NO PRINCÍPIO ERA UM ASSOBIO

Às quintas-feiras a cidade transformava-se numa grande feira. Parecia que toda a população de Portugal e de Espanha tinha decidido convergir para Barcelos para celebrar qualquer coisa que eu não entendia bem, mas achava que deveria ser algo de bom, pois as pessoas pareciam estar felizes e eu tinha sempre direito a um assobio. As temporadas que passava, em pequena, em casa dos meus avós maternos, passavam-se sempre sob o signo desta festa.


Na cerimónia de doação da coleção de Figurado de Barcelos dos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, compreendi por que razão sempre associei aquela cidade ao som dos assobios de barro: é que, nas suas origens, o figurado destinava-se a ser utilizado como brinquedo para as crianças. Tratava-se de peças pequenas, uma atividade secundária dos oleiros, que se dedicavam sobretudo ao fabrico de louça, e que ocupavam os espaços deixados livres no forno com pequenos instrumentos musicais: ocarinas, gaitas, rouxinóis, cucos... lembro-me, em particular, de um cão que respondia com um assobio possante quando eu nele descarregava o ar dos pulmões.


O que aprendi com Isabel Fernandes, ex-Diretora do Museu de Olaria de Barcelos e atual Diretora do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Castelo de Guimarães, que fez o elogio à coleção na cerimónia da doação, é que, no início, o figurado tinha sempre um assobio acoplado, justificando assim a sua utilidade enquanto brinquedo de criança. Os bonecreiros eram anónimos, e as peças não eram valorizadas como peças de autor. Foi em finais da década de 50, e ao longo dos anos 60, que se deu a grande mudança: o olhar dos adultos começou a valorizar as peças, estas foram crescendo e ocupando cada vez mais espaço nos fornos, e os assobios foram, aos poucos, sendo esquecidos. Ao mesmo tempo, afirmaram-se os nomes de artistas populares, de que Rosa Ramalho é, sem dúvida, o nome maior.


A coleção de Figurado de Barcelos doada ao Museu por Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, composta por mais de 600 peças, oferece-nos a história desta transição. Compreendemos, quando a escrutinamos, que, à medida que as peças foram perdendo o assobio, elas se agigantaram não apenas no tamanho, mas também nos sobressaltos da imaginação dos ceramistas. A coleção convoca-nos, igualmente, para uma reflexão sobre a forma como o figurado de Barcelos se constituiu, simultaneamente, como um meio utilizado pelo Estado Novo para reforçar o sentido da identidade portuguesa e um lugar de subversão para os artistas.


São estas – e muitas outras histórias – que nos propomos contar na grande exposição que estamos a organizar, em março do próximo ano, da coleção de Figurado de Barcelos que o nosso museu agora recebeu. Estamos muito gratos aos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez por esta doação que passará a poder ser fruída por uma comunidade alargada – e, como sugeriu Isabel Fernandes, disponibilizada para novas leituras, novos significados, novas emoções. Estamos mesmo entusiasmados com esta doação!


Fátima Vieira, 

Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora

U.Porto acolhe duas das mais importantes coleções de figurado de Barcelos

Doação inclui mais de 600 peças que vão enriquecer a coleção de olaria nacional do Museu de História Natural e  da Ciência da U.Porto. 

Jardim Botânico do Porto

De uma paixão de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, que nasceu por volta dos anos 1960, resultaram duas das mais importantes e extensas coleções do figurado de Barcelos. São mais de 600 peças, agora doadas ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) pelos  dois arquitetos e antigos estudantes e docentes da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP). A cerimónia aconteceu no passado dia 25 de maio, na Biblioteca do Fundo Antigo, ao edifício histórico da Reitoria.


Bichos de esgares macabros que não sabemos se alguma vez existiram,  santos despojados de ornamentos supérfluos e representações de momentos  comuns da vida quotidiana são algumas das facetas que dão corpo às duas  coleções que são também o trabalho de uma vida, ou, neste caso, de duas  vidas. Foram décadas à procura das raízes de uma manifestação artística  que o regime salazarento não deixava ressoar. “Tesouros” que ficam agora  para as futuras gerações.


No mesmo atelier, mas numa sala ao lado “da bicharada”, por cima do  estirador de folhas amplas e linhas retas, projetos em que um dos  arquitetos estaria a trabalhar, a contrastar com a sobriedade do preto e branco da sala, impunha-se a presença de um grande cavaleiro amarelo!  “Este é para oferecer à minha filha”, resguardou Alexandre Alves Costa.


A família, a arquitetura, a história do país, a consciência política,  a amizade e a paixão pela olaria… Está tudo aqui. Houve um percurso  feito de curiosidade, de sentido de justiça, de tendência para o belo e  de afetos. A vida que se foi desfiando e os trouxe até aqui. Quilómetros  de viagens que se fizeram de feira em feira. De fornada em fornada.  Tudo para conseguir agarrar aquela peça, antes que outro apaixonado a  levasse. Às vezes, mesmo antes de ficar pronta. Pelo caminho, ficaram  histórias de reis e presidentes. De espantos e risos, de namoros e  “desnamoros”. Até de lenços Christian Dior que nunca deixaram de ser… um trapo.

Derrubar a fachada do regime

Jardim Botânico do Porto

Sergio Fernandez e Alexandre Alves Costa começaram a colecionar figurado de Barcelos há mais de meio século. (Foto: DR)

Era uma vez uma geração, nos anos de 1960, que estava interessada em conhecer o “Portugal verdadeiro”, diz-nos Alexandre Alves Costa. Queria  era viajar pelo país, e descobrir as suas “verdadeiras expressões”. Queria ir para além do que António Ferro, o “construtor da identidade”  queria fazer crer que Portugal seria. Na essência desta procura esteve  “uma espécie de necessidade”, aponta Sérgio Fernandez. Era preciso  descobrir a realidade “escamoteada por uma fachada do regime que combatíamos”.


Esta fase coincidiu com uma luta dos arquitetos modernos “que  lançaram um inquérito à arquitetura popular em Portugal”. Começaram a ir  às feiras, conheceram pessoas, fizeram amizades, nomeadamente com  barristas. De resto, eram ainda estudantes quando, com António Quadros  (artista plástico também formado na Escola de Belas Artes do Porto, precursora da FBAUP), se deslocavam regularmente a Galegos (Barcelos). Chegaram a comprar peças em lote, ou ainda por acabar.


“Não estavam ainda pintados, ou vidrados”, explica Fernandez. “Era melhor apanhar aquele do que ir alguém e apanhá-lo depois de nós”. E a  verdade, confessa o arquiteto, é que também “havia uma certa  concorrência entre nós mesmos”.


As coleções retratam o trabalho criativo de alguns dos mais importantes ceramistas de Barcelos, com nomes como Mistério, Maria Sineta, Rosa Côta, Júlia Côta, Teresa Mouca, mas é essencialmente Rosa Ramalho, escultora e ceramista que assume um lugar de destaque na vida destes dois jovens arquitetos.


Pelo seu caracter exuberante, direto, divertido e desarmante, Rosa  Ramalho acaba por ser também amiga e confidente das histórias de amor e  desamor. Tem peças que transitam entre o real e o imaginário, habitualmente despojadas de elementos supérfluos. Uma aversão que  parecia transpor para outras esferas do comportamento. Fosse qual fosse o contexto, em jantares ou ocasiões de cerimónia (como terá sido o caso  com o Rei de Itália ou com o Presidente da República), era de lenço  preto que se apresentava. Fosse qual fosse a circunstância. Ora, um dia  ofereceram-lhe, em alternativa, um lenço com outras cores (Christian Dior…), ao que terá dito, em jeito de desabafo: Para que quero este trapo? A  Presidência da República, em 1981, a título póstumo, atribuiu-lhe o grau  de Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

A expressão de arte popular mais interessante de Portugal”

Desde o porco que se confunde com um touro (e tem cornos), ao galo  que se apresenta com uma criança ao colo (numa atitude de proteção) ou o  bicho com três dentes e aspeto fantasmagórico, é notória a manutenção  de alguns aspetos “proto-históricos”, como referia o naturalista, etnógrafo e arqueólogo português Augusto da Rocha Peixoto, mas também a  respetiva evolução, a absorção de outras culturas como a religiosa e a  rotina do dia-a-dia.


Temos, por isso, nestas coleções, bichos que não sabemos se alguma  vez existiram, peças alusivas à religião e também peças representativas  do dia-a-dia como um homem a andar de bicicleta. As facetas misturam-se.  Não sendo o único que lhes interessava, o figurado de Barcelos revelou possuir “uma riqueza espantosa do ponto de vista formal e etnográfico”,  explica Alexandre Alves Costa. Daí o pavio da paixão arder até hoje.

Jardim Botânico do Porto

Embora reconheçam a existência da repetição, como ocorre sempre na arte popular, é notória a viragem para uma criação artística, para a  “invenção” e para a “criatividade”. O figurado “é muito variado”. Estão  representados os animais da lavoura e da capoeira, há uma vertente  funcional, de apitos ou paliteiros e também elementos do quotidiano e da  vida rural portuguesa. “Há o lavar da roupa, o ir ao moinho e andar a  pastar os bichinhos”.


Depois, acrescenta o arquiteto, “existe também a representação dos  elementos religiosos”. E, por fim, temos o verdadeiro figurado  primitivo, ou seja, a arte primitiva, diz-nos Alves Costa, agarrando uma  peça que representa um animal de esgar curioso, dominado por três  dentes. “É um bicho que não existe. Foi inventado pela tradição popular.  Apareceria em sonhos, provavelmente. A Sra. Rosa (Ramalho) chegou a  perguntar-nos ‘será que este bicho existe lá nos montes’? Já os reis a  cavalo… São o progresso da realidade”. Elementos que transformam estas  peças “numa expressão artística da maior importância”.


Alexandre Alves Costa não hesita em apontar o figurado de Barcelos  como “a expressão de arte popular mais interessante de Portugal”.

Jardim Botânico do Porto

A fase da partilha com o grande público

Sergio Fernandez encontra uma “grande ironia” em peças como o porco  que mais se assemelha a um touro onde encontra “toques de sublimação e  anedota” numa “cara que se abre e se ri. E deita a língua de fora”. A  ligação que mantém com elas resume-se a uma frase: “eram irresistíveis”. Depois de uma vida de convivência, “pareceu-nos que era mais que justo  abrir isto ao desfrute de outras pessoas. Porque é uma expressão  artística que creio que está no fim”. Sabendo que atualmente seriam  “quase impossíveis de encontrar”, tudo “ganha um valor muito especial  para nós”.


Figuras históricas como reis e rainhas, mitos como o milagre das  rosas, os cabeçudos, santos, diabos, bandas musicais… Entre o naturalismo, a tradição primitiva, a adaptação, a representação do  quotidiano da vida rural, a cultura religiosa e a capacidade de  responder a encomendas estão aqui cerca de 70 anos de paixão por uma  expressão artística que acompanhou a história do país. Peças que vêm  robustecer a atual coleção de olaria nacional do MHNC-UP.


“A U.Porto está muito satisfeita com esta doação que vem enriquecer o  património etnográfico do MHNC-UP, nomeadamente a coleção de olaria  nacional que já existe, podendo, assim, contribuir para a sua  preservação e divulgação, tornando esta coleção acessível ao grande público”, afirma Fátima Vieira, vice-reitora para a Cultura, Museus e  Editora.


Algumas das peças doadas estarão na exposição dedicada a Aurélia de  Sousa, que vai realizar-se em julho, integrada no programa de evocação  do centenário do seu desaparecimento, em diálogo com as ilustrações  feitas pela mesma entre 1898 e 1899, enquanto estudante da Academia de  Belas Artes do Porto.


A cerimónia do passado dia 25 de maio incluiu a exposição de algumas das peças doadas e contou com  as presenças do Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, da  Vice-reitora para a Cultura, Museus e Editora, Fátima Vieira, e dos próprios doadores.


A apresentação da coleção esteve a cargo de Isabel Maria Fernandes, diretora do Museu Alberto Sampaio, do Paço  dos Duques e Castelo de Guimarães (e ex-diretora do Museu de Olaria de  Barcelos).


A apresentação pública das doações será feita na forma de uma exposição, a inaugurar no primeiro trimestre de 2023. 


Fonte: Notícias U.Porto

Martim Coimbra Pereira oferece concerto ao piano na Casa Comum

Considerado um dos mais promissores pianistas  portugueses, Martim Coimbra Pereira sobe ao palco da Casa Comum no final  de tarde de 3 de junho. Entrada livre.

Jardim Botânico do Porto

Martim Coimbra Pereira vai apresentar um conjunto de obras de alguns dos mais importantes compositores da história. Foto: DR

Já há quem lhe chame um “jovem prodígio”. É, com toda a certeza, um talento muito promissor e vai ter a oportunidade de o demonstrar no  próximo dia 3 de junho, quando subir ao palco da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. O concerto de Martim Coimbra Pereira está marcado para as 18h30 e tem entrada livre.


Para este espetáculo, o jovem pianista de apenas 15 anos preparou um  “cardápio” composto por obras de Johann Sebastian Bach, Ludwig van  Beethoven, Alexander Nikolayevich Scriabin e Franz Liszt.


Começaremos com Johann Sebastian Bach: Prelúdio e  Fuga em Sol menor, BWV, 885. Seguir-se-á a Sonata para piano em Mi bemol  maior, op.31 n.º 3 (1. Allegro; 2. Scherzo: Allegreto vivace; 3.  Menuetto: Moderato e grazioso; 4. Presto con fuoco), de Ludwig van Beethoven, Estue do para piano em Dó sustenido menor, op. 42 n.º 5, de Alexander Nikolayevich Scriabin .


Por fim, Martim Coimbra Pereira irá interpretar a Balada n.º2 em Si menor,  de Franz Liszt,


Este é mais um concerto incluído no ciclo Música na Cidade, uma iniciativa promovida pela U.Porto, que promete animar os finais da tarde na Casa Comum ao longo dos próximos meses.

Sobre Martim Coimbra Pereira

Natural do Porto, onde nasceu em setembro de 2006, Martim Coimbra  Pereira foi aluno de Rosgard Lingarsson no Conservatório de Música do  Porto (CMP), tendo ainda frequentado masterclasses com nomes como Paulo Oliveira, Fernando Pujol, Pedro Emanuel Pereira, Miguel Borges Coelho, Cathy Krier e Christopher Park.


Apesar da sua juventude, soma já inúmeras distinções, incluindo o 1.º  prémio dos concursos Ibérico do Alto Minho, Internacional Santa  Cecília, Nacional Paços Premium, Concurso Interno CMP (2015 e 2018) e o  Prémio Bomtempo. Foi segundo classificado no Concurso Internacional  Ricard Viñes, em Espanha.


Em 2017, apresentou-se em recital no Palácio dos Marqueses de  Fronteira e Alorna, em Lisboa. Foi-lhe dedicada uma peça pelo compositor Telmo Marques, a qual estreou na Maratona de Pianistas da Casa da  Música. 


Fonte: Notícias U.Porto

Maio / Junho na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Mulheres que Fazem Barulho – Cenas do Rock Português I

Até 30 SET'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Ver Cegueira Adentro - 100 Anos de José Saramago

Até 02 JUL'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Memória Cidadania e Liberdade | Ciclo de Cinema Português

 03 JUN'22  | 21h00
Cinema, Debate | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Obras de Beethoven e Mussorgky | Recital de piano e violoncelo

28 MAI'22 | 16h00
Música | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Encenações imaginárias | E se eu não crescesse mãe? por Seiva Trupe

 01 JUN'22  | 18h30
Performance, Teatro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Concerto de Piano por Martim Coimbra Pereira

03 JUN'22 | 18h30
Música | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Ver Cegueira Adento | Atelier ao Vivo de Agostinho Santos

 26 MAI a 02 JUL'22
Atelier, Exposição | Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Nuno Grande | Figura Eminente 2022

05 MAI a 31 DEZ'22
Vários eventos | ICBAS, Reitoria da U.Porto
 Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

05 MAI a 31 DEZ'22
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência

De 07 MAI a 17 SET' 22
Exposição | Fundação Marques da Silva
Mais informações aqui

Depositorium 2 

De DEZ'21 a JUN'22
Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
Mais informações aqui 

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

ICBAS celebra Uma Saúde com exposição de fotografia

A exposição itinerante Perspetivas sobre Uma Saúde vai estar patente ao público de 1 de junho a 3 de julho, na Galeria da Biodiversidade.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

A foto vencedora do concurso  promovido pelo ICBAS, da autoria de Teresa Costa Leão, é uma das 21 que  vão estar em exibição na Galeria da Biodiversidade.  Foto: DR

Quantas variáveis se podem conjugar quando se pensa em saúde? E quantas Perspetiva(s) pode haver sobre Uma Saúde? Este  desafio, promovido pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), recebeu 250 respostas em forma de fotografia. Destas, 21 foram  selecionadas para a exposição itinerante que vai estar patente de 1 de junho a 3 de julho, na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).


Esta exposição nasceu de um concurso de fotografia promovido pelo ICBAS, em parceria com o Instituto Português de Fotografia (IPF), e cujo objetivo passava por promover o conceito de Uma Saúde na sociedade civil.


As fotos passaram por dois júris: um do IPF, que avaliou a qualidade  fotográfica. Seguiu-se a avaliação de um júri do ICBAS que, juntamente  com um membro do IPF, selecionou as fotos que se relacionavam com o  conceito lançado pelo concurso.

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Fotografia de Telma Costa, vencedora do 2.º prémio do concurso. (Foto: DR)

Mas o que é, afinal, este conceito de Uma Saúde?

As variáveis são inúmeras e transformam-se, a cada dia que passa, mas  podemos enumerar algumas: com o aumento exponencial da população, da  malha urbana, das alterações climáticas, da alteração dos padrões  agropecuários, da interação entre animais domésticos e selvagens, entre  tantos outros fatores, favoreceu-se o aparecimento de doenças infeciosas  e de problemas ambientais.


Exemplo disso é o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19 nos seres humanos, bem como uma série de eventos associados a outras zoonoses (doenças dos animais transmissíveis aos humanos), como HIV/Sida,  H5N1/Gripe aviária, Ébola e Zica, que acabaram por chamar a atenção para  o papel do Ambiente.


A abordagem escolhida para Uma Saúde procurou encontrar respostas científicas, técnicas e adaptativas a estes problemas que, na realidade, são transversais. Como? Através da única forma possível: articulando a colaboração entre diferentes especialistas  e organizações (saúde, regulamentação, política) nas diversas áreas do  conhecimento: medicina, veterinária e ambiente.

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Fotografia de Inês Martinho, vencedora do 3º prémio do concurso. (Foto: DR)

Esta visão de Uma Saúde está, de resto, patente há muitas décadas na atividade de ensino e investigação do  ICBAS. Desde as suas origens que o Instituto se assumiu como uma  instituição multidisciplinar nas Ciências da Vida, integrando três áreas básicas (saúde humana, animal e ambiental).


A exposição Perspetivas Sobre Uma Saúde seguirá, depois do ICBAS, para outras instituições: Centro Português de Fotografia, Metro do Porto (coincidindo com as comemorações do 2.º One Health Day) e Círculo Universitário do Porto. 


Fonte: Notícias U.Porto

Musas em Ação - Personalidades, Ideias e Obras I - Novidade Editorial

Musas em Ação – personalidades, ideias e obras I é a mais recente novidade editorial da U.Porto Press, na Coleção Arte e Pensamento, juntando-se, assim, aos quatro títulos de Nadir Afonso que inauguraram esta coleção, em finais de 2020.

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Musas em Ação – personalidades, ideias e obras I teve origem num seminário e exposição homónima a ele associado, intitulada Musas em ação – espessura da [in]visibilidade: investigação sobre personalidades, obras e ideias, coordenados por Maria de Fátima Lambert (também curadora da exposição) e Hugo Monteiro.


Estas ações foram organizadas no contexto da programação Mulheres nas  Artes e nas Ciências – iniciativa da Universidade do Porto (U.Porto), e  resultam de uma parceria entre esta Universidade e o inED – Centro de  Investigação e Inovação em Educação, da Escola Superior de Educação (ESE)/Politécnico do Porto. Decorreram em outubro de 2019, na Casa  Comum/Reitoria da U.Porto e na ESE.


Ana Luísa Amaral, Maria Clara Paulino e Marinela Freitas, membros da  Comissão Científica do ciclo de eventos e autoras da Nota introdutória a  esta obra, explicitam naquele texto como surgiu a exposição – integrada  no ciclo E Contudo, Elas Movem-se! Mulheres nas Artes e nas Ciências – e, em consequência desta, o livro.


“Entre setembro e outubro de 2019 (…) tivemos o prazer e o privilégio de coordenar o ciclo multidisciplinar E Contudo, Elas Movem-se! Mulheres nas Artes e nas Ciências.  O objetivo deste ciclo passava por “homenagear o contributo das  mulheres em diferentes áreas profissionais, bem como dar conta da sua  história e do gesto de rebeldia que foi desafiarem e ultrapassarem os limites política e culturalmente associados ao seu sexo”.


Apesar de, numa fase inicial, esta iniciativa ter surgido numa unidade  de investigação, “logo se associaram ao ciclo outras faculdades e  unidades orgânicas da UP, para além de diversas instituições culturais”,  entre as quais a Casa da Música, a Antena 2 ou a Fundação de Serralves.  “Desta verdadeira ação conjunta em torno da divulgação e da discussão  do trabalho daquelas que, contra todos os obstáculos, se moveram,  de facto e de forma pioneira, nos seus diferentes campos de ação,  resultaram inúmeras atividades de valências diversas, (…)”, sendo que o  livro “é o resultado justamente de uma dessas atividades, o seminário, e  a exposição homónima a ele associada, MUSAS EM AÇÃO — espessura da  [in]visibilidade: investigação sobre personalidades, obras e ideias, com  organização e curadoria de Maria de Fátima Lambert, que se dedicou a  refletir sobre o papel e a presença das mulheres nas Artes”.


Ana Luísa Amaral, Maria Clara Paulino e Marinela Freitas encerram a  sua nota introdutória referindo-se a Maria de Fátima Lambert e Hugo  Monteiro, coordenadores desta obra que, como afirmam, “reúne  contribuições de artistas e ensaístas que, no seu conjunto, testemunham a  capacidade de persistência, de criatividade e de paixão pelo  conhecimento demonstrada pelas mulheres ao longo da história”.


E a “ação das Musas” continua! A U.Porto Press está a preparar, e tem  prevista para o próximo mês de setembro, a publicação do segundo volume  desta obra, alusiva à 2.ª edição do Seminário Musas em Ação – Espessura da [In]Visibilidade, realizado em maio de 2021.


A 3.ª edição do Seminário – Musas em Ação – Espessura da [In]Visibilidade: Espaços, Passos e Ritmos – terá lugar entre os dias 30 de junho e 1 de julho de 2022, seguindo-se a inauguração da exposição Musas em ação: imagens e sons na viagem, a 2 de julho, na Casa-Museu Abel Salazar.

Os coordenadores

Hugo Monteiro nasceu no Porto, em 1975, e é licenciado e doutorado em Filosofia, na especialidade de Filosofia Contemporânea.


Na Escola Superior de Educação, onde é docente, mas também em contextos diversificados dentro e fora da Academia, dedica a sua intervenção à  Educação, à Desconstrução e ao pensamento crítico contemporâneo nos  âmbitos da política, da estética e da cultura. Para além de outros textos e artigos, publicou os livros Maurice Blanchot (2014) e A Literatura nos Limites da Filosofia (Palimage) e coorganizou Direitos das Crianças interpretados pelos adultos (Afrontamento, 2020).


Maria de Fátima Lambe
rt nasceu no Porto e é  licenciada em Filosofia (1982), mestre em Filosofia/Estética (1986) e doutorada em Estética/Filosofia, pela Faculdade de Filosofia (Braga) da Universidade Católica Portuguesa (1998). É Professora Coordenadora —  Estética e Educação — na Escola Superior de Educação/Politécnico do  Porto (ESE-P.Porto), onde coordena a licenciatura em Gestão do  Património e o mestrado em Património, Artes e Turismo Cultural. Coordena a linha de investigação em Cultura, Arte e Educação do inED –  Centro de Investigação e Inovação em Educação (FCT)/ESE-P.Porto, de que  foi diretora. Integra várias comissões científicas e editoriais de  revistas científicas em Portugal, Espanha e Brasil.


É crítica de arte e curadora independente. Tem como linhas de  investigação privilegiadas Educação Estética e Arte Contemporânea;  [In]visibilidade da mulher na história: pensamento, obra e ação; Viajantes: escritores e artistas no séc. XIX; Paisagem, Viagem e Utopia;  Escrita, Imagem e Performance — intermedialidade.
Publica regularmente em revistas científicas e é autora de livros e monografias. 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

7. Bilros, Inês Lourenço 

Bilros, de Inês Lourenço, in Dois Cimbalinos Escaldados – Vivências Portuenses – Antologia Poética

46. Ofícios, de Ruy Duarte de Carvalho (1979) 

Comentário de Jenny Medina (Curso Avançado de Documentário KINO-DOC)


7. Francisca Sousa

“A convidada do episódio de hoje do “Memórias U.Porto: Finalistas Online” é a Francisca Sousa, alumna da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Natural de Paços de  Ferreira, licenciou-se em Ciências do Desporto e, posteriormente,  concluiu o Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e  Secundário. Durante os cinco anos de curso, integrou as equipas de  futsal da AEFADEUP e as equipas de futebol de 7, futevólei, futebol de  praia, râguebi e badminton da U.Porto, vivendo, segundo ela, as melhores  experiências e as melhores histórias circunscritas ao desporto  universitário.  Considera-se uma pessoa de ideias fixas, empática, extremamente  positiva, totalmente dada aos amigos e familiares. Os dois irmãos  (gémeos) são os grandes companheiros de vida e tem no seu núcleo  familiar o seu maior pilar. Diz ser competitiva e viciada em desporto,  com fortes competências de liderança e de criação de relações. Nos tempos livres gosta de assistir a jogos e colecionar camisolas de  jogadores de futebol, praticar exercício físico, viajar e desfrutar dos  pequenos (e melhores) prazeres da vida que são passear, estar com os  amigos e com a família.

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As matinés do Cinema de Bairro estão de regresso à FBAUP

A 17.ª edição do ciclo de cinema de Belas Artes  vai decorrer até 30 de julho. As sessões são ao sábado à tarde e  abertas a toda a população.

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O Gosto dos Outros, de Agnès Jaoui, vai ser exibido na tarde de 21 de maio. Foto: DR

A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) promove, até ao próximo dia 30 de julho, a 17.ª edição do ciclo Cinema de Bairro, uma iniciativa que tem como objetivo aproximar a comunidade da FBAUP da população vizinha, através da sétima arte.


Com entrada livre e gratuita, as sete sessões agendadas decorrem aos sábados, de duas em duas semanas, sempre às 16h00, na Aula Magna da FBAUP.


Antes de cada exibição, um docente da FBAUP fará uma apresentação do filme, num registo informal. No final, os participantes terão ainda a oportunidade de visitar os jardins – autênticos museus ao ar livre – da faculdade.


Iniciado no passado dia 7 de maio, este ciclo contou já com a exibição de A Verdade Inacreditável, de Hal Hartley, e da comédia dramática O Gosto dos Outros (2000), da realizadora francesa Agnès Jaoui. Até ao final de julho, passarão ainda pela sala de cinema da FBAUP os filmes Do Céu Caiu Uma Estrela, de Frank Capra (4 de junho), Sonatine, de Takeshi Kitano(18 de junho), Decameron, de Pier Paolo Pasolini (2 de julho), Yi yi, de Edward Yang(16 de julho), e O Homem Tranquilo, de John Ford (30 de julho).


A primeira edição do Cinema de Bairro decorreu em 2006 como uma forma de contrariar a tendência, na altura, do encerramento das salas de cinema no Porto.


De forma a acrescentar uma sala de cinema à cidade, a Faculdade de  Belas Artes abriu as portas ao exterior e criou um lugar de cultura pelo  cinema que, 16 anos depois, continua a acolher todos os interessados. 


Fonte: Notícias U.Porto

Doutores Honoris Causa da U.Porto

Wei Zhao

Em 2011, na sessão plenária de 8 de fevereiro, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) decidiu recomendar, a todas as Universidades que o integram, a proposta para concessão do título de Doutor Honoris Causa ao Professor Doutor Wei Zhao.


Seguidamente, a 20 de março desse ano, o prestigiado académico chinês, então Reitor da Universidade de Macau (entre 2008 e 2017) e primeiro Professor Catedrático de Mérito desta instituição (no Departamento de Computadores e Ciências da Informação), foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto.

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Wei Zhao

Wei Zhao licenciou-se em Física na Universidade Normal de Shaanxi, na China (1977), e obteve os graus de Mestre (1983) e Doutor (1986) em Informática e Ciências da Informação, na University of Massachusetts, Amherst, nos E.U.A. Na sua carreira académica, foi docente na Universidade Normal de Shaanxi, no Amherst College, na University of Adelaide e na Texas A&M University.


Antes de ingressar na Universidade de Macau, foi Dean of the School of Science no Rensselaer Polytechnic Institute, Director da Division of Computer and Network Systems na National Science Foundation dos EUA, e Senior Associate Vice President for Research na Texas A&M University.


Na década 80 do século XX, foi um dos muitos estudantes chineses que, no estrangeiro, procuraram prosseguir os seus estudos e/ou carreiras profissionais.  Nos E.U.A. desempenhou cargos de direção de elevado nível na academia e no Governo Federal norte-americano.


Durante a sua estada nos E.U.A., manteve-se ativo na organização e promoção de atividades de intercâmbio sino-Americano, nas áreas de educação e de investigação científica. Foi fundador e primeiro presidente do US-China Dragon Star Committee, e presidente do Overseas Advisory Committee para o Shanghai Jiaotong University Electronics and Information Technology College, e presidente do Overseas Advisory Committee for the Higher Education Press (na área de Informática). Foi ainda consultor estrangeiro da Universidade Normal de Shaanxi; redator-chefe deputado executivo do Chinese Science Bulletin; e ainda professor visitante e professor honorário em universidades chinesas.


Ao longo da sua carreira recebeu inúmeros prémios, tais como: o Lifelong Achievement Award da Chinese Association of Science and Technology (2005), o Overseas Achievement Award da Chinese Computer Federationem (2007), ou o prémio de IEEE Transactions on Parallel and Distributed Systems Outstanding Achievement Award (2007).


Publicou 300 artigos e é detentor de duas patentes nos E.U.A.


É membro do comité editorial de revistas técnicas, incluindo o IEEE Transactions on Computers e o IEEE Transactions on Parallel and Distributed Systems. Foi presidente do IEEE Technical Committee of Real-Time Systems, e presidente de congressos científicos internacionais, incluindo IEEE Real-Time Technology and Applications Symposia, IEEE Real-Time Systems Symposia, e IEEE International Conference on Distributed Computing Systems.


Wei Zhao é investigador-chefe e professor na American University of Sharjah nos Emirados Árabes Unidos.  

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