O segundo semestre é sempre uma coligação de fortes emoções. Para uns o dito “melhor semestre” dos tempos da faculdade, para outros o último semestre dos “melhores tempos”. O começo e o término de uma caminhada e isso diz muito sobre a multiplicidade de planos, de desejos e de preocupações que se apresentam na nossa faculdade. 

Regressamos ao 01 com uma mentalidade distinta da época de exames, onde a engrenagem volta a entrar na velocidade alucinante habitual. Particularmente para os alunos do 6.º ano: a tese, o baile, a caricatura, a cartola e a bengala. O recordar do que foi vivido, com a esperança de que o viajante torna sempre a casa, ainda que tenha de conhecer o mundo. É o início de um saudosismo que enche a Faculdade de Medicina de amarelo, energia e reconhecimento de amigos, mães, pais, avós…

Será também o semestre dos que voltam e dos que vão em voos internacionais, o passar do testemunho dos que partilharam a FMUP e aqueles que agora carregarão essa missão.

Para os  que terminam, para os que cá persistem, e para os que continuam a iniciar o seu percurso, o desejo prevalece: formar-se um médico que preza pela ética e pelo conhecimento humano e científico. E, ao mesmo tempo, ser um estudante ativo e proativo face à panóplia de atividades que lhe aparecerão. O desejo de um equilíbrio desafiante e que, não poucas vezes, se equilibra no desequilíbrio, mas sempre que alcançado nos enche de propósito. Uma busca fundamental da junção de dois mundos que continua e, para muitos, se inicia agora.

Angela Merkel dizia que a ponderação das coisas deve ser compreendida a começar pelo fim e o trabalho deve ser feito daí para trás. Se o fim que desejamos é a Medicina, então a qualidade da formação é o meio. A verdade é que o sucesso da nossa formação e do investimento na educação médica tem de ser visto e entendido pelo estudante comum. Dentro das consultas, com os métodos de avaliação e com a proximidade aos nossos mestres. Fica o desafio para o segundo semestre e para o próximo ano. Afinal, neste aspeto, o plano é o próprio desafio.

Aos finalistas, este 2.º semestre será o sair da ilha para chegar a outra. Aos restantes, a busca do equilíbrio continuará, sempre com a esperança e certeza de que o viver a FMUP se faz no caminho de todos os dias.

Emília Pinho
Presidente da AEFMUP

A médica Jennifer Mancio é a grande vencedora da Bolsa D. Manuel de Mello 2023/2024. A investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) foi distinguida com uma bolsa de 100 mil euros por um projeto que visa despistar a doença coronária.

É através do recurso a um algoritmo de inteligência artificial que o projeto pretende despistar, em poucos segundos, a presença de doença coronária, com baixa radiação e sem contraste, ou seja, “de uma forma segura e com mais benefícios para os doentes e para o sistema de saúde”.

Para Jennifer Mancio, a atribuição da Bolsa D. Manuel de Mello “é o reconhecimento de que vale a pena continuar a apostar neste projeto pelo seu notório interesse público e científico”.

Intitulado «SAFE-CT: exclusão de doença coronária utilizando IA na Tomografia Computadorizada sem contraste», o projeto premiado, que tem o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) como parceiro tecnológico, aponta ao desenvolvimento de uma estratégia de diagnóstico que seja “mais segura para o doente” e que ao mesmo tempo se traduza em “ganhos de eficiência para os hospitais”.

Atualmente, perante um caso de suspeita de doença coronária, as recomendações ditam a realização de uma angiografia coronária por tomografia computadorizada (Angio TC). Este exame, que só pode ser realizado por profissionais treinados e acreditados, também implica a administração de contraste iodado e de uma dose acrescida de radiação ionizante.

Em dados preliminares já analisados pela professora e investigadora da FMUP, foi possível constatar que mais de 35% dos 929 doentes submetidos a AngioTC não apresentaram qualquer doença coronária e, portanto, “não beneficiaram da realização deste exame”.

“O algoritmo irá indicar o risco individual de doença coronária e ajudar a decidir se o encaminhamento do doente para um hospital central, com AngioTC, é realmente necessário”, revela Jennifer Mancio.

Segundo a investigadora, o financiamento do prémio “será utilizado na contratação de engenheiros com especialidade em inteligência artificial que possam dedicar-se a tempo inteiro a este projeto e para aplicação numa futura patente”.

Criada em 2007, a Bolsa D. Manuel de Mello é promovida pela CUF e pela Fundação Amélia de Mello e distingue, a cada dois anos, projetos de investigação desenvolvidos por jovens médicos, doutorados e afiliados de investigação de faculdades de medicina portuguesas.

- Lia Fernandes, professora da FMUP, foi convidada no podcast do Expresso “Que Voz é Esta?”, num episódio sobre o envelhecimento e a saúde mental.

- A distinção da investigadora Jennifer Mancio com a Bolsa D. Manuel de Mello foi destaque em diversos órgãos de comunicação social, como é exemplo esta reportagem da RTP.

- O estudo da FMUP que demonstra a importância de um teste genético como primeira linha para o diagnóstico de epilepsia foi destaque no Público.

- “Lentidão generalizada, serviço indisponível: a transformação digital da saúde não pode ser isto!” é o título do artigo de opinião publicado no Expresso e que conta com a autoria de João Fonseca, professor da FMUP.

- A ferramenta eletrónica que está a ser desenvolvida na FMUP para combater a polimedicação em doentes idosos foi um dos temas abordados nesta notícia do Público.

- A revista Sábado falou com Isaura Tavares e Carla Rego, professoras da FMUP, para dois artigos intitulados “Como mudar de vida para aliviar a dor” e “Os alimentos certos para cada idade”, respetivamente.

- O professor da FMUP João Torres foi ouvido pelo Público numa notícia que pretendia desmistificar se as variações da temperatura e da pressão atmosférica estão associadas a dores nos ossos e nas articulações .