(Des)EMPREGOS DO FUTURO

Martin Ford é, sem dúvida, um otimista. Tal não o impede de temer, como todos nós, que a inteligência artificial espolete transformações negativas e irreversíveis. O seu mais recente livro lançado pela Bertrand, O Futuro da Inteligência Artificial, distingue-se, aliás, por uma muito clara consciência das implicações sociais e económicas da inteligência artificial – e, como não podia deixar de ser, inclui um longo capítulo sobre “O desaparecimento do trabalho e as consequências económicas da IA”.


Defendendo a tese de que a IA se distingue de todas as formas de progresso tecnológico anteriores pelo facto de, de forma sistémica, afetar todos os setores económicos em simultâneo, incluindo o setor terciário, Ford explica que serão sobretudo os trabalhadores mais qualificados que verão o seu trabalho ameaçado. 


Confesso que foi com grande espanto que segui a argumentação de Ford, influenciada que estava pela ideia de que os mais vulneráveis seriam os trabalhadores com menor nível de educação e com ocupações que exigem manipulação física, mas a explicação faz sentido: a automatização do trabalho físico exige maquinaria pesada (e forte investimento); para além disso, não foi ainda conseguida a necessária destreza robótica (as mãos robóticas e a visão artificial estão ainda por desenvolver). Por outro lado, muitos dos trabalhos atualmente executados por licenciados poderão ser realizados por software, o que implica um investimento bem mais baixo.


Segundo o futurólogo americano, são três as categorias de trabalho que poderão ser consideradas mais seguras: em primeiro lugar, trabalhos criativos; em segundo lugar, trabalhos que “valorizem o desenvolvimento de relacionamentos complexos e significativos com outras pessoas”; por fim, ocupações que exijam “mobilidade, destreza e competência na resolução de problemas em ambientes imprevisíveis” (como é o caso dos enfermeiros, dos prestadores de cuidadores de cuidados à terceira idade, mas também dos canalizadores, eletricistas e mecânicos). E se é verdade que a IA tem vindo a conseguir algum sucesso nas duas primeiras áreas (bastará lembrarmo-nos de notícias sobre obras de arte pintadas por algoritmos inteligentes ou dos bots de conversação com que somos diariamente confrontados), a terceira área parece ser de mais difícil conquista.


Depois de ter descrito e analisado as diferentes áreas de (des)emprego, Ford defende que, perante o cenário de incerteza relativamente ao futuro das profissões, devemos escolher uma ocupação porque é algo de que gostamos verdadeiramente e não porque parece oferecer boas hipóteses de emprego. É que, como sublinha o futurólogo, o que contará, na realidade, será a forma como nos posicionamos na profissão. Se a soubermos desenvolver com criatividade, relacionamento empático e reação rápida a imprevistos, teremos grandes probabilidades de ser bem-sucedidos. Parece-me um conselho avisado: trata-se, no fundo, de afirmarmos as nossas características humanas, que a IA (ainda) não consegue replicar.



Fátima Vieira

Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Está aí o primeiro ciclo de cinema peruano na U.Porto


O ciclo "Cinema Peruano no Porto" vai decorrer durante todo o mês de fevereiro, na Casa Comum. A entrada é livre.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Viaje a Tombuctú (2014), de Rossana Diaz Costa  (Foto: DR)


A Universidade do Porto e a Embaixada do Perú em Portugal vão fazer de fevereiro o mês do Cinema Peruano no Porto. As sessões estão agendadas para todas as sextas-feiras, às 18h30, na Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto. O "cartaz" inclui duas longas metragens, um documentário e três curtas que abrangem diferentes temas sociais, trabalhos produzidos por cineastas peruanos durante a última década.


O ciclo arranca logo no dia 3 de fevereiro, com a exibição de uma Viaje a Tombuctú (2014), de Rossana Diaz Costa. É uma história de amor, que nos faz recuar até à infância e adolescência, revelando as transformações que o país sofreu durante os anos 1980.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Sigo Siendo (2013), de Javier Corcuera (Foto: DR)


Dia 10 de fevereiro, a proposta passa por Sigo Siendo (2013), de Javier Corcuera, uma obra que tenta documentar histórias de músicos populares de diferentes regiões do país, e perceber qual a relação que mantêm entre si.


Na semana seguinte, a 17 de fevereiro é dia rumar até ao Pacificum (2017) de Mariana Tschudi. Trata-se de um documentário que investiga a história e desenvolvimento da fauna e flora da costa peruana, enquanto recorre aos conhecimentos de um paleontólogo, um especialista em urbanismo pré-hispânico, um biólogo marinho e uma especialista em ecoturismo.


O ciclo de cinema culmina com três curtas metragens, dia 24 de fevereiro. El Huallaga (2015) e Dalila, la guardiana del monte (2018), dirigidos por Lupe Benites, "abrem as hostilidades".


El Huallaga é a história de dois meninos chamados Leandro e Miguel que se conhecem numa aldeia chamada Chazuta. A aventura começa, propriamente, quando ambos decidem fazer uma viagem pelo interior do bosque, uma aventura que lhes permite descobrir as suas forças e debilidades.


Dalila, a guardiã do monte deixa-nos entrar no universo da habitante de um bosque. Enquanto procurava as suas galinhas, no bosque da comunidade, Dalila descobre um grupo de traficantes que lhe revelam as suas obscuras intenções. Vê-se obrigada a pedir ajuda aos seus companheiros de turma, à professora e à avó para desmascarar estes traficantes. O que traficam? É vir para saber.


Por fim, temos Tejido Andino (2017). Esta curta-metragem de Mariana Tschudi reúne as cores, as texturas e os desenhos dos ancestrais tecidos andinos (que protegem do frio dos Andes), num trabalho inspirado pelos ensinamentos de Mario Osorio Olazábal.


A entrada nas sessões é livre, ainda que limitada à lotação do espaço. 


Fonte: Notícias U.Porto

 NEFUP veio à Reitoria da U.Porto dar as boas-vindas ao Novo Ano

Cumprindo a tradição, o NEFUP - Núcleo de Etnografia e Folclore da  U.Porto veio, no passado dia 16 de janeiro, ao edifício histórico da Reitoria para dar as boas-vindas  ao Novo Ano. Os mensageiros da “Boa Nova” (o nascimento de Jesus e o desejo de um feliz Ano Novo) bateram depois à porta da Casa Comum para fazerem algumas “adenunciações”. 


Veja aqui o vídeo

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Sobre o NEFUP

Fundado em 1982 por um grupo de estudantes e licenciados da U.Porto, o NEFUP – Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto tem como missão a recolha, estudo e divulgação do folclore português,  apresentando-o sob a forma de espetáculos de dança, cantares e outros.


Para além de inúmeras exibições no País em espetáculos para  associações culturais e recreativas, escolas, autarquias e instituições  de solidariedade social, o NEFUP já representou, também, Portugal no  Reino Unido, Grécia, Espanha, França, Brasil e Macau. 


Fonte: Notícias U.Porto

Janeiro/ Fevereiro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Todo o Abel Salazar

De 15 NOV'22 a 17 FEV'23
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Recital de Piano com Constantin Sandu | Nuno Grande, Figura Eminente U.Porto 2022

23 JAN'23 | 18h
Música | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

IndieJúnior Porto | Filme+Debate: viver o luto através da arte

26 JAN'23 | 11h00
Filme, Debate | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

I Ciclo de Cinema Peruano na U.Porto

03, 10, 17, 24  FEV'23 | 18h30
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Poemas da Minha Vida, de Ricardo Guimarães

04 FEV'23 | 16h00
Apresentação de Livros | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Musas em Ação 3 | Exposição

Até 04 FEV'23
Exposição | Casa-Museu Abel Salazar
Entrada Livre. Mais informações aqui

 Cota 1,20 | Exposição

Até 29 JAN'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até SET'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

Novo título da U.Porto Press dedicado ao Português Língua Não Materna

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

O objetivo primeiro da presente coletânea é (…) oferecer às leitoras e  leitores uma perspetiva panorâmica atualizada do ensino do português em  diferentes países”, explicam Francisco Calvo del Olmo, Sílvia Melo-Pfeifer e Sweder Souza, organizadores de Português Língua Não Materna: Contextos, Estatutos e Práticas de Ensino numa Visão Crítica,  na introdução a esta obra. Os organizadores acrescentam que, neste  caso, não foram considerados os países de língua oficial portuguesa,  dada a existência de trabalhos recentes a respeito.


Português Língua Não Materna: Contextos, Estatutos e Práticas de Ensino numa Visão Crítica, editado recentemente pela U.Porto Press, contou com o apoio do Gabinete para a Promoção da Língua Portuguesa da Reitoria da Universidade do Porto e inaugurou a Coleção Estudos e Ensino desta Editora.

Sobre a Obra

Conforme explica o Professor Paulo Feytor Pinto no prefácio, “atualmente,  o ensino da língua portuguesa em países que não a têm como língua  oficial concretiza-se em múltiplas modalidades”, dependendo dos públicos  e contextos em causa, considerando diferentes faixas etárias,  diferentes gerações de emigrantes, diferentes nacionalidades, graus ou  tipologia de ensino. E, assim sendo, “emergiram em português três termos  de algum modo sinónimos: Português Língua Não Materna (PLNM), Português  para Falantes de Outras Línguas (PFOL) e, mais recentemente, Português  Língua Adicional (PLA), procurando estabelecer a diferença basilar entre  o PL1 [Português como língua materna] e todas as outras modalidades de  ensino da língua”.


Por um lado, Paulo Feytor Pinto assinala que “este livro dá conta da  crescente importância, no ensino superior, do Português para Fins  Específicos (PFE), do ensino do PLE [Português Língua Estrangeira] para  estudantes de tradução e de ensino da língua, mas essencial­mente para  estudantes de praticamente todas as outras áreas do saber”.


Por outro lado, assinala também que, apesar do investimento feito nas  últimas décadas a nível do alargamento e diversificação da oferta de  cursos e materiais didáticos, da formação de professores e da  investigação no domínio do PLNM/PFOL/PLA, “só cerca de 7% dos falantes  de português não o têm como L1”, concluindo que o português “é muito  pouco utilizado como língua veicular entre falantes de outras línguas e  quando isso acontece é geralmente, no interior de países da CPLP”. Paulo  Feytor Pinto defende, ainda, que “o que neste livro é dito sobre o  ensino de LE nos 17 países retratados confirma que o português não está  entre as LE mais aprendidas nos sistemas educativos e no ensino  superior”. Contudo, refere também que vários capítulos do livro  “destacam potencialidades que este quadro aparentemente adverso  esconde”.

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Já Francisco Calvo del Olmo, Sílvia Melo-Pfeifer e Sweder Souza  explicam, na introdução, que organizaram esta obra com o intuito de  ilustrar “a diversidade a diversidade de perspetivas em que o português se constituiu  como língua-alvo”, a ideia foi, assim, não pensar o português "no contexto da chamada Lusofonia, como Língua Materna e Segunda, mas descrever e compreender a circulação do PLNM no mundo, com ênfase no âmbito académico”.  Selecionaram, então, potenciais autores dos cinco continentes, “de países com uma relação geoestratégica consolidada ou em fase de consolidação com os países de língua oficial portuguesa”.


Enquanto organizadores, pretendiam “descrever os diferentes contextos daquela circulação, pensando o estatuto da língua, o papel das  políticas educativas linguísticas nacionais e das diásporas de países de língua oficial portuguesa na oferta do português nos currículos  escolares e universitários”.


A obra, estruturada em três secções – “Português no espaço das  Américas”, “Português no espaço europeu” e “Português noutras latitudes”  – está disponível na loja online da U.Porto Press.

Sobre os Organizadores

Francisco Calvo del Olmo possui doutoramento em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil)  e pós-doutoramento na área de Didática de Línguas no Laboratório  Lidilem da Universidade de Grenoble-Alpes (França). Entre 2015 e 2020 foi Professor Adjunto no Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Paraná (Brasil). Integra, desde 2022, o  Departamento de Filologia Românica da Universidade Ludwig-Maximilians  de Munique (Alemanha). É autor de artigos científicos publicados em revistas da América Latina e da Europa. Em 2020 coeditou, com Sweder  Souza, Línguas em Português. A Lusofonia numa Visão Crítica, publicado pela U.Porto Press.


Sílvia Melo-Pfeifer é licenciada em  ensino de Português e Francês e doutorada em Didática de Línguas pela  Universidade de Aveiro. É Professora de Didática de Línguas Românicas  (Espanhol e Francês) na Faculdade de Ciências de Educação, na  Universidade de Hamburgo (Alemanha), e investigadora do Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores, da  Universidade de Aveiro. Foi coordenadora do Ensino Português na  Alemanha, pelo Instituto Camões, entre 2010 e 2013. Coeditou, com Paulo  Feytor Pinto, a obra Políticas Linguísticas em Português e dedica-se à investigação nas áreas da educação plurilingue e intercultural e do Português como língua de herança.


Sweder Souza
é doutorando em Letras/Estudos  Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná, Professor e Coordenador Pedagógico do Curso de  Licenciatura em Letras — Português/Inglês – da Faculdade Educacional da  Lapa, Brasil, e Membro Integrado do Centro de Investigação em Didática e  Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de  Aveiro. Em 2020 coeditou, com Francisco Calvo del Olmo, Línguas em Português. A Lusofonia numa Visão Crítica, publicado pela U.Porto Press. 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

41. Não é por acaso, Alice Queirós 

Não é por acaso, de Alice Queirós, in Jardim de Afectos, Editora Versbrava, maio de 2014

 52. Manifesto an Modo de Hino 

“I quando, pul eimbierno, l fumo de ls chupones se fur spargindo cul  aire por essas ourrietas, cabeços i canhadas, ls scaletos de la lhéngua  han-de benir a calcer-se na boca dalgun bielho sentado al lhume culs  nietos ne ls zinolhos. Mas, de tan angaranhidas, las letras, las palabras, nun seran capazes de s’ajuntar pa formar cuontas ó cantigas.” Fracisco Niebro – setembre de 1999


4. Sérgio Cunha Velho e Renata Leite 

Neste episódio do U.Porto Generation GAP, vamos conhecer melhor Sérgio Cunha Velho e Renata Leite, pai e filha, ambos alumni da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do  Porto. Sérgio nasceu em Ponte de Lima, estudou em Braga e no Porto, e  viveu o 25 de abril, que considera um dos acontecimentos históricos mais  marcantes do seu tempo. Tanto Sérgio como Renata são licenciados em  Ciências da Nutrição, o pai em 1989 e a filha em 2014, mas o alumnus, primeiro, concluiu o bacharelato no Curso Superior de Nutricionismo. Nos anos 80 participou num programa semanal da rádio, intitulado  “Alimentação fator de saúde e de vida”. É professor convidado da  Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e membro do conselho  geral da Ordem dos Nutricionistas. Renata é filha de pai e mãe nutricionistas, e apesar de, durante a  adolescência ter tido, algumas dúvidas sobre que curso seguir, a verdade é  que já na infância há registo de que queria ser nutricionista quando crescesse. Durante o percurso universitário foi presidente da mesa da assembleia geral de estudantes da AEFCNAUP (Associação de Estudantes da  Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação). Desde 2019 que é formadora voluntária na Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo  Regional do Centro e atualmente é nutricionista na Unidade Local de  Saúde de Matosinhos.

Mais podcasts AQUI


Figuras Eminentes da U.Porto

Emílio Peres

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon
Emílio Peres

Emílio Fernando Alves Peres nasceu em Ermesinde a 22 de julho de 1932. Era filho único de pais oriundos de Lisboa.


Fez o ensino primário numa escola pública e frequentou, por obrigação, a Mocidade Portuguesa e as aulas de religião e moral, apesar de não ser crente.


Estudou durante sete anos no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, fazendo a viagem de comboio e, mais tarde, de elétrico. No Liceu fez amizades para a vida e estreou-se a escrever no jornal escolar. Trabalhou em part-time como agente de um quinzenário de palavras cruzadas e vendeu livros na Editora Civilização durante as férias. Em 1949 matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, instituição que frequentou até 1955. Foi um excelente aluno, merecedor de alguns prémios académicos.


Paralelamente ao estudo praticou desporto: hóquei em patins na equipa do Centro Universitário do Porto; ténis, no Ermesinde Ténis Club; montanhismo, no Club Nacional de Montanhismo. Integrou, também, o Orfeão Universitário do Porto, experimentou o jornalismo e, quando frequentava o terceiro ano do curso, passou a trabalhar como delegado de informação médica no laboratório Lepetit.


Interessado em endocrinologia, transferiu-se para Lisboa em 1955, para aprofundar os conhecimentos numa área que não existia no Porto. Ocupou, então, uma vaga disponível no Serviço da Clínica Médica com o endocrinologista Luís da Silveira Botelho, que veio a ser o seu mestre. Estagiou no Hospital de Santa Maria e concluiu a licenciatura com a classificação de dezoito valores, em 1957.


Nos quatro anos seguintes, chefiou os serviços de propaganda médica, desenvolvendo técnicas inovadoras de marketing na empresa Lepetit, foi admitido no Internato dos Hospitais Civis de Lisboa, cumpriu o serviço militar, publicou os primeiros trabalhos científicos, apresentou as primeiras comunicações e, por um ano, foi assistente voluntário de Química Fisiológica na Faculdade de Medicina de Lisboa, onde fez amizade com Manuel Júdice Halpern e Manuel Neves e Castro.


No início da década de 60, altura em que era interno de Medicina nos Hospitais Civis de Lisboa e estagiário de endocrinologia no IPO, teve possibilidade de obter uma bolsa de estudo para Montreal. Contudo, os seus pais solicitaram-lhe que regressasse ao Porto e a Faculdade de Medicina desta cidade pediu-lhe que se transferisse do Hospital de S. António para o de S. João. Acabou por ser contratado como assistente de Clínica Médica para implementar a consulta regular de Endocrinologia, a qual veio, mais tarde, a integrar a Unidade de Endocrinologia.

Durante esta fase, dedicou-se, também, ao ensino, à investigação, à atividade de conferencista, ao estudo de novos métodos pedagógicos e à propaganda médica. Na Lepetit passou a diretor de Marketing, investindo em estudos pós-graduados em Marketing e Gestão de Empresas, tendo sido depois promovido ao cargo de consultor de negócios no exterior. Em 1965, quando o laboratório entrou no Grupo Dow Chemical, assumiu o cargo de Diretor-geral da empresa em Portugal até a deixar em 1971, mantendo-se, no entanto, associado ao sector editorial da Lepetit.


Entre 1961 e 1962 viveu a guerra de Angola, integrando um batalhão de Caçadores Especiais. Regressou ao país depois de ser ferido.

Dos anos 70 aos anos 90, publicou dezenas de artigos científicos, iniciou a clínica privada em Endocrinologia e Doenças da Nutrição (1979), prosseguiu a sua carreira no Hospital de S. João, instituição da qual veio a ser chefe do Serviço de Endocrinologia e da qual se aposentou, em 1992. Na Faculdade de Medicina do Porto integrou a comissão diretiva (1974-1975), foi membro do Conselho Científico (1975-1976) e terminou a sua atividade de docente (1976).

Entre 1974 e 1975 participou ativamente em duas comissões nacionais, uma composta por representantes das três faculdades de Medicina e dos hospitais centrais, que resultou na criação de duas escolas médicas, uma em Lisboa e outra Porto (esta última, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar); a outra formada pelos representantes das faculdades de Medicina sob a tutela do Diretor-geral do Ensino.


Na sequência destes trabalhos surgiram conselhos e diretrizes para a formação de profissionais de Saúde. Foram então criadas escolas superiores públicas de Saúde Oral, de Alimentação e Nutrição, como a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, de Psicologia Clínica, da Motricidade e do Desporto e Educação Física para a Saúde. Algumas destas recomendações também resultaram na reciclagem dos auxiliares de enfermagem, na formação superior de enfermeiros e na criação de cursos médicos regulares.

Em 1976, fez parte do Grupo de Trabalho Instalador do Curso de Nutricionismo da Universidade do Porto, que se transformou na atual Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP). A aula inaugural por ele lecionada, na Faculdade de Medicina, foi mantida até 1998.

O professor, investigador e conferencista procurou atingir públicos alargados. Publicou livros de divulgação, fez rádio durante 12 anos, teve inúmeras intervenções na televisão, escreveu centenas de trabalhos de divulgação e artigos de opinião, colaborou em livros sobre ambiente, alimentação e política, participou na Campanha de Educação Alimentar "Saber Comer é Saber Viver" e no projeto "A Roda dos Alimentos" e deu cursos de formação.


O seu apego à cultura levou-o a participar na fundação da Universidade Popular do Porto, uma associação cultural sem fins lucrativos e de utilidade pública, com Ruy Luís Gomes, Óscar Lopes e Armando de Castro, instituição que abriu portas no dia 25 de junho de 1979, nas comemorações do 30.º aniversário da morte de Bento Jesus Caraça.


Esteve igualmente ligado à Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho, instituída após a morte da filha do poeta transmontano. Foi consultor da Enciclopédia Verbo, militante do PCP e vice-presidente da secção Regional da Ordem dos Médicos (1973-1975).


Do seu casamento com D. Odete Peres teve a filha Mafalda.


O pai da educação alimentar em Portugal, culto e interventivo, que dedicou a sua vida à investigação científica, ao ensino, à cultura (letras e música), à política e às artes plásticas (arte sacra e faiança, nas quais usou o método científico para o seu estudo), morreu em 26 de outubro de 2003.


Sobre Emílio Peres (up.pt)

Para mais informações consulte o site da a Casa Comum - Cultura U.Porto

Copyright © *2020* *Casa Comum*, All rights reserved.
Os dados fornecidos serão utilizados apenas pela Unidade de Cultura da Universidade do Porto para o envio da newsletter da Casa Comum, bem como para divulgação futura de iniciativas culturais. Se pretender cancelar a recepção das nossas comunicações, poderá fazê-lo a qualquer momento para o e-mail cultura@reit.up.pt, ou clicar em Remover. Após o que o seu contacto será prontamente eliminado da nossa base de dados.
Quaisquer questões sobre Proteção de Dados poderão ser endereçadas a dpo@reit.up.pt.