A Luísa foi estudante de licenciatura e doutoramento na FADEUP, tendo, contudo, seguido um percurso profissional que não era, à priori, previsível. Quer falar-nos sobre o seu percurso profissional? Sim, fiz a licenciatura na FADEUP, com especialização em Natação de Alto Rendimento e trabalhei como professora de Educação Física, de natação e como treinadora de polo aquático durante uns anos. Comecei, durante esse período, a interessar-me por atividade física e saúde e decidi candidatar-me ao Programa Doutoral em Atividade Física Saúde na FADEUP, sendo aceite. Durante o doutoramento, tive a oportunidade de passar vários períodos no estrangeiro, nomeadamente no INCOR - Universidade de São Paulo, na Harvard School of Public Health e na Universidad Europea de Madrid. Mas foi exatamente no Auditório da FADEUP que me apaixonei pelo que sou hoje: médica. Na aula inaugural do Programa Doutoral em Atividade Física e Saúde, em 2007, ouvi uma palestra brilhante do Professor Alejandro Lucia sobre cancro e exercício, o que mudou para sempre a minha vida. Fiquei, nessa altura, rendida ao tema, e comecei a desenvolver, alguns meses depois, trabalho nessa área no grupo do Professor Lucia. Foi nessa altura que me apaixonei também pela oncologia e que decidi prosseguir para o curso de medicina, com o objetivo de ser oncologista. Voltemos um pouco atrás, ao início da sua formação superior. Como é que o Desporto e a FADEUP surgem no seu caminho? Desde que me lembro de existir, que sou uma apaixonada pelo Desporto. Naturalmente, na secundária, essa minha paixão falou mais alto do que outras, e, no fim do 12º ano, decidi concorrer à FADEUP, na altura FCDEF-UP, que, claro, era a minha primeira opção por ser considerada a melhor a nível nacional. Pela sua experiência, quais são os pontos fortes da formação na Faculdade? Um dos principais pontos fortes da formação na Faculdade é o corpo docente altamente qualificado. Além disso, destacam-se as excelentes instalações e o forte incentivo à participação em projetos de investigação, bem como as oportunidades e o apoio disponibilizados para aqueles que desejam desenvolver projetos de investigação próprios. Como vimos, a dada altura da sua vida transita do mundo profissional do Desporto para o da medicina. Fale-nos um pouco mais dessa mudança… Sempre gostei muito da mudança e de desafios... Depois de começar a trabalhar com o Professor Alejandro Lucia, ainda durante o doutoramento, tornou-se claro que a oncologia era uma área em que me queria focar e da qual queria saber mais. Tornou-se, então, na minha cabeça evidente que teria de tirar o curso de medicina. Ingressei no ICBAS-UP e estou neste momento no internato de oncologia médica no centro hospitalar Universitário de Santo António. Podemos dizer que a sua formação na área das Ciências do Desporto desempenha um papel importante para a sua atividade profissional enquanto médica? Se sim, de que forma? Sem dúvida, o Desporto de competição e a formação na área das Ciências do Desporto ensinaram-me que com treino/trabalho e disciplina tudo se consegue. Esse princípio de superação que o Desporto nos ensina tão bem sempre me acompanhou e ajuda-me em cada desafio que surge. Para além disso, incentivo sempre a prática regular de atividade física dos doentes e tenho me dedicado, em ternos de investigação, à área do cancro e exercício. O Desporto continua a fazer parte da sua vida? O desporto fará sempre parte da minha vida, é uma das minhas grandes paixões, não só como praticante, mas também como espectadora. Voltemos à FADEUP, do que sente mais saudade dos tempos de estudante da Faculdade? Estive muitos anos na FADEUP, quer como estudante, quer como investigadora, e devo muitas amizades a esse período. Sinto saudades do ambiente caloroso e informal que caracteriza a Faculdade. Enquanto estudante de pós-graduação, sinto saudades do contacto com o grupo de investigação no qual estava inserida, da partilha de projetos, da discussão de ideias e do grupo de colegas e professores com quem fui crescendo cientificamente. Qual é a sua maior realização? Não consigo identificar a minha maior realização, tenho várias que me vão fazendo sentir uma pessoa realizada, não só a nível pessoal, mas também profissional. Posso dizer que tenho orgulho no meu percurso e sou agradecida por todos os acasos que o tornaram assim tão diferente. Como ocupa os tempos livres? Tenho duas filhas e tento passar a maior parte do tempo livre em família. Mas também ocupo algum do tempo livre a estudar, a ler, e a fazer Desporto... e nos cais das piscinas onde as minhas filhas tem provas e treinos. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? A vida é feita de vários caminhos dentro de um caminho, que se deixem levar pelos desafios, mesmo que possam parecer, no momento, apenas loucuras. E que não tenham medo de arriscar. O que espera do futuro? Espero, acima de tudo, continuar a ser feliz. Espero poder conciliar a atividade de investigação e académica com o trabalho assistencial no hospital. O meu objetivo é tentar contribuir para o avanço do conhecimento científico na área da oncologia. |