O OPERADOR DIALÓGICO 

Continuo leitora fiel de Edgar Morin. Embora saiba que nem sempre é apreciado por Colegas das áreas da Sociologia e da Filosofia, como não me inscrevo em nenhuma dessas disciplinas sinto-me livre para o referir a todo o tempo.


Muito do pensamento que fui construindo acerca da universidade partiu, com efeito, de Morin: foi ele quem, muitos antes de outros pensadores, me fez compreender as consequências dos caminhos de hiperespecialização dos cursos universitários. Frequentemente, quando não sei que caminhos seguir, faço exercícios a partir dos três operadores cognitivos de complexidade que descreveu. E o que mais coloco em prática é o operador dialógico.


Colocar em diálogo elementos improváveis: a realidade e a imaginação, a razão e a emoção – assim é o primeiro conselho de Edgar Morin. No contexto da universidade, a receita é simples:  coloquem-se as artes, humanidades e ciências sociais à conversa com as ciências exatas e as tecnologias. Feche-se a porta da sala à chave (isto sou eu que digo, não Morin). Espere-se uns dias... Já vi nascer, destes diálogos inesperados, os mais criativos projetos de investigação.


Recentemente, o diálogo entre as artes e as ciências tem vindo a ser mais frequente, sendo sobretudo fomentado por financiamento europeu que visa potenciar a interdisciplinaridade. Contudo, as artes são, em muitos casos, relegadas para o estatuto de “meio”, isto é, são postas ao serviço da ciência, destinando-se a comunicar a mensagem científica. Mas não é isto que se pretende. Colocar ciência e arte lado a lado, atribuindo-lhes o mesmo estatuto de disciplinas com metodologias próprias de investigação, de representação de problemas e de estratégias para os resolver – é isto que falta verdadeiramente fazer.


Fátima Vieira

Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Rosa Alice Branco traz poesia à Casa Comum

A escritora Rosa Alice Branco será a protagonista da próxima sessão do ciclo Ouvir, 59 minutos de imersão  poética, marcada para 6 de dezembro. Entrada livre.

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Amor Cão e outras palavras que não adestram é o título do último livro de poemas de Rosa Alice Branco. Foto: DR

Rosa Alice Branco nasceu em Aveiro  em 1950. Escreveu um livro de contos aos 12 anos. Ofereceu-o ao pai. Foi  nos anos de 1980 que publicou seu primeiro livro, Animais da Terra. Já Amor Cão e outras palavras que não adestram, editado pela Assírio & Alvim, é o seu último livro de poemas. O que será mais fácil, domesticar um  animal ou domesticar a palavra? Dependerá da resistência do domesticado, ou da mestria de quem domestica? As perguntas ficam para  depois de Ouvir, 59 minutos de imersão poética, no próximo dia 6 de dezembro, às 18h00, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.


Está instalado? A voz que vai ouvir é a de Rosa Alice Branco. “O  canídeo sabe tornar-se cortês. A cauda erguida/ aos céus, o pescoço adiantado às patas, embora/ as dianteiras brinquem e os cantos da boca  riam./A respiração torna-se arfeira e eu acho que já li isto,/isto dos pequenos saltos, do abanar o rabo/ e sobretudo da respiração. Os avanços  mostram/ um certo erotismo cauteloso na abordagem, digo,/ no que  respeita ao cão. A cadela aprecia a simpatia do/ macho mas por azar não  está no cio e ei-la a saltitar/ como se nada. As vantagens da humanidade  são visíveis:/ é sempre possível dizer que sim a um animal.”


Amor Cão e outras palavras que não adestram 
estabelece um diálogo com a obra de Konrad Lorenz, zoólogo, etólogo e ornitólogo austríaco que recebeu o Prémio Nobel em 1973 pelos estudos sobre o  comportamento animal.


Neste livro de poemas, Rosa Alice Branco questiona e baralha as  noções de criador e criação, o humano sobre o animal e o homem vs a mulher.

Palavras amestradas

Rosa Alice Branco tem 12 livros de poesia publicados em Portugal, incluindo a sua obra poética reunida Soletrar o Dia (2002). Reconhecida internacionalmente, tem poesia publicada em inúmeros países, tanto em livros como em revistas literárias. Participa regularmente em festivais internacionais de poesia e já representou  Portugal no Poetry Parnassus Festival, em Londres (2012).


Entre as diversas distinções internacionais que amealhou, destaca-se o Prémio Espiral Maior de Poesia, em 2008, com Gado do Senhor (& etc), selecionado como um dos "10 Melhores Novos Livros para Ler em Dezembro" e um dos 12 melhores de 2016 pela  conceituada The Chicago Review of Books. Venceu ainda o Prémio de Tradução Internacional da Coletividade de Córsega, em 2013, pela organização e tradução da antologia que intitulou E se puséssemos azulejos em verso?


Foi nomeada para o Pushcart Prize, prémio literário para o melhor trabalho de poesia ou ficção publicado nas revistas literárias dos Estados Unidos.


A par com a atividade literária, Rosa Alice Branco tem um doutoramento em Filosofia Contemporânea, é investigadora na Escola Superior de Arte e Design, em Matosinhos, dedica-se profissionalmente à  Neuropsicologia da Percepção e à Estética, e é tradutora, investigadora e  promotora cultural. Neste último âmbito, organizou vários colóquios e  festivais de poesia, dentro e fora de Portugal, e foi coeditora de  revistas de filosofia e poesia. Amor Cão e outras palavras que não adestram (2022) é o seu segundo livro pela Assírio & Alvim, depois de Traçar um Nome no Coração do Branco (2018).


A sessão do próximo dia 6 de dezembro tem entrada livre, mas é limitada à lotação da casa.

Ouvir, 59 minutos de imersão poética

Privilegiando a audição como sentido crítico, partimos numa viagem.  Sentados ou deitados em almofadas, teremos por companhia uma narrativa sonora inspirada no universo do autor convidado e elaborada por estudantes do Mestrado em Multimédia da Faculdade de Engenharia da U.Porto. Depois ouvimos a voz do autor, a dizer os seus próprios poemas,  ficando a conversa para o final da sessão.


Ouvir, 59 minutos de imersão poética resulta de uma parceria da Casa Comum com a Porto Editora e a Faculdade de Engenharia da U.Porto. 


Fonte: Notícias U.Porto

U.Porto presta homenagem a Sacadura Cabral e Gago Coutinho


Os dois aviadores e Honoris Causa da  Universidade vão ser homenageados a 5 e 7 de dezembro, no âmbito das  Comemorações do Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul.

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Os retratos de Sacadura  Cabral (ilustração de Nadia Borges) e Gago Coutinho (ilustração de Evandro  Renan) são dois dos mais de 100 que podem ser apreciados na Galeria de  Retratos de Doutores Honoris Causa da U.Porto. Foto: DR


Corria a tarde de 5 de dezembro de 1922 quando a “sala nobre” da Universidade, por proposta da Faculdade Técnica, atual Faculdade de Engenharia (FEUP), se “engalanou” para homenagear os aviadores Sacadura Cabral e Gago Coutinho que, meses antes, haviam protagonizado a primeira  ligação aérea entre a Europa e a América do Sul. Um momento que,  precisamente 100 anos depois, será recordado numa das várias iniciativas que integram as comemorações do Centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul (100TAAS), promovidas pela Marinha e pela Força Aérea Portuguesa.


A primeira ligação aérea entre a Europa e a América do Sul, que  partiu de Lisboa a 30 de março de 1922 e terminou no Rio de Janeiro a 17 de junho, recorreu a métodos inovadores para a navegação aérea astronómica. Desenvolvido por portugueses, este conjunto de inovações transformou-se num marco que trouxe visibilidade ao País.


Foi precisamente o valor científico dos instrumentos e métodos criados por Artur de Sacadura Freire Cabral  e Carlos Viegas Gago Coutinho que levou a Universidade do Porto a conceder-lhes, a 5 de dezembro de 1922, o grau de doutores Honoris Causa. Prestava-se assim a “primeira homenagem científica” aos dois marinheiros aviadores, como recordaria no dia seguinte O Primeiro de Janeiro.


É então este o momento – que pode ser revisitado na recentemente inaugurada Galeria de Retratos de Doutores Honoris Causa da U.Porto – que vai ser assinalado este dia 5 de dezembro com uma tertúlia na Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto, marcada para as 18h00.


Nesta sessão, Henrique Henriques-Mateus, historiador da aeronáutica e membro da Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea Portuguesa; Mário Correia, piloto aviador, conservador e autor do livro A Grande Aventura (2022), e Isabel Morujão, professora de literatura da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), sentam-se à mesma mesa para uma conversa moderada por António Mimoso e Carvalho, piloto aviador e membro da Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea Portuguesa.


Dois dias depois, dia 7 de dezembro, pelas 15h00, a homenagem faz-se no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto. Após a abertura, Henrique Henriques-Mateus fará o elogio dos doutorados (Honoris causa), a que se seguirá uma conferência sobre A Travessia Aérea do Atlântico Sul pelo Comandante Costa Canas e uma intervenção do Tenente-General Rafael Martins (Presidente da Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea). O encerramento da cerimónia caberá ao Reitor da U.Porto.


Às 17h00, será inaugurada nas arcadas do edifício da Reitoria a exposição Cem Anos da Travessia Aérea do Atlântico Sul, com apresentação e visita orientada pelo Coronel Mouta Raposo, diretor do  Museu do Ar. Trata-se de uma exposição itinerante, composta por 18 painéis em estrutura de alumínio que ocupam cerca de 20 metros. Ficará  patente ao público durante uma semana.


No mesmo dia, mas às 21h30, o Auditório da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto acolherá um concerto da Banda de Música da Força Aérea. A entrada é livre. 


Fonte: Notícias U.Porto

Holobionte ou o Princípio Canibal expõe o parasitismo subjacente à vida


Instalação-performance que reflete a violência e autofagia associadas à gestação estará no Laboratório Ferreira da Silva  de 8 a 11 de dezembro.

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Holobionte ou o Princípio Canibal é uma experiência que nos vai “virar do avesso”. Denunciar a violência dos  processos naturais que determinam o sucesso de uma gestação. Com a promessa de nos desassossegar, a experiência vai acontecer de 8 a 11 de dezembro, no Laboratório Ferreira da Silva, em pleno Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).


Holobionte (substantivo masculino; etim. do Grego Holo-todo;  bios-vida) é o nome atribuído a um organismo hospedeiro que sobrevive  graças a um sistema de simbioses integradas com múltiplos agentes, como  bactérias, fungos, etc. Daí, esta instalação/performance acontecer no local perfeito: o Laboratório Ferreira da Silva.


A performer Maria Inês Marques explica que a performance “mimetiza narrativas científicas e protolocos de laboratório e por isso fazia sentido desenvolver-se num local associado à tradição científica. É uma obra “que se pode adaptar a diferentes espaços de  divulgação científica".


Em contexto site specific, a experiência envolve cenografia,  sonoplastia, vídeo, performance e público. Implica a intervenção do  público, sendo por isso uma “instalação interativa”. Quem entrar, será  convidado a interagir com os objetos que estão em exposição numa espécie  de “Gabinete de Curiosidades” e a refletir sobre a violência e fagia  implícitas nos processos de gestação e maternidade.


A alavanca para a construção destes gabinetes foram os conceitos de  simbiose e devoração, os processos de tensão e negociação que estão na  base e subjacentes à vida. O fenómeno intenso de autofagia e do ciclo  morte-vida. Como nos recorda o filósofo italiano Emannuele Coccia,  “Viver é essencialmente viver da vida de outrem (…) Existe uma espécie  de parasitismo, de canibalismo universal que é próprio do domínio do  vivo”.


Holobionte ou o Princípio Canibal convida a seguir um percurso desafiador…. Para ajudar o público a fazer o  caminho, haverá duas interpretes-guias. A cada passo, o que se pretende  é subverter a estética voyeurista e as estratégias de colecionismo e  exibição que caracterizaram os famosos cabinets of curiosities, populares nas sociedades ocidentais durante o renascimento e iluminismo  por conservarem ou recriarem raridades, objetos “exóticos”, anomalias e  casos de estudo do mundo natural. Inspiradas por esta estética barroca,  vai deparar-se com estações interativas. As paisagens sonoras que vai  ouvir? São baseadas na descrição de processos bioquímicos específicos.

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Holobionte ou o Princípio Canibal

Dessacralizar o ato da gestação


A instalação parte de descobertas científicas que estabelecem uma  relação entre gestação e cancro. É o caso da simbiogénese (introduzida  no início do século XX pelo biólogo russo Constantin Mereschkowsky e  definida como a origem de organismos pela combinação ou associação de dois ou mais seres que entram em simbiose) e da teoria do Holobionte  (Lynn Margulis, René Fester, S.F. Glbert e Emanuele Coccia, que  consideram os seres humanos, os animais, as plantas e os microorganismos  associados a cada um deles como uma unidade evolutiva, que estabelece  relações genéticas e metabólicas para uma melhor adaptação ao meio).


Partindo de uma matriz feminista, este trabalho procura ainda  resgatar a relação entre progenitora-filho/a/x dos discursos  patriarcais, religiosos e culturais, aproximando-a do fenómeno de  convivência no seio do Holobionte. Trata-se de dessacralizar o ato da  gestação. Existem ainda “narrativas que santificam a maternidade como um  fenómeno sublime, e não falam desta violência”, acrescenta a performer.


Holobionte ou o Princípio Canibal parte da leitura de  uma obra de Sophie Lewis sobre direitos reprodutivos, “nomeadamente no  contexto das barrigas de aluguer”, sendo que o prefácio explora a  violência biológica (pela sua eficácia) do processo de gestação humana”,  acrescenta Maria Inês Marques. Uma violência inerente “à convivência  desde os primeiros dias de gestação”.


Quem percorrer este "Gabinete de Curiosidades" vai ser desafiado a descobrir outros “fenómenos simbióticos necessários  para a evolução das espécies”, como é o caso da “troca entre plantas e fungos. É um gabinete que explora essa devoração e essa violência  inerentes à coabitação das espécies. Mecanismos de invasão celular associados à biologia evolutiva”. Maria Inês Marques parte ainda, para o  seu trabalho, de “estudos que associam a permeabilidade das progenitoras a cancros que metastizam”. Uma espécie de “pacto com o  Diabo”.

Estreia em oito atos


Herdeiro de um diálogo íntimo entre ciência e dramaturgia, Holobionte ou o Princípio Canibal, com Camilla Morello e Maria Inês Marques, vai ser exibido pela primeira vez no Laboratório Ferreira da Silva.


Concebida para espaços não convencionais, nomeadamente em contextos  museológicos e instituições de divulgação científica, a instalação-performance terá lugar de quinta-feira a sábado, das 19h30 às 20h30 e das 21h00 às 22h00. No domingo será das 18h00 às 19h00 e das 19h30 às 20h30 (permanência livre).


Como a lotação é reduzida, os interessados devem fazer a reserva do lugar para o e-mail plataforma.uma@gmail.com


O projeto conta com o financiamento da Direção-Geral das Artes  (Ministério da Cultura), do Fundo Cultural SPA-AGECOP e do programa Reclamar Tempo (Campus Paulo Cunha e Silva / Teatro Municipal do Porto),  do qual foi um dos vencedores na edição 2021-2022.


Fonte: Notícias U.Porto

Dezembro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Aurélia de Souza. Inédita, a Preto e Branco

Até 31 DEZ'22
Exposição | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Todo o Abel Salazar

De 15 NOV'22 a 17 FEV'23
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Comemorações do Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul (1922-2022)

 De 05 a 07 DEZ'22 
Tertúlia, exposição, concerto | Vários locais
Entrada livre. Mais informações e programa aqui

Memórias em Tempo de Amnésia Vol.1

05 DEZ'22 | 21h30
Apresentação de livro | Casa Comum
 Entrada livre. Mais informações aqui

Ouvir. 59 minutos de imersão poética com Rosa Alice Branco

06 DEZ'22 | 18h00
Poesia | Casa Comum
Entrada livre. Mais informações aqui

Conhecimento Crepuscular

07 DEZ'22 | 21h30
Apresentação de livro | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

À DESCOBERTA DA CULTURA ITALIANA COM A ASCIP Dante Alighieri | Animais e monstros na Divina Comédia

07 DEZ '22 | 19h00
Aula Aberta | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

A arte de construir cidadania:  juventude, práticas criativas e ativismo

09 DEZ '22 | 18h00
Apresentação de Livro, concerto | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

50 anos | Missão Tripulada Apollo 17

10 DEZ '22 | 21h30
Conferência | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

FESTin na U.Porto

12 a 14 DEZ'22 | 18h00
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Dia Mais Curto: A Festa da Curta-Metragem 2022

21 DEZ'22
Cinema | Galeria da Biodoversidade, Planetário do Porto, Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Musas em Ação na Viagens | Exposição

Até 04 FEV'23
Exposição | Casa-Museu Abel Salazar
Entrada Livre. Mais informações aqui

HOLOBIONTE OU O PRINCÍPIO CANIBAL

De 8 a 11 DEZ '22 | 17h30
Instalação-performance | Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

05 MAI a 31 DEZ'22
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Depositorium 3 - Encontros às Cegas

Até DEZ'22
Exposição | Museu Nacional de Soares do Reis
Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

MHNC-UP lança primeira edição em português de "Antropoceno - Como transformámos o nosso planeta"

Obra assinada por Simon L Lewis e Mark A. Malin  integra a coleção Arte e Ciência, organizada pelo Museu de História  Natural e da Ciência da U.Porto.

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Sendo o impacto do ser humano na natureza um dos temas mais prementes, esta é uma publicação em linha com a missão da coleção Arte e Ciência, projeto editorial do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP),  ou seja, de promover a cultura científica, sobretudo nos domínios da  biodiversidade, sustentabilidade e preservação e respeito pela natureza.  É a primeira vez que este livro é editado em português.

Antropoceno – Como transformámos o nosso planeta

“Porque é que o mundo é como é?” O que é o Antropoceno e o que  significa para o futuro da humanidade e da vida na Terra. Estas são as  principais preguntas a que este livro tenta dar resposta.


“Se comprimíssemos” a “história da Terra num único dia, os primeiros  seres humanos que se parecem connosco surgiriam menos de quatro segundos  antes da meia-noite”, diz-nos a Introdução ao livro. Desde as origens  em África, espalhámo-nos por todos os continentes, exceto na Antártida.  “A Terra conta agora com 7,5 mil milhões de pessoas que, em média, têm  vidas mais longas e são fisicamente mais saudáveis do que em qualquer  outro momento da nossa história”.

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Publicação lançada pela coleção “Arte e Ciência” do MHNC-UP

Ao longo desta viagem, o livro analisa a vida selvagem que foi  exterminada, “abatemos florestas, plantámos, domesticámos animais,  emitimos poluição e criámos novas espécies”. Embora recente, “a nossa  presença teve um impacto profundo no planeta”. E não estamos apenas a  impor uma marca no presente. “Pela primeira vez nos 4,5 mil milhões de  anos de história da Terra, uma única espécie está, cada vez mais, a  ditar o futuro da mesma”. O livro recorda ainda que no passado  “meteoritos, super vulcões e o lento movimento tectónico dos continentes  alteraram radicalmente o clima da Terra e as formas de vida que a  povoam”. Agora há a uma “nova força da natureza que está a mudar a  Terra: o Homo sapiens, os chamados homens «sábios»”.


Reconhecer o Antropoceno (termo usado por alguns cientistas para  descrever o período mais recente na história do Planeta Terra) tem o  poder de nos obrigar a pensar “nos impactos a longo prazo da  megacivilização globalmente interconectada que criámos, e no género de  mundo que pretendemos legar às gerações futuras”

Os autores

Simon L. Lewis é professor de Global Change Science na University College London (UCL) e na University of Leeds.  É um dos mais proeminentes estudiosos do Antropoceno, nomeadamente no  que diz respeito aos ciclos globais de carbono. Fundou o African Tropical Rainforest Observatory (www.afritron.net).


Mark Maslin é professor de Earth System Science na  UCL. É um dos mais importantes cientistas na área do Antropoceno,  focando-se na forma como este se relaciona com os maiores desafios da humanidade no seculo XXI.


O livro encontra-se à venda na Galeria da Biodiversidade, na Rua do Campo Alegre, no polo central do MHNC-UP, com entrada pelo jardim da Cordoaria, e na loja da U.Porto.


Fonte: Notícias U.Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

34. Porque sabia que te iria amar, André Tecedeiro 

Porque sabia que te iria amar, de André Tecedeiro in A axila de Egon Schiele (poesia reunida 2014-2020), 1.ª edição, Porto Editora, outubro de 2020

48. Ua lhimpa ne l amprecípio de l séclo XX 

“A 18 de nobembre de 1920 nacie an Cicuiro un rapazico de sou nome Jusé.  Era l purmeiro filho de Tiu Albino Modarra i de tie Eimília. Cun treze  anhos antrou no seminário de ls Salezianos i más tarde, yá cura, an 1961  scribe dalguas de las sues lhembráncias de nineç.
La lhimpa ye ua de las “fiestas de l lhugar” retratadas nas palabras de l Padre Zé, que hoije fai 102 anhos!” 


Mais podcasts AQUI


Exposição Todo o Abel Salazar comentada por Maria Strecht    


Abranger a complexidade de Abel Salazar implica compreender o que o inquietava enquanto investigador, as técnicas científicas que usou e a forma como comunicou ciência enquanto professor.  


A propósito da exposição Todo o Abel Salazar, patente nas Galerias da Casa Comum até 17 de fevereiro de 2023, a investigadora e docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) Maria Strecht ajuda-nos a entrar no universo do homem que celebrizou a frase: “Um  médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”. 


Veja aqui o vídeo:

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Figuras Eminentes da U.Porto

Abel Salazar

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Abel Salazar trabalhando no laboratório na Faculdade de Farmácia no Porto, transformado em oficina de escultura (1941-1946)


Nas últimas décadas a Universidade do Porto tem vindo a prestar tributo a figuras públicas que deixaram a sua marca na cultura e na vida da cidade. Entre 2003 e 2005 homenageou três grandes vultos da Universidade: o cientista, pedagogo, escritor e artista Abel Salazar (1889-1946); o arquiteto e professor José Marques da Silva (1869-1947) e o professor, historiador e jornalista Artur de Magalhães Basto (1894-1960).


Em 2006 esta iniciativa foi formalmente convertida na Figura Eminente da U.Porto e a individualidade em destaque foi o Professor Augusto Nobre  (1865-1946). 


No primeiro capítulo da nova rúbrica desta Newsletter apresentamos Abel Salazar, personalidade polimórfica tema da nova exposição patente na Galeria I da Casa Comum – Todo o Abel Salazar. Exposição Retrospetiva da obra de Abel Salazar.


A 19 de Julho de 1889, nasceu em Guimarães Abel Salazar, filho mais velho de Adolfo Barroso Pereira Salazar e de Adelaide da Luz Silva Lima Salazar.


Na "cidade berço", o seu pai trabalhava como secretário e bibliotecário da Sociedade Martins Sarmento, era professor de Francês na Escola Industrial Francisco de Holanda e escrevia na Revista Guimarães. Nesta cidade, Abel Salazar completou a escola primária e fez parte dos estudos liceais no Seminário-Liceu, onde foi colega de Manuel Gonçalves Cerejeira, futuro Cardeal Patriarca.


A exclusão do Francês dos currículos escolares vimaranenses terá motivado a vinda da família para o Porto.


Abel Salazar em 1903 ingressou no Liceu Central do Porto, em S. Bento da Vitória, onde concluiu a 7.ª classe de Ciências (1906-1907). Já então se fazia notar o seu sentido republicano e democrático, que viria a marcar toda a sua vida. Inspirado pelo momento político, publicou, com outros estudantes, um jornal escolar de pendor republicano O Arquivo, que refletia não só os seus interesses pelos ideais revolucionários, mas também as suas aptidões artísticas, uma vez que se encarregou de fazer caricaturas de colegas e de professores.


Em 1909 matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, provavelmente por influência familiar, pois mais tarde confessaria que o seu desejo era mesmo "tirar" Engenharia Civil. Perdeu a Engenharia e ganharam as Ciências da Saúde. Obteve o diploma em 1915 com a apresentação da tese Ensaio de Psicologia Filosófica, à qual foi atribuída a classificação de vinte valores.


Em 2 de maio de 1914 foi nomeado 2.º assistente provisório da 4.º classe - Anatomia-Patológica, passando a 1.º assistente provisório da 8.ª classe - Medicina - por decreto de 23 de outubro de 1915. Por deliberação do Conselho Escolar, foi contratado para reger a cadeira de Histologia, em 18 de outubro de 1916, sendo pelo decreto de 21 de abril de 1917 nomeado professor extraordinário da 2.ª classe - Histologia e Fisiologia. Foi, depois, provido no lugar de professor ordinário (art.º 105.º do decreto n.º 4554 do Estatuto Universitário, publicado no Diário do Governo de 9 de julho de 1918), em 1918.


Em 1919, apenas com 30 anos, foi professor catedrático de Histologia e Embriologia. Nesse mesmo ano fundou e dirigiu o Instituto de Histologia e Embriologia, centro homologado pelo Senado da Universidade do Porto, na sessão de 4 de Agosto, juntamente com o Instituto de Anatomia, cuja direção foi entregue a Joaquim Alberto Pires de Lima. O Instituto de Histologia tinha uma dotação financeira irrisória e, em toda a sua existência, lutou sempre com a aflitiva falta de recursos; contudo, isso não desencorajou Abel Salazar, que conseguiu realizar aí brilhantes trabalhos de investigação.


Enquanto cientista e professor representou a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em diversos congressos e visitas pela Europa.


Como professor, foi original: nas aulas seguiu uma inovadora orientação pedagógica, com a qual defendia um ensino aberto apoiado na observação, na investigação e na discussão científica e promovia o autodidatismo dos alunos.


Na sua vertente de investigador, efetuou várias pesquisas para clarificar a estrutura e evolução do ovário, criando o famoso método de coloração tano-férrico, de análise microscópica (Método tano-férrico de Salazar). Entre 1919 e 1925 o seu trabalho ganhou fama mundial, sendo editado em inúmeras revistas científicas. Publicou mais de uma centena de trabalhos científicos nas áreas dos aparelhos de Golgi e Para Golgi, Método Tano-Férrico, ovário, tecido conjuntivo, anatomia do cérebro, tecido celular, sangue, técnica de desenho microscópico e outros temas. Com Mark Athias (1875-1946) e Celestino da Costa (1884-1956), fundou os Arquivos Portugueses de Ciências Biológicas, que chegou a dirigir.


Em 1921 casou-se com Zélia de Barros, de quem não chegou a ter filhos. Em 1926, ao fim de 10 anos de um notável trabalho, mas em condições adversas, uma depressão obrigou-o a interromper a sua atividade por um período de 5 anos. Quando regressou à faculdade em 1931, cheio de projetos, teve uma enorme desilusão: o Instituto, o seu instituto encontrava-se praticamente ao abandono e desprovido da biblioteca, entretanto absorvida por Anatomia.


Nos anos que se seguiram ao reinício da vida ativa, reconstruiu o laboratório e prosseguiu o trabalho nas suas diversas áreas de interesse, tais como a Ciência, a Arte e a Filosofia. Participou em dois "Congressos dos Anatomistas" (a 27.ª e 28.ª reuniões, respetivamente em 1932, em Nancy, e em Lisboa, em 1933) e escreveu obras e artigos, nomeadamente na revista Medicina dos Estudantes de Medicina de Lisboa.


Entretanto, a situação política em Portugal degradara-se. A Ditadura não admitia vozes críticas ou a divulgação de ideias democráticas. E assim, sem surpresa, Abel Salazar foi afastado da Universidade em 1935 (da sua cátedra e do laboratório, estando proibido de frequentar a biblioteca e de se ausentar do país). E como as ditaduras não são originais, o motivo invocado para o expulsar foi "a influência deletéria da sua ação pedagógica sobre a mocidade universitária" (Portaria de 5 de junho de 1935).


Na Grécia Antiga, Sócrates ouvira o mesmo. Tudo o que restava do Laboratório de Histologia coube numa carroça.


Na mesma altura, foram também expulsos outros professores da Universidade do Porto, como Aurélio Quintanilha, Manuel Rodrigues Lapa, Sílvio Lima e Norton de Matos.


Fora da Universidade centrou, então, as suas preocupações no domínio dos problemas sociais, filosóficos (ideais progressistas), políticos (antifascistas), estéticos e literários, assim como na produção artística.


Como pensador, escreveu essencialmente sobre a filosofia das Ciências e das Religiões, em livros, revistas e jornais como O Diabo, Sol Nascente, O Trabalho, Esfera e Seara Nova. Nos anos trinta e na qualidade de prosador, deu à estampa crónicas do tempo passado no exílio parisiense e pitorescas descrições em obras como "As recordações do Minho Arcaico". Na sua vertente de crítico de arte elaborou, entre outros, exaustivos estudos sobre Henrique Pousão, Soares dos Reis e Columbano. E na vertente de artista autodidata, produziu na sua casa uma vasta obra na qual são latentes o espírito humanista e o gosto pela experimentação.


Em 1941, numa aberta da Ditadura, dirigiu o Centro de Estudos Microscópicos, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, criado pelo Instituto para a Alta Cultura, por sugestão do Professor Mário de Figueiredo, Ministro da Educação Nacional. Apesar das evidentes restrições financeiras e materiais, prosseguiu a sua investigação, contando com a colaboração de Adelaide Estrada.


A partir de 1942 trabalhou igualmente com o Instituto Português de Oncologia, a convite de Francisco Gentil, vindo a publicar um apreciável número de trabalhos científicos no Arquivo de Patologia Pública. Em 1944 publica Hematologia.


A morte surpreendeu-o em Lisboa a 29 de dezembro de 1946. Encontrava-se na capital há dois meses, na casa de sua irmã Dulce Salazar Dias Ribeiro e do cunhado, o Dr. Dias Ribeiro, para tentar resolver os graves problemas de saúde que tinha. O seu corpo foi trasladado para a cidade do Porto, onde foi depositado no Cemitério do Prado Repouso.


A morte de Abel Salazar transformou-se, ao mesmo tempo, num momento de contestação ao regime e numa imensa e invulgar manifestação de luto. A notícia do seu falecimento abalou a sociedade portuguesa: na viagem para o Norte, o corpo foi desviado de Coimbra onde muitos esperavam para lhe prestarem homenagem. Mas o maior momento estava guardado para o Porto. Milhares de pessoas desfilaram perante o corpo do "sábio" em câmara ardente e ainda mais acompanharam o cortejo fúnebre.


As qualidades deste extraordinário homem da arte e da ciência foram enaltecidas pelos Drs. Lobo Vilela, Ruy Luís Gomes, Eduardo dos Santos Silva, Virgílio Marques Guedes e Araújo Lima e pelo estudante Carlos Barroso. O ataúde foi carregado aos ombros de cidadãos anónimos, que, de dez em dez passos, eram rendidos. Junto ao mausoléu, as palavras finais foram proferidas pelo Dr. Barata da Rocha. No dia seguinte, 1 de janeiro de 1949, o seu amigo pessoal, Dr. Ruy Luís Gomes, foi detido pela polícia política e interrogado acerca do que se passara no funeral.


Logo após a morte de Abel Salazar um grupo de amigos e admiradores sonhou converter a sua casa numa fundação que defendesse e divulgasse a sua vida e obra. Em 1957 foi instituída uma cooperativa, prontamente apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Esta, em 1965, adquiriu a obra do mestre e a sua habitação; promoveu obras de restauro na casa e edificou um pavilhão expositivo e casa do guarda. Em 1975, a CMAS foi doada à Universidade do Porto, que hoje continua a geri-la com o apoio da Associação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar.


A Casa-Museu tem como missão pesquisar, conservar, interpretar e expor o legado do seu patrono, bem como contribuir para o estudo e divulgação da vida e obra de Abel Salazar e proporcionar experiências de educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento em seu torno. A exposição de longa duração desta instituição cultural apresenta objetos pessoais, obras de arte (entre desenhos, pinturas, gravuras, esculturas e cobres martelados), trabalhos científicos, livros e outros escritos, testemunho da vida singular e das várias atividades e interesses de uma das mais fascinantes figuras da história da Universidade do Porto.  


Sobre Figuras Eminentes da Universidade do Porto - Índice (up.pt)


Sobre Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto: Abel Salazar (up.pt)


Sobre Reitores da Universidade do Porto: Ruy Luís Gomes (up.pt)


Casa Comum apresenta “Todo o Abel Salazar” – Casa Comum (up.pt)


Sobre Antigos Estudantes Ilustres da U.Porto: Adelaide Augusta Fernandes Estrada (up.pt)

Para mais informações consulte o site da a Casa Comum - Cultura U.Porto

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