ARMANDA PASSOS TRAZ FELICIDADE

Não li nada sobre o assunto, mas não preciso de estudos académicos para saber que a arte traz felicidade. Eu própria o testemunhei.


Foi apenas por breves meses. Por uma razão de que não me lembro, fui, durante esse período, a uma dentista que tinha consultório na Rua de Costa Cabral. Eu teria à volta de catorze anos. Na primeira consulta fui com a minha mãe, mas depois passei a ir sozinha.


O consultório não era nem antigo nem moderno. A sala de espera poderia estar em qualquer parte do mundo: mesa negra simples – antecipando, nos longínquos finais dos anos 70, a linha LACK da IKEA – pousada sobre um tapete preto e ladeada por cadeiras pretas. Agora que penso sobre o assunto, acho que esta encenação de austeridade era propositada, realçando o único quadro da sala. E lá estava ela, sobre um fundo igualmente negro, uma mulher enorme, simultaneamente grotesca e sublime, com a alma de tantas cores diferentes e berrantes que me sentia explodir quando a olhava. Nesse tempo suspenso, experienciava uma imensa felicidade – um deslumbramento perante as inesgotáveis interrogações (mesmo que incómodas) que aquela mulher me suscitava. Eram perguntas sobre as mulheres, e em breve descobri que o que me fascinava naquela mulher era que, na sua dimensão ciclópica, cabia também eu, e todas as possibilidades infinitas de mim.


Procurei, na Internet, no catálogo imenso de obras de Armanda Passos que o Google nos oferece, esse quadro longínquo, sem o encontrar. Mas o que vivenciei nesta procura causou-me ainda maior felicidade: uma sensação de reconhecimento daquela mulher primordial em cada uma das mulheres representadas em outros quadros, travestida de cores e roupagens diferentes, semeando interrogações que ampliam a perceção do mundo e de mim própria. Na dissonância de histórias que os quadros parecem contar, senti-me plena, ao mesmo tempo inteira e plural.


Armanda Passos faz anos no dia 17 de fevereiro. Já não está fisicamente connosco, mas continuará sempre a fazer anos enquanto as suas mulheres persistirem em nos incomodar, confrontando-nos com ideias de POSSIBILIDADE. Parabéns, Armanda Passos!


Fátima Vieira

Vice-Reitora para a Cultura e Museus

Universidade celebra o Carnaval a dançar


O Baile Tradicional de Entrudo do NEFUP terá lugar na noite de 17 de fevereiro, no Salão Nobre da Reitoria. Entrada livre.

EU University & Culture Summit / Day 1, Afternoon
Foto: NEFUP

O convite é já para o próximo dia 17 de fevereiro, sexta-feira, às 21h30, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto. Retomando a antiga tradição dos bailes de Entrudo, e com música ao vivo, o Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP) promove o primeiro baile de danças sociais tradicionais portuguesas do ano.


O baile apresenta-se como um momento de celebração da dança informal  como meio de partilha de saberes, culturas e vivências, mas não só. É  uma festa que antecede o período de contenção e introspeção da Quaresma.  Daí que esta seja a altura perfeita para recuperar a antiga tradição  de, simplesmente, celebrar a alegria e o excesso do Entrudo.


Neste Carnaval antecipado da U.Porto, a música vai ficar a cargo da Orquestra do NEFUP, a que se juntarão em “palco”  alguns convidados especiais. É o caso do Rancho Típico de São Mamede de Infesta, que terá a oportunidade de partilhar algum do seu repertório musical e de dança.


Quem tem também presença obrigatória? Quem são os parceiros da dança e  da folia? Entrudos, matrafonas, comadres e compadres, caretos e, claro,  mascarados.

Pôr a cidade a dançar


Através desta iniciativa, o NEFUP pretende divulgar e reavivar, na  cidade do Porto, a tradição do baile com música ao vivo, devolvendo aos  seus habitantes a oportunidade e o espaço que, entretanto, foi sendo  ocupado por bailes de forró, quizomba ou salsa, entre outros.


No âmbito do trabalho de investigação realizado para o projeto As contradanças e quadrilhas enquanto património cultural imaterial da região duriense,  o NEFUP identificou um conjunto de danças sociais praticadas ao longo  do século XX, em bailes informais, um pouco por todo o país. Falamos de  valsas, mazurcas, polcas, fadinhos, contradanças, quadrilhas, marchas,  chulas, choutiças, passe quatres, entre outras.


São precisamente as melodias e ritmos das danças sociais tradicionais  portuguesas que a Orquestra do NEFUP tem vindo a privilegiar no seu  repertório. Para o baile de dia 17, o programa incluirá a interpretação  de temas do CD Contradanças e Quadrilhas Durienses (lançado em 2021, com o livro homónimo), bem como outros que a Orquestra foi recolhendo e divulgando nos espetáculos temáticos.


Os bailes organizados pelo NEFUP inserem-se no projeto Dança(em)Dança,  que tem como principais objetivos promover a diversificação da oferta  cultural na cidade do Porto e permitir que diferentes públicos possam  ter acesso à experiência da dança.


Ao longo dos já 40 anos de existência, o NEFUP vem assumindo a dança  tradicional portuguesa como uma das áreas centrais de investigação e  divulgação.


A entrada no baile é gratuita e aberta a toda a comunidade.


Fonte: Notícias U.Porto

U.Porto expõe blocos de desenho de Armanda Passos

Exposição de desenhos produzidos pela artista quando era estudante da ESBAP é inaugurada a 17 de fevereiro, dia do  aniversário de Armanda Passos.

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Desenho que serviu de cartaz para a exposição "Armanda Passos – blocos de desenhos ESBAP", 2015. (Foto: DR)

É das mais ilustres antigas estudantes da casa e uma das mais conceituadas artistas da contemporaneidade. O nascimento de Armanda Passos celebra-se a 17 de fevereiro, data que a U.Porto vai assinalar com a inauguração de uma exposição de desenhos da artista.


No átrio de entrada do Edifício Histórico da Universidade (à  Reitoria) vão estar expostos blocos de desenhos produzidos durante uma época muito específica da vida e obra de Armanda Passos.


São desenhos produzidos, precisamente, durante o período em que a  pintora foi estudante da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), precursora da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP).

Uma obra inconfundível

Armanda Passos – blocos de desenhos ESBAP foi, de resto, o nome da exposição que se realizou em 2015, na Galeria dos Leões, espaço do edifício da Reitoria que era gerido pela Faculdade de Belas Artes (FBAUP).


Aquela que foi a primeira exposição dedicada exclusivamente aos desenhos de Armanda Passos apresentava folhas dos blocos com desenhos “feitos nos intervalos das  aulas”, como escreveu Álvaro Siza a propósito da exposição.


“Os puríssimos desenhos lineares dos anos 70, tornam-se  progressivamente densos e complexos”, acrescentou o arquiteto. É uma  obra que se reconhece “de imediato”, rematava.


A partir de 17 de fevereiro, e durante uma semana, os visitantes  vão poder (re)visitar esses cadernos. Em exposição estarão também folhas  avulsas destes blocos, com desenhos também a tinta-da-china, datados de  1974 e 1975.


Representando um determinado contexto da produção artística da cidade  à época (anos 1970), todo este material faz parte do espólio da FBAUP.

Para memória futura

A inauguração coincide com o esforço que a família e amigos de  Armanda Passos vêm encetando no sentido de encontrar alguns dos quadros  produzidos pela artista na década de 80 do século XX. O objetivo passa  por fotografar as obras e incluir as imagens obtidas num futuro catálogo  que reúna toda a obra da pintora.


Os proprietários de quadros de Armanda Passos interessados em  colaborar neste esforço podem manifestar o seu interesse através do  e-mail pintora.armandapassos@gmail.com ou da página de Facebook criada para o efeito.

Sobre Armanda Passos

Armanda Passos nasceu em 1944 e licenciou-se em Artes Plásticas pela  ESBAP, escola onde foi monitora de Gravura (1977-79) e assistente de Ângelo de Sousa. Participou em diversas exposições individuais e  coletivas, representou Portugal em bienais internacionais e foi premiada pelo Ministério da Cultura em 1984.


A sua obra encontra-se representada em coleções da Fundação Calouste Gulbenkian – Centro de Arte Moderna, Lisboa; Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto; Fundação Champalimaud, Lisboa;  Fundação Museu do Oriente, Lisboa; Secretaria de Estado da Cultura; Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Lisboa; o Museu  Amadeo de Sousa-Cardozo, Amarante; a Casa-Museu Teixeira Lopes, Vila  Nova de Gaia; a Casa Fernando Pessoa, Lisboa, o Tesouro da Sé Catedral  do Porto, o Palácio da Justiça do Porto; o Palácio de Belém, em Lisboa, e  o Museu da Faculdade de Belas Artes da U.Porto.


A Universidade acabaria, de resto, por assumir um papel importante na  divulgação do trabalho de Armanda Passos, através do acolhimento de várias exposições dedicadas à pintora. Entre elas incluem-se as duas –  Reservas e Obra Gráfica – que integraram a programação do Centenário da Universidade, celebrado em 2011.

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A U.Porto dedicou várias exposições à obra de Armanda Passos, ao longo da última década. (Foto: Egidio Santos /U.Porto)

Mais recentemente, em 2019, a academia celebrou os 75 anos da pintora com a exibição de Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas,  uma exposição composta por um conjunto de obras invulgares, onde a  figuração da pintora se conjugou com a escrita que a sua obra gerou e inspirou ao longo dos tempos. Uma lógica que foi invertida através de 75  obras concebidas em guache, como forma de homenagear os autores que se  debruçaram sobre o seu trabalho.


Armanda Passos morreu em outubro de 2021, com 77 anos. Por ocasião da sua morte, a artista vivia e trabalhava na Casa-atelier Armanda Passos, projetada por Álvaro Siza. 


Fonte: Notícias U.Porto

Fevereiro na U.Porto

Para conhecer o programa da Casa Comum e outras iniciativas, consulte a Agenda Casa Comum ou clique nas imagens abaixo.

Todo o Abel Salazar

De 15 NOV'22 a 17 FEV'23
Exposição | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

I Ciclo de Cinema Peruano na U.Porto

03, 10, 17, 24  FEV'23 | 18h30
Cinema | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Todo o Abel Salazar | Visita guiada exclusiva para estudantes do ICBAS

13 FEV'23 | 16h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui

Todo o Abel Salazar | Visita guiada exclusiva para estudantes da U.Porto

14 FEV'23 | 16h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui

Todo o Abel Salazar | Visita guiada exclusiva para estudantes da FLUP

17 FEV'23 | 16h00
Visita Guiada | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações e inscrições aqui

Baile de Entrudo com NEFUP

17 FEV'23 | 21h30
Dança  | Reitoria da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

A Importância do Pequeno-Almoço de Francisca Camelo - Lançamento da 3ª edição

18 FEV'23 | 16h30
Apresentação de Livro  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

Pascoaes POESIA I | Apresentação de livro

24 FEV'23 | 21h30
Apresentação de Livro  | Casa Comum
Entrada Livre. Mais informações aqui

O Museu à Minha Procura

Até SET'23
Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Entrada Livre. Mais informações aqui

Cota 1,20 | Exposição

Até 26 FEV'23

Exposição | Pólo central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto

Entrada Livre. Mais informações aqui


PLANETÁRIOS/PT 2023 – 2º Encontro Nacional de Planetários

20 FEV'23
Encontro | Planetário do Porto
Mais informações e inscrições aqui

Hestnes Ferreira , Forma - Matéria - Luz

De 11 FEV a 29 JUL'23
Exposição | Fundação Marques da Silva
Mais informações aqui

CORREDOR CULTURAL DO PORTO 

Condições especiais de acesso a museus, monumentos, teatros e salas de espetáculos, mediante a apresentação do Cartão U.Porto.
Consulte a lista completa aqui

A Sustentabilidade como Princípio Ético. A Visão de Diferentes Perspetivas é o novo título da U.Porto Press

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A sustentabilidade como princípio ético. A visão de diferentes perspetivas surgiu por iniciativa da Comissão de Ética da Universidade do Porto  (CEUP), criada em 2007 e que, desde então, para além das suas obrigações  institucionais, tem promovido ações de formação e de sensibilização nos  diferentes domínios da ética associada às boas práticas pedagógicas e  científicas.


Esta publicação – a décima quarta a integrar a coleção Transversal, da U.Porto Press – resulta de uma dessas iniciativas: as Jornadas de Ética realizadas pela CEUP a 14 de abril de 2021, com temática homónima – A  sustentabilidade como princípio ético. A visão de diferentes  perspetivas.


Conforme explica Luís Carlos Amaral, Presidente da Comissão de Ética  da Universidade do Porto (2019-2022), na sua nota de apresentação da  obra, a mesma “reúne um conjunto diferenciado de textos que, na sua  maioria, sustentaram as intervenções dos autores nas Jornadas de Ética (…)”. Mas não só. A CEUP decidiu integrar, também, na publicação  artigos de membros que a constituem, com formações diversas. Assim, para  além dos artigos especificamente produzidos para as Jornadas, o  livro inclui “outros inteiramente convergentes com a temática geral, que não só alargaram as colaborações e as abordagens, como muito  enriqueceram o volume final”.

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Foto: Paulo Luís Almeida. ESTUDOS DE EQUILÍBRIO #2 (2019). INTERVENÇÃO  ANÓNIMA COM FOLHAS DE PALMEIRAS COBERTAS COM GRAFITE. [P. 36-37 DO  LIVRO]

Luís Carlos Amaral defende que “no mundo em que vivemos dificilmente encontraremos uma palavra que melhor sintetize e aglutine o horizonte  orientador dos nossos esforços e preocupações do que 'sustentabilidade'”,  pelo que “explorar e promover a sua operacionalidade e aplicação nas  mais diferentes áreas tornou-se um imperativo humano, logo, ético”.


Neste sentido, A sustentabilidade como princípio ético. A visão de diferentes perspetivas abarca temas distintos como o ambiente, a psicologia social, a gestão, a arquitetura e a saúde pública, “sempre enformados por uma perspetiva  ética”. O objetivo passa por avaliar o estado atual das questões em  causa e, sobretudo, indicar “eventuais caminhos de progressão futura”.

Este título está disponível na loja online da U.Porto Press.

Sobre os Coordenadores

Sara Rodrigues é Professora Associada da Faculdade  de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e membro  da Comissão de Ética da Universidade do Porto (2019-2022).


João Carlos Garcia
é Professor Associado do  Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do  Porto e membro da Comissão de Ética da Universidade do Porto  (2019-2022).


Renato Natal Jorge
é Professor Catedrático do  Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da  Universidade do Porto e membro da Comissão de Ética da Universidade do  Porto (2019-2022). 


Fonte: U.Porto Press

Há novos podcasts no espaço virtual da Casa Comum

44. As minhas coisas simples, Alice Queirós 

“As minhas coisas simples”, de Alice Queirós, in Jardim de Afectos, Editora Versbrava, maio de 2014

53. Antelgéncia Artefecial

Hoije fala-se muito an antelgéncia arteficial, que ye cumo quien  diç: ua maneira de las máquinas acháren caminos i apuntáren eideias,  stribadas an grandes cembas de dados. A un deses porgramas pedimos-le que mos cuntara ua cuonta de dous ninos a bibir an Mirand…l que fáien cula letecidade!


43. 1. No trilho dos Newton 

Estamos na primeira década do novo século, e a agitação social  atravessa a Europa, da Rússia a Portugal, onde o governo monárquico se  transforma em ditadura efetiva, dando força à revolta republicana. Mas  não são essas as preocupações das irmãs Newton na missiva que uma delas,  Laura, dirige a Gonçalo Sampaio para que interceda pelo seu irmão  Francisco. Assolado pela malária, torturado pelo reumatismo, pelo clima angolano  e, sobretudo, pela falta de dinheiro, Francisco Newton definha. O  antigo guarda-livros que teve a oportunidade de ser naturalista – e cujo  nome não deve ficar esquecido – aproxima-se do fim da sua vida, e esta  não foi fácil.
Contudo, outras injustiças ocupam também Laura Newton, como a atávica  subalternidade das mulheres na ciência, com poucas exceções a marcar a  diferença, embora o ano de 1907 já tivesse um ligeiro perfume do futuro:  na Finlândia, eram eleitas as primeiras mulheres para o parlamento, num  sufrágio que já era universal, e mais de 3000 mulheres tinham  protagonizado em Londres a primeira grande marcha sufragista. A Laura  não deviam escapar estes sinais de mudança…

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Figuras Eminentes da U.Porto

Francisco Gomes Teixeira

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Francisco Gomes Teixeira

Em 2011 a Universidade do Porto elegeu Francisco Gomes Teixeira (1851-1933), o ilustre matemático e seu primeiro Reitor (1911-1917), como a Figura Eminente a celebrar.  


Francisco Gomes Teixeira nasceu a 28 de janeiro de 1851 na freguesia de S. Cosmado, no concelho duriense de Armamar.


Frequentou a instrução primária na aldeia natal, os estudos liceais no colégio do padre Roseira, em Lamego (Colégio de Lamego) e os universitários em Coimbra. Aqui cursou Matemática (1869-1874), uma escolha ditada pelo acaso entre 3 rumos possíveis (Matemática, Direito e carreira eclesiástica) e assistiu às cadeiras do curso de Filosofia, em regime voluntário.


Em 1874 concluiu a licenciatura com a classificação de "muito bom, por unanimidade, com 20 valores". A 8 de janeiro do ano seguinte realizou o exame de licenciado, no qual foi Approvado Nemine Discrepante. A 30 de Junho, no ato de conclusões magnas, defendeu a dissertação Integração das equações às derivadas parciaes de segunda ordem e Theses de Mathematicas puras e applicadas. Finalmente, a 18 de julho alcançou o grau de "Grão Doutor na Faculdade de Mathematica", com a classificação de "Muito Bom com vinte valores".


Com 25 anos tomou posse como Lente Substituto da Universidade de Coimbra, tendo apresentado uma dissertação no campo da geometria analítica. Passou a lecionar as 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras de Matemática. Três anos depois foi nomeado Lente Substituto e, em 1878, foi indigitado terceiro astrónomo do recém-criado Observatório Astronómico de Lisboa. Depois de aqui ter exercido funções durante um curto período de tempo, regressou a Coimbra.


Em 1880 passou a Lente Proprietário de "Calculo Differencial e Integral" (1880-1883) e a Lente Catedrático da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra.


Com trinta anos casou com a portuense Ana Arminda Cardoso, filha única de um negociante, da qual teve três filhas.


Em Novembro de 1882 substituiu voluntariamente o Lente do 1.º ano e, em 1883, por motivos familiares, transferiu-se para a Academia Politécnica do Porto, escola onde ocupou o cargo de diretor (1886), lecionou a 3.ª (1887) e 2.ª cadeiras (1889) e promoveu a reforma das disciplinas de Matemática.


Com a criação da Universidade do Porto, em 1911, Gomes Teixeira foi nomeado seu primeiro reitor. Sete anos mais tarde foi proclamado reitor honorário, embora sem abandonar a docência de "Calculo Differencial e Integral" na Faculdade de Ciências, a qual manteve até 1929. Neste ano foi agraciado com o título de diretor honorário do Instituto de Investigação de História das Matemáticas, organismo que já anteriormente dirigia.


Francisco Gomes Teixeira viveu no Porto, na Rua de Costa Cabral. Passava férias em Matosinhos e deslocava-se com frequência ao estrangeiro, normalmente na companhia das filhas.


Publicou a sua investigação em prestigiadas revistas internacionais e viu o seu trabalho premiado pelas academias das Ciências de Madrid, Paris e Lisboa.


Foi membro de academias, sociedades e comissões científicas, portuguesas e estrangeiras. Alcançou diversas distinções e foi homenageado em diversas ocasiões: em Armamar, Coimbra, Porto e Lisboa.


A dedicação à ciência e à docência não impediu o seu envolvimento na vida política nacional. Foi deputado às cortes pelo Partido Regenerador em 1879, 1883 e 1884. Em 1906 aderiu ao partido Regenerador Liberal, ocupou o cargo de vogal do Conselho Superior de Instrução Pública (1908) e integrou a Junta Orientadora dos Estudos (1923).


Durante os últimos anos de vida escreveu textos sobre História da Matemática e livros sobre as suas viagens e temas religiosos Santuários de Montanha, Apoteose de S. Francisco de Assis (sua vida e obra), Uma Santa e uma sábia. Clara de Assis e Sofia Kovalewsky e Santo António de Lisboa (História, Tradição e Lenda).


Morreu a 8 de fevereiro de 1933 e foi sepultado, como era seu desejo, na igreja de S. Cosmado, Armamar, num túmulo que mandara erigir, com inscrição latina da sua autoria.

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Busto de Gomes Teixeira da autoria de Teixeira Lopes no patamar da escadaria nobre do edifício histórico da Universidade do Porto.

Gomes Teixeira dá nome à praça onde se localiza o edifício histórico da Universidade do Porto e nele está representado através de uma pintura a óleo, que dá início à Galeria de Retratos dos Reitores, da Sala do Conselho, da autoria do pintor Agostinho Salgado (1905-1967). No edifício encontram-se ainda dois bustos do escultor António Teixeira Lopes (1866-1942), o primeiro dos quais feito em bronze e datado de 1914, no patamar de acesso ao piso nobre do imóvel, e o segundo, em mármore, de 1922, no corredor de acesso aos gabinetes desse piso.


Sobre Edifício da Reitoria da Universidade do Porto - Francisco Gomes Teixeira (up.pt)


Sobre Reitores da Universidade do Porto: Índice (up.pt)


Sobre Reitores da Universidade do Porto: Francisco Gomes Teixeira (up.pt)


Sobre Agostinho Salgado (up.pt)


Sobre António Teixeira Lopes (up.pt)

Para mais informações consulte o site da Casa Comum - Cultura U.Porto

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