Editorial
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Caros Colegas,
Ao trilhar o caminho da colaboração em rede em investigação clínica, deparamo-nos com desafios instigantes e, ao mesmo tempo, oportunidades que estão a moldar o nosso percurso.
A colaboração em rede na investigação clínica não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. As complexidades dos desafios médicos modernos demandam uma abordagem coletiva, que possa envolver investigadores especializados de diversas áreas. No entanto, é inegável que alcançar essa sinergia nem sempre é simples. Questões logísticas, diferenças metodológicas e até mesmo barreiras culturais podem se apresentar como obstáculos a serem superados.
Ao enfrentar essas dificuldades, é importante reconhecer que cada desafio é uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento. A investigação clínica é dinâmica e não apenas impulsiona a inovação, mas também representa a ponte que conecta a teoria à prática, traduzindo descobertas científicas em benefícios tangíveis para os doentes. A colaboração em rede amplifica este impacto e permite que ideias valiosas sejam compartilhadas e disseminadas globalmente.
O estabelecimento de uma cultura colaborativa requer tempo, esforço e, acima de tudo, um comprometimento coletivo com o objetivo comum de avançar na investigação clínica. Neste sentido, as duas reuniões anuais dos investigadores do RISE já demonstraram que é possível estabelecer colaborações entre as diferentes linhas temáticas bem como as diferentes Unidades de Investigação.
Uma instituição de investigação deve sempre prestar contas acerca do seu trabalho e dar destaque aos seus investigadores. Nesta edição da Newsletter poderão apreciar uma entrevista feita com um dos nossos investigadores, onde poderemos constatar que com esforço e dedicação é possível estabelecer uma linha de investigação, atrair financiamento, e estimular jovens investigadores.
Relacionando este tema à crescente relevância dos CVs Narrativos, vemos uma interseção única entre a trajetória individual de cada profissional e a jornada coletiva na investigação. Os CVs Narrativos não apenas contam a história de uma carreira, mas também destacam as contribuições específicas para o avanço da ciência. Todos nós como investigadores passaremos a ser avaliados desta forma e é essencial aprender a construir CV neste formato já que avaliação de projetos e de Unidades de Investigação vai utilizar este mecanismo. A leitura do texto inserido na Newsletter é uma excelente forma de começarmos a nos habituar a construir CVs Narrativos.
Em resumo, ao enfrentar desafios na construção da colaboração em rede e ao reconhecer a importância da investigação clínica, pavimentamos o caminho para um futuro mais robusto e interconectado.
Agradecemos pelo comprometimento contínuo e pela dedicação à excelência na investigação clínica.
Fernando Schmitt
Coordenador RISE – Laboratório Associado
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Entrevista | Nuno Vale
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Investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), líder do Grupo de Investigação PerMed e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)
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Nuno Vale (CINTESIS@RISE), investigador principal do
Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde
(CINTESIS) e líder do grupo de investigação PerMed, iniciou o seu percurso enquanto investigador em 2009, com a realização de um Pós-Doutoramento, tendo passado por iniciativas ligadas à
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(FCT), em Portugal e noutras Universidades Europeias.
Apesar de a Medicina ter sido a sua primeira ambição, foi nas áreas de Química Farmacêutica e Peptídica que encontrou o seu futuro na docência e investigação, tendo ingressado, em 1998, na
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
. Mais tarde, na
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
(FFUP), a sua formação foi centralizada na Farmacologia Molecular para Medicina Personalizada.
Ao investigador, sempre foi reconhecido um “perfil para ensinar”, tarefa que atualmente desempenha na
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
(FMUP). Além da docência e da investigação, Nuno Vale integra, desde outubro de 2023, a Comissão de Avaliação de Medicamentos (CAM), órgão consultivo do
INFARMED
— Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
O Nuno Vale conta com um longo percurso enquanto docente e investigador. Quem foi o Nuno Vale antes do ingresso na docência e investigação? Como foi a sua infância? Como surgiu o seu interesse pela Farmacologia Molecular e Medicina Personalizada? Na sua visão, que impacto poderá a Medicina Personalizada ter nos Cuidados de Saúde?
Quando estudava, até final do Ensino Secundário, tinha como grande objetivo entrar no curso de Medicina, algo que não aconteceu. Eu gostava de ajudar e isso também se refletia nas diversas atividades que fui tendo na freguesia onde vivi, em Vila do Conde.
Eu gostava de estudar, algo que perdura até aos dias de hoje. Na minha infância, além da paixão pelo futebol, estive ligado a algumas iniciativas religiosas ao nível de Catequese e como animador de Grupo de Jovens.
Apesar destas atividades, sempre gostei de trabalhar nas atividades de Ciência Viva organizadas pela Câmara Municipal e ocupava uma grande parte das minhas férias de verão a trabalhar nestes eventos. Vila do Conde tem dos primeiros Centros de Ciência Viva do País que, ainda hoje, tem uma atividade bastante regular.
Quando acabei o curso de Química, ramo científico, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, aplicado à Química Farmacêutica e Biomédica, concorri a uma Bolsa de Doutoramento, sem realizar Mestrado, e, durante o período de espera pelos resultados da Bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), consegui dar aulas na Universidade e ser chamado para uma entrevista nos Laboratórios Bial, tendo sido selecionado para trabalhar no Laboratório de Desenvolvimento Farmacêutico, com principal destaque nos projetos ligados ao lançamento de novas entidades químicas para a epilepsia e doença de Parkinson. Durante esta experiência, trabalhei bastante na vertente farmacêutica e galénica de formulações já aplicadas em ensaios clínicos de fases I e II, algo que me tornou fascinado por este setor e, por isso, tinha de trabalhar em Farmacologia.
Entretanto saíram os resultados do concurso para a Bolsa de Doutoramento FCT e acabei por conseguir ter uma. Colocou-se a possibilidade de, durante a Bolsa, trabalhar na empresa, mas o meu superior, com quem abordei este assunto, questionou-me: “
O Nuno não gosta muito de dar aulas? Se sim, deve regressar à Faculdade para fazer o seu Doutoramento
”. E assim foi, voltei e foram quatro anos de imenso trabalho.
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“Sinto-me privilegiado” Pepe na defesa em campo e na saúde
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26 DEZ de 2023
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Pepe vai dar nome e apoiar no valor de 18.000 euros uma bolsa de investigação que tem como objetivo estimular o "talento científico" no setor da saúde. Em entrevista exclusiva ao Porto Canal, o capitão portista revela como surgiu a oportunidade.
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Investigação RISE identifica “recentes avanços” no prognóstico de embolia pulmonar
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6 FEV de 2024
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Um estudo desenvolvido pelo Laboratório Associado RISE – Rede de Investigação em Saúde, através do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CCUL), identificou novos avanços na previsão de diagnóstico em doentes com embolia pulmonar aguda, doença que provoca, aproximadamente, 300 mil mortes por ano em toda a Europa.
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CV Narrativos e os novos critérios para a avaliação da investigação científica: transformações para acompanhar
Um movimento ganha forças. Um movimento que pode ser disruptivo para a avaliação do rendimento, impacto e qualidade da produção científica dos investigadores. Um movimento que, como todas as mudanças estratégicas, enfrentará resistências, terá apoiantes e também detratores.
A base deste movimento remonta a 2012, à
Declaração de São Francisco, Califórnia, sobre a Avaliação da Investigação
(DORA, em inglês). A declaração que já conta com mais de 24 mil assinantes de 165 países, entre os quais instituições de investigação de renome mundial, reconhecem a necessidade de melhorar a forma como os investigadores e os resultados da investigação são avaliados e que visam promover abordagens mais práticas e robustas para a avaliação da investigação a nível mundial.
Este movimento resume um apelo crescente por parte da comunidade científica para que agências de financiamento, universidades e instituições de investigação revejam a forma como os investigadores são avaliados no acesso a financiamentos ou para a contratação e promoção na carreira científica. O denominador comum deste movimento é a proposta de uma ampla gama de critérios e indicadores que vão além do fator de impacto das publicações científicas, evidenciando uma dimensão mais abrangente do percurso científico dos investigadores, como a influência nas políticas e práticas científicas ou a participação ativa em atividades fulcrais para os ecossistemas de ciência e tecnologia, como a participação em projetos, transferência de conhecimento e tecnologia, propriedade intelectual, colaboração com o setor empresarial e o empreendedorismo de base científica e tecnológica.
Uma das modificações promovidas pela DORA que começa a ser implementada por algumas instituições europeias é o
CV Narrativo
. Este CV atribui mais peso a um leque alargado de atividades e contribuições pelas quais os investigadores obtêm reconhecimento profissional. Esta e muitas outras transformações sistémicas fazem parte do recente Acordo para a Reforma da Avaliação da Investigação que já foi assinado por mais de 650 instituições de investigação e agências de financiamento europeias como parte da
Coligação para o Avanço da Avaliação da Investigação
(CoARA, sigla em inglês), rede que reivindica que a avaliação da investigação, dos investigadores e das organizações de investigação reconheça os diversos resultados, práticas e atividades que maximizam a qualidade e o impacto da investigação.
A Comissão Europeia (CE), que é uma das instituições signatárias da DORA, tem manifestado o seu total apoio às iniciativas da CoARA com o intuito de motivar universidades e centros de investigação europeus a desenvolver ações encaminhadas a garantir modelos de avaliação que reconheçam a diversidade de contribuições para a ciência e que valorizem mais a colaboração com a sociedade. O compromisso da CE como agente de mudança para catalisar esta transformação ficou confirmado com a inclusão de novos elementos na avaliação das propostas de investigação e dos CV dos candidatos do concurso para as bolsas ERC 2024 do Conselho Europeu de Investigação. O apoio da CE foi também expresso na adoção de um amplo grupo de medidas para reforçar as carreiras de investigação científica, no passado mês de julho, o que está totalmente alinhado com a agenda política 2022 – 2024 do Espaço Europeu de Investigação (ERA, em inglês).
No contexto nacional, também são percetíveis os ecos deste movimento. A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), alguns centros de investigação e instituições de Ensino Superior, entre elas a Universidade do Porto, tornaram-se membros da CoARA e assinaram o Acordo sobre a Reforma da Avaliação da Investigação. A FCT assumiu de imediato os CVs Narrativos como um requisito dos processos de candidatura dos seus principais programas de financiamento, nomeadamente os concursos para projetos de IC&DT e exploratórios em todos os domínios científicos, e o FCT
Tenure
, um novo instrumento de financiamento que substitui o CEEC Institucional. Nas suas declarações, a presidência da FCT manifestou a necessidade de atualização das metodologias de avaliação para refletir uma maior diversidade de percursos e contributos científicos dos investigadores. Os CVs Narrativos também serão um pilar importante do processo de avaliação das unidades de investigação que vai decorrer durante 2024.
Consequentemente, é expectável que, no contexto do Horizonte Europa e de outros programas de financiamento europeus e nacionais, estas transformações venham a ser gradualmente adotadas. Resulta expectável também que estas transformações acelerem a implementação de novas metodologias para a contratação e avaliação de desempenho dos nossos investigadores. Assim sendo, é imperativo que olhemos com atenção para estas transformações e que comecemos a trabalhar na adequação da nossa estratégia institucional.
Carlos Taquechel
Gestor de Projeto RISE – Laboratório Associado
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Telescópio
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Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde
O Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde promove o desenvolvimento de políticas de saúde através da análise rigorosa dos sistemas de saúde europeus. Na investigação, a entidade desenhou um programa de divulgação científica, onde estão incluídas avaliações, estudos analíticos, perfis de saúde e relatórios anuais sobre os sistemas de saúde dos estados-membros da União Europeia (UE), potenciais fontes de informação para investigadores. A economia do setor da saúde e dos sistemas de saúde, a melhoria da saúde pública e dos cuidados de saúde e a implementação de inovação tecnológica fazem parte das prioridades do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde.
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Ficha Técnica
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Laboratório Associado RISE – Rede de Investigação em Saúde
Edição/ Revisão:
Olga Magalhães e Cláudia Azevedo |
Redação
: Maria João Silva e Carlos Taquechel
Desenvolvimento:
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