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FMUP debateu o futuro da saúde em Portugal

O «Fórum Nacional da Saúde» realizou-se no passado dia 21 de abril

A “estreia” do púlpito do Auditório da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) ficou ao encargo de Rui Nunes, coordenador do evento, que abordou o futuro da saúde em Portugal. “A saúde tem de ser pensada muito mais além, sem esquecer o seu impacto em grande plano, nomeadamente na União Europeia, principalmente depois de um período de pandemia como aquele que vivemos.”, explicou o professor da FMUP.

Já Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP, destacou o desafio da coordenação entre os serviços de saúde público e privado, realçando o papel da Faculdade de Medicina na formação de novos médicos e, consequentemente, no contexto da saúde nacional. “Temos bons profissionais, cada vez melhores, mas é preciso melhorar o sistema [de saúde nacional], mudar o que é necessário  mudar e manter ou retomar aquilo que não deveria ter sido alterado”, aponta.

No primeiro debate, moderado por Francisco Ferreira, jornalista da CNN Portugal, Rui Nunes destacou que “em Portugal não existe muito a tradição de se abrir à sociedade civil para tomar decisões”, e realçou que para construir uma melhor saúde, “é necessário ouvir especialistas e as pessoas ligadas ao setor”. A primeira sessão ficou ainda marcada pela intervenção de Helena Alves, presidente do Colégio de Especialidade de Imunohemoterapia, que mencionou que este processo deverá garantir "uma organização de todos os seus setores, de forma a garantir a melhoria da saúde”.

Seguiu-se a discussão sobre a sustentabilidade do sistema de saúde, com moderação de Guilhermina Rego (FMUP). Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva da Luz Saúde, destacou que 50% da população portuguesa tem seguro de saúde, algo que, de acordo com a mesma, “tem um impacto enorme na economia e que deveria permitir que os cidadãos escolhessem quem gere a sua saúde”.

O antigo secretário de Estado, José Carlos Lopes Martins referiu que é necessário separar as entidades compradoras, garantir a autonomia de atuação das infraestruturas de saúde e reformular a gestão dos recursos humanos, tendo como objetivo a garantia do desenvolvimento e da reforma do sistema de saúde.

Já o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, mencionou que para o melhor funcionamento deste setor, o Estado tem “de garantir melhores remunerações e melhor organização do SNS”, defendendo que “o Estado deve garantir a saúde como um bem público, mas que não deve ser o único prestador”.

Rui Guimarães, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, destacou o desenvolvimento da infraestrutura de saúde no acesso a consultas e cirurgias, mas também no recuo do tempo de espera nesta unidade. No âmbito nacional, Rui Guimarães sugere que seja adotado um pagamento por resultados e a adoção de uma política de promoção da saúde.

O debate reiniciou da parte da tarde com o debate “Integração e referência no sistema de saúde”, moderado por João Fonseca, professor da FMUP. Martins Nunes, antigo secretário de Estado da Saúde, reconheceu “a evolução enorme” do SNS, juntamente com as ofertas privadas. Por outro lado, a presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Ana Paula Martins, abordou os desafios de gestão do maior hospital público do país.

Por sua vez, José Bento, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Cascais, destacou que o investimento deve ser ajustado às necessidades e ao perfil da população portuguesa, reforçando também o papel das infraestruturas de cuidados primários.

Relativamente à “Inovação e equidade”, António Vaz Carneiro, presidente do Instituto da Saúde Baseada na Evidência, refletiu sobre o futuro da inovação em saúde, entre eles, o tratamento do cancro e a obesidade. Já Maria João Baptista, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, centrou o seu discurso na inovação e o seu impacto na equidade do acesso à saúde.

O Fórum Nacional da Saúde encerrou com a intervenção de José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna.