SUMAK KAWSAY

Conheci Maria Fernanda Espinosa na Conferência Clima: Património da Humanidade, realizada na sexta e no sábado, 28 e 29 de outubro, em Lisboa, e co-organizada pela Universidade do Porto. Espinosa foi a primeira mulher sul-americana (e a quarta em toda a história da ONU) a presidir à Assembleia Geral das Nações Unidas (2018-2019). No seu país de origem, o Equador, teve uma longa carreira: foi Ministra da Defesa, Ministra dos Negócios Estrangeiros e Ministra Coordenadora do Património Cultural e Natural. Quando lhe perguntei se é costume, no seu país, o Ministro da Cultura assumir também a pasta do Ambiente, Espinosa falou-me do “bem viver”.

O conceito de “bem viver” opõe-se ao conceito antropocêntrico de “viver bem” (mais ligado às condições materiais de vida) e é comum a vários povos indígenas andinos. Encontramo-lo, embora com designações diferentes, no Equador, na Bolívia, no Brasil e no Paraguai. No Equador, os quéchuas chamam-lhe SUMAK KAWSAY.

O SUMAK KAWSAY refere-se à nossa relação com a natureza: todos os seres – humanos e não-humanos – se inscrevem na natureza, são parte integrante dela e não podem senão existir dentro dela. Prevalece, pois, a noção de que não há distinção ou divisão possível entre humanos e natureza, pelo que a relação de sociabilidade dos humanos com esta deverá ser igual à que deve prevalecer entre os humanos: animada pelo princípio da responsabilidade social e compromisso ético, estando o bem-estar individual dependente do bem-estar de todos.

Esta leitura ecológica do mundo, assente na ideia de que a natureza é um ser vivo, levou a uma politização da natureza e ao reconhecimento do direito que esta tem de não ser tratada como um mero objeto ou centro de recursos a serem explorados. Assim se justifica que a Constituição Equatoriana, revista em 2008, determine, nos artigos 71 a 74, os direitos de a natureza ter defensores, de ser restaurada e integralmente reparada, de ver aplicadas restrições à sua exploração e de não ser mercantilizada, oferecendo-se antes como espaço privilegiado para atividades humanas e comunitárias de bem viver. Maria Fernanda Espinosa contou-me, com orgulho, que fez parte do grupo que procedeu à revisão da Constituição nesse sentido. Teve, para o efeito, de abandonar a pasta no Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas considerou que esse seria o maior contributo que poderia dar ao país.

Tenho andado, desde os dias da Conferência, a ler sobre o Equador. Percebi que, apesar da autêntica revolução preconizada pela Constituição de 2008, os direitos da natureza não são ainda respeitados: o problema é que os instrumentos jurídicos e de justiça disponíveis estão intrinsecamente ligados a um pensamento antropocêntrico que não se relaciona com esse paradigma. Significa, pois, que o que é necessário é uma mudança cultural, uma mudança de pensamento. Mas, entretanto, temos esta lição que nos vem do Sul, o SUMAK KAWSAY, a utopia do “bem viver” para inscrevermos no nosso horizonte e iluminar o nosso caminho.

Fátima Vieira

Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Orfeão Universitário do Porto vai cantar o fado na Reitoria da U.Porto

Concerto está marcado para a noite de 5 de  novembro, no Salão Nobre da Reitoria, e visa assinalar os 110 anos de  história do grupo. Entrada livre.

O programa do concerto incluirá fados variados, baladas e guitarradas, a cargo de várias gerações de orfeonistas. Foto: DR

Vai ser um espetáculo de regresso às origens do Orfeão Universitário do Porto (OUP) e com diferentes gerações em palco. Durante duas horas, haverá fados  variados, baladas e guitarradas. Há décadas de história viva para contar  e os guardiões deste património são, precisamente, as várias gerações  de orfeonistas que, no dia 5 de novembro, às 21h00, se apresentam no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto.

Foi logo desde a fundação do OUP, em 1912, que a Canção/Fado de Coimbra começou a acompanhar as intervenções do grupo, com fados e guitarradas a fazerem parte do repertório, logo nas primeiras apresentações públicas do então Orfeon Académico.

Com o passar dos anos, o Orfeão foi-se constituindo como uma autêntica escola do fado/canção de matriz Coimbrã, continuando a preservar, divulgar e renovar o património e os intérpretes do fado académico.

No final da década de 1940, surgiram as primeiras formações fixas de cantores e guitarristas do género, formando um grupo de fados e guitarradas que, depois de uma escassez de intérpretes durante o período pós-revolucionário, nos meados dos anos 1980 se renovou e revitalizou, sem deixar esmorecer a tradição do fado académico na Universidade e Academia do Porto.

Atualmente, o Orfeão Universitário do Porto é composto por cerca de duzentos orfeonistas que dão corpo a uma enorme variedade artística, distribuida por onze grupos. Entre eles incluem-se o grupo de Fados de Lisboa e o grupo de Fado Académico.

São então 110 anos de história, cultura e tradição aqueles que se vão  “cantar” na noite de 5 de novembro, na “casa mãe” da Universidade. Para além da união entre os antigos e os novos orfeonistas, o concerto funcionará como um sarau cultural onde a noite de fados poderá ser usufruída “de forma mais intimista”, antecipa Francisco Costa, o novo diretor do Orfeão.

A entrada é livre, limitada à lotação do espaço.

Uma nova Direção, novos desafios

É açoriano, está no 3.º ano do curso de Física da Faculdade de  Ciências da U.Porto e tem também formação em Música, o 8.º grau de Canto do Conservatório. O percurso de Francisco Costa tem, por isso, uma ligação à música coral e de câmara, vertentes que gostaria de ver mais dinamizadas dentro do Orfeão.

O novo diretor do OUP tem várias ideias que quer fazer subir ao  palco, para todas as áreas artísticas do Orfeão, entre elas um concerto  com orquestra (nomeadamente a da Faculdade de Engenharia da U.Porto) e  os vários coros da academia. De resto, está já na agenda uma Missa com a intervenção do Coro do Orfeão e da Orquestra Filarmónica de Esposende, marcada para o dia 6 de novembro, às 11h00, na Sé do Porto.

Entre os objetivos desta nova direção está também a realização de um Festival de Tunas Femininas, a promoção de um encontro internacional de coros, um encontro de grupos etnográficos (mesmo fora da Academia) e a continuação do mais antigo festival de tunas universitárias em Portugal (FITU). No fundo, promover uma maior dinâmica e intercâmbio com outros  grupos, nomeadamente internacionais. 

Fonte: Notícias U.Porto 

Reabertura da Loja da Universidade do Porto

É uma nova montra da Universidade, assente num conceito inovador: o espaço funcionará como uma espécie de front office da Universidade, diz-nos o Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira. Aqui, o público poderá entrar em “contacto com “algumas das vertentes de atividade”, como é o caso da responsabilidade ambiental, mas também outros valores que a Universidade defende.  

Localizada logo à entrada do edifício histórico da Reitoria, a Loja abre de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 18h00, e ao sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Se este horário não foi compatível, a visita online está sempre disponível (https://loja.up.pt/).

Veja o vídeo :

Novembro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

FILMar: dos arquivos aos nossos dias

Atenção, professores do Grande Porto!

Uma das grandes novidades da próxima edição do IndieJúnior Porto é a participação do projeto FILMar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, em vários âmbitos do festival. O projeto, que teve o seu inicio a 4 de Fevereiro de 2020, tem como objetivo digitalizar e tornar acessíveis 10 mil minutos de cinema português  relacionados com o mar, num período de três anos.

E não só para miúdos: há também programação para os professores no IndieJúnior Porto. No próximo dia 9 de Novembro, em parceria com o Centro de Formação Guilhermina Suggia, o FILMar, o Plano Nacional das  Artes, e a Casa Comum – Reitoria da Universidade do Porto, irá realizar-se uma formação acreditada exclusiva para professores. O formador José António Marques Oliveira e Vieira da Cunha, entre as 15 e 19 horas, irá receber na Casa Comum (Reitoria da U.Porto) 25 professores para 4 horas de formação realizadas a partir dos arquivos e materiais do projeto FILMar e que farão parte do programa da sétima edição do IndieJúnior Porto.

A inscrição é gratuita e já está disponível através deste link  A lotação é limitada a 25 participantes.

FILMar: do arquivo aos nossos dias (formação para professores)

Data: 9 de Novembro de 2023, quarta-feira

Hora: 15:00-19:00 (4 horas de duração)

Local: Casa Comum – Reitoria da Universidade do Porto
Lotação: 25 participantes

Realização: IndieJúnior Porto, Centro de Formação  Guilhermina Suggia, FILMar, Plano Nacional das Artes e Casa Comum –  Reitoria da Universidade do Porto.

Fonte: IndieJúnior Porto

Fundação Marques da Silva foi distinguida com o título de Membro  Honorário da Ordem dos Arquitetos 

No passado dia 27 de outubro foi lançado o Prémio Manuel Graça Dias dst - Ordem dos Arquitectos, Primeira-Obra, uma iniciativa da Ordem dos Arquitetos que transporta uma dupla  intenção: revelar novos valores na arquitetura portuguesa, incentivando e  promovendo o reconhecimento público de autores de obras que tenham como  referência a Arquitetura enquanto um bem de qualidade ao serviço da  comunidade; e celebrar Manuel Graça Dias, sublinhando a imaginação, o inconformismo, a disponibilidade e generosidade que esta figura ímpar  sempre demonstrou nas múltiplas dimensões que marcaram o seu percurso de  vida. O arquiteto Manuel Graça Dias faleceu em 2019, aos 66 anos de  idade.

Este novo Prémio, um concurso bianual que tem na Fundação Marques da Silva um parceiro institucional, dirige-se assim a autores de obras de arquitetura que tenham sido construidas nos primeiros oito anos após a sua inscrição como membro na Ordem dos Arquitetos. O prémio tem valor pecunário de 20.000€.
 
Na mesma sessão foi feita a atribuição do título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos, um gesto que vem assim reconhecer o trabalho e ações desenvolvidas nacional e internacionalmente pela Fundação "da investigação e produção de conhecimento científico, conferências, atividade editorial e  reflexões disciplinares sobre os temas que prestigiam a arquitetura e o  nosso património disciplinar e científico."
 
A cerimónia, teve lugar na Sede Nacional da Ordem dos Arquitetos, e aconteceu no âmbito da programação do Dia Mundial da Arquitetura 2022. A Fundação esteve representada pela Presidente da sua Direção, Fátima Vieira.

Fonte: FIMS

O Presidente da Ordem dos Arquitetos, Gonçalo Byrne, e Fátima Vieira, Presidente da Direção da Fundação Marques da Silva, na cerimónia de atribuição do título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos à Fundação.

Doutores Honoris Causa da U.Porto

Margaret Atwood

Margaret Atwood (Foto Egídio Santos/U.Porto)

Por proposta da Faculdade de Letras, a 22 de abril de 2022 a escritora canadiana Margaret Atwood foi homenageada pela Universidade do Porto com o título de Doutora Honoris Causa, para celebrar “a extraordinária qualidade da sua obra literária, a importância da sua reflexão intelectual e a pertinência do seu combate público por uma sociedade mais justa, digna e sustentável. Valores consentâneos com os que animam a Faculdade de Letras e a Universidade do Porto, e que valorizam o papel das Humanidades na construção da sociedade do futuro”.

A cerimónia decorreu no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto, contando ainda com a participação de Alberto Manguel, escritor argentino-canadiano, radicado em Portugal, que fez o Elogio da nova doutora. Foi madrinha de Margaret Atwood, na cerimónia, Fátima Vieira

Margaret Atwood nasceu a 8 de novembro de 1939, em Otava, no Canadá.

É licenciada em Literatura Inglesa, com um minor em Filosofia e Francês, pelo Victoria College da Universidade de Toronto (1961). Fez o mestrado em Literatura Inglesa no Radcliffe College da Universidade de Harvard (1962) e frequentou o doutoramento na mesma instituição.

Lecionou Literatura Inglesa em várias universidades canadianas, como British Columbia, Sir George Williams, Alberta e York

Tem 26 diplomas honorários de prestigiadas universidades como Oxford, Cambridge ou Sorbonne.

Margaret Atwood é autora de uma vasta, diversa e aclamada obra literária que se estende desde o romance (17 títulos) ao ensaio e crítica (10 títulos), passando pela ficção especulativa (4 títulos), a poesia (25 títulos), o conto (8 antologias), a literatura infantil (8 livros), o teatro (uma peça), o guionismo (3 guiões para televisão e um para rádio) e o romance gráfico (3 graphic novels).

Publicada em mais de 45 países, ficou conhecida a nível mundial com as obras A História de uma Serva (1985), Chamavam-lhe Grace (1996), O Assassino Cego (2000), Órix e Crex (2003) e Os Testamentos (2019).

A escritora foi distinguida com alguns dos mais importantes prémios literários internacionais como o Booker Prize, em 2000 e 2019 (Reino Unido); o Prémio Príncipe das Astúrias para a Literatura em 2008 (Espanha); o Arthur C. Clarke Award (Reino Unido); o Prémio Mondello (Itália); o Prémio Giller (Canadá); o Franz Kafka Prize (República Checa) e o PEN Center USA (EUA). E ainda com o título de Chevalier da Ordem das Artes e das Letras de França e a Cruz de Oficial da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha.

A sua faceta de ativista está fortemente presente nos seus livros através de temas como os direitos das mulheres, as questões de género, as desigualdades sociais ou as alterações climáticas.

Sobre Margaret Atwood (up.pt)

Cerimónia de atribuição do título de Doutora Honoris Causa a Margaret Atwood - YouTube

Para mais informações consulte o site da a Casa Comum - Cultura U.Porto

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