O Luís foi estudante de licenciatura, mestrado e doutoramento na Faculdade. Quer falar-nos sobre o seu percurso profissional? Paralelamente ao meu percurso académico e à minha ligação ao universo do Desporto, fui desenvolvendo uma atividade na área artística, numa primeira fase como músico e, posteriormente, também como curador e programador. Essa dimensão acabou por se sobrepor, em relação ao Desporto, em termos profissionais, e levou-me a abraçar projetos de que muito me orgulho, tais como o Festival Semibreve, o gnration, o INDEX - Bienal de Arte e Tecnologia e, mais recentemente, o Theatro Circo e o projeto Braga25 - Capital Portuguesa da Cultura. Porque escolheu a área do Desporto para a sua formação superior de base? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? Desde criança que me envolvi na prática desportiva e sempre estive rodeado de amigos, colegas e familiares próximos dessa realidade. Acho que isso moldou os meus interesses e me levou a seguir as Ciências do Desporto como área académica e profissional. Porque escolheu a FADEUP para os três ciclos de estudo? Quais são, na sua opinião, os pontos fortes da formação FADEUP? A FADEUP (na altura FCDEF-UP) era a grande referência para mim e para o meu grupo de amigos, pelo que foi sempre a minha prioridade. Acabei por passar 13 anos da minha vida ligado à faculdade, o que diz muito da importância e do carinho que nutro pela instituição. Destaco a quantidade de colegas e amigos, que ainda hoje mantenho, e de professores que contribuíram para a minha formação académica e pessoal, tendo-me levado a prolongar a minha ligação à Faculdade até ao doutoramento. É uma instituição com um capital humano assinalável. Além de músico, o Luís é diretor artístico do projeto GNRATION e do Theatro Circo, dois nomes incontornáveis da cultura na cidade de Braga. Como é que um homem do Desporto chega ao mundo das artes e à direção artística destes projetos? Como referi anteriormente, foram caminhos trilhados paralelamente. Apesar da minha ligação ao Desporto, sempre tive um pé nas Artes também. A dada altura, a minha ligação ao campo artístico foi-se tornando mais séria e profissionalizada, e a especialização e know how que adquiri, possibilitaram que pudesse trabalhar a um nível elevado. É importante frisar que senti também necessidade de ter formação académica artística, já após ter concluído o meu doutoramento. Acabei por frequentar e concluir o mestrado em Estudos de Arte pela FBAUP, o que também constituiu uma experiência muito rica. O Luís homem das artes convive bem com o Luís homem do Desporto? Claramente. De que forma o Desporto e a sua formação na FADEUP influenciam a sua visão artística e a forma como gere estes projetos? Na FADEUP desenvolvi rigor e ética de trabalho. É essa dimensão que transporto mais diretamente para as minhas funções atuais. Quais são os maiores desafios que encontra enquanto diretor artístico? Os desafios são vários, mas diria que o principal é a necessidade de constante pesquisa e trabalho de campo no sentido de desenvolver uma leitura informada sobre o panorama artístico local, nacional e internacional. Voltando à Faculdade, do que sente mais saudade dos tempos de estudante? O período da licenciatura é emancipatório e transformador no ponto de vista das nossas relações sociais e até de uma certa descoberta da nossa individualidade. Essas fases não se repetem muito ao longo da vida. Nesse sentido, guardo com muito carinho o sentido de descoberta e as amizades que ganhei nesse período. E desse período, há alguma história que possa partilhar connosco? Teria muitas, mas acho que as vou guardar para mim! Qual é a sua maior realização? A título profissional é ter a felicidade de trabalhar no que gosto e sentir que o meu trabalho é respeitado. Como ocupa os tempos livres? Ler, ouvir música e caminhar. Com a família, de preferência. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? Curiosidade por aprender e ética de trabalho. São qualidades úteis em qualquer domínio da nossa vida! O que espera do futuro? Vivemos tempos preocupantes do ponto de vista geopolítico. Espero que o espírito agregador e conciliador que o Desporto e as Artes partilham seja determinante para construirmos um mundo mais respeitador, empático e pacífico. |