ANA LUÍSA AMARAL: E SE TODOS APRENDÊSSEMOS DE COR ESTE POEMA?

No início de agosto, Ana Luísa Amaral morreu. Foi uma notícia inesperada e violenta mesmo para os que a sabiam muito doente. Todos os órgãos de comunicação social recordaram os seus dados biográficos, o enorme fôlego nacional e internacional da sua extensa obra e os múltiplos prémios e reconhecimentos que lhe foram devidos. A Grande Entrevista, que Vítor Gonçalves havia feito a Ana Luísa Amaral apenas uma semana antes para a RTP, deixou bem evidente a qualidade da poesia e do pensamento da Poeta – como gostava de ser chamada – e a responsabilidade que sentia em contribuir para a construção de uma sociedade melhor.


No dia do velório, uma ouvinte anónima veio prestar homenagem a Ana Luísa Amaral. Explicou que ouvira todos os 255 episódios do mítico programa que a Poeta fizera com Luís Caetano para a Antena 2, O Som que os Versos Fazem ao Abrir, e que com ela aprendera tanto sobre poesia que sentira necessidade de lhe agradecer. Estou certa de que também todos os seus alunos – gerações de estudantes da Faculdade de Letras que ela desassossegou nas suas aulas – sentem que precisam de lhe agradecer. Se hoje amamos tanto a poesia, devemo-lo a Ana Luísa Amaral. Sabem o que é ter uma professora que sabe Shakespeare de cor? Ana Luísa Amaral tinha essa notável capacidade para decorar poesia – não apenas os seus poemas, mas também os dos grandes poetas. Aprendia-os – e ensinava-os – como se fossem verdades, como se os poemas se tivessem tornado seres autónomos e conquistado o direito a viver pelo sentido imperturbável que as palavras haviam construído.


Em O Olhar Diagonal das Coisas, lançado no dia 16 de junho, que reúne mais de 1.300 poemas, Ana Luísa Amaral incluiu um poema que escrevera, a convite de Gaspar Pereira, para o Congresso A Construção da(s) Liberdade(s). Trata-se de um poema curto (disponível também numa versão ilustrada na U.Porto Press), que tenho vindo a aprender de cor. E de tanto o ler, descobrindo-o enquanto verdade, pensei em como a construção do nosso futuro coletivo seria mais fácil se todos aprendêssemos a vê-lo pela fresta de inquietação, interrogação – mas também procura, imaginação e encantamento – que a Ana Luísa nos ofereceu.


Identidade (Ana Luísa Amaral)
        1
Atrás de nós
os mastros
à nossa frente
os monstros
e na parede
os astros
        2
em que parede
os astros
se atrás de nós
os mastros
e à nossa frente
os monstros?


Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Como é viver Nove Meses de Inverno e Três de Inferno?

São retratos de uma intimidade que só 10 anos  de convívio permitiriam. A exposição de fotografia de João Pedro Marnoto inaugura na Casa Comum a 12 de setembro. A entrada é livre.

Em terras de Nove Meses de Inverno e Três de Inferno o ventre do porco abocanha a faca e a fé faz erguer corpos na cruz. Do inverno ao inferno, o voo da câmara de João Pedro Marnoto fixou momentos de intimidade com os animais, a terra e as pessoas que a  habitam. Acompanhamos a força animal que lavra o campo, o erguer da mão  que colhe a uva madura, o fumegar das batatas servidas com carne assada  e o lume que aquece as casas e faz crepitar tradições. A exposição, com mais de 50 fotografias, sai, pela primeira vez, do território do  Douro e Trás-os-Montes e chega, finalmente, ao Porto. Inaugura nas  Galerias da Casa Comum, ao edifício da Reitoria da Universidade do Porto, no dia 12 de setembro às 18h00.


Começou em 2006 o projeto que só viria a terminar em finais de 2017. Não sendo o resultado de uma decisão planeada, João Pedro Marnoto viveu e  trabalhou em terras do Douro e Trás-os-Montes durante mais de dez anos.  Um período que coincidiu “com inquietações às quais procurava dar  resposta”. Ou talvez fosse “o subconsciente a impor-me o caminho. Quem  sabe!” Sabemos que foi tempo fértil para o cultivo da introspeção que o  levou “a questionar certezas cada vez mais acomodadas na planura do  mundo”. E assim a cidade foi ficando “para lá do horizonte, e de mim”.


Este foi também o arco temporal que lhe permitiu construir, no  terreno, uma relação de confiança. “De outra forma não teria sido  possível fazer o trabalho que fiz”. E a câmara é “o que permite ir mais  fundo”. Até porque, acrescenta, “as pessoas têm a necessidade de  partilhar e de serem ouvidas”.


A câmara de João Pedro Marnoto era a “enxada”, com a qual percorria o território “numa labuta que me deixava exausto e que não tinha horas marcadas”. Até porque, diz, não era “o tipo de realizador subsidiado que passava o dia com o lavrador na sua labuta dura e depois ia ao fim do  dia descansar para o hotel”.

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As imagens transmitem a vida. E a morte consequentemente

Para o fotógrafo, as imagens representam “o contraste escatológico  entre aqueles que se relacionam com o meio envolvente de forma tanto  crua como real, tanto no lado material quanto emocional/espiritual, e a  cada vez maior maioria (de onde eu também tenho origens) que bem se pode abstrair e imolar na sua aparente, ilusória e vazia redoma de  conforto”.


Nesta pulsante aventura entre contrastes, o lado inocente e pueril  dos dias convive com a violência da faca. Com a inevitabilidade da  morte. A vida (da qual a morte faz parte) torna-se mais evidente.  Talvez seja por isso, arrisca dizer João Pedro Marnoto, “que o mundo  rural tanto nos apavora como nos fascina”. As imagens transmitem “mesmo  isso: a vida. E a morte consequentemente”.

O Filme

“Toda a gente foge dos trabalhos mais duros. Toda a gente quer os computadores”, diz-nos o agricultor entre as pazadas de estrume que retira do camião e lança para a terra, nas horas incertas da neblina da alvorada. Enquanto a neve martela a relva, lá fora, é com o lume a arder na lareira que alguém lança a pergunta que fica a crepitar em nós: “E quem fez as batatas para comer, e o trigo e o vinho para beber? João Pedro Marnoto confessa que começou por fazer fotografia, mas logo depois  acabou por lhe associar o filme. “Não conseguia ficar indiferente tanto  ao que via como ao que ouvia”.


Trabalho concluído, decidiu levar o filme às aldeias, em salas de  cinema improvisadas, como “forma de retribuir e partilhar o que tinha  feito com quem tinha feito”. O feedback? Os retratados sentiam-se  “respeitados”.


O que se mostrava “não era uma imagem bonitinha e paternalista de quem olha de fora (para um Zoo exótico), mas antes real e sincera, mesmo que nem sempre bonita, e até mesmo feia, de alguém que os entendia e que, mesmo não sendo de lá, sentia o território como quem sente o seu  lar. Lá está, o tempo é sempre o maior aliado”.

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O frágil equilíbrio da condição humana

Partindo do espaço rural, Nove Meses de Inverno e Três de Inferno acompanhou  uma realidade em transformação: “enquanto o alcatrão nas estradas e as  barragens nos rios ganham terreno sobre a natureza, o homem perdura numa  coexistência árdua com o meio, honrando um passado vincado pelo esforço  e rigor tanto físico quanto espiritual, em contraste com um presente  onde parece dominar uma cultura tanto de formatação como exaltação  moral” diz-nos a sinopse. A condição humana num frágil equilíbrio entre  três vértices: “a relação com a Terra, a Fé e o Progresso”.


A esta terra de contrastes o fotógrafo e realizador regressa “sempre  como quem volta a casa”. A mudança, reconhece, “é uma inevitabilidade  que vai avançando mesmo que nos doa fundo. O mundo rural não vai desaparecer, mas vai transformar-se num equilíbrio delicado e nem sempre  óbvio”. Como, de resto “sempre foi”.


E poderá pedir-se “ao aldeão que permaneça a viver na sua tradicionalidade folclórica, mas precária, enquanto escrevo estas  palavras na modernidade cómoda que todos desejamos? É o lado perverso da  vida que, em boa medida, por mais que queiramos ocultar, não  conseguimos jamais apagar. In the end fica a memória e os valores, que é realmente o que molda quem somos”.


O filme será exibido na Casa Comum no dia 17 de setembro, às 21h00, e será seguido de uma conversa com o realizador. Para dia 13 de outubro, pelas 18h00, está ainda agenda na agenda uma palestra, (organizada em conjunto com o  NEFUP), onde será abordada a temática cultural das tradições do Alto  Douro / Trás-os-Montes.


Com entrada livre, a exposição pode ser visitada de  segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30, e ao  sábado, das 15h00 às 18h00.


Nove Meses de Inverno e Três de Inferno encerra a 30 de outubro, com uma visita guiada, às 17h00, após a qual o filme será novamente exibido.

Sobre João Pedro Marnoto

Nasceu em 1975, na cidade do Porto, mas foi no Reino Unido que terminou a formação académica em fotografia. Recorrendo a ferramentas como a fotografia e o vídeo, o foco do seu trabalho incide, particularmente, na área do documentário.


Os projetos aos quais se dedica exploram questões relacionadas com identidade e refletem a condição humana, dentro de uma  perspetiva ambiental e sociológica. 


Fonte: Notícias U.Porto

Porto Femme vem à Casa Comum mostrar e debater o cinema no feminino

Festival Internacional dedicado ao cinema no  feminino regressa à Reitoria da U.Porto entre os dias 13 e 16 de  setembro. A entrada é livre. 

A Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto vai ser um dos palcos da quinta edição do Porto Femme, o Festival Internacional de Cinema que partilha, divulga, promove e debate o trabalho realizado por mulheres da sétima arte.


A decorrer de 12 a 17 de setembro, o Porto Femme 2022 é uma oportunidade para testemunhar e refletir sobre temáticas  sociais e políticas que afetam mulheres de todo o mundo, bem como as  lutas que por elas são travadas, mas não só. Há todo um programa que  abrange diferentes temáticas e linguagens e que incluiu sessões  competitivas, mostras, homenagens, workshops, debates, sessões de  Q&A, exposições, concertos, entre outros.


A estreia do evento na Casa Comum está marcada para 13 de setembro, às 17h30, com uma sessão integrada na competição temática Bodies. Em exibição vai estar o documentário belga Prism de Rosine Mbakam, Eléonore Yameogo e An van Dienderen.

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PRISM, de Rosine Mbakam e Eléonore Yameogo e An van.Dienderen | 80’ | Doc | Bélgica. (Foto: DR)

Para dia 14 de setembro, às 17h30, está agendada a primeira conversa sobre Corpos. O documentário Choices/Voices, de Sara Marie Dutche e Melanie Sien Min Lyn, será o mote para a conversa que vai juntar Patrícia Nogueira, Patrícia Sequeira Brás e Salomé Lopes Coelho, com moderação a cargo de Carla Cerqueira. O tema? A representação dos Corpos no cinema. Vai falar-se de direitos sobre o próprio corpo,  tráfico humano, violências e abusos, identificação de género,  positivismo corporal e afirmações empoderadas do Ser Mulher.


No dia 15 de setembro, às 17h30, a conversa será entre Ana Sofia Pereira (moderadora) e a realizadora ucraniana Valeriya Golovina. Antes disso, será exibido o seu filme UKRAINE[NE]POKIRNA. TRILOGY.


Dia 16 de setembro, às 18h30, a exibição dos filmes In the silence of an abyssale sea e She’s The Protagonist será o ponto de partida para uma conversa sobre A Representação da Mulher No Cinema, protagonizada por Paula Miranda e Fernanda Polacow, da Mutim (associação de mulheres que trabalham no cinema e audiovisual em Portugal). A moderação ficará com Ana Sofia Pereira.

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She’s the Protagonist, de Sarah Carlot Jabe | 14’ | Fic | Bélgica. (Foto: DR)

O ciclo fecha no dia 16 de setembro, às 17h30, com uma homenagem à atriz Teresa Madruga. Natural dos Açores, frequentou o Curso Superior da Escola de Teatro; em 1976 teve a sua estreia em palco e, no mesmo ano, começou a fazer cinema. Trabalhou com diversos encenadores e recebeu o Prémio Garrett, com o Rei Bamba (Teatro da Cornucópia).


Em cinema, Teresa Madruga trabalhou com diversos realizadores, entre eles Manuel de Oliveira e António Pedro Vasconcelos. Foi premiada em Dans La Ville Blanche, de Alain Tanner. Acumula mais de 100 trabalhos em Cinema e Televisão, tendo trabalhado também na dobragem de mais de 80 filmes de desenhos animados. 


Para além da Casa Comum / Reitoria da U.Porto, a edição 2022 do Porto Femme vai passar por vários outros locais da cidade. Há todo um programa que abrange diferentes temáticas e linguagens e que incluiu sessões competitivas, mostras, homenagens, workshops, debates, sessões de Q&A, exposições, concertos, entre outros.


No total, o Porto Femme 2022 vai exibir uma seleção de 118 filmes oriundos de 31 países, 11 filmes em estreia internacional e 53 estreia nacional. A programação completa pode ser consultada na página do Festival.


Fonte: Notícias U.Porto

Richard Zimler e Brigid Hampton vão estar na Casa Comum no próximo dia 18 de setembro

Como se desenrola o tempo, durante o processo de escrita será o principal tema de conversa. Os dois escritores vão também apresentar as suas mais recentes obras.

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Richard Zimler (Foto DR)

Richard Zimler recorre a factos históricos para criar ficção. O romance histórico é o género a que se dedica Brigid Hampton. O primeiro nasceu em Roslyn Heights, um subúrbio de Nova Iorque, e Brigid é natural da Nova Zelândia. Geografias que se alinham, no próximo dia 18 de setembro, domingo, às 18h00, na Casa Comum. Os universos que decidem explorar e porquê, os processos de investigação histórica a que se dedicam e o mistério dizível que dá impulso à palavra servirão de combustível à conversa com Fátima Vieira, vice-reitora com o pelouro da cultura. A entrada é livre.


A forma como recorrem ao tempo como ferramenta de trabalho (o tempo numa perspetiva histórica, obreiro da construção de civilizações, mas também o tempo de maturação mental e físico da narrativa) irá entremear a sessão.

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Brigid Hampton. (Foto DR)

A cultura judaica e outras afinidades

Está no Porto há 22 anos. Do outro lado do oceano e na mesma latitude da cidade natal. Richard Zimler fez um bacharelato em Religião Comparada na Duke University e um mestrado em Jornalismo na Stanford University. Trabalhou como jornalista durante oito anos, principalmente na região de São Francisco, onde conheceu aquele que viria a ser o seu companheiro de vida, Alexandre Quintanilha. Foi por amor que fez a travessia.


Vive na zona da "Foz Velha"; passa longas horas do dia a escrever, mas sempre que pode faz longas caminhadas pela marginal. Foi aqui que, depois de muitas respostas negativas que obteve nos EUA, conseguiu finalmente, através de uma editora portuguesa, publicar O último Cabalista de Lisboa. Daqui até uma lista interminável de prémios e best-sellers foi um pulo. Já publicou doze romances, uma coletânea de contos e seis livros para crianças. Tem obra traduzida para 23 línguas e uma verdadeira legião de fãs.


Para além do recurso a factos históricos, Brigid Hampton tem outra característica que a aproxima de Zimler: também trabalhou como jornalista. Nasceu na Nova Zelândia. Licenciou-se em Literatura Inglesa pela Universidade de Canterbury, onde concluiu o curso de Jornalismo e foi no jornal de Wellington que ganhou experiência como jornalista. Depois também optou por mudar de Continente, mas desta vez foi viver para Londres, onde trabalhou com duas editoras. Tal como Zimler, é também no início dos anos 1980 que vem para Portugal. Deu aulas de Inglês e assumiu o cargo de editora numa revista de arquitetura. Tal como Richard Zimler, tem dupla nacionalidade. Vive atualmente em Lisboa.


O astrólogo e o rei é o seu primeiro livro. Coloca-nos em Espanha, em 1492, ano em que a rainha Isabel decreta um édito de expulsão a todos os judeus não convertidos. Em Portugal, D. João II está perto de encontrar uma rota marítima para as Índias. Forçados a abandonar Espanha, juntamente com as suas famílias, o astrólogo Abraão Zacuto e o cartógrafo Jacob Halevy procuram refúgio em Portugal, onde são contratados por D. João II. Para saber mais, há que vir assistir à conversa que, já percebemos, terá a cultura judaica como outro ponto de convergência.


Temos, então, encontro marcado para dia 18 de setembro, domingo, às 18h00, na Casa Comum. Este é o segundo momento do ciclo O Tempo na Escrita. O primeiro trouxe ao Pátio do Museu os escritores Valter Hugo Mãe e Manuel Jorge Marmelo. A entrada é sempre livre. 


Fonte: Notícias U.Porto

Setembro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Mulheres que Fazem Barulho – Cenas do Rock Português I

Até 30 SET'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Nove Meses de Inverno e Três de Inferno

Até 29 OUT'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Festival Porto Femme na Casa Comum

De 13 a 16 de SET'22
Cinema | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

O Tempo da Escrita  com Brigid Hampton e Richard Zimler

18 SET'22 | 17h00
Tertúlia | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Depositorium 3 - Encontros às Cegas

 Até DEZ'22 
Exposição | Casa Comum
Mais informações aqui

Fresta, Fenda ou Ruído | Exposição

Até  08 OUT'22
Exposição | Casa Museu Abel Salazar
Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

05 MAI a 31 DEZ'22
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Nuno Grande | Figura Eminente 2022

05 MAI a 31 DEZ'22
Vários eventos | ICBAS, Reitoria da U.Porto
 Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

Fresta, Fenda ou Ruído é a nova exposição da Casa-Museu Abel-Salazar

A mostra reúne trabalhos de artistas nacionais e internacionais que são também estudantes de doutoramento em Artes  Plásticas da FBAUP. Vai estar aberta até 8 de outubro e tem entrada livre.

O que se pode ver pela fresta de uma porta? Que histórias contam as fendas de um edifício? Pode haver histórias que não queiram contar? Há uma nova exposição, que coloca questões, para ver e ouvir na Casa-Museu Abel Salazar (CMAS) a partir de 9 de setembro. Distribuídas pelos três andares do edifício, estão cerca de 30 obras em  diferentes linguagens (vídeo, pintura, instalação, escultura,  fotografia, desenho) e pequenas intervenções em peças do próprio museu.


A exposição Fresta, Fenda ou Ruído resulta  da revisitação da memória, da contaminação de contextos (entre o  passado e o presente), e de novas perspetivas construídas com base na  experiência no terreno. Quem traz este olhar novo são os estudantes de  doutoramento da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP).

Que vozes sussurram entre as rachaduras de uma parede?

A CMAS não é “um espaço neutro”, ou seja, um “cubo branco”, ressalva a curadora, Gabriela Carvalho. É “uma residência, tornada museu”, que está “repleta de histórias, onde somos convidados a entrar e conversar”.


Da proposta de traçar pontos de convergência com o espaço, a  exposição “entra por meio das frestas narrativas da CMAS e abre outras  fissuras, por meio da fricção entre o que lá está e o que está a  chegar”.


Segundo a curadora, os artistas procuraram “potencializar este  encontro, mas mantendo a singularidade do trabalho de cada um”.  Coube-lhes questionar “as perspetivas da narrativa que está a ser  contada”, mas também o que não foi considerado “na construção de uma  Casa-Museu, um monumento à figura de Abel Salazar”. Ou seja, “que outras  vozes sussurram entre as rachaduras das paredes, nas frestas da  madeira, no vasto espaço silencioso que escapa à luz da História?”,  completa Gabriela Carvalho.

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Fotografia de Luciana Padilha. Integra a série “Sudorese”. Em exposição na CMAS.

As peças pretendem assim levar-nos a pensar nas “narrativas  históricas” e nas “questões políticas, económicas e sociais com as  quais Abel Salazar já se mostrava engajado no século passado” e que  emergem com “outras dimensões” de acordo com as pesquisas aqui  apresentadas.


O fio que “entrelaça cada uma das obras à história e espólio da casa”  é a intervenção na “estrutura museológica”, com as suas “brechas,  frestas e silêncios” por onde se esgueiram as novas obras. Quando os  artistas entram e reorganizam o espaço ,”colocam em tensão as memórias  ali conservadas, com pensamentos e criações do tempo presente”.

O convite a espreitar

“Fresta”, ou “Fenda” são expressões que convidam a uma aproximação do  olhar. O ruído? É uma consequência natural da “fricção entre as  diversas narrativas, a multiplicidade de vozes que se sobrepõem” numa  exposição coletiva que habita “uma casa cheia de histórias, objetos,  monumentos e fantasmas”.


Fresta, Fenda ou Ruído junta a voz de Abel Salazar à dos artistas, “por meio de pequenas  intervenções” em documentos, móveis paredes e portas. Uma convivência  que abre vias de diálogo. Vozes que fazem perguntas ao museu e aos seus  monumentos. Que celebram o encontro com algum ruído e muitas dúvidas”.

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“Fresta, Fenda ou Ruído”, para ver e ouvir na CMAS. (Foto: DR)

Gabriela Carvalho sublinha ainda o facto de se colocar em paralelo a produção artística de um académico que era também um artista do século passado “e a realidade de hoje”, com investigações de artistas contemporâneos “na mesma instituição à qual Abel Salazar pertencia”.


Participam da exposição: Aleksandra Kalisz, Ana Almeida Pinto, Camila Tisott, Daniela Pinheiro, Eduardo Rocha, Gabriela Carvalho, Juliano Moraes, Luciana Padilha, Ludgero Almeida, Marta Belkot, Paulo Maias,  Raquel Felgueiras e Xiang Xinyin.


Com entrada gratuita, Fresta, Fenda ou Ruído inaugurou dia 9 de setembro. Depois deste momento inaugural, a exposição pode ser visitada até 8 de outubro,  de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00. Aos  sábados, abre portas das 14h30 às 17h30. Encerra aos domingos e  feriados.

Sobre Gabriela Carvalho

Com formação em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Università degli Studi di Bologna, Gabriela Carvalho é mestre na área de Artes pela UFMG, estudante de doutoramento  em Artes Plásticas na Universidade do Porto, bolseira de Doutoramento  pela FCT e investigadora no i2ADS/FBAUP.


Trabalhou como curadora e organizou exposições em diversos espaços transitando entre a cena independente, institucional e comercial da  arte. Destacam-se os projetos: Festival Camelo de Arte Contemporânea (espaços independentes de Belo Horizonte, 2016/2021); Laboratório Aberto  em Palavra e Imagem (BDMG Cultural, 2017); Exposição Maquinações (Oi  Futuro Flamengo, Sesc Palladium e Sesc Carmo, 2018); e Raiz Weiwei  (CCBB, 2019), Revolver (Casa das Artes, 2020).


Para além de curadora, é escritora e investigadora na área das artes visuais. 


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

12. Sandra Pinheiro 

Neste Memórias U. Porto: Finalistas Online, vamos conhecer Sandra Pinheiro, alumna da licenciatura em Línguas e Relações Internacionais da Faculdade de  Letras da Universidade do Porto.  Ao longo do seu percurso académico,  envolveu-se em vários projetos estudantis: foi representante dos  estudantes no conselho pedagógico da FLUP, fez parte da comissão de  acompanhamento da licenciatura e de núcleos de estudantes da Faculdade.  Tem-se dedicado ao ativismo estudantil e ao Teatro Universitário do  Porto. Neste momento, está a fazer uma segunda licenciatura – em  Sociologia – e o mestrado em Direitos Humanos na Universidade do Minho.


36. O Roubo

Agustina relata-nos uma situação em que foi roubada na praça dos Leões, no Porto.
In Ensaios e Artigos, Vol. III

Mais podcasts AQUI


Doutores Honoris Causa da U.Porto

Carlos Mota Soares


Em 2017 a Universidade do Porto distinguiu quatro personalidades como Doutores Honoris Causa: Carlos Alberto Mota Soares (7 de abril), José Luís Borges Coelho (3 de julho), José Aranda da Silva (3 de outubro) e Sergio Mattarella (7 de dezembro).

O primeiro destes nomes, Carlos Alberto Mota Soares, foi proposto pela Faculdade de Engenharia, subscrito pelo Conselho de  Diretores da Universidade do Porto e homologado pelo Reitor Sebastião  Feyo de Azevedo, em reconhecimento do seu papel na modernização da Engenharia Mecânica em Portugal e do longo e proveitoso relacionamento  com o Departamento de Engenharia Mecânica FEUP (DEMec/FEUP).    

A  cerimónia teve lugar no Auditório da FEUP. O padrinho do novo Doutor  foi o Professor António Augusto Fernandes e o seu elogio foi proferido  pelo Professor António Torres Marques.

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Carlos Alberto Mota Soares


Carlos Alberto Mota Soares nasceu em Capelas, Ponta Delgada, em 1945.


Fez a sua formação académica em Inglaterra, onde obteve os graus de BSc. em Engenharia Mecânica e MSc. em Mecânica dos Sólidos, pela Universidade de Aston, Birmingham, e de PhD em Dinâmica Estrutural, pela Universidade de Surrey.


Durante a sua carreira académica ffez um estágio em Engenharia Mecânica na British Leyland Motor Corporation (1964-1971) e foi investigador Associado do Institute of Sound and Vibration Research, na Universidade de Southampton (1964-1971). Lecionou no Instituto Superior Técnico entre 1977 e 2015, data da sua jubilação com a categoria de professor catedrático (nomeação em 1985).


Foi diretor do Centro de Mecânica e de Materiais das Universidades de Lisboa (CEMUL, 1982-1992), do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico (1991-1996, 1998-2002, 2009-2010) e do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), que ajudou a fundar (1992-2016) no Instituo Superior Técnico e Faculdade de Engenharia.


É Presidente do Conselho Geral da Universidade de Évora (desde 2019), membro efetivo da Academia de Engenharia (desde 2019), Professor Emérito, IST, UL (desde 2018), Professor Catedrático Jubilado, IST, UL (desde 2015), membro da Comissão Prémios IACM (desde 2016), membro do Conselho Editorial de 10 revistas internacionais indexadas no ISI e membro do Júri do Prémio Científico IBM (desde 1991).


Colaborou com organizações nacionais e internacionais na promoção da ciência na área da Mecânica Computacional e foi reconhecido pelos seus pares com a nomeação para elevados cargos e a atribuição de diversos prémios. Organizou 10 congressos nacionais e 30 congressos internacionais. Coordenou e participou em 30 projetos nacionais e internacionais. É membro efetivo da Academia de Engenharia (desde 2019) e membro Honorário APMTAC (2000). Foi distinguido como Best Mechanical Engineering Apprentice, British Leyland Motor Corporation (1970) e Best M.Sc. Student in Mechanical Engineering, University of Aston (1971), como Professor Distinto UTL (2009) e Personalidade Distinta Ibero-Americana em Engenharia Mecânica, Federação Ibero-Americana de Engenheiros Mecânicos (2009); com o Prémio O.C. Zienkiewicz da International Association of Computational Mechanics (IACM, 2016) e com a Medalha de Mérito Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2017) e a medalha J. N. Reddy de Mechanics of Advanced Materials and Structures (2018). É Fellow IACM (2002) e Honorary Fellow IACM (2010).


É editor de 41 Livros e volumes especiais de revistas internacionais; autor de 120 artigos em revistas internacionais indexadas no ISI, de 23 capítulos de livros e de 187 artigos em congressos internacionais. Na sua jubilação foi homenageado com o livro Smart Materials and Structures (Springer, 2017) e com volumes especiais da revista Composite Structures, (2016) e da revista Mechanics of Advanced Materials and Structures (2017).


Sobre Carlos Alberto Mota Soares (up.pt)


Carlos Mota Soares recebe Honoris Causa pela U.Porto [vídeo] (up.pt)


Discurso_CMS_DHC2017.pdf (lnec.pt)

Para mais informações consulte o site da a Casa Comum - Cultura U.Porto

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