O DESASSOMBRAMENTO DE CORÁLIA VICENTE
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O Salão Nobre do ICBAS estava reservado há pouco mais de um ano. Corália Vicente havia avisado colegas, funcionários, estudantes e amigos e todos haviam anotado na agenda que, a 27 de janeiro de 2023, dia em que Corália completaria 70 anos, deveriam comparecer. Não partilhou com ninguém os planos para esse dia nem deixou indícios sobre o tema da sua Última Lição, mas contou ao seu colega e amigo de sempre, Luís Baldaia, que a sessão terminaria com o “My way” de Frank Sinatra. Infelizmente, Corália Vicente partiu demasiado cedo, não chegando a proferir a sua Última Lição. O ICBAS soube, contudo, converter a desolação em celebração. E assim, no dia 27 de janeiro, todos marcaram presença no Salão Nobre para homenagear a antiga professora e investigadora e diretora e presidente de tantos órgãos e projetos que impulsionaram o desenvolvimento do ICBAS que não haveria espaço aqui para os nomear.
A cerimónia foi presidida pela Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, contando com a presença do Secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira. O Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, deu o mote à sessão, recordando o espírito desassombrado da sua colega e amiga, a sua irreverência, a paixão que punha em tudo o que fazia, a informalidade no trato que sempre a distinguiu e as fotografias que constantemente tirava. Ao longo da tarde, sucederam-se testemunhos, primeiro do Diretor do ICBAS, Henrique Cyrne de Carvalho, e depois de antigos estudantes e colegas que fizeram justiça à primeira mulher a dirigir uma escola médica portuguesa, sem, contudo, caírem na divinização da homenageada (e por isso lembraram a sua frontalidade e, por vezes, mau humor). O médico e poeta João Luís Barreto Guimarães falou da importante semente que Corália deixou ao criar, no currículo da licenciatura em Medicina, espaço para uma unidade curricular de Poesia; e a emoção cresceu quando a filha de Corália descreveu a dedicação da mãe ao projeto do ICBAS ao mesmo tempo que evocou as muitas viagens de descoberta do mundo em que a mãe a levara – ao ponto de a Ministra, que não conheceu Corália, não ter conseguido evitar uma lágrima (nessa altura, todos os olhos estavam molhados, no Salão Nobre do ICBAS).
Ao longo da sessão, o adjetivo mais recorrentemente utilizado em relação à homenageada foi “desassombrada”. Parece-me adequado. É “desassombrado” quem se desembaraça do que faz sombra, ilumina e aclara. É assim que também eu recordo Corália Vicente. Conheci-a muito antes de ela me conhecer. Admirava a leveza com que se movia nas sessões oficiais, deambulando pelas salas, alheia a todos os protocolos, sempre – sempre – a tirar fotografias, construindo aquele que é, sem dúvida, o maior arquivo fotográfico do ICBAS e de muitas sessões oficiais da Universidade. Da primeira vez que falei com ela, lembro-me de uma gargalhada forte a propósito de um qualquer comentário engraçado; de todas as outras vezes em que nos encontrámos, retive o olhar franco e transparente iluminado por uma paixão profunda pela Universidade (e, mais recentemente, pelos cursos de mestrado e de doutoramento em Ciências da Enfermagem que criou no ICBAS); e de todas as vezes que falava da filha e dos netos, Corália era, toda ela, luz.
A sessão de homenagem do ICBAS à sua antiga diretora foi relevante porque foi, também ela, desassombrada. Como disse o Reitor da U.Porto, através da cerimónia o ICBAS afirmou que Corália importou, continua a importar e que o seu modo de ser nos inspira. Foi exatamente o que pensei enquanto via o slideshow com fotografias evocativas do percurso de Corália Vicente – e sim, claro que a música que serviu de pano-de-fundo foi “My way”, de Frank Sinatra.
Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus
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Emergência climática - Estamos a caminho do abismo?
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A primeira sessão do ano do ciclo de conversas Diversidades, promovido pelo MHNC-UP, vai ter lugar no dia 2 de fevereiro, em formato online. Não é preciso sair de casa para assistir a este ciclo de conversas sobre biodiversidade e sustentabilidade ambiental, promovido pelo Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).
Emergência climática – Estamos a caminho do abismo? A pergunta será lançada na primeira sessão do ano do ciclo Diversidades, para nos fazer, a todos, refletir. Decorre online, a partir das 21h00 do próximo dia 2 de fevereiro. Ainda esta semana fomos surpreendidos com a imagem de um iceberg, com um tamanho próximo ao da área da cidade de São Paulo (ou 15 vezes a de Lisboa), a desprender-se da plataforma de gelo, próxima a uma estação científica britânica na Antártica. O bloco de gelo, com 1.550 quilómetros quadrados, soltou-se durante uma maré que fez aumentar uma fissura existente. O comunicado foi emitido pela British Antarctic Survey (BAS), um organismo de investigação das zonas polares.
Tal como o resto do planeta, o continente tem sofrido o impacto do aquecimento global. Segundo o relatório anual do programa europeu sobre as alterações climáticas, o Copernicus, em Fevereiro de 2022 a extensão do gelo já tinha tocado o mínimo de 44 anos de registos via satélite.
Este será, com certeza, um dos tópicos que virá à discussão. A declaração do estado de emergência climática veio reconhecer a gravidade da ameaça representada pelo aquecimento global. Esta declaração implica a adoção de medidas concretas que levem à redução das emissões de carbono. Simultaneamente, pretende exercer pressão política sobre os governos para que tomem medidas concretas para combater as alterações climáticas.
António Guterres, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, afirmou, no discurso inaugural da última Cimeira do Clima (COP27), que “Estamos na autoestrada para o inferno climático com o pé ainda no acelerador”.
Também o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) foi perentório no seu último relatório – a mudança climática é real e as atividades humanas, em grande parte a libertação de gases poluentes da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), são a principal causa – deixando claro que, se as tendências atuais se mantiverem, o aquecimento global vai continuar a aumentar e o futuro do planeta estará em perigo.
Nesta conversa, vamos debater se ainda é possível alterar o caminho que nos está a conduzir ao abismo e de que forma o ativismo climático poderá ter um papel decisivo nesta mudança.
Quem vai debater estas questões?
Nuno Forner, da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável. Licenciado em ensino de Biologia e Geologia pela Universidade de Évora, frequentou o Mestrado em Ecologia Aplicada da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Há cerca de 20 anos que se encontra ligado ao movimento ambientalista, tendo colaborado com várias organizações não governamentais de ambiente (ONGAs) como a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a Quercus e o FAPAS. Na ZERO, acompanha, entre outras, as políticas públicas nacionais e europeias na área da conservação da natureza e biodiversidade, florestas, comércio de commodities, bioenergia e mineração.
José Teixeira é doutorado em biologia e coordenador do Gabinete de Comunicação de Ciência do CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da U.Porto, onde é responsável pelo desenvolvimento e implementação de projetos de literacia ambiental, como as Campanhas Ocean Action e Charcos com Vida.
É também o coordenador nacional do Projeto Ponderful, que se dedica à avaliação e valorização do uso de pequenas massas de água para a mitigação e combate às alterações climáticas.
Henrique Teixeira é membro da campanha Gás é andar para Trás e é estudante de doutoramento em Física na U.Porto.
Sobre o Diversidades
Este ciclo de conversas é um convite para que, sem sair de casa, possa participar em serões temáticos através dos quais se desmultiplica a biodiversidade e a sustentabilidade ambiental numa miríade de tópicos com grande impacto social, cultural, económico e ambiental. Da crise climática às escolhas alimentares, do macro-cosmos espacial ao micro-cosmos no interior do nosso organismo, os limites disciplinares esbatem-se e as áreas cruzam-se. Especialistas de áreas complementares, por vezes contrastantes, alimentam conversas amenas num ambiente informal em que o contributo de todos magnifica a sua experiência.
A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do e-mail galeria@mhnc.up.pt .
Fonte: Notícias U.Porto
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Academia abriu as portas no Dia Europeu do Património Académico
No Dia Europeu da Património Académico, assinalado no passado dia 18 de novembro de 2022, abrimos as portas da Academia.
Do Instituto Geofísico da U.Porto e do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros atravessámos o rio Douro e fomos da Casa dos Livros até ao Depósito do Arquivo da Faculdade de Medicina da U.Porto. Foi um dia dedicado à cartografia de um coletivo artístico, científico e patrimonial. Reveja aqui os momentos mais marcantes desta "viagem". O Dia do Património Académico já passou, mas o nosso património continua à espera da sua visita!
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Fevereiro na U.Porto
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Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.
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Todo o Abel SalazarEntrada Livre. Mais informações aqui
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I Ciclo de Cinema Peruano na U.Porto03, 10, 17, 24 FEV'23 | 18h30 Entrada Livre. Mais informações aqui
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Poemas da Minha Vida, de Ricardo Guimarães
Apresentação de Livros | Casa Comum Entrada Livre. Mais informações aqui
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Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - LuzExposição | Fundação Marques da Silva
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O Museu à Minha ProcuraExposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto Entrada Livre. Mais informações aqui
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DIVERSIDADES | Ciclo de conversas sobre biodiversidade e sustentabilidade ambientalParticipação gratuita. Mais informações aqui
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Podcast Germen Ouvir com outros olhos: Integridade na VelhiceParticipação gratuita. Mais informações aqui
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CORREDOR CULTURAL DO PORTO Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto. Consulte a lista completa aqui
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Fundação Marques da Silva acolhe exposição sobre Raúl Hestnes Ferreira
Como compreender e situar a heterodoxa arquitetura de Raúl Hestnes Ferreira (1931-2018)? É da resposta a esta questão que nasce a exposição Hestnes Ferreira - Matéria | Forma | Luz, a inaugurar no próximo dia 11 de fevereiro, às 16h00, na Casa-Atelier José Marques da Silva.
Os seus curadores, Alexandra Saraiva, Patrícia Bento de Almeida e Paulo Tormenta Pinto, perante um extenso e invulgar campo de trabalho, colocaram em prática um exercício de observação e análise assente na formulação de três conceitos operativos - Matéria | Forma | Luz - que estruturam o percurso da exposição. Para dar corpo à leitura realizada, selecionaram um conjunto de obras deste arquiteto, desenhadas entre os anos sessenta e a primeira década do século XXI, e cruzaram a experiência do construído com o processo de projeto documentado no vasto arquivo doado à Fundação Marques da Silva. O guião da exposição, composto pelas referências às obras selecionadas (entre desenhos, fotografias e maquetes) e modelado por um olhar de confronto e diálogo, inclui uma incursão pelo percurso formativo e é complementado por alguns registos em vídeo, organizando, assim, um itinerário revelador do significado do legado de Hestnes Ferreira e de um outro entendimento do seu modo próprio de fazer arquitetura. Para aprofundar e expandir as perspetivas de aproximação à obra de Hestnes Ferreira lançadas em Hestnes Ferreira - Matéria | Forma | Luz, que poderá ser visitada até 29 de julho, foi ainda pensado pelos curadores um programa paralelo de ações traduzido em cinco sessões de formato variável, entre encontros e visitas guiadas, com o seguinte calendário: Ana Tostões a 25 de fevereiro, Bernardo Miranda a 25 de março, Alexandra Saraiva e Luís Urbano a 22 de abril, Alexandre Alves Costa a 20 de maio e Luís Pavão a 17 de junho.
A exposição Hestnes Ferreira - Matéria | Forma | Luz, onde é possível mostrar documentação, alguma até agora inédita, tem lugar após a conclusão de um amplo processo de inventariação, tratamento e digitalização do acervo doado em 2018. Foi organizada pela Fundação Marques da Silva com o apoio da família do arquiteto Raúl Hestnes Ferreira e do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa. A exposição pode ser visitada de segunda a sábado, das 14h00 às 18h00. No dia da inauguração, 11 de fevereiro, a entrada é livre.
Fonte: FIMS
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Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum
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42. Fiz a cama de açucenas, Alice Queirós Fiz a cama de açucenas, de Alice Queirós, in Jardim de Afectos, Editora Versbrava, maio de 2014.
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38. O Jogo de Espelhos Agustina dialoga com Camilo, o seu interlocutor preferido, dissecado em muitas páginas da autora. Imagina aqui como se comportaria Camilo com Dostoiévski.
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U.Porto Press publica Muitas Espécies, Uma Só Medicina Veterinária
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“O que faz um médico veterinário?”, “A que espécies animais se dedica?”, “Como está estruturada a sua formação?” ou “É uma profissão difícil?”, lê-se na contracapa de Muitas Espécies, Uma Só Medicina Veterinária. Este pequeno questionário dá o mote para a leitura de uma das mais recentes novidades editoriais da U.Porto Press, o número quatro da sua coleção Estudos e Ensino. “Neste livro reflete-se, precisamente, sobre a evolução da medicina veterinária e sobre a evolução do relacionamento dos humanos com os animais”, defende Paulo Martins da Costa, docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, licenciado em Medicina Veterinária, doutorado em Ciências Biomédicas e autor desta publicação.
Sobre a Obra
Em resposta à questão sobre se a Medicina Veterinária é uma profissão difícil, Paulo Martins da Costa afirma que sim. que “um veterinário necessita de dedicação, conhecimento, mundividência e um sentido ético apurado”, acrescentando que “é cada vez menos frequente as pessoas entenderem (e respeitarem) os animais na sua essência, tendendo ora a humanizá-los, ora a mecanizá-los”. Segundo o autor, a profissão é complexa, estando “no centro de um círculo de animais importantes para o homem”. Estes animais inserem-se em vários quadrantes, sendo-lhes atribuídas diferentes “significações humanas” – domésticos, selvagens, de experimentação, de desporto, pragas, vetores de doenças, adoráveis, simbólicos, perigosos, fiéis…
Ilustrações da autoria de Mónica Pereira, presentes no livro Muitas Espécies, Uma Só Medicina Veterinária Contudo, como também avança Paulo Martins da Costa, “os ‘animais’ são isso mesmo: animais (…), seres vivos com diferentes graus de senciência, que respiram oxigénio e se reproduzem”. E, então, questiona: “Até que ponto consegue a medicina veterinária manter-se equidistante entre a dimensão biológica inerente a cada animal e o valor social, económico, cultural, sanitário e afetivo que os humanos lhe atribuem?”.
O leitor não encontrará uma resposta direta a esta questão, mas antes considerações do autor em torno de factos, como o de os animais não serem seres autónomos, de a medicina veterinária ser, em si, uma atividade económica, ou de a vida nas cidades proporcionar, por um lado, conforto e dinamismo, mas, por outro, isolar da natureza, levando a formas de convivência mais baseadas no interesse. Considera que, numa tentativa de “manter o equilíbrio, é natural que a ‘amizade humana’ se redirecione para os animais”, tornando-se moralmente inaceitável para boa parte da sociedade “criar animais para deles extrair alimento ou qualquer outro bem que não seja a sua companhia”. Por outro lado, admite que “a sobrevivência do homem continua a depender da produção pecuária…e a medicina veterinária ficou a meio da ponte”.
Para Paulo Martins da Costa este livro é “um ensaio sobre a missão [dos médicos veterinários] ou, dito de outra forma, sobre os motivos que levam os veterinários a fazer aquilo que fazem”.
Muitas Espécies, Uma Só Medicina Veterinária está disponível na loja online da U.Porto Press.
Sobre o Autor
Paulo Martins da Costa (Lisboa, 1968) é licenciado em Medicina Veterinária (Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, 1994) e doutorado em Ciências Biomédicas (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/Universidade do Porto, 2006). Antes de iniciar a sua atividade académica, dedicou-se à clínica e cirurgia de espécies pecuárias e animais de companhia e foi inspetor sanitário, diretor técnico de uma empresa avícola e empresário. Esteve, também, associado a diversas iniciativas de desenvolvimento rural. O livro Muitas Espécies, Uma Só Medicina Veterinária foi a sua primeira incursão no mundo da escrita de comunicação de ciência. A sua atividade científica reparte-se entre o ensino (tecnologia e segurança alimentar) e a investigação das resistências bacterianas aos antibióticos.
Fonte: U.Porto Press
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Figuras Eminentes da U.Porto
Henrique Pousão
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Em 2009, por proposta da Faculdade de Belas Artes, a Figura Eminente da Universidade do Porto foi o pintor Henrique Pousão, formado na Academia Portuense de Belas Artes, escola antecessora da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e um dos artistas mais marcantes entre os representados na exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis. Aproveitando o facto de, nesse ano, se comemorar o 150.º aniversário da sua morte, a Universidade do Porto e o Museu Soares dos Reis uniram esforços para construir um programa comemorativo consistente e de grande qualidade Do programa de comemorações fizeram parte, entre outros eventos, as exposições: Esperando o Sucesso. Impasse académico e despertar do modernismo e Diário de um Estudante de Belas Artes. Henrique Pousão (1859-1884), comissariadas, respetivamente, por Vítor Silva e Lúcia Almeida Matos, e patentes no Museu Nacional de Soares dos Reis; e a mostra Desenho em reserva com obras de 14 artistas da Escola do Porto, que passaram pelos mestrados em Desenho da Faculdade de Belas Artes, expostas na Sala do Fundo Antigo da Reitoria da Universidade do Porto e que incluíam trabalhos concebidos em torno do conceito de “reserva” que designa, no campo da imagem, os espaços propositadamente deixados em branco. Ou ainda o lançamento do livro Pousão / Abel Salazar, com textos de Laura Castro e Mário Cláudio, direção gráfica de Armando Alves e coordenação de José da Cruz Santos.
Henrique César de Araújo Pousão nasceu em Vila Viçosa a 1 de janeiro de 1859. Era filho de Francisco Augusto Nunes de Pousão, bacharel em Direito, e de D. Maria Teresa Alves de Araújo e neto e bisneto de pintores. O avô paterno, Caetano Alves de Araújo, pintou a tela Instituição do Santíssimo Sacramento para a Capela do Santíssimo Sacramento da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e o bisavô paterno, António Pousão, foi autor, entre outras obras, de quadros para o Convento de São Paulo da Serra de Ossa, no Redondo.
No ano de 1863, a família fixou-se em Elvas, onde Henrique faria a escola primária. Pouco tempo depois da mudança, a mãe morreu vítima de tuberculose e o pai veio a casar, algum tempo depois, com Maria da Conceição Veiga. Nos anos seguintes, Pousão executou vários desenhos, entre os quais se conta o promissor "Retrato da Prima", de 1869.
No início da década de Setenta de Oitocentos, partiu com o pai para Barcelos. Nesta terra nortenha, inspirado pelos habitantes locais e por gravuras e fotografias, dedicou-se a fazer desenhos assinados e datados de 1872.
A sua paixão pelo desenho levou o pai a instalá-lo no Porto, na casa de um amigo, para aí investir seriamente na Arte. Por conselho do seu mestre, o pintor António José da Costa, matriculou-se em Outubro de 1872 na Academia Portuense de Belas Artes, sem, no entanto, abdicar das aulas particulares. Naquela Academia foi aluno de Thadeo Maria de Almeida Furtado e de João António Correia e colega de Sousa Pinto, Custódio Rocha e José de Brito. Em 1880 concluía os seus estudos.
Durante as férias visitava o pai, entretanto transferido para Olhão como Juiz de Direito. Aproveitava-as para desenhar paisagens marítimas. No regresso ao Porto, tentou a sorte no concurso a pensionista no estrangeiro, juntamente com António Ramalho. Os dois candidatos foram aprovados com mérito absoluto, sendo Henrique Pousão também aprovado em mérito relativo. Porém, a partida para Paris não foi imediata, uma vez que as provas careciam de aprovação por parte de Lisboa. Nesse compasso de espera, participou no Centro Artístico Portuense e colaborou com a revista Ocidente.
Por fim, em novembro de 1881, partiu para Paris como pensionista do Estado na classe de Pintura de Paisagem, na companhia de José Júlio Sousa Pinto, pensionista de Pintura Histórica. De passagem, teve oportunidade de visitar o Museu do Prado, em Madrid.
Na cidade luz, após três meses de frequência na Escola Nacional de Belas Artes, a aprender com os mestres Adolphe Yvon e Alexandre Cabanel, foi afetado por uma bronquite aguda, que o obrigou a transferir-se para Bourboule (Puy-de-Dome), em Marselha, para tratar a enfermidade. Dois meses volvidos, regressou a Paris, mas, por determinação médica, seguiu para Roma em dezembro desse ano. No caminho, visitou Turim e Pisa. Em Roma, associou-se ao Círculo de Artistas local e pintou. Desta fase destacou-se o quadro Cecília, que retrata uma jovem orante junto a um pilar da Igreja de Santo António dos Portugueses, com o qual concorreu ao Salon de Paris.
Depois do semestre passado em Roma, e de novo por motivos de saúde, deslocou-se até à comuna de Anacapri, na ilha de Capri, aí passando o Verão e o Outono de 1882. Nesse período retratou as sedutoras paisagens mediterrânicas locais, plenas de luz, em obras como as Casas brancas de Capri. Visitou Pompeia e o Vulcão Vesúvio e instalou-se em Nápoles.
Voltou a Roma em 18 de janeiro de 1883. Nesta cidade, preparou o envio de quadros para a Academia e conheceu o pintor espanhol Pradilla e a obra de Monelli, dois artistas bem representativos do "impressionismo mediterrânico". Debilitado pela fragilidade dos pulmões, reinstalou-se em Anacapri, durante os meses de setembro e outubro.
O agravamento do estado de saúde trouxe-o de volta a Portugal. Na viagem de regresso passou por Sorrento, Castellamare, Nápoles, Roma, Génova, Marselha e Barcelona, Valência, Sevilha, Huelva, Ayamonte, Guadiana, Vila Real e Olhão, sendo nesta última paragem esperado pelo pai.
Finda uma curta estadia no Algarve, voltou a Vila Viçosa. Para morrer. A 20 de Março de 1884, uma hemoptise conduziu-o precocemente à morte.
Em 1888, por disposição testamentária do pai, o espólio de Henrique Pousão foi cedido à Academia Portuense de Belas Artes. Hoje em dia, uma substancial parte da sua obra encontra-se exposta no Museu Nacional de Soares dos Reis.
Sobre Henrique Pousão (up.pt)
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