O Daniel foi estudante de licenciatura e mestrado na FADEUP. Quer falar-nos sobre o seu percurso profissional após a conclusão da licenciatura? Após terminar a licenciatura, o meu percurso foi feito no futebol de forma crescente, mas a ter que dar alguns passos atrás em alguns momentos, e sempre alicerçado com trabalhos noutras áreas, de forma a ter mais uma fonte de rendimento. No ano seguinte ao término da licenciatura, e já após passar pela Dragon Force, aceito iniciar uma aventura no Boavista, que me leva pela primeira vez ao futebol feminino e que culminou com a conquista da Taça de Portugal, passando mais tarde para os juniores masculinos do clube. E porque escolheu a área do Desporto para a sua formação superior? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? Defini que queria seguir a área de Desporto muito cedo, ainda no ensino básico. Como já tinha definido que queria seguir esta área, quando ingresso no ensino secundário, optei logo pelo curso de Desporto, mesmo tendo recebido convite para integrar uma turma que visava o alto rendimento escolar. Que principais competências lhe deu a formação FADEUP para a sua atividade profissional? Mais do que a componente letiva, ou o conhecimento teórico, a Faculdade proporcionou-me experiências práticas e vivências marcantes que contribuíram para o meu crescimento integral. Ter um papel ativo na Associação de Estudantes e no desporto universitário [ndr: Daniel Chaves foi durante vários anos treinador das equipas de futebol da U.Porto] foi uma experiência enriquecedora, tanto a nível pessoal como profissional, permitindo-me adquirir competências fundamentais como liderança, comunicação, organização, espirito de equipa, resiliência e disciplina. O Daniel é treinador principal da equipa de futebol feminino do FC Porto, um projeto que se iniciou este ano no clube e que, também por esse motivo, deixará o seu nome gravado na história do FC Porto. Como é que reagiu ao receber o convite para treinar a equipa naquele que é o “ano zero” do futebol feminino de um dos grandes emblemas do Desporto mundial? Um misto de emoções, mas, acima de tudo, um sentimento de orgulho. A minha ambição sempre foi representar o FC Porto; surgiu o convite para assumir a equipa feminina e só tinha de aceitar. O jogo de estreia da sua equipa no Estádio do Dragão levou mais de 30.000 espetadores às bancadas, um recorde nacional de assistência no futebol feminino na altura, algo que, arrisco dizer, poucos esperariam. Como foi viver esse momento no relvado? Como foi passar pelo túnel de acesso ao campo e sentir tanta gente a apoiar a equipa e este novo projeto? Sentimos, desde a criação da equipa, uma grande adesão e muito apoio por parte dos adeptos, mas, se me tivessem dito que 30 mil pessoas estariam no jogo de apresentação, eu não acreditava. Provou-se, mais uma vez, que temos os melhores adeptos do mundo, marcando presença em força e mostrando que a aposta no futebol feminino foi a melhor decisão. Foi arrepiante estar em pleno relvado do Estádio do Dragão e ver a quantidade de público na bancada para nos ver. O futebol feminino tem tido um crescimento enorme a nível mundial nos últimos anos. Com mais de 10 anos de experiência acumulada na vertente feminina da modalidade, como é que o Daniel vê a evolução no nosso país, numa altura em que ocupamos o 22º lugar do ranking internacional? O que podemos ainda fazer para ver a modalidade chegar ao nível de outros países que se encontram acima de nós? O futebol feminino tem tido uma ascensão enorme e é gratificante ver a nossa seleção a chegar a fases finais de competições internacionais, mas ainda há muitos passos para serem dados. Vamos, nos próximos anos, certamente colher muitos frutos com o aparecimento de vários talentos, resultantes de uma melhoria na qualidade de treino na formação da jogadora feminina. Ainda assim, penso que algumas coisas terão de ser repensadas, nomeadamente os quadros competitivos, que vão sofrer alterações no próximo ano, mas que não favorecem os clubes, nomeadamente na diminuição da Liga BPI para 10 equipas, numa altura em que se exigem contratos profissionais para as jogadoras e onde vários clubes com nome no futebol masculino estão a apostar no futebol feminino, com o objetivo de chegarem à liga principal da mesma. A melhoria na arbitragem também me parece um ponto importante, e que carece de alguma reflexão no desenvolvimento da modalidade. Voltando à FADEUP, o que recorda com mais saudade dos tempos de estudante? Claramente, o que mais recordo com saudade e nostalgia são os momentos passados no Desporto Universitário e na Associação de Estudantes. Não posso, também, esquecer todos os convívios da turma D e a passagem pela Tuna. Retiro dai muito do que foi a minha vivência como estudante universitário. Com tantas vivências, lembra-se de alguma história, enquanto estudante FADEUP, que queira partilhar connosco? Tendo um papel ativo na vida universitária, muitas seriam as histórias para partilhar, mas uma que recordo por ter sido histórica e ligada ao Desporto Universitário foi ser Campeão Nacional Universitário pela FADEUP com um único remate à baliza de livre direto. Depois, o nosso espírito coletivo e de amizade fizeram o resto. Qual é a sua maior realização? Ser Campeão Nacional pelo Futebol Clube do Porto. Como ocupa os tempos livres? A ler, a jogar futebol, a ver jogos de futebol, no ginásio, na praia e em convívio com amigos. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? Sejam muito convictos do que querem para futuro, e não desistam desses objetivos até os alcançarem, por muitos passos atrás que possam ter de dar. O que espera do futuro? Continuar a fazer parte do crescimento do futebol feminino no clube e conquistar títulos. |