(entrevista em português do Brasil devido à nacionalidade da entrevistada)
A Karla foi estudante de mestrado e doutoramento na FADEUP. Quer falar-nos sobre o seu percurso? Fiz licenciatura em Educação Física em 2003, pós-graduação em Ciências do Treinamento Esportivo em 2005, ambos na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e fiz o mestrado e doutorado em Portugal entre os anos de 2006 a 2015, com uma pausa de dois anos entre ambos, durante os quais estive desenvolvendo atividades no Paraná. Em 2016, fui aprovada no concurso da Universidade Federal do Amazonas, onde exerço minha profissão atualmente, agregando atividades de ensino, investigação e extensão. Porque escolheu a área do Desporto para a sua formação? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? Desde criança, pratiquei natação de competição, e a minha família, por parte de pai, sempre esteve ligada ao Desporto. Obtive resultados expressivos a nível nacional, e isso motivou-me a continuar na área do Desporto. Nasceu no Brasil, mas, como vimos, escolheu Portugal e a FADEUP para realizar mestrado e doutoramento. Porquê a FADEUP e como é que essa experiência contribuiu para enriquecer o seu percurso profissional? O meu orientador de graduação [ndr: licenciatura] indicou a FADEUP e havia comentado sobre a elevada qualificação da Faculdade a nível mundial, o que me deixou muito interessada em continuar minha formação académica na FADEUP. Foi uma experiência única para a minha formação e, até hoje, percebo o quanto fez diferença ter tido a oportunidade de estar entre os melhores investigadores do mundo na minha área, agregando e refinando todo o conhecimento recebido. Tem dedicado grande parte da sua carreira profissional à área da natação. Como surge a sua ligação à modalidade? Como havia dito, fui nadadora e participei de competições desde os sete anos de idade, obtendo títulos como campeã, vice-campeã brasileira e recordista nacional. Enquanto investigadora está envolvida num projeto intitulado 'Caracterização e Modelação do Desempenho de Nadadores da Região Norte ao Longo das Etapas de Formação Desportiva', que destaca a importância da literacia aquática em regiões com grandes cursos de água, e nas quais esses elementos assumem um papel central no quotidiano da população, como é o caso do Amazonas. Quais são os principais desafios que encontrou no que diz respeito à educação e à segurança aquáticas? E como este projeto pretende impactar a população? Quais são as formas de atuação previstas? O projeto iniciou em 2018 e recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM). A última dissertação de mestrado defendida com os dados do projeto aconteceu no início de 2024. Com o final do projeto de investigação, realizamos um evento de extensão enfatizando a importância do saber nadar e o contexto regional, tendo em vista a relevância dos rios no dia a dia das pessoas da região e ao grande número de afogamentos registados anualmente. As ações do projeto estão direcionadas para capacitar discentes universitários dos cursos de Educação Física com as competências necessárias para uma prática desportiva e de lazer com responsabilidade e segurança, e, posteriormente, incluí-los como participantes em ações formativas sobre as competências aquáticas para as pessoas de diferentes faixas etárias que convivem mais diretamente com os rios. Em 2025, estamos submetendo mais dois projetos de extensão para ampliar o número de pessoas assistidas e pretendemos submeter outro projeto de pesquisa interinstitucional para ampliar as ações de divulgação científica e técnica. Do mesmo projeto nasceu recentemente um evento (Saber nadar: uma competência essencial no contexto regional) que contou com a participação de especialistas da área, entre os quais o Professor Ricardo Fernandes, da FADEUP. Que resultados espera desta colaboração com docentes FADEUP para a implementação de iniciativas de literacia aquática na sua região, e como é que esta troca de experiências pode contribuir para a transformação da realidade local? As colaborações com os docentes da FADEUP acontecem desde 2014 e o final do curso de doutorado, através de projetos de pesquisa interinstitucionais, como o caso do edital promovido pela CAPES e FCT, participação em bancas de mestrado e doutorado, além da parceria na escrita de artigos científicos e a participação em eventos de extensão, como aconteceu recentemente. As colaborações com docentes da FADEUP são de extrema importância para o desenvolvimento dos projetos na nossa região, pois trata-se de um grupo de investigadores extremamente renomados a nível mundial e com vasta experiência sobre os estudos em literacia aquática, como os Professores Doutores Ricardo Fernandes e João Paulo Vilas-Boas. É essencial termos investigadores qualificados, com vasto conhecimento na área em questão, para conseguirmos delinear um projeto e estar mais próximos de atingir as metas propostas. O que recorda com mais saudade do período que viveu como estudante FADEUP? Recordo com muita saudade as pessoas que tive a oportunidade de conhecer e que fizeram parte do crescimento da minha trajetória académica, profissional e pessoal. Recorda-se de alguma história que a tenha marcado enquanto estudante da Faculdade e que possa partilhar connosco? Sim, foi um dia em que as recolhas de dados foram até início da madrugada e não havia tempo para voltar para casa, pois o nadador seguinte chegaria logo cedo para ser avaliado. Acabamos pedindo uma pizza e cochilando um pouco por ali mesmo, antes de retomar as sessões de recolhas de dados. Qual é a sua maior realização até hoje? Ter estado tanto tempo longe da minha família para conquistar meus sonhos e, hoje, poder compartilhar com ela todos os frutos advindos dessa luta, sendo sempre grata a Deus. Como ocupa os tempos livres? Estando com minha família, cuidando da pet que adquirimos recentemente, ouvindo músicas que marcaram minha vida e lendo livros. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? Sonhem grande, persistam até alcançarem os sonhos e saibam valorizar as pessoas que farão parte desta trajetória. O que espera do futuro? Em 2026, quero estar realizando meu pós-doutoramento e, em breve, quem sabe, poder retornar a Portugal. |