Covid-19: Faculdade de Medicina do Porto estuda lesões cardíacas associadas à doença

Doentes que estiveram internados nos cuidados intensivos serão acompanhados durante cerca de três meses.

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Unidade de cuidados intensivos do Hospital de São João, no Porto Manuel Roberto

Investigadores e docentes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) estão a desenvolver um projecto que visa esclarecer de que forma é que o novo coronavírus influencia a função cardíaca nos casos mais graves da doença.

Para obter novas respostas no combate à pandemia, os investigadores irão estudar um grupo de doentes internados na unidade de cuidados intensivos do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) por um período aproximado de três meses. “Queremos perceber se o vírus infecta o tecido cardíaco e como é que o coração é atingido pela activação inflamatória sistémica exagerada”, explica o investigador Francisco Vasques-Nóvoa.

Além da resposta a estas duas questões, o grupo de investigadores espera também identificar quais os factores de susceptibilidade que contribuem para o desenvolvimento da disfunção cardíaca em resposta à covid-19.

A lesão de tecido cardíaco é frequente em doentes infectados, segundo o coordenador do projecto, Roberto Roncon de Albuquerque. No entanto, “os mecanismos, a abordagem diagnóstica e um possível tratamento permanecem amplamente desconhecidos”, sublinha, em comunicado.

Com um financiamento de 30 mil euros, este é um dos 66 projectos que será apoiado pela linha de apoio à investigação e desenvolvimento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), criada com o objectivo de melhorar a resposta do Serviço Nacional de Saúde no combate à pandemia.

A par da FMUP e do CHUSJ, o estudo “Myocardial Injury in COVID-19: a Prospective Clinical and Mechanistic Study” conta com a colaboração da Universidade de Maastricht (Países Baixos) e do Laboratório Europeu de Biologia Molecular.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 215 mil mortos e infectou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 840 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infectadas, e há 1389 casos recuperados, de acordo com o boletim desta terça-feira da Direcção-Geral da Saúde.

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