A Bárbara foi estudante de mestrado e doutoramento na FADEUP. Quer falar-nos do seu percurso profissional? O meu percurso profissional surgiu de forma subtil e gradual no FC Porto. Quando ingressei no Mestrado em Atividade Física Adaptada, procurei um complemento prático, uma espécie de estágio voluntário num clube que já tinha um grande e desenvolvido projeto na área do Desporto Adaptado. Felizmente, a diretora da secção investiu em mim, e já lá vão nove épocas a vestir azul e branco. As restantes oportunidades foram resultado de uma constante procura por mais. Porque escolheu a área do Desporto para a sua formação? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? O meu primeiro ingresso no ensino superior foi no curso de Direito, na Universidade Católica Portuguesa. Porém, rapidamente percebi que o meu futuro não passaria por ali e, tendo sido atleta toda a minha vida, a transferência para a área do Desporto foi muito natural e expectável. E porque escolheu a FADEUP para realizar mestrado e doutoramento? Infelizmente, a área do Desporto Adaptado ainda carece de investimento na formação e na investigação, o que dificulta o desenvolvimento e a aquisição de conhecimento por parte de quem quer trabalhar na área. Encontrei na FADEUP uma exceção a esta regra! Quais foram os aspetos da formação na FADEUP que mais influenciaram a sua carreira? O facto de a área do Desporto Adaptado não estar segregada a um gabinete, mas sim incluída nas várias áreas de investigação da Faculdade fez toda a diferença. A investigação multidisciplinar (e.g., biomecânica, fisiologia, etc.) é, sem dúvida, o caminho para a melhoria da área. Tem dedicado a sua carreira ao Desporto Adaptado. Como nasceu o seu interesse por esta área? O que a motiva? Durante a minha licenciatura, tive uma unidade curricular de Desporto Adaptado que me agradou imenso. E o facto de o meu pai também trabalhar na área ajudou. A minha motivação vem de querer fazer a diferença na vida dos meus atletas. Qualquer treinador ambiciona que os seus pupilos tenham sucesso e alcancem os seus objetivos - desde uma medalha paralímpica, a uma medalha nacional, até conseguir realizar uma tarefa do quotidiano de forma autónoma. A Bárbara é treinadora e preparadora física de natação adaptada no FC Porto e preparadora física e analista de performance da seleção inglesa de goalball. Quais são os maiores desafios que tem encontrado no desempenho das suas funções no Desporto Adaptado? Conciliar tudo é, sem dúvida, o maior desafio. Para além disso, ter equipas completamente heterogéneas, com atletas com o expoente do princípio da individualidade, requer uma plasticidade neural constante. Que mudanças gostava de ver no Desporto Adaptado em Portugal? Gostava de ver mais investimento nos atletas e no que realmente os potencia e os leva ao sucesso. Mais ações e menos palavras de quem não anda no terreno. Recorda-se de alguma história que o tenha marcado enquanto estudante da Faculdade e que possa partilhar connosco? Recordo, com muito carinho, todo o apoio e amizade que todas as pessoas que trabalham na Biblioteca me deram durante as infindáveis horas que lá passei. Fez toda a diferença. Obrigada! Qual é a sua maior realização até hoje? Trabalhar no que gosto, na área que me faz realmente feliz! Como ocupa os tempos livres? Infelizmente, sobra-me pouco tempo livre. Mas gosto muito de comer (e de cozinhar, claro). E gosto muito de ir a festivais de música. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? Sejam interessados e proativos! É isso que vos vai levar mais longe. O que espera do futuro? Espero uma medalha paralímpica (pelo menos uma!) dos meus atletas. E espero conseguir passar o meu pouco conhecimento a quem quiser trabalhar nesta área. |