A telessimulação poderá ser uma alternativa eficaz para o treino de estudantes e de profissionais de saúde em cenários de emergência, durante e após a pandemia por COVID-19. É esse o entendimento dos investigadores Carla Sá Couto e Abel Nicolau, do Centro de Simulação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (CBS- FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, para quem a simulação à distância tem “um elevado potencial de utilização no pós-confinamento”.

Num artigo publicado no jornal online MedEdPublish, o duo de investigadores defende que é possível “combinar uma série de estratégias inovadoras e de recursos online para recriar cenários de simulação de emergência de forma remota, beneficiando das novas plataformas online, muitas das quais são inteiramente gratuitas”.

Nesse sentido, criaram uma “receita”, que pode ser consultada online e utilizada por instrutores/docentes e técnicos de simulação. Os investigadores indicam todos os “ingredientes” necessários e explicam “como servir” este que poderá ser, cada vez mais, “o prato do dia”.

“A novidade é o uso da telessimulação, sem recorrer aos tradicionais simuladores, necessitando apenas de equipamento informático comum (computadores, tablets ou telemóveis) e de uma combinação criativa de software gratuito. Esta receita permite uma implementação rápida e sem grandes equipamentos associados”, explicam.

“A imaginação é o limite”

Para já, os investigadores recriaram três cenários de emergência: o choque hemorrágico, o choque anafilático e a intoxicação por opioides. No entanto, dizem, “a imaginação é o limite”.

De acordo com os autores, a telessimulação na área da saúde não é nova, sendo usada mundialmente há cerca de uma década como estratégia de implementação do ensino à distância, com um interesse crescente nos últimos anos, que a COVID-19 veio tornar mais premente.

Do mesmo modo que a veem como uma alternativa às aulas presenciais nesta fase, entendem que a telessimulação poderá funcionar, no futuro, como complemento dos cenários físicos até aqui utilizados na área da educação médica, incluindo instituições e regiões com recursos limitados.