PORTUGAL POSSÍVEL

Tive já oportunidade de agradecer a Álvaro Domingues, doutorado em geografia e professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o muito que com ele aprendi desde o seu mítico livro A Rua da Estrada (2009). De norte a sul do país, a cultura popular portuguesa ganha expressão através das fotografias feitas pelo Álvaro, inevitavelmente suscitando o nosso sorriso – e fazendo-nos mesmo desprender, de vez em quando, fortes gargalhadas. O que admiro no Álvaro é que, ao mesmo tempo que surpreende com a sua câmara o lado mais inusitado (e, até, grotesco) da nossa arquitetura popular, não o faz com a arrogância das elites. Assim é também no seu último livro, construído em parceria com o fotógrafo Duarte Belo e o poeta e deputado à Assembleia da República Rui Lage.


Portugal Possível nasceu de uma espécie de jogo que se alargou por mais de cinco anos: Álvaro Domingues enviava a Duarte Belo uma fotografia de uma paisagem construída no registo que o tornou conhecido, e este último respondia, procurando, no seu arquivo de quase dois milhões de fotografias, a imagem que melhor se adequava para estabelecer relações de similitude no que respeita a formas ou a cores – e assim se foram formando dípticos. Quando chegou a altura de publicarem as fotografias em livro, Rui Lage foi convidado a contribuir com textos para o projeto – e assim muitos dos dípticos se foram transformando em trípticos.


Um dos aspetos mais interessantes do livro é a sua organização: a escolha da ordem das fotos (dípticos e trípticos entrecortados, aqui e além, por uma fotografia de Duarte Belo espraiando-se por duas páginas); o espaço ocupado por textos de géneros variados (desde poemas e até cantigas de escárnio a reflexões filosóficas e políticas); a forma como animais e humanos, ausentes de mais de dois terços do livro, vão impondo a sua presença nas últimas páginas. Mas há duas também duas mensagens fortes do livro que importará salientar.


A primeira mensagem é construída a partir de uma regra que se vai tornando evidente à medida que avançamos no livro: Duarte Belo regista o modelo natural; Álvaro Domingues capta a imperfeição, o desvio, a degenerescência. A partir dessa constatação, chegamos à conclusão inevitável de que os humanos são meros (e fracos) imitadores da natureza, uma vez que esta inventou já todas as cores e todas as formas (como comenta Rui Lage com humor, as intervenções humanas na paisagem estão para a land art como a monja Cecília Giménez está para o restauro da arte sacra).


A segunda mensagem, por ser mais difícil de captar, é diretamente anunciada por Rui Lage no texto introdutório quando afirma que o livro não pretende defender uma tese de degenerescência do território português. Na verdade, o título (Portugal Possível) não corresponde a um resignado encolher de ombros em relação ao país que temos, antes nos leva a refletir sobre a identidade portuguesa e como esta deve ser sempre entendida em relação ao Portugal em que vivíamos antes da democracia, esse claramente descrito como impossível.


A força de Portugal Possível reside na forma como, ao apresentar as visões cruzadas de três autores, constrói um retrato complexo do nosso país. E é precisamente através da justaposição, sobreposição e oposição das unidades de sentido com que cada autor contribuiu que as duas mensagens encontram espaço para conviver – sem qualquer pretensão de moralismos.



Fátima Vieira

Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Hestnes Ferreira em destaque na Fundação Marques da Silva


A exposição Forma | Matéria | Luz vai estar patente de 11 de fevereiro a 29 de julho, na Casa-Atelier José Marques da Silva.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon
Hestnes Ferreira (1931-2018) estudou arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Foto: DR

É uma exposição que tenta responder a uma questão: Como compreender e  situar a heterodoxa arquitetura de Raúl Hestnes Ferreira (1931-2018)?  Para conhecer a partir de dia 11 de fevereiro, às 16h00. No dia da inauguração a entrada é livre. Hestnes Ferreira –  Forma | Matéria | Luz ficará patente até 29 de julho.


Após um exercício de observação e análise do extenso trabalho de Raúl  Hestnes Ferreira, os três curadores, Alexandra Saraiva, Patrícia Bento  de Almeida e Paulo Tormenta Pinto, formularam três conceitos operativos –  Forma | Matéria | Luz. Este é o título, mas  também uma forma de estruturar o percurso da exposição. Resultado da  pesquisa realizada, e consequente leitura, os curadores selecionaram um  conjunto de obras, desenhadas entre os anos sessenta e a primeira década  do século XXI. Cruzaram ainda a obra construída com o processo de  projeto documentado no arquivo doado à Fundação Marques da Silva.


O guião da exposição, com as referências às obras selecionadas (entre  desenhos, fotografias e maquetes), estabelece um diálogo e faz uma  incursão pelo percurso formativo e é complementado por alguns registos  em vídeo. O visitante vai, assim, viajando por um itinerário em que se  revela o significado do legado de Hestnes Ferreira. Um entendimento do  seu modo de fazer arquitetura.


A exposição, que apresenta alguma documentação inédita, foi possível  graças a um amplo processo de inventariação, tratamento e digitalização  do acervo doado à Fundação Marques da Silva em 2018. O acervo foi  organizado pela FIMS com o apoio da família do arquiteto Raúl Hestnes  Ferreira, do Iscte-Instituto Universitário e da Fundação para a Ciência e  Tecnologia (FCT).

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A exposição resulta de um amplo processo de  inventariação, tratamento e digitalização do acervo doado à Fundação  Marques da Silva. (Foto: DR)

Sessões paralelas


Para aprofundar as perspetivas de aproximação à obra do arquiteto, foi criado um programa paralelo de ações que se traduz em cinco sessões de diferentes formatos, entre encontros e visitas guiadas.


No dia 25 de fevereiro, a sessão será conduzida por Ana Tostões.  Bernardo Miranda será o nome que segue, a 25 de março. Depois será a vez  de Alexandra Saraiva e Luís Urbano, dia 22 de abril. A sessão de 20 de  maio ficará a cargo de Alexandre Alves Costa.


Este ciclo de sessões paralelas encerra a 17 de junho, dia em que  Luís Pavão irá apresentar a sua perspetiva sobre a obra do homenageado.

Sobre Hestnes Ferreira


Filho do poeta e escritor José Gomes Ferreira, Raúl Hestnes Ferreira  nasceu em 1931 na cidade de Lisboa. Estudou arquitetura na Escola  Superior de Belas-Artes do Porto (antecessora das faculdade de  Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto), tendo-se cruzado  com quem viria a ser uma das principais referências na época: Fernando Távora. Estudou também na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde  obteve o diploma de Arquiteto em 1961, mas a academia levou-o ainda  para fora do país. Estudou na Finlândia e nos Estados Unidos, onde,  graças a uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, frequentou  as universidades de Yale e da Pensilvânia.


O percurso profissional de Raúl Hestnes Ferreira passou por vários  ateliers de arquitetura em Helsínquia, Lisboa, Filadélfia (onde  colaborou com Louis Isadore Kahne) e, mais prolongadamente, no Porto,  onde trabalhou com Arménio Taveira Losa e Cassiano Barbosa.


Desenvolveu ainda vários projetos com entidades públicas,  nomeadamente com as Câmaras Municipais de Almada (1960-62), de Lisboa  (G.T.H., 1965-68 e D.S.U., 1970-71) e de Beja, e também com a Direção  Geral das Construções Escolares (1970-80).


Morreu a 11 de fevereiro de 2018, em Lisboa, aos 86 anos de idade.


“A arquitetura de Hestnes Ferreira alcança uma sublime  intemporalidade, seja através da simplicidade formal, ou pela expressão  da matéria. Neste contexto, o espaço é o elemento agregador, sendo a  construção o alicerce que lhe confere peso e proporção. A luz e a sombra  são essenciais neste itinerário de abstração, criando momentos de  singularidade que se fundem inexoravelmente na experiência de cada lugar”, referem Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo  Tormenta Pinto.


Hestnes Ferreira –  Forma | Matéria | Luz pode ser visitada de segunda a sábado, das 14h00 às 18h00. 


Fonte: Notícias U.Porto

O lado solar. Alexandre Alves Costa

Quando Alexandre Alves Costa volta o seu olhar para os anos em que se fez arquiteto, entre a Escola Superior de Belas  Artes e o estágio no LNEC, entre o Porto e Lisboa, entre Távora ou Siza e Nuno Portas, não hesita em afirmar o seu sentido de pertença à  geração da heterodoxia, que tinha em Eduardo Lourenço o seu grande  ideólogo. E devolve-nos, quando o ouvimos, uma leitura muito pessoal dessa década, os anos sessenta em Portugal, de onde transparece uma  procura consciente de apreensão da realidade "real" do país que era e é o  seu, aliada a uma inquebrantável vontade de mudança, de construção de  um tempo novo. Nesse reencontro com o passado, vai reconhecendo a  existência de um lado solar, desse espaço de liberdade habitado por um  sentimento de esperança transversal, para além da arquitetura, aos  domínios da poesia e do cinema. São referências e memórias interpretadas a partir da sua própria experiência, sensibilidade e idiossincrasia,  num encantamento pelo mundo na riqueza da sua globalidade.
 
Alexandre Alves Costa nasceu a 2 de fevereiro de 1939. Para assinalar o seu aniversário, a Fundação Marques da Silva recuperou a entrevista dada a Luís Urbano, em 2014, no âmbito do projeto CIRCA 1963. É que, como o próprio refere a propósito da Viagem ao Princípio do Mundo,  de Manoel de Oliveira, outra das suas grandes referências, apropriando-se das palavras de Eduardo Lourenço, nela "não lemos o  passado, lemos sempre o futuro". Parabéns, Senhor Arquiteto! 

Fonte: FIMS 


Veja aqui

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon
Vídeo JackBackPack, 2014 

Fevereiro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Todo o Abel Salazar

De 15 NOV'22 a 17 FEV'23
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

I Ciclo de Cinema Peruano na U.Porto

03, 10, 17, 24  FEV'23 | 18h30
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até SET'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz

De 11 FEV a 29 JUL'23
Exposição | Fundação Marques da Silva
Mais informações aqui

Astronomia no Feminino – Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência 2023

11 FEV'23 | 15h00
Palestra | Planetário do Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

PLANETÁRIOS/PT 2023 – 2º Encontro Nacional de Planetários

20 FEV'23
Encontro | Planetário do Porto
Mais informações e inscrições aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

Astronomia no Feminino – Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência 2023

​​​​EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Como será o trabalho de uma astrofísica? O que é necessário para se  estudar o Espaço? Quais são os diferentes percursos profissionais na  área da Astronomia?
 
O Planetário do Porto – CCV e o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço associam-se às comemorações do Dia das Mulheres e Raparigas na Astronomia, com atividades que pretendem desmistificar o conceito de uma mulher  cientista, em particular em áreas como física e matemática, e encorajar  raparigas a seguirem estudos e carreiras nessas áreas. 


Em linha com a estratégia das Nações Unidas para  reduzir a desigualdade de género nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia,  Engenharia e Matemática), foi declarado, em 2015, o dia 11 de fevereiro  como o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência.
 
O Planetário do Porto – CCV e o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) associam-se, como habitualmente, a estas celebrações, com a realização de uma sessão em formato de palestra/conversa informal com  mulheres que trabalham diariamente em várias áreas da Astronomia.
 
Nesta sessão de Astronomia no Feminino, que decorrerá no dia 11 de fevereiro nas instalações do Planetário do Porto - CCV pelas 15h, Catarina Lobo, Elisa Delgado-Mena, Ana Rita Silva, Bárbara Soares, Catarina Marques e Elsa Moreira vão apresentar um pouco do seu trabalho e responder às questões colocadas pelo público.
 
O evento é de entrada livre


Fonte: Planetário do Porto

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

43. Ser mulher é ser diferente, Alice Queirós 

"Ser mulher é ser diferente", de Alice Queirós, in Jardim de Afectos, Editora Versbrava, maio de 2014

5. Carlos Carreiro e Rita Carreiro
Neste U.Porto Generation GAP, conhecemos Carlos Carreiro e a filha Rita Carreiro, ambos  alumni da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Carlos Carreiro nasceu em Ponta Delgada, nos Açores, em 1946. Veio  para Lisboa estudar Direito, mas a paixão pelas artes trouxe-o para a  Invicta, para fazer o curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. Atualmente professor associado aposentado da FBAUP, formou em  1976 o Grupo Puzzle com Graça Morais, Jaime Silva, Dario Alves,  Albuquerque Mendes, Fernando Pinto Coelho, Pedro Rocha, João Dixo e Armando Azevedo. Ao longo da sua carreira recebeu 16 prémios e menções honrosas em pintura. Comissariou várias exposições, de que são exemplo Pintura Moderna Soviética, na Galeria da Praça, no Porto (1990), Artistas Açorianos, na Casa das Artes, no Porto (1991) e ESBAP / FBAUP – 215 anos de Belas Artes do Porto,  na Alfândega do Porto (1995). Comemora este ano 50 anos de carreira,  começada em abril de 1973 com uma exposição individual no Porto na  Galeria ZEN / 111, a que se seguiram mais 74 exposições individuais e antológicas em inúmeras galerias e outras instituições. Participou em  mais de 300 exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro. Nas  comemorações do 10 de Junho de 2006, foi-lhe atribuída a condecoração de  Grande Oficial da Ordem do Mérito.
A sua filha Rita nasceu no Porto em 1973. Vive e trabalha atualmente  em Bruxelas. Licenciou-se em Pintura na FBAUP, fez o Mestrado em Belas  Artes (M.A. in Fine Arts) no Wimbledon College of the Arts da University  of London e fez Erasmus na Sheffield Hallam University, Sheffield, em  1995. Em 2001 recebeu o prémio de pintura da terceira edição do  Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, atribuído pelo Museu Amadeo de  Souza-Cardoso, em Amarante. Expõe regularmente desde 1995, coletiva e individualmente. Ao longo dos anos tem colaborado em diferentes áreas, como instalação, representação e performance.


Mais podcasts AQUI


Sem Mancha (Spotless) é a curta-metragem vencedora do Prémio Impacto Universidade do Porto

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Uma edição realmente inesquecível do festival chega ao fim e, como de hábito, antes do filme concerto, na cerimónia de  encerramento que teve lugar às no Batalha, foram anunciados os  grandes vencedores dos 3 prémios oferecidos no 7.º IndieJúnior Porto.


A curta-metragem de animação Luce e o Rochedo (Luce et le rocher),  da realizadora Britt Raes, uma co-produção entre Bélgica, França e  Países Baixos, conquistou o Grande Prémio IndieJúnior Porto, sendo a  escolha do Júri Oficial para ser premiado no valor de 1.250€.


O júri também atribuiu uma Menção Especial à produção grega Lembranças de um Dia Turbulento (Memoir of a Veering Storm), de Sofia Georgovassili, uma curta-metragem de ficção que aborda a questão do aborto na adolescência.


Pela segundo ano consecutivo, foi atribuído o Prémio Impacto U.Porto, no  valor 1.000€, resultado de uma parceria com a Universidade do Porto e  criado com objetivo de distinguir um filme que incentive a mudança de  percepções e consiga desafiar as convenções.


Sem Mancha (Spotless), ficção de Emma Branderhorst, conquistou este prémio com a temática da  sexualidade, numa abordagem divertida e original, desafiando um novo  olhar sobre o tema.


A festa do cinema foi para todos e o público de cada sessão foi chamado a participar com o seu voto para a atribuição do Prémio do Público para Melhor Filme. O grande vencedor foi o filme Gato (Cat), de Julia Ocker, uma animação alemã divertida que retrata a história de um gato que tem uma receita especialmente deliciosa: Sopa de Rato!


Foram 66 sessões, mais de 50 filmes e espectadores muito especiais que fizeram desta edição inesquecível.


O IndieJúnior Porto retorna na mesma altura em 2024 com muitas novidades e novas descobertas.

Palmarés 2023


Grande Prémio IndieJúnior Porto, atribuído pelo júri da Competição Internacional (no valor de 1.250€)

Luce e o Rochedo/Luce et le rocher, Britt Raes, Bélgica/França/Países Baixos, anim., 2022, 13’ 

"Este filme oferece uma visão muito positiva de como superar nossos medos: trabalhando junto com alguém que pode ser diferente de nós, acolhendo a diversidade, abordando e reconhecendo nossos erros e, o mais importante, unindo-nos como equipe e comunidade. Fá-lo de uma forma simples, mas profunda e inteligente, utilizando uma forte linguagem visual e uma paisagem sonora envolvente. Este filme nos lembra que precisamos de mais felicidade!"


Menção Honrosa
Lembranças de um Dia Turbulento/Memoir of a Veering Storm, Sofia Georgovassili, Grécia, fic., 2022, 14’ 

"Este filme funciona em muitos níveis. Mesmo sem palavras, conta uma história sobre as tempestades ao nosso redor e dentro de nós, e como às vezes podemos nos sentir sozinhos enquanto tomamos decisões sérias. Fá-lo de forma poética, visual e direta. Descreve o aborto na adolescência e as dificuldades de comunicação entre as gerações de forma dorida, tendo a natureza como poderosa metáfora."


Prémio Impacto Universidade do Porto, atribuído pelo júri da Universidade do Porto (no valor de 1.000€)
Sem Mancha/Spotless, Emma Branderhorst, Países Baixos, fic., 2021, 16’

"Pela sensibilidade da proposta fílmica, sem subterfúgios nem  excessos, por unanimidade decidimos atribuir a Sem Mancha o prémio à  curta-metragem, de Emma Branderhorst. Consideramos que é um filme impactante pela mensagem que transmite, ao desafiar convenções e suscitar mudanças na perceção das nossas vidas. A pobreza  menstrual é um problema que afeta milhões de mulheres e adolescentes em todo  o mundo. Torna-se urgente agir, considerando que somos todos  responsáveis uns pelos outros."


Menção Honrosa

Estrelas no Mar/Stars on the Sea, Seung-Wook Jang, Coreia do Sul, anim., 2021, 6’
"Atribuímos ainda uma menção honrosa à curta-metragem Estrelas no  Mar  pela sensibilidade estética e pela narrativa que mostra que estamos  todos interligados. Acompanhamos uma mãe na pele de uma ursa que  procura um porto-seguro para sobreviver com os seus filhos no degelo, fazendo uma analogia com a espécie humana."
 
Prémio do Público para Melhor Filmeatribuído pela votação do público (no valor de 500€)
Gato/Cat, Julia Ocker, Alemanha, anim., 2022, 4’


Fonte: IndieJúnior 

Está aberta a Open Call  para o Arquiteturas Film Festival 2023

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon

Open Call do Arquiteturas Film Festival 2023 está aberta até 7 de fevereiro!

O Arquiteturas Film Festival, parceiro da Casa Comum, está aberto a arquitetos, realizadores, produtores e distribuidores que queiram apresentar filmes relacionados com o tema  desta edição – ‘Where life happens’. 


A natureza destes filmes é diversa:  poderão ser curtas-metragens, longas, documentários, filmes de animação e  experimentais - todos os formatos são bem-vindos.


‘Where  life happens’, tema da 10.ª edição do Arquiteturas Film Festival, pensa sobre o modo como as estruturas sociais são absorvidas pelo espaço construído, refletindo-se na prática da arquitetura. A forma construída  pode materializar o esforço e os ideais que foram colocados ao serviço  da arquitetura. Pode modificar o curso da história de uma família, de  uma vizinhança, ou de uma cidade. Entre as diversas influências a que  estamos submetidos, a arquitetura e as práticas espaciais revelam que  também somos feitos dos espaços que ocupamos.

Candidaturas e mais informações através da plataforma FilmFreeway AQUI ou no Instagram do festival.

Os filmes selecionados irão integrar a secção de competição do festival, que decorrerá entre 27.06 e 01.07.2023, no Porto.

Figuras Eminentes da U.Porto

Ferreira da Silva

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António Ferreira da Silva

Em 2010 a Figura Eminente da Universidade do Porto foi o grande químico e professor Ferreira da Silva (1853-1923), popularizado pela sua brilhante intervenção no principal caso médico-legal português do final do século XIX – Crime da rua das Flores -, tristemente protagonizado pelo médico e lente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, Vicente Urbino de Freitas (1849-1913), que continua a fascinar estudiosos e investigadores, como José Manuel Martins Ferreira ou Ricardo Dinis, romancistas como Rebordão Navarro, ou o público em geral, na contemporaneidade.   


António Joaquim Ferreira da Silva nasceu a 28 de julho de 1853 numa cela do mosteiro beneditino de Cucujães, concelho de Oliveira de Azeméis, de cujas propriedades o pai era procurador. Foi o filho mais velho de António Joaquim Ferreira da Silva, natural de Santiago de Riba-Ul, e de D. Margarida Emília Ferreira da Silva (1828-1914), originária do lugar da Manta, no mesmo concelho. Era parente do casal de atores Alfredo Ferreira da Silva (1859-1923) e Virgínia (1850-1922) e de Ruy Luís Gomes (1905-1984), matemático e primeiro reitor da Universidade do Porto após a Revolução de 25 de abril de 1974.


Concluídos os estudos primários em 1865, António Ferreira da Silva foi viver para o Porto, onde frequentou o curso dos liceus. No ano letivo de 1870-1871 fez as cadeiras de Química e Zoologia na Academia Politécnica do Porto, disciplinas do Instituto Industrial e o 1.º ano Teológico do Seminário Episcopal. Depois de abandonados os estudos eclesiásticos, ingressou na Universidade de Coimbra (1871-1872), onde obteve o grau de bacharel em Filosofia Natural no ano de 1876. Mais tarde, doutorou-se em Ciências Físico-Químicas e em Farmácia pelas faculdades de Ciências e de Farmácia da Universidade do Porto, em 1918 e 1922, respetivamente.


Foi no Porto que iniciou uma longa e bem-sucedida carreira de professor e cientista, após ter concorrido ao lugar de lente substituto da secção de Filosofia da Academia Politécnica do Porto com a apresentação da tese Estudo sobre as Classificações Químicas dos Compostos Orgânicos em 1877. Foi nomeado lente substituto da 7.ª, 8.ª, 9.ª e 10.ª cadeira por decreto de 24 de maio de 1877 e carta régia de 17 de julho do mesmo ano, tomando posse do lugar a 28 de maio. Promovido a lente proprietário da 8.ª cadeira por decreto de 20 de maio de 1880 e carta régia de 4 de novembro, Ferreira da Silva tomou posse a 18 de junho desse ano. A 19 de março de 1884 passou a assegurar a regência da 9.ª cadeira e a da 8.ª - Química orgânica e analítica - depois da reforma da Academia, por decreto de 23 de setembro de 1885. Entre 1902 e 1911, Ferreira da Silva lecionou a 4.ª cadeira da Escola de Farmácia do Porto – Química Legal e Sanitária. Em 1911, ano da fundação da Universidade do Porto, Ferreira da Silva foi nomeado professor ordinário do grupo de Química da Secção de Ciências Físico-Químicas, regendo os cursos de Química Orgânica, Analítica e preparatória para os cursos de Medicina. Foi, também, diretor da Faculdade de Ciências. A oração de sapiência que proferiu na cerimónia de abertura do ano letivo de 1911-12 subordinou-se ao tema "A importância e dignidade da Ciência".


Ferreira da Silva foi Vice-reitor da Universidade do Porto, entre 16 de fevereiro de 1918 e 29 de outubro de 1921. Praticamente em simultâneo, lecionou a cadeira de Toxicologia nas faculdades de Medicina e de Farmácia da Universidade do Porto, entre o ano letivo de 1918-19 e 1922-23.


Em 1880, foi encarregado pela Câmara Municipal do Porto de analisar as águas do rio Sousa, trabalho que resultou na publicação do relatório As águas do rio Sousa e os mananciais das fontes do Porto em 1881 e que esteve na origem de uma polémica que levou Ferreira da Silva a escrever o opúsculo Réplicas aos meus críticos.


Em 1882, foi convidado a instalar o Laboratório Municipal de Química, projeto da Câmara Municipal do Porto com data de 1881, integrado no "Plano de melhoramentos da cidade" e inspirado no Laboratório Municipal de Paris. Nomeado diretor do Laboratório a 10 de janeiro de 1883, foi aqui que Ferreira da Silva realizou os seus grandes trabalhos de Química - entre 1884 (data da abertura ao público do laboratório) e 1907 (data do seu encerramento). Em 1905, Ferreira da Silva fundou a "Revista de Química pura e aplicada" com Alberto Aguiar e José Pereira Salgado, que mais tarde veio a ser o boletim da Sociedade de Química Portuguesa (convertida na Sociedade Portuguesa de Química e Física em 1926), instituição à qual também se associou.


A excelência do seu trabalho científico foi reconhecida dentro e fora de portas e teve resultados práticos de grande alcance. O domínio que deteve da Toxicologia foi decisivo para a condenação, em 1890, de Vicente Urbino de Freitas, acusado de envenenar com alcaloides diversos membros da família da sua mulher.


De igual modo, na qualidade de especialista, Ferreira da Silva participou na polémica levantada pelo Laboratório de Análises do Rio de Janeiro que, em 1894, deu os vinhos portugueses como salicilados. Presidiu à Comissão de Estudo e Unificação dos Métodos de Análise dos Vinhos, Azeites e Vinagres (1895-1902) e à entidade que a sucedeu, a Comissão Técnica dos Métodos Químico-analíticos, entre 1904 e 1913 e 1918 e 1923. É desta época a sua obra Análise dos vinhos elementares e autênticos da circunscrição do Norte de Portugal.


Em simultâneo, interessou-se por questões de higiene na cidade do Porto, que o levaram a escrever a Contribuição para a higiene da Cidade do Porto (1889).


Nesse ano foi nomeado Químico-analista e membro do Conselho Médico-legal da 2.ª Circunscrição do Porto e, depois da reforma dos serviços, professor de Toxicologia Forense do Curso Superior de Medicina Legal do Porto. Ferreira da Silva foi, ainda, diretor dos serviços de investigação da "pureza química e do poder iluminante do Gás de iluminação" da Câmara Municipal do Porto.


Em 1900, Ferreira da Silva foi novamente envolvido na polémica levantada pelo Laboratório de Análises do Rio de Janeiro. Analisou as amostras de vinho recebidas e concluiu que o ácido salicílico que elas continham se devia à localização geográfica das vinhas. Os resultados das análises foram comunicados à Sociedade de Química de França e à Academia de Ciências de Paris e publicados em diversas notas e opúsculos. Por este serviço prestado, Ferreira da Silva foi agraciado com o título de Conselheiro de Sua Majestade e de sócio honorário da Associação Comercial do Porto e da Associação Central de Agricultura Portuguesa.


Por essa altura, foi convidado pelo Fomento Comercial dos Produtos Agrícolas para avaliar o vinho do Porto, produto que estava a ser objeto de críticas no mercado brasileiro. O resultado do seu estudo foi publicado no opúsculo O Comércio de vinhos do Porto nos mercados do Brasil em 1911.


Ao longo da sua carreira, Ferreira da Silva publicou numerosos trabalhos sobre Química aplicada à Higiene, Alimentação e Hidrologia - artigos em revistas, discursos, relatórios e comunicações em congressos. Foi, também, autor de livros didáticos e de ensaios de literatura religiosa.


Foi membro de diversas sociedades científicas e comissões científicas internacionais. Representou Portugal nos congressos de Viena de Áustria (1898), de Paris (1900), de Berlim (1903), de Roma (1906), de Bruxelas (1909) e de Londres (1909). Durante os últimos anos de vida, trabalhou no Laboratório da Faculdade de Ciências.


Era católico e monárquico. Foi professor de Brito Camacho, médico, escritor e jornalista republicano, amigo de D. António Barroso (1854-1923), missionário e bispo do Porto, e de Bento Carqueja, professor universitário e proprietário do jornal O Comércio do Porto.


Foi no Brasil que se casou com uma prima em segundo grau, Idalina de Sousa Godinho, filha de José Joaquim Godinho, Visconde de Santiago de Riba-Ul, que fora protetor de António Ferreira da Silva durante os tempos de estudante. O casal teve 14 filhos.


António Ferreira da Silva faleceu a 23 de agosto de 1923 na casa do Lameiro em Figueiredo, vítima de uma síncope cardíaca. Do livro de condolências consta o nome de Oliveira Salazar, então docente na Universidade de Coimbra. D. Manuel II, a partir do exílio, enviou um telegrama de pêsames. No funeral, o professor Mendes Correia e o Reitor da Universidade de Coimbra, renderam-lhe homenagem. Os restos mortais jazem no cemitério de Cucujães.



Sobre António Ferreira da Silva (up.pt)

Para mais informações consulte o site da Casa Comum - Cultura U.Porto

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