a produção de três países: Coreia do Sul, China e Japão. No dia seguinte, a 24, será a vez de Tomás Guerrero – que interpretou graficamente a obra de Valter Hugo Mãe cuja ação decorre no Japão, Homens Imprudentemente Poéticos – propor uma oficina de ilustração orientada para a novela gráfica.


Programa rico e diverso, a não perder. A entrada é livre (embora sujeita à lotação dos espaços) com exceção da participação na oficina de ilustração, que exige inscrição (mas é gratuita).


Ásia e Europa – Um futuro partilhado é um ciclo cultural organizado conjuntamente pela Casa Comum e pela Eurasia Foundation.


Mais informações: https://www.up.pt/casacomum/asia-e-europa-um-futuro-partilhado/

Livro que cruza obra de Fernando Pessoa com pensamento filosófico português lançado a 8 de julho

A sessão decorrerá na Reitoria da U.Porto (Auditório da Casa Comum), a partir das 18h00. O livro será apresentado por José Meirinhos, Diretor do Instituto de Filosofia.

 Fernando Pessoa e a Filosofia em Portugal reflete sobre as relações entre a obra pessoana e o pensamento filosófico português, através do contributo de filósofos portugueses. / FOTO: U.Porto Press

Fernando Pessoa e a Filosofia em Portugal aborda a existência “de uma obra filosófica pessoana, para além das suas produções poético-literárias”, explicam Maria Celeste Natário, Paulo Borges e Nuno Ribeiro, coordenadores da obra.


Esta publicação conjunta da Editora da Universidade do Porto (U.Porto) e do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (IFUP), dedicada ao “poeta animado pela filosofia”, nas palavras do próprio Fernando Pessoa, será apresentada ao público a 8 de julho, a partir das 18h00, no Auditório da Casa Comum, à Reitoria da U.Porto.


A apresentação do livro ficará a cargo de José Meirinhos, Diretor do IFUP, Professor Catedrático e Diretor do Departamento de  Filosofia da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP). A sessão contará,  também, com intervenções de Fátima Vieira, Vice-Reitora  da U.Porto para a Cultura, Museus e U.Porto Press, Maria Celeste  Natário, docente do Departamento de Filosofia da FLUP, e Nuno Ribeiro,  investigador do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, da  Universidade Nova de Lisboa.


A entrada é livre.

Sobre a obra

Fernando Pessoa e a Filosofia em Portugal reflete sobre as relações entre a obra de Fernando Pessoa e o pensamento filosófico português.


“Ao longo da escrita poético-literária de Fernando Pessoa encontramos  múltiplas referências a autores e conceitos da tradição filosófica”,  defendem Maria Celeste Natário, Paulo Borges e Nuno Ribeiro,  coordenadores da publicação, o que originou “inúmeras reflexões” de pensadores portugueses “acerca do alcance filosófico da escrita de  Pessoa”.

Esta é uma publicação conjunta da U.Porto Press e do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. / FOTO: U.Porto Press

Assim, esta publicação, que reúne ensaios relativos às leituras de  filósofos portugueses sobre o universo literário de Fernando Pessoa,  aborda a existência “de uma obra filosófica pessoana, para além das suas  produções poético-literárias”.


A leitura deste livro põe em foco o valor filosófico da obra pessoana, configurando-se “como um palco de diálogo que permite mostrar  as múltiplas e multifacetadas relações entre Pessoa e o pensamento  filosófico português”, afirmam os coordenadores.


Fernando Pessoa e a Filosofia em Portugal está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.

Sobre os coordenadores

Maria Celeste Natário é Professora Associada no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do  Porto, onde se doutorou. Tem dedicado grande parte da docência e  investigação aos estudos que compreendem a filosofia e a cultura no seu  sentido mais radical: a filosofia como amor ao saber e a cultura como cuidado regular do pensamento, reflexivo e ativo. Tem procurado a  construção de pontes entre a filosofia e o pensamento filosófico  português.


Paulo Borges (Lisboa, 1959) é Professor no  Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de Filosofia da mesma Universidade. É  cofundador e Presidente do Círculo do Entre-Ser, associação filosófica e  ética, e da MYMA, associação para a cultura contemplativa. É autor e organizador de 65 livros de ensaio filosófico, aforismos, poesia, ficção  e teatro e Doutor Honoris Causa pela Universidade Tibiscus de Timisoara (Roménia).


Nuno Ribeiro, investigador auxiliar contratado do  Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas), doutorou-se em  Filosofia com uma tese sobre o espólio filosófico de Fernando Pessoa,  intitulada Tradição e Pluralismo nos Escritos Filosóficos de Fernando Pessoa. É autor de mais de 20 edições sobre a obra de Fernando Pessoa publicadas na Europa, no Brasil e nos Estados Unidos. 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

3. O que significa ser cigano/a? E que símbolos contam essa história?

O terceiro episódio do podcast “Dos Outros Ninguém Sabe” conta com Bruno Gonçalves, mediador cultural e fundador da Associação Letras Nómadas, Francisco Mangas, historiador do CITCEM, e Oxana Barbalata, bolseira e investigadora do ISCTE. A conversa percorre elementos simbólicos  fundamentais da identidade cigana, como o hino, a bandeira e o Dia  Internacional do Povo Cigano, sublinhando a importância deste  conhecimento tanto para as próprias comunidades como para a sociedade  portuguesa em geral. Reflete-se também sobre o percurso do movimento  associativo cigano em Portugal, os desafios que enfrenta e o seu papel  estratégico no combate às políticas de ódio num contexto de crescimento  de discursos populistas e intolerantes.

100. Centésimo eipisódio!

L centésimo eipisódio de l podcast Terreiro de la Lhéngua 25 ye un númaro mui amportante pa la promoçon i la balorizaçon de la  lhéngua i la cultura mirandesa. Nel, Alcides Meirinhos, un de ls  antuantes deste fincon de la lhéngua mirandesa cunta-mos todo suobre  este trabalho: cumo aparciu l’eideia, la ourige de l nome Terreiro de la lhéngua 25, ls temas i las cumbersas que más lo marcórun.


159. Chuva, Olívia Clara Pena

“Chuva”, de Olívia Clara Pena, in Amor e outros desencontros, 2024.

108. “Narita: Aldeia de Heta”, de Shinsuke Ogawa (1973)

Comentário de Yurika Watanabe (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC)


Mais podcasts AQUI


Alunos Ilustres da U.Porto

Bento Carqueja

Bento Carqueja (Oliveira de Azeméis, 1860 - Porto, 1935)

Bento Carqueja nasceu no dia 6 de novembro de 1860 na Rua Direita, Oliveira de Azeméis. Era o mais velho dos quatro filhos de Bento de Sousa Carqueja, comerciante e ator amador, e de Maria Amélia Soares de Pinho, descendente da aristocrata família Soares de Pinho.


O sobrenome Carqueja procede da alcunha do seu bisavô Manuel de Sousa Bento, de Valbom, que trabalhava como aprendiz numa loja de solas na Rua das Congostas, no Porto (desaparecida com a construção da Rua de Mouzinho da Silveira), e era assim chamado pelos colegas para o distinguirem de um caixeiro também chamado Manuel.

Com oito anos, "Bentinho", como era apelidado pelos familiares mais próximos, começou a trabalhar no negócio do pai, já nessa altura dando mostras de grande vivacidade e inteligência.


Os primeiros estudos realizados em Oliveira de Azeméis foram prosseguidos no Porto, cidade para onde se mudou aos dez anos com o apoio do tio e padrinho, Manuel de Sousa Carqueja. Nessa época vivia na casa dos tios Francisco e Paulina, na Rua da Ferraria (atual Rua do Comércio do Porto, resultante da junção das ruas da Rosa e da Ferraria de Baixo ou Ferraria Nova), e frequentava o Colégio Nossa Senhora da Glória. Neste colégio fez amizade com Luís de Magalhães e tornou públicos os seus dotes de escritor e orador. Por isso ninguém estranhou que o seu primeiro discurso fosse publicado quando tinha apenas quinze anos de idade. Nem que o seu primeiro artigo fosse publicado quando tinha apenas dezasseis.


Em 1878, matriculou-se no Curso Superior de Agricultura na Academia Politécnica do Porto, que terminou passados quatro anos com excecional classificação de 5 accessits.


Em seguida, ensinou no colégio onde estudara, do qual se transferiu, em 1884, para a Escola Normal do Porto, onde lecionou as disciplinas de Agricultura e de Ciências Físico-Naturais e instalou o "Jardim Botânico" e os laboratórios de Fisiologia Vegetal e Química Agrícola.


Entretanto, a 8 de setembro de 1888 casou com a prima Elisa Maria Kunhardt de Sousa, de origem francesa, com quem teve Maria Paulina, quando cumpria dez anos de matrimónio.

Em 1898 foi nomeado professor da Academia Politécnica do Porto, onde permaneceu até 1915. Neste ano, com a instituição da Faculdade Técnica, atual Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, foi convidado a aí lecionar as cadeiras de Economia Política, de Contabilidade e de Legislação das Obras Públicas. Mais tarde, ascendeu ao cargo de Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A reforma chegou depois de 46 anos de ensino.


Por ser um benemérito, doou o seu salário de professor ao Instituto de Investigação Científica de Ciências Económico-Sociais.


Em paralelo com o ensino também se dedicou ao jornalismo no periódico portuense O Comércio do Porto (1854-2005), fundado por Manuel de Sousa Carqueja e pelo Dr. Henrique Carlos de Miranda, em cuja redação ingressou em 1880. Depois das posições modestas que ocupou nos primeiros tempos, subiu, em 1908, após a morte do tio, ao lugar de coproprietário do jornal, passando então a desenvolver uma inovadora política redatorial e social.

No jornal, local onde rejeitava os títulos académicos e onde respeitava de igual forma todos os colaboradores, procurou instituir uma reputação jornalística de isenção e de credibilidade, introduzindo profundas mudanças. Pela primeira vez, usou correspondentes no estrangeiro; contratou colaboradores de renome nacional; criou um museu para promoção das artes; estimulou a homenagem aos grandes vultos da cultura nacional já desaparecidos; criou bibliotecas e instituiu O Lavrador (1903), folha mensal gratuita dedicada aos agricultores, patrocinada por José Cláudio Mesquita, que também se envolveu na fundação de escolas agrícolas móveis.


Através do jornal, Bento Carqueja ajudou a instituir cinco creches em Vila Nova de Gaia e no Porto, entre 1894 e 1921, para as quais angariou fundos recorrendo a métodos inovadores – usando, por exemplo, um biplano – e fomentou festas infantis, em várias cidades portuguesas, organizadas segundo um plano pedagógico por si traçado.


Profundamente envolvido em questões sociais, incrementou, a partir de 1889, a construção de bairros operários (o do Monte Pedral, em 1889, o bairro de Lordelo do Ouro, em 1901, o bairro Xavier da Mota e o do Bonfim) e, em 1914, organizou as sopas económicas para os mais desprotegidos, tendo-se chegado a distribuir mais de 70 000 refeições.


Na sua terra de origem fundou a Fábrica de Papel do Caima (1905), ajudou a implementar o abastecimento de águas (1906), edificou um asilo, instalou a iluminação pública, o caminho-de-ferro do Vale do Vouga, a Associação de Bombeiros e a Santa Casa da Misericórdia, assim como criou a Escola de Artes Gráficas e Ofícios (1927) e recuperou a Igreja matriz, o Parque La Salette e os Annaes Municipaes.


Era um homem educado, solidário e ligado à família. Adepto da monarquia e crente em Deus. Ávido leitor e escritor compulsivo, partilhou muitas das horas votadas à escrita com o seu gato persa, de nome Patusco.


Gostava de viver. Da gastronomia nacional apreciava particularmente o "Cozido à Portuguesa" e os doces conventuais. Ouvia música clássica e era um amante das artes, em especial da pintura de Veloso Salgado. Colecionava medalhas comemorativas, moedas antigas e jogava bilhar.

Mantinha relações de amizade com o bispo D. António Barroso, com o Professor Ferreira da Silva e com o Comendador Francisco Pinheiro de Meireles, que eram visitas assíduas de sua casa.

Possuía uma habitação em Ferreiros e, normalmente, passava o mês de agosto na Foz do Douro, perto do mar. A banhos. No Verão de 1935 foi aconselhado pelo seu médico a quebrar este hábito, pois o ar do mar poderia ser pernicioso para o seu frágil coração. Bento Carqueja não lhe deu ouvidos. Morreu tranquilamente na rua do Molhe, na Foz do Douro, a 2 de agosto de 1935. O seu corpo foi trasladado para Oliveira de Azeméis, onde foi a enterrar.


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