Coronavírus

Covid-19. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto vai investigar infeção e mortalidade dos profissionais de saúde durante a pandemia

7 abril 2020 19:15

Isabel Paulo

Isabel Paulo

Jornalista

Estudo visa atualizar os planos de contingência para diminuir a mortalidade e a morbilidade entre os profissionais de saúde em futuras vagas epidémicas de covid-19 ou outros vírus

7 abril 2020 19:15

Isabel Paulo

Isabel Paulo

Jornalista

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai iniciar um estudo científico que tem como objetivo avaliar a morbilidade e a mortalidade entre os profissionais de saúde durante a pandemia em Portugal. O projeto é considerado pelo diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, essencial para aferir os riscos a que os profissionais de saúde estão e estiveram sujeitos durante o período da epidemia e melhorar no futuro os protocolos de preparação, resposta e atuação nestes cenários.

A investigação vai avaliar as circunstâncias de trabalho entre os profissionais de saúde portugueses, em estreita colaboração com as Ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos, bem como com outras escolas médicas, sindicatos do sector e unidades de investigação. “Pretende-se não só quantificar os eventuais excessos nas taxas de mortalidade entre os profissionais de saúde em comparação com as da população geral, mas também investigar possíveis diferenças nos riscos associados às diferentes especialidades clínicas e a exposições diferenciais destes profissionais relativamente aos doentes infetados”, explica Altamiro da Costa Pereira, que vai coordenador o estudo.

Em comunicado, a direção da FMUP adianta que serão comparados dados de óbitos durante o período da epidemia com os dos meses do período homólogo do ano anterior, bem como as médias e tendências de mortalidade dos últimos anos. As associações com as condições de trabalho vão distinguir ainda possíveis variações de risco entre diferentes especialidades clínicas, locais de trabalho e eventuais dados de comorbilidades e crenças, atitudes e comportamentos, e utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), tais como máscaras, luvas, batas ou viseiras.

Altamiro da Costa Pereira sustenta que as conclusões do estudo são cruciais para que se possa atualizar os planos de contingência, no sentido de diminuir a mortalidade e a morbilidade entre os profissionais de saúde em futuras vagas epidémicas, “deste ou de outro vírus”, através da implementação de medidas que protejam os grupos de profissionais mais vulneráveis.

Além disso, “o projeto pretende vir a prestar uma merecida homenagem a todos os que se sacrificaram nesta pandemia, por vezes arriscando a própria vida, pelo tratamento dos doentes que a eles recorreram”, acrescenta o também coordenador do CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde).

Na investigação, a FMUP quer contar ainda com a colaboração das organizações profissionais e dos sindicatos de outros profissionais de saúde – como os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica ou os assistentes operacionais – bem como das entidades patronais, hospitais e IPSS ou “os familiares das vítimas para a obtenção e validação de certos dados”. A FMUP espera ainda contar com a colaboração do Instituto Nacional de Estatística, das Administrações Regionais de Saúde, da Direção-Geral da Saúde, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e da tutela, nomeadamente no acesso a muitos dos dados primários que vão ser analisados.

A recolha, preparação e análise dos dados vão ser realizadas centralmente por uma equipa multidisciplinar de especialistas experientes, coordenada pelo investigador principal do PROVIDA. O projeto mereceu já o apoio logístico da Câmara Municipal do Porto, o apoio clínico do Centro Académico Clínico do Porto, e o patrocínio académico e científico do CEMP – Conselho das Escolas Médicas Portuguesas.

Por último, a FMUP lança também um apela aos investigadores ou entidades que pretendam dar a este projeto um contributo de trabalho técnico, científico ou financeiro, através de contacto com equipa responsável: provida@med.up.pt.