UM LONGO ABRAÇO À CIDADE

No passado domingo, a Casa Comum acolheu a sessão de apresentação do livro de Manuel Cabral, Um Certo Porto. Trata-se de uma publicação que reúne textos de homenagem a três personalidades da cidade: Eduardo de Oliveira Fernandes, Miguel Veiga e Vasco Graça Moura. Através deles, e com grande erudição – com referências que vão desde a poesia à pintura, da escultura à música –, Manuel Cabral oferece-nos representações do Porto que se justapõem como os vidros coloridos de um caleidoscópio, um conjunto de combinações que aspiram a dar conta da cidade complexa que é o Porto. A sessão de apresentação incluiu pequenas intervenções sobre o “nosso Porto” em resposta ao Porto de Manuel Cabral. O vidro colorido com que contribuí para o caleidoscópio referia-se à Universidade. 


Toda a minha vida vivi no Porto, mas nunca achei que o Porto fosse meu. Foi sempre ao contrário: eu sou do Porto. Senti sempre que a cidade vinha de muito longe e ia para muito mais longe do que eu (as árvores centenárias do Palácio de Cristal teimam em lembrar-me isto). O mesmo em relação à Universidade. A Universidade do Porto é a minha alma mater, mas eu sou mais dela do que ela é minha – sou uma página no longo livro que ela vai escrevendo na sua relação com a cidade.


Um dos aspetos que mais espanto suscita nos Colegas estrangeiros que nos visitam é o facto de não termos um campus, mas 14 faculdades, vários centros de investigação, estruturas museológicas e equipamentos desportivos que se distribuem pela cidade. Mas mais do que uma inevitabilidade que temos de aceitar, aproveito, sempre que se fala sobre o assunto, para dar conta do entusiasmo que sinto por este projeto de solidariedade da Universidade com a sua cidade, esta história de crescimento conjunto. E é sempre assim que a descrevo: uma universidade que não se desprende nunca do seu longo abraço à cidade.


Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora

Um dos maiores poetas da América Latina vai estar na U.Porto

Hujo Mujica vem à Casa Comum, no próximo dia 2  de maio, às 21h30, para uma conversa com José Rui Teixeira e Valter Hugo  Mãe. A entrada é livre.

Jardim Botânico do Porto

Hugo Mujica vem à Casa Comum no próximo dia 2 de maio. Foto: Edu Carrera

Tem obra traduzida, antologiada e publicada em quinze países e é hoje um dos mais reconhecidos poetas contemporâneos no contexto  ibero-americano. Hugo Mujica vai marcar presença na Casa Comum da U.Porto (edifício histórico da Reitoria), às 21h30 do dia 2 de maio, para uma conversa com os escritores Valter Hugo Mãe e José Rui Teixeira, com entrada livre para todo o público.


Nascido em Buenos Aires, em 1942, Hugo Mujica estudou Belas-Artes, Filosofia, Antropologia Filosófica e Teologia. Esta multiplicidade de saberes perpassa uma obra que abarca filosofia, antropologia, narrativa, mística, poesia e indagação estética e que tem colocado o autor como uma dos perenes “candidatos” ao Prémio Nobel da Literatura.


Aproveitando uma deslocação do autor argentino a Madrid, o poeta, docente e investigador português José Rui Teixeira, doutorado em Literaturas e Culturas Românicas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, não  quis deixar escapar esta oportunidade de trazer Hugo Mujica a Portugal.  “É, talvez, a última vez que Mujica vem à Europa e esta será uma  oportunidade única de o vermos e ouvirmos antes de voltar a Buenos  Aires”. Do seu percurso “extraordinário” de salientar, talvez, o facto  de ter vivido como artista plástico, em Nova York, na década de 1960,  tendo depois ingressado numa congregação religiosa católica que deriva  da Ordem de Cister, onde foi ordenado presbítero e cumpriu o voto de  silêncio por 7 anos. “É um escritor para quem o ato de criar é entendido  como um sucessivo renascimento. É um homem com uma grande atividade e  um discurso provocador”, reforça José Rui Teixeira.


“É um estudioso da poesia, com um discurso muito próximo da Filosofia”, acrescenta Valter Hugo Mãe.  E “não faz favores”, adverte. “Diz o que tem a dizer sem fazer  concessões. É sempre surpreendente ouvi-lo falar”. Seria como podermos  ter “uma conversa franca com Eugénio de Andrade, ou António Ramos Rosa. É  uma sorte!”, o que torna imperdível esta “raríssima presença de um dos  maiores poetas da América Latina no Porto”.

Criar é o momento em que começamos a ser

"Sempre que escrevo, que é a minha forma de criar, descubro, ou talvez inauguro, algo de mim, de mim ou de todos (…)  como se a criação também  me ensinasse isso: que criar é mais original do que saber, mais abismal  do que compreender, mais definitivo do que agir.” disse Hujo Mujica no  Colóquio Internacional Poesia e Transcendência, que se realizou no  Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, em julho  de 2015. “O que procuro dizer, o que procuro pensar poeticamente ou  poetizar pensativamente, é que o ato criador, nele e com ele, revivemos o  acontecimento mais original e revelador que cada um de nós viveu: o  nascer, o momento sem sombra ou memória em que sem ser, nos recebemos, o  momento criador que ao recebermos, começamos a ser”.


O escritor argentino considera que “cada ato criador nos coloca no  sítio onde não há lugar: no nada de onde tudo chega, na escuta do que  vem à procura de um nome que o nomeie no seu ser. É, sem dúvida, por  esta razão que, uma e outra vez, na escrita destas páginas, eu estava a homologar a criação com o nascimento, o continuar a criar com a continuação do nascer…” Hujo Mujica considera que “Se um deus criou o homem à sua imagem e semelhança ou o homem imaginou esse Deus à sua  semelhança, o certo é que quando o ser humano começou a contar a si  mesmo o início do mundo em que se encontrava vivo, ele deu como um  atributo primordial a esse deus o ser criador, ele disse, intuiu, que criar é o ato mais inicial que um humano ou um deus pode realizar, ou o ato em que um e o outro são o mesmo evento, a mesma fecundidade”. Daí que na “relação cara a cara ou nudez a nudez, com o ser da existência, a criatividade é a relação mais decisiva, tão decisiva, que não podemos descartá-la, tão decisiva que é gratuita. É um dom”.

Jardim Botânico do Porto

A capa de Tudo o que arde morre iluminando é um pormenor de um quadro de Maria Helena Vieira da Silva, Esplanade (1967).

Tudo o que arde morre iluminando

A antologia é uma “recolha breve, muito feliz e séria” do trabalho poético de Hugo Mujica, diz-nos Valter Hugo Mãe. O que transforma esta obra numa oportunidade “maravilhosa” de entrar no universo “de um dos maiores poetas da América Latina”.


A iniciativa é da Reitoria da Universidade do Porto e da Cátedra  Poesia e Transcendência (Universidade Católica). A conversa entre José  Rui Teixeira, Valter Hugo Mãe e o poeta argentino Hugo Mujica tem início marcado para as 21h30. Durante a noite será feita a apresentação da antologia da sua poesia: Tudo o que arde morre iluminando, publicada com a chancela Officium Lectionis, em edição bilingue, com tradução para português de Jorge Melícias. 


Fonte: Notícias U.Porto

Ela é Uma Música e é também um filme

Documentário de Francisca Marvão passa no próximo dia 7 de maio, às 21h00, na Casa Comum. A entrada é livre.

Jardim Botânico do Porto

Ana Deus e Xana são duas das protagonistas de Ela é uma música. (Foto: DR)

Ela é Uma Música, documentário realizado por Francisca Marvão, é uma incursão no universo do rock e do punk no feminino. É também um convite à descoberta do "maravilhoso novo mundo" das Mulheres Que Fazem Barulho, exposição que estará em exibição na Casa Comum da Reitoria da U.Porto.


"Eu comecei a tocar bateria quando tinha 15 (anos). Vi um vídeo na televisão de uma banda (americana) que era só de raparigas, eram as L7 e aí descobri que era o que eu ia fazer". É com esta declaração de intenções de uma das protagonistas do documentário que começa o trailer de apresentação de Ela é uma Música.


Como em tantas outras áreas que fizeram história, habituamo-nos a ver baquetas com impressão digital masculina a voar da bateria em direção ao público, no final dos espetáculos. Também eram de dedos masculinos que saíam os acordes distorcidos das guitarras amplificadas durante os concertos. Mas era mesmo sempre assim? Ou era essa a imagem massificada que chegava até nós?


Sendo o universo das guitarras amplificadas e do som distorcido um meio maioritariamente masculino, se observarmos com mais atenção, a história é outra. Dos anos 1950 até à atualidade, a realizadora Francisca Marvão abre o baú dos testemunhos vivos e dele começam a saltar imagens e sons que não haviam entrado no cânone da música portuguesa. Ouvir falar das The Anarchicks, das Panela Depressão ou das Decibélicas? Só para citar alguns exemplos.


Ela é uma música faz uma espécie de cartografia do caminho feito pelo rock português até à modernidade e conta com participações como a de Lena D’Água, Xana dos Rádio Macau, Ana Deus dos Três Tigres Tristes ou, das The Raincoats para contar as suas histórias.


A música que vamos ouvindo, ao longo do documentário, é de Amanda Autoo, Catarina Côdea, Helena Andrade, Helena Espvall, Helena Fagundes, Joana Guerra, June Nash, Laura Marques, Maria do Mar, Maria Correia, Mariana Camacho, Sara Ross e Sofia Queiroz.


Ela é Uma Música 
para ser visto e ouvido no dia 7 de maio, pelas 21h00, na Casa Comum. A entrada é livre. 


Fonte: Notícias U.Porto

Abril / Maio na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Mulheres que Fazem Barulho – Cenas do Rock Português I

Até 30 SET'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Ver Cegueira Adentro - 100 Anos de José Saramago

Até 02 JUL'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Música na Cidade | Jazz FEUP na Casa Comum

29 ABR'22 | 21h30
Concerto | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Problema Pulmonar de Lourenço Quintão

30 ABR'22 | 16h00
Apresentação de Livro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Baile de Danças Tradicionais Portuguesas | NEFUP

30 ABR'22 | 17h30
Baile, Música Tradicional | Reitoria da U.Porto
Entrada livre. Mais informações aqui

Memória Cidadania e Liberdade| Ciclo de Cinema Português

30 ABR e 06, 13, 20, 27 MAI'22  | 21h00
Cinema, Debate | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Tudo O Que Arde Morre Iluminando | Conversa

02 MAI'22 | 21h30
Conversa, Apresentação de Livro | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Ela é Uma Música, filme de Francisca Marvão

07 MAI'22 | 21h00
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até 31 Dez' 22 
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Depositorium 2 

De DEZ'21 a JUN'22
Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
Mais informações aqui 

CONTAR HISTÓRIAS NO MUSEU: Oficinas de escrita criativa

30 ABR'22 | 15h00
Atividade de Serviço Educativo | Galeria da Biodiversidade
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui 

NOS BASTIDORES DO MUSEU: Visita às reservas de zoologia

30 ABR'22 | 15h00
Visita Guiada | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui 

VÍTOR E SOFIA VÃO À LUA 

30 ABR'22 | 15h00
Atividade de Serviço Educativo | Planetário do Porto
Mais informações e reservas aqui 

O SOL, A NOSSA ESTRELA

30 ABR'22 | 16h00
Atividade de Serviço Educativo | Planetário do Porto
Mais informações e reservas aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

Orfeão Universitário do Porto volta a reunir o melhor do canto coral

A 4.ª edição do Encontro Internacional de Coros  da U.Porto vai decorrer no dia 29 de abril, na Igreja do Foco, com a  participação de quatro coros académicos nacionais.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

A última edição do EICOUP teve lugar em dezembro de 2017, na Igreja do Carmo. Foto: OUP

A Igreja do Foco vai receber, no próximo dia 29 de abril, a partir das 21h00, a 4.ª edição do Encontro Internacional de Coros da Universidade do Porto (EICOUP), organizado pelo Orfeão Universitário do Porto (OUP).


Cinco anos após a última edição, o mais antigo e prestigiado evento  coral universitário do Porto regressa este ano com a participação  especial de quatro coros académicos nacionais. Para além do anfitrião Coro Clássico do Orfeão Universitário do Porto, o encontro contará ainda com as atuações do Coro do Orfeon Académico de Coimbra, do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto e do Coro Académico da Universidade do Minho.


Com a primeira edição do EICOUP,  realizada em 2015, o OUP recuperou a tradição iniciada em 1987 – com o  nome de Bienal de Canto Coral do Porto – de reunir em palco o melhor do  canto dos estudantes da Universidade do Porto, do país e do mundo. O  objetivo passa assim por reavivar o gosto da comunidade académica pelo  canto coral através de um evento organizado por estudantes, para  estudantes.


Os bilhetes têm um custo de 4 euros para estudantes e 6 euros para o restante público e podem ser reservados através do email orfeão@orfeão.up.pt


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

23. Uma cidade, Albano Martins

“Uma cidade”, de Albano Martins, Por ti eu daria – Toda a poesia.

38. Todos ls homes son maricones… 

"Todos ls homes son maricones quando stan cun gripe / Fai-me pan lebe  / i un chazico / Nun t’alhebantes / que quedo solico / Eiqui you solo /  a apodrecer / Ai Lurdes Lurdes / que me bou a morrer.”
António Lobo Antunes

5. João Guedes 

Hoje apresentamos João Guedes no “Memórias U.Porto: Finalistas Online”. O alumnus da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto terminou o Mestrado  Integrado em Ciências Farmacêuticas em 2021. Natural do Porto, encontra-se atualmente a trabalhar em marketing na área de oncologia de  uma multinacional da indústria farmacêutica em Lisboa. João foi  Presidente da Federação Internacional dos Estudantes de Farmácia (do  inglês, IPSF), que representa 500.000 estudantes de Farmácia e Ciências  Farmacêuticas em mais de 100 países do mundo. Envolveu-se no  associativismo através da AEFFUP – a Associação de Estudantes da FFUP – e  colaborou com a Associação Cura+ durante 3 anos. O ex-estudante recebeu o Prémio Incentivo U.Porto para o aluno da FFUP com melhor média no  final do 1.º ano. Nos tempos livres gosta muito de ler e interessa-se  principalmente pela área da saúde (nomeadamente, saúde pública, ensino e  saúde digital) e também por filosofia.

 2. Leonor Lemos 

A convidada do episódio de hoje do “Memórias U.Porto: Finalistas Online” é Leonor Lemos, natural de Monção e alumna do ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), onde estudou  Medicina Veterinária. Uma visita a Timor-Leste despertou-lhe interesse  pela Segurança Alimentar e Saúde Pública, dedicando-se atualmente à  investigação científica nessa área.  Hoje é bolseira de investigação  pelo CIIMAR, continuando o seu trabalho no Laboratório de Microbiologia e  Tecnologia Alimentar do ICBAS. Em contexto pandémico desenvolveu a sua tese de mestrado acerca da prevalência da bactéria Campylobacter em cães e possíveis implicações dessa presença em termos de saúde  pública, além de se ter aventurado na produção de equipamentos de  proteção individual para ajudar instituições na sua terra natal.  Enquanto estudante, pertenceu ao Coral de Biomédicas (CICBAS) e estudou  um ano na Università degli Studi di Padova, em Itália, no âmbito do  projeto Erasmus. Do desporto às artes, entre voluntariados e escutismo,  poucos foram os hobbies e atividades por que não passou. Melómana  por natureza, é a música que vai mantendo uma maior presença na sua vida  e continua, na medida em que a disponibilidade o permite, a integrar a  Banda Musical de Monção como violoncelista.

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Margaret Atwood é doutora Honoris Causa pela U.Porto: "Obrigada por esta memória maravilhosa!"

A romancista, poeta, contista e ensaísta canadiana foi homenageada esta sexta-feira, no Salão Nobre da Reitoria.

Jardim Botânico do Porto

“É uma grande honra e um prazer para mim!”. Foi desta forma que Margaret Atwood agradeceu a atribuição do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, numa cerimónia realizada esta sexta-feira, no Salão Nobre da Reitoria.


Num breve agradecimento, a escritora canadiana lembrou a sua ligação à cidade. “O Porto é uma cidade linda e maravilhosa. Usufruí sempre das minhas visitas à cidade. Obrigada por esta memória maravilhosa!”, referiu a centésima Honoris Causa da U.Porto.


A autora do celebrado romance The Handmaid’s Tale (“A História de uma Serva” na tradução portuguesa) terminou a sua intervenção lendo – “por solicitação” – The Moment, um dos seus poemas mais conhecidos. 


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“Os seus romances exacerbam o que já existe na nossa realidade”

Antes de Margaret Atwood receber as insígnias doutorais, compostas pelo escapulário, o anel – símbolo de colegialidade e irmandade com os restantes Doutores -, o Livro – símbolo de sabedoria – e o Diploma de Doutoramento, já o escritor argentino-canadiano Alberto Manguel havia tomado o palco para fazer o Elogio da doutoranda.


Revisitando o trajeto da escritora, Manguel frisou que, “para  [Margaret] Atwood a literatura de ficção cientifica inventa criaturas em  mundos fantásticos enquanto os seus romances procuram simplesmente  expandir ou exacerbar o que já existe na nossa realidade”. Contudo, e  “embora seja conhecida pela sua ficção e os seus ensaios, são os seus  poemas que melhor expressam a sua filosofia ética e social”, patente na  “exploração dos temas da injustiça, da repressão, da censura de poder ou  a indagação sobre identidade sexual”, ressalvou.


“Para Atwood, a inteligência adquirida pelas palavras pode conduzir a um mundo melhor. E o seu oposto, a estupidez, é o mesmo que o mal, se avaliarmos pelos frutos que dá”, sublinhou o elogiador.


A terminar a intervenção, Alberto Manguel lembrou que “a fama e uma irmandade de leitores em todo mudo fizeram de Atwood um alvo de toda a  espécie de ataques injustos e maldosos. Acusada de ser tudo, desde má feminista a mulher branca merdosa, conserva a sua dignidade usando o humor e a razão”, concluiu.

Sobre Margaret Atwood

Com a atribuição do Doutoramento Honoris Causa a Margaret Atwood, a U.Porto celebra assim “a extraordinária qualidade da sua obra literária,  a importância da sua reflexão intelectual e a pertinência do seu  combate público por uma sociedade mais justa, digna e sustentável”,  conforme se pode ler na proposta da Faculdade de Letras para a  atribuição do doutoramento. 


Autora de mais de 50 obras de diferentes géneros literários, Margaret Atwood soma alguns dos mais importantes prémios literários internacionais, com destaque para o Booker Prize em 2000 e 2019 (Reino Unido), o Prémio Príncipe das Astúrias para a Literatura em 2008 (Espanha), o Arthur C. Clarke Award (Reino Unido), o Prémio Mondello (Itália), o Prémio Giller (Canadá), o Franz Kafka Prize (República Checa) ou o PEN Center USA (EUA).


Temas como as alterações climáticas, os direitos das mulheres, as questões de género ou as desigualdades sociais, por exemplo, estão patentes em muitos dos seus livros e traduzem a faceta ativista da escritora canadiana de 82 anos. 


Fonte:Notícias U.Porto

Doutores Honoris Causa da U.Porto

Christian Debuyst e Eduardo García de Enterría

Em 2009 a Universidade do Porto atribui o título de Doutor Honoris Causa a sete personalidades nacionais e internacionais, escolhidas pelas Faculdade de Direito, de Engenharia e de Desporto e pela própria Universidade.

A primeira destas cerimónias aconteceu a 15 de maio desse ano na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, e homenageou o psicólogo, jurista e criminologista belga Christian Debuyst (1925-2021) e o jurista espanhol Eduardo García de Enterría (1923-2013).

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Christian Debuyst

Christian Debuyst licenciou-se em Direito (1950) e obteve o grau de doutor em Criminologia (1960) na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica.  


Nesse ano assumiu a direção da Escola de Criminologia da Universidade Católica de Lovaina, instituição onde também lecionou.  


Foi igualmente professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade de Poitiers, França (1964-1965), e, em diferentes ocasiões, das universidades canadianas de Montreal e Ottawa (depois de 1969).


Christian Debuyst publicou, em livro e em revistas científicas diversos estudos sobre criminologia, psicologia criminal, delinquência, insegurança urbana, direito penal, comportamentos desviantes, entre outras áreas associadas, e foi cofundador da revista Déviance et Société.


Na década de 70 do século passado foi membro do conselho científico e, posteriormente, da direção da Société Internationale de Criminologie;  nos anos 80, integrou, ao longo de quatro anos, o Conseil Scientifique Criminologique do Conselho da Europa.


Em novembro de 2006, esteve na Faculdade de Direito da Universidade do Porto para apadrinhar a sessão oficial de abertura da primeira licenciatura em Criminologia do país.

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Eduardo García de Enterría

Eduardo García de Enterría y Martinez-Carande licenciou-se e doutorou-se em Direito na Universidade de Madrid, em 1944 e 1951, respetivamente, com prémios extraordinários. Mais tarde complementaria a sua formação nas universidades de Tubinga (Alemanha) e Londres (Inglaterra).


Iniciou a sua carreira académica em 1952, na qualidade de professor adjunto de Direito Administrativo da Universidade Complutense de Madrid. Depois ocupou as cátedras de Direito Administrativo das universidades de Valladolid (1957) e Complutense de Madrid (1962), tendo sido nesta última instituição diretor do Departamento de Direito Administrativo, a partir de 1970. Ainda na Universidade Complutense de Madrid, recebeu, em 1988, o título de Professor Emérito, embora prosseguindo a sua atividade docente. Foi também professor da Faculdade Internacional de Direito Comparado de Estrasburgo.


Foi o primeiro juiz espanhol no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (1978-1986). Presidiu à Fédération International pour le Droit Européen (FIDE); fundou a Asociación Española para el Estudio del Derecho Europeo e integrou o Academic Council of the European Law Research Center da Faculdade de Direito de Harvard (Harvard Law Shool).


No seu país de origem, Eduardo García de Enterría foi Académico de Número da Real Academia de Jurisprudencia y Legislación e da Real Academia Española.


A sua vasta obra jurídica constitui uma referência na doutrina e na investigação do Direito Público em Espanha, não sendo por isso de estranhar que tenha recebido, em 1984, o prémio Príncipe das Astúrias.


Eduardo García de Enterría é considerado um dos juristas espanhóis mais notáveis de sempre. O reconhecimento da sua grandeza intelectual e científica extravasa, aliás, as fronteiras espanholas, como se comprova pelos inúmeros títulos com que foi distinguido: doutor honoris causa, professor honorário, professor extraordinário ou académico correspondente, atribuídos por universidades estrangeiras (Universidade de Paris/Sorbonne, Universidade de Porto Alegre, Universidade de Buenos Aires, Universidade de Guadalajara, Universidade Nacional Mayor de San Marcos/Lima, entre outras).


Sobre Christian Debuyst (up.pt)


Sobre Eduardo García de Enterría (up.pt)


Sobre o doutoramento honoris causa de Christian Debuyst e Eduardo García de Enterría (TVU)

Para mais informações consulte o site da a Casa Comum - Cultura U.Porto

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