Carla Valério


Foi estudante de licenciatura, mestrado e doutoramento na FADEUP. Tem 30 anos, é natural de Silves e reside em Gold Coast, Austrália.  


Profissionalmente é docente (lecturer B) na Southern Cross University. Recentememte foi distinguida por esta universidade australiana com os prémios Early Career Research Excellence e Teaching Excellence, este último atribuído com base no feedback dos seus estudantes. 


​"...os meus 10 anos na FADEUP impactaram, não só minha jornada profissional, 

mas, em grande medida, e de forma positiva, o meu crescimento pessoal. 

Considero que fiz a melhor escolha que poderia ter feito.", Carla Valério

A Carla foi estudante de licenciatura, mestrado e doutoramento na FADEUP. Quer falar-nos do seu percurso na Faculdade?

O meu percurso na FADEUP, assim como a sua longevidade, foi impulsionado por uma experiência inicial muito positiva. No meu primeiro semestre da licenciatura, tive o privilégio de ter aulas de Pedagogia do Desporto com a Professora Zélia Matos e foi, justamente, esta unidade que me inspirou e desafiou a iniciar o desenvolvimento do meu pensamento critico em torno dos domínios problemáticos da pedagogia. Sinto que foi, nesse momento, que encontrei o fio condutor que acabou por me levar ao mestrado em ensino e, posteriormente, ao doutoramento.  

Posso dizer que, felizmente, também foi um percurso de dúvida e inquietação, onde, muitas vezes, me questionei sobre se completar três ciclos de estudos, de seguida e na mesma instituição, seria a melhor escolha. Atualmente, posso afirmar que os meus 10 anos na FADEUP impactaram, não só minha jornada profissional, mas, em grande medida, e de forma positiva, o meu crescimento pessoal. Considero que fiz a melhor escolha que poderia ter feito. 

 

Porque escolheu a área do Desporto para a sua formação? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? 

Eu diria que a minha ligação ao Desporto desde criança, e enquanto atleta, foi o aspeto mais preponderante para a minha candidatura ao ensino superior, para o curso de Ciências do Desporto. Felizmente, sempre tive o apoio incondicional da minha família para fazer uma escolha que me fizesse sentir feliz e realizada e, para ser honesta, quando terminei o 3º ciclo, não tinha 100% certeza se era este o meu caminho. Este suporte familiar ajudou-me a dar o passo em frente, sabendo que, caso a minha escolha não me trouxesse o que procurava, não haveria problema em tentar outros caminhos. Acredito que esta ‘leveza’ e apoio que senti tenham contribuído para o descobrir do fio condutor que mencionei. 

 

E porque escolheu a FADEUP para os três ciclos de estudos? 

Candidatei-me à FADEUP para realizar a licenciatura, por ser a instituição líder na área. No início da licenciatura, comecei a trabalhar como treinadora de ginástica acrobática e percebi que era um percurso que queria continuar a explorar. Juntando esse fator à excelente experiência que tive no 1º ciclo de estudos, iniciei o mestrado de ensino na FADEUP, e foi onde realmente conheci profissionais inspiradores na área da pedagogia e da didática. No mestrado, comecei a interessar-me bastante pelo trabalho realizado pela Professora Isabel Mesquita e a sua equipa, e percebi que havia um alinhamento entre as minhas ambições para um possível doutoramento. A Professora Isabel abriu-me as portas para os meus primeiros passos na investigação científica, e a sua mentoria foi essencial para eu compreender que, efetivamente, havia uma possibilidade para mim no mundo académico, o que me fez sentir, mais uma vez, acolhida e apoiada para uma nova etapa na FADEUP. 

 

Quais foram os aspetos da formação na FADEUP que mais influenciaram a sua carreira? 

O forte companheirismo entre colegas, que permitiu colaboração e crescimento paralelo, os docentes brilhantes, que me inspiraram neste percurso, e a cultura intrínseca da busca pela excelência.  

 

É docente na Southern Cross University (SCU), da Austrália, onde foi recentemente distinguida com os prémios Early Career Research Excellence e Teaching Excellence, este último atribuído a partir do feedback dos seus estudantes. Como é que surge a oportunidade de trabalhar na Austrália e como está a ser a experiência?  

No último ano do meu doutoramento, decidi que queria viajar para outro país quando terminasse o curso, e a Austrália era uma das prioridades. Nesse mesmo ano, a localização da conferencia anual AIESEP, na qual costumo participar com regularidade, foi indicada justamente para a Gold Coast na Austrália. Acabei por assumir essa coincidência como um sinal e, em Junho de 2022, seis dias apos a defesa do meu doutoramento, viajei para a Austrália para participar na conferencia, passar um ano a desenvolver novas colaborações e explorar o país. Em julho, surgiu uma vaga de trabalho na minha área numa universidade na mesma cidade, mas para o nível acima (Senior Lecturer – nível C). Decidi candidatar-me, com uma perspetiva de aprender mais sobre o processo, e acabei por ser chamada para a entrevista. Em setembro, no dia anterior ao meu aniversario, recebi uma proposta de trabalho, sendo que a universidade decidiu contratar um nível C e abrir uma vaga extra para mim, como nível B. Um dos pontos destacados por eles na minha contração foi o meu percurso académico, em particular o meu doutoramento, o que mais uma vez sublinha a qualidade e propósito que foi colocado no meu processo de mentoria na FADEUP, sem o qual não estaria aqui hoje. 

 

E em que áreas de atuação incide o seu trabalho na SCU? 

Na SCU, leciono unidades de Educação Física e Saúde para os estudantes de ensino primário e de mestrado em Educação. Na especialização em Educação Física e Saúde para o ensino secundário, leciono Ginástica e Dança, bem como Currículo e Pedagogia.  

Enquanto investigadora, faço parte do executivo do Teachlab, um centro de investigação focado em “teaching improvement”.  

Integro o Comité de Ética de baixo risco e o Comité de Integridade Académica da Faculdade de Educação.  

 

A Carla é um dos elementos na génese do Núcleo de Dança FADEUP. Que memórias tem desses tempos? 

O Núcleo de Dança FADEUP foi extremamente impactante no meu percurso académico e proporcionou-me momentos inesquecíveis, onde vivi a proximidade entre o Desporto, a cultura e a arte. Assisti, neste contexto, à abertura e apoio da comunidade FADEUP a diferentes formas de expressão. Apesar de ter adorado todas as performances, de onde destaco os Saraus, não posso deixar de refletir nas amizades que se fortificaram neste grupo e que se mantêm até hoje. As minhas melhores memórias serão, para sempre, os ensaios, os momentos de criação, de partilha, de conversa e de descoberta. Um porto seguro onde toda a gente chegava exausta, após um dia de aulas e trabalho, e saía mais leve. O Núcleo de Dança é um grupo que abraça individualidade a diferença e que sabe empoderar – espero que assim continue por muitos anos. 

 

E dos tempos de Faculdade, do que se recorda com mais saudade?  

Sendo que, neste momento, ainda continuo a desenvolver projetos de investigação com a FADEUP, o meu sentimento de pertença mantém-se. Ainda assim, agora que trabalho numa Faculdade de Educação, sinto saudade da micro-cultura desportiva que caracteriza a FADEUP – o barulho das chuteiras nos corredores, as mesas de madeira cheias de grupos de trabalho, os almoços num espaço informal onde estudantes e docentes se reuniam, a união e paixão pelo Desporto... 

 

Qual é a sua maior realização até hoje?  

Acho que a minha maior realização é ainda não me sentir realizada. Penso que é, realmente, o que me motiva e continua a alimentar a minha ambição de querer evoluir, procurar e criar novas oportunidades.  

 

Como ocupa os tempos livres?  

Neste momento, os meus tempos livres tem sido preferencialmente passados ao ar livre, especialmente no mar, a fazer bodyboard. A natureza na Austrália é realmente especial, e, naturalmente, tenho criado uma conexão com cada descoberta (quase diária) que faço por cá. Desde me cruzar com koalas nas minhas caminhadas matinais, ter uma kookaburra como alarme, surfar com golfinhos, ou ter a oportunidade de assistir à migração das baleias... É um verdadeiro privilégio que tento aproveitar ao máximo.  

 

Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes?  

O meu conselho é que se deem a conhecer. A FADEUP é realmente um espaço de criação e cultivo, não só de conhecimento, mas sobretudo de amizade, camaradagem e partilha profissional. Na FADEUP, criei ligações que, até hoje, constituem o core da minha vida pessoal e profissional, e é isso que desejo a todos os estudantes. 

 

O que espera do futuro? 

Espaço para evoluir pessoal e profissionalmente, criar e manter fortes laços colaborativos no trabalho e mais oportunidades para estar com a família e amigos.  

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