O Pedro foi estudante de licenciatura e mestrado na FADEUP. Quer falar-nos do seu percurso? O que tem feito após concluir a sua licenciatura? Entre 2012 e 2017, fui estudante de licenciatura e de mestrado na FADEUP. Após concluir o primeiro ciclo de estudos em Ciências do Desporto, não hesitei em avançar para o mestrado em Treino de Alto Rendimento Desportivo, área onde desejava construir uma carreira como treinador. A minha primeira experiência como treinador de basquetebol começou ainda antes de ter terminado a licenciatura, na época desportiva 2014-2015, como treinador principal da equipa masculina de sub-16B e adjunto da equipa de sub-16A do SC Braga. Entre 2014 e 2019, fui treinador dos escalões de sub-16, sub-18 e sub-23 masculinos do SC Braga e tive o privilégio de representar, nas Festas do Basquetebol, por duas vezes, no escalão de sub-16 masculino, a seleção distrital de Braga. Foi na época 2020-2021 que iniciei funções como treinador principal da equipa sénior masculina do SC Braga, vínculo que se mantém até ao dia de hoje. No campo profissional, durante 6 anos (entre 2018 e 2024), fui também fisiologista da Unidade de Medicina Desportiva (UNIDESP) da PortelaClínica em Braga. Porque escolheu a área do Desporto para a sua formação? Quando percebeu que era esse o caminho a seguir? A escolha pela área do Desporto foi natural. Foi aos 8 anos de idade que iniciei o meu percurso de atleta federado, primeiro na natação e no taekwondo, depois a "obrigatória" passagem no futebol e, finalmente, encontrei a minha grande paixão no basquetebol. Talvez a minha falta de talento para jogar a alto nível me tenha feito perceber cedo que a minha ligação com o Desporto e, em particular, com o basquetebol seria prolongada muito para lá da minha carreira como jogador. Enquanto estudante do ensino secundário e ainda atleta sub-18, comecei a desenvolver interesse pelas áreas do treino desportivo e da preparação física. Entrei num mundo que me prendeu e que me ajudou a encontrar um propósito. Quando disse aos meus pais que queria entrar na Faculdade de Desporto, a certeza era tanta que rapidamente desistiram da ideia de me tentar convencer que poderia escolher um curso com um futuro mais promissor, no que ao mercado de trabalho diz respeito. A eles e à Beatriz agradeço o apoio incondicional nas decisões que tomei e a compreensão perante a loucura de horários, os fins de semana, a instabilidade, a incerteza...estiveram sempre lá e, graças a eles, eu pude estar também. Quais foram os aspetos da formação na FADEUP que mais influenciaram a sua carreira? No que diz respeito à formação na FADEUP, seria fácil falar sobre exigência, rigor, detalhe e competência. Aspetos fundamentais para alcançar a excelência. Contudo, o meu destaque vai, obrigatoriamente, para as pessoas. As instituições são criadas, desenvolvidas, representadas, defendidas e, por vezes, eternizadas por pessoas. Nenhuma outra marca foi superior à deixada, em mim, pelo exemplo de quem trabalha ou trabalhou nesta casa. Com eles aprendi que a paixão que sentimos pelo que estamos a ensinar (ou a treinar) é um requisito decisivo para passar uma mensagem, para influenciar um comportamento e, acima de tudo, para criar ligações. É treinador de basquetebol do SC Braga, que acaba esta época com um feito histórico, ao subir pela primeira vez à principal divisão nacional, garantindo lugar entre as 12 equipas que vão disputar, em 2025/26, a Liga Betclic masculina. Como é que sentiu esta conquista, sabendo que era algo que a sua equipa procurava há muitos anos. Como escreveu António Gedeão: "o sonho comanda a vida". Apesar de este feito ter sido assumido publicamente como um objetivo real e concreto para a época desportiva 2024-2025, o sonho de chegar ao mais alto patamar do basquetebol português acompanhava esta equipa técnica e este projeto há muito tempo. É algo que nos deve encher de orgulho, mas também de responsabilidade, na forma como olhamos para o futuro. Na verdade, não queremos ficar por aqui. Que principais dificuldades sentiu ao longo da época desportiva que agora termina? A este nível todos os clubes passam por enormes dificuldades. Prefiro destacar a nossa capacidade para as superar e a resposta que sempre procuramos dar perante as adversidades. Em primeiro lugar, destacar as condições de trabalho que o SC Braga oferece no que às instalações desportivas diz respeito. Felizmente, temos o privilégio de trabalhar num recinto desportivo de excelência, a todos os níveis. Em segundo lugar, uma palavra para a capacidade de resposta do clube perante as lesões graves e saídas inesperadas que tivemos ao longo da época. A abertura para reforçar a equipa permitiu colmatar estas ausências e manter intactas as nossas aspirações. Por último, não posso deixar de referir, como fator decisivo, a determinação e capacidade de trabalho da nossa equipa técnica. O facto de nenhum de nós jamais se sentir sozinho aumenta a confiança para enfrentar os desafios no caminho. Apesar de ser um clube histórico em Portugal, o SC Braga estreia-se entre os grandes do basquetebol. Quais são as expectativas para a próxima época? Que desafios prevê enfrentar? Ano de estreia e todos temos consciência do que isso significa. Sabemos o quão elevado é o nível, a qualidade dos executantes e a experiência dos adversários que iremos enfrentar. Contudo, a nossa ambição mantém-se intacta: vamos dar o nosso melhor e entrar em todos os jogos com o objetivo de vencer. Voltando à FADEUP, do que se recorda com mais saudade dos tempos de estudante da Faculdade? Bem, não será certamente a experiência prática do método de treino de corrida intervalada, precedida por 2 horas passadas na piscina na aula de natação das 8h da manhã. Brincadeiras à parte, as amizades e as horas de convívio são, sem dúvida, a minha melhor recordação. Qual é a sua maior realização até hoje? Nunca ter posto em causa os meus valores para atingir um objetivo. Como ocupa os tempos livres? Para um treinador que adora basquetebol, o conceito de tempos livres mistura-se demasiadas vezes com o trabalho. Retirando tudo o que está relacionado com basquetebol e treinar, diria que um bom filme é, para mim, sempre uma forma de descontrair e terminar bem o dia. Quer deixar algum conselho aos nossos estudantes? Independentemente do que façam na vida e do local onde estiverem, nunca deixem de se rodear por pessoas que acreditam e torcem por vocês. O que espera do futuro? Que nunca me permita desistir de lutar por aquilo em que acredito. |